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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O guardião da fé fala sobre “interpretações heréticas” do Concílio.

De acordo com o Arcebispo Gerhard Ludwig Müller, os tradicionalistas demonstram perda de ortodoxia quando apontam para o Concílio Vaticano II como o inverno da Igreja Católica.

Por Gianni Valente – Vatican Insider | Tradução: Fratres in Unum.com – Aqueles que consideram o Concílio Vaticano Segundo, ou Vaticano II, como uma ruptura da Tradição da Igreja, oferecem uma “interpretação herética” deste grande evento eclesiástico. E este erro doutrinal não é cometido somente por inovadores modernistas: ele é cometido por neo-tradicionalistas, que acreditam que o Vaticano II supostamente voltou suas costas para “Igreja tradicional”. A indicação de que a posição tradicionalista possa ter elementos “heréticos” foi feita ontem [28/11/2012] à noite pelo Arcebispo Gerhard Ludwig Müller, atual Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Suas observações vieram durante a apresentação do volume VII da edição alemã da “Opera Omnia” de Joseph Ratzinger, uma coleção sistemática de todas as obras que o teólogo que virou Papa dedicou ao Concílio e os documentos que surgiram dele. A apresentação ocorreu em um local muito evocativo: o Collegio Teutonico de Santa Maria dell’Anima, que foi a base logística do perito teólogo Joseph Ratzinger durante as sessões do Concílio.
 
Durante a sua apresentação, o chefe do dicastério doutrinal afirmou claramente que a única interpretação ortodoxa do Concílio Vaticano Segundo é aquela que o vê como uma ocasião de reforma e renovação, em continuidade com o único sujeito-Igreja, que o Senhor nos deu. Müller considera essa interpretação como a única hermenêutica que respeita “a unidade indissolúvel entre as Sagradas Escrituras, a Tradição completa e integral e o Magistério, que encontra a sua mais alta expressão no Concílio, presidido pelo Sucessor de Pedro, como chefe visível da Igreja.”
 
O Arcebispo Müller contrastou essa “interpretação singular e ortodoxa” com a interpretação “herética”, que ele identificou com “a hermenêutica da ruptura, tanto do lado progressista quanto do lado tradicionalista.” De acordo com Müller, o que ambos partilham em comum é a rejeição do Concílio: “os progressistas querem deixá-lo para trás, como se fosse apenas uma fase que deveria ser abandonada a fim de avançar em direção a uma Igreja diferente; os tradicionalistas não querem avançar em direção a tal Igreja, como se ela representasse o inverno da Catholica.”
 
Em seu discurso, o ex-bispo de Regensburgo descreveu a contribuição de Joseph Ratzinger, primeiro como teólogo durante as reuniões reais do Concílio (também como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings) e depois durante a longa e turbulenta fase de recepção dos ensinamentos conciliares. “Foi um tempo de grande expectativa. Algo grande tinha que acontecer,” Bento XVI escreveu no prefácio do volume alemão apresentado por Müller.
 

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