segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Quaresma - Dom Henrique Soares

A Quaresma é um período de quarenta dias. Inicia-se na Quarta-feira de Cinzas, prolongando-se até a Quinta-feira Santa, antes da Missa na Ceia do Senhor. Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual, jejum e escuta da Palavra de Deus. A característica fundamental e indispensável da Quaresma é a renúncia de alimentos e o jejum! O número de quarenta dias é importantíssimo, pois tem toda uma significação bíblica: a preparação para o encontro com Deus: os quarenta dias do Dilúvio, os quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, os quarenta anos de Israel no deserto, os quarenta dias do caminho de Elias até o Sinai e, sobretudo, os quarenta dias do Senhor Jesus no deserto, preparando sua vida pública. É digno de nota que o mesmo Jesus que entrou na penitência dos quarenta dias aparece transfigurado com dois outros penitentes: Moisés e Elias! Por isso mesmo, o cuidado da Igreja de reservar exatos quarenta dias para a penitência! É tão antigo que tem suas raízes na própria prática da Igreja apostólica.

Na Igreja Antiga este era o tempo no qual os catecúmenos (adultos que se preparavam para o Batismo) recebiam os últimos retoques em sua formação para a vida cristã. Assim, surgiu a Quaresma: tempo no qual os não batizados completam seu catecumenato pela oração a penitência e os ritos próprios, chamados escrutínios e os cristãos, já batizados, pela purificação e a oração, buscam renovar sua conversão batismal para celebrarem na alegria espiritual a Santa Vigília de Páscoa, na madrugada do Domingo da Ressurreição, renovando suas promessas batismais. Fica claro, portanto, que a finalidade da penitência e do combate quaresmais é conformar-se ao Cristo ressuscitado! A Quaresma tem, portanto, uma finalidade pascal!

Fonte: Dom Henrique


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Homilia – Quarta-feira de Cinzas – Mons. José de Matos Barbosa

“Benedicto XVI es la columna que sostiene hoy a la Iglesia”, dice el card. George Cottier

 
 
Una gran fiesta de la Iglesia. Un momento “de alegria”, en que “la Iglesia se ha reunido en torno al Papa” para manifestarle “el propio afecto”. “En las grandes perplejidades de nuestro tiempo, él es la columna que sostiene. Lo hace con sencillez, sin fracaso”. El cardenal George Cottier, que cumplirá noventa años en abril, por casi veinte años teólogo de la Casa Pontificia, habla de los cuatro días del cuarto Consistorio de Benedicto XVI. Que han confirmado, dice con un ojo – desencantado - dirigido a las polémicas de las últimas semanas, que “su principal preocupación es que los cristianos vuelvan a los temas centrales de la fe”.

¿Cómo ha visto al Papa en estos días?

Me ha impresionado su serenidad. Ciertamente sufre todas las cosas que han sido dichas por los medios en estos días, pero en el fondo de su ánimo está sereno. Es la fuerza del Espíritu Santo que guía su vida. Es su fe. La vocación específica de Pedro es sostener la fe de los hermanos. He aquí que, en todas las dificultades, en todas las grandes perplejidades, él es la columna que sostiene. Puede parecer un poco cansado, pero en estos días ha hecho una estupenda síntesis de lo que debe ser la actitud de los creyentes, no buscar nunca el poder sino el servicio, hasta el martirio si es necesario, siguiendo el ejemplo de Jesús. Y es bellísimo el testimonio de este hombre que, humilde, sencillo, modesto, tiene esta fuerza espiritual tan intensa, capaz de transmitir paz.

En pocas palabras, se puede decir que, para él, es un modo de ir “más allá”.

Sí, ciertamente. Él deja pasar estas “olas” que quisieran sacudir a la Iglesia, esta gran agitación de las aguas, porque sabe que el movimiento de fondo va más allá. Me ha ocurrido que reflexionando en estos días sobre todo esto, y precisamente durante las jornadas del Consistorio, hablando con otros hermanos, he constatado que no había sido el único en tener un cierto pensamiento. Que es éste: en todo el agitarse en torno a la Iglesia, se puede ver la obra del Maligno en acción. Pero si agita mucho las aguas entonces quiere decir que hay vitalidad en la Iglesia, que el Maligno quiere contrastar. Y esta vitalidad es la fuerza de la fe, es la vida cristiana que se manifiesta en todo el mundo.

¿Dónde se ve esta vitalidad?

Precisamente hace un tiempo un hermano, que viaja mucho, me hablaba de cómo, en todo el mundo, los jóvenes de alguna manera han reencontrado el sentido de la adoración eucarística. Estos son realmente signos de gran vitalidad, allí está la realidad de la Iglesia: una realidad que no debe ser ofuscada por los pecados de los cristianos. Y éste es, en el fondo, el misterio de la Iglesia, que es santa y que tiene miembros que son pecadores, pero que están llamados a ser santos. Entonces, si es a esto a lo que todos estamos llamados, a la santidad, entonces estamos llamados también a dar testimonio, a tener una vida coherente con lo que profesamos. El Papa, también en estos últimos días, ha citado la palabra de Pablo VI, que decía que nuestra época es más sensible a los testigos que a los maestros, y todavía más a los maestros que son también testigos. Éste debería ser el programa de todos nosotros. De todos los cristianos, pero ciertamente todavía más los que tenemos responsabilidades particulares.

¿Qué ejemplo nos da Benedicto XVI?

Un ejemplo grandísimo, cotidiano. Tiene 85 años, como dije antes a veces se lo ve cansado, y esto es totalmente normal; las falsas novelas que se han oído dando vueltas, también sobre esto, ciertamente lo hacen estar mal… Sin embargo, nosotros vemos cómo, a su edad, logra hacer cosas extraordinarias: lo hemos visto en Madrid, o en Alemania, donde nos ha recordado que las estructuras más bellas, si están vacías de fe, no valen nada. Lo hemos visto cuando ha ido a Rebibbia. Y dentro de poco irá a México y a Cuba. Sus catequesis de los miércoles son extraordinarias. Debemos mirar estas cosas. Que él hace siempre con esta idea-clave, que el problema fundamental, especialmente de Europa y de Occidente, es la necesidad de la re-evangelización, a causa de la pérdida de la fe. Esta es la línea fuerte de su pontificado, esta invitación a volver a mirar al amor de Jesús, a la Eucaristía, a los temas centrales de la fe cristiana. Y el Papa habla de esto, porque esto es lo que interesa al mundo.

 
Avvenire
La Buhardilla de Jerónimo

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quarta-feira de Cinzas


"Memento, homo, quia pulvis es, et in púlverem revertéris"

Santo Padre nomeia novo Arcebispo para Teresina

O Santo Padre nomeou Arcebispo Metropolitano de Teresina (Brasil), Sua Excelência Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, transferindo-o da diocese de Crateús.

S.Exª. Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho

Nasceu no dia 16 de junho de 1947, em Bacabal, no estado do Maranhão e foi ordenado sacerdote no dia 15 de janeiro de 1972.

Como sacerdote, foi reitor do Seminário Interdiocesano de Santo Antônio, em São Luís do Maranhão, de 1995 a 1998, e professor de Práticas Sacramentais no mesmo seminário.

O Tempo da Quaresma



"Esposa de Cristo e Mãe dos fiéis, a Santa Igreja parece querer fazer da Quaresma um tempo de santidade, um período em que o ideal de vida cristã e esforço de santificação vão sempre cada ano um pouco mais além.

A Quaresma, a santa Quaresma, são dias de eleição, ditosos dias, em que a Igreja transbordante de vida se lança ao trabalho com toda energia da sua impetuosa e inesgotável fecundidade. Ela exorciza, reconcilia, perdoa, prega, impõe as mãos, numa palavra, revivifica as almas, reconduzindo-as às fontes abundantes da vida. Renascimento espiritual, renovação de vida, heroica ascensão ao Calvário e ao sepulcro glorioso, a Quaresma, com as observâncias penosas que importa, é um manancial abundantíssimo de graças, que devemos amar com a doce expectativa duma reconstituição integral da nossa vida cristã."



Fonte: Missal Quotidiano e Vesperal (Dom Gaspar Lefebvre)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Monumental Homilia do Santo Padre na Festa da Cátedra de São Pedro




Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Amados Irmãos e Irmãs!

Na solenidade da Cátedra de São Pedro Apóstolo, temos a alegria de nos reunir à volta do altar do Senhor, juntamente com os novos Cardeais que ontem agreguei ao Colégio Cardinalício. Para eles, em primeiro lugar, vai a minha cordial saudação, agradecendo ao Cardeal Fernando Filoni as amáveis palavras que me dirigiu em nome de todos. Estendo a minha saudação aos outros Purpurados e a todos os Bispos presentes, como também às ilustres Autoridades, aos senhores Embaixadores, aos sacerdotes, aos religiosos e a todos os fiéis, vindos de várias partes do mundo para esta feliz ocasião, que se reveste de um carácter especial de universalidade.

Na segunda leitura, há pouco proclamada, o apóstolo Pedro exorta os «presbíteros» da Igreja a serem pastores zelosos e solícitos do rebanho de Cristo (cf. 1 Ped 5, 1-2). Estas palavras são dirigidas antes de mais nada a vós, amados e venerados Irmãos, que sois reconhecidos no meio do Povo de Deus pelos vossos méritos na obra generosa e sábia do ministério pastoral em dioceses relevantes, ou na direcção dos dicastérios da Cúria Romana, ou ainda no serviço eclesial do estudo e do ensino. A nova dignidade que vos foi conferida pretende manifestar o apreço pelo vosso trabalho fiel na vinha do Senhor, homenagear as comunidades e nações donde provindes e de que sois dignos representantes na Igreja, investir-vos de novas e mais importantes responsabilidades eclesiais e, enfim, pedir-vos um suplemento de disponibilidade para Cristo e para a comunidade cristã inteira. Esta disponibilidade para o serviço do Evangelho está fundada firmemente na certeza da fé. De facto, sabemos que Deus é fiel às suas promessas e aguardamos, na esperança, a realização destas palavras do apóstolo Pedro: «E, quando o supremo Pastor Se manifestar, então recebereis a coroa imperecível da glória» (1 Ped 5, 4).
O texto evangélico de hoje apresenta Pedro que, movido por uma inspiração divina, exprime firmemente a sua fé em Jesus, o Filho de Deus e o Messias prometido. Respondendo a esta profissão clara de fé, que Pedro faz também em nome dos outros Apóstolos, Cristo revela-lhe a missão que pensa confiar-lhe: ser a «pedra», a «rocha», o alicerce visível sobre o qual será construído todo o edifício espiritual da Igreja (cf. Mt 16, 16-19). Esta denominação de «rocha-pedra» não alude ao carácter da pessoa, mas só é compreensível a partir dum aspecto mais profundo, a partir do mistério: através do encargo que Jesus lhe confere, Simão Pedro tornar-se-á aquilo que ele não é mediante «a carne e o sangue». O exegeta Joachim Jeremias mostrou que aqui está presente, como cenário de fundo, a linguagem simbólica da «rocha santa». A propósito, pode ajudar-nos um texto rabínico onde se afirma: «O Senhor disse: “Como posso criar o mundo, sabendo que hão-de surgir estes sem-Deus que se revoltarão contra Mim?” Mas, quando Deus viu que devia nascer Abraão, disse: “Vê! Encontrei uma rocha, sobre a qual posso construir e assentar o mundo”. Por isso, Ele chamou Abraão uma rocha». O profeta Isaías alude a isto mesmo, quando recorda ao povo: «Considerai a rocha de que fostes talhados (…). Olhai para Abraão, vosso pai» (51, 1-2). Pela sua fé, Abraão, o pai dos crentes, é visto como a rocha que sustenta a criação. Simão, o primeiro que confessou Jesus como o Cristo e também a primeira testemunha da ressurreição, torna-se agora, com a sua fé renovada, a rocha que se opõe às forças destruidoras do mal.

Amados irmãos e irmãs! Este episódio evangélico, que escutamos, encontra subsequente e mais eloquente explicação num elemento artístico muito conhecido, que enriquece esta Basílica Vaticana: o altar da Cátedra. Quando, depois de percorrer a grandiosa nave central e ultrapassar o transepto, se chega à abside, encontramo-nos perante um trono de bronze enorme, que parece suspenso em voo mas na realidade está sustentado por quatro estátuas de grandes Padres da Igreja do Oriente e do Ocidente. E na janela oval, por cima do trono, resplandece a glória do Espírito Santo, envolvida por um triunfo de anjos suspensos no ar. Que nos diz este conjunto escultório, nascido do génio de Bernini? Representa uma visão da essência da Igreja e, no seio dela, do magistério petrino.
A janela da abside abre a Igreja para o exterior, para a criação inteira, enquanto a imagem da pomba do Espírito Santo mostra Deus como a fonte da luz. Mas há ainda outro aspecto a evidenciar: de facto, a própria Igreja é como que uma janela, o lugar onde Deus Se faz próximo, vem ao encontro do nosso mundo. A Igreja não existe para si mesma, não é o ponto de chegada, mas deve apontar para além de si, para o alto, acima de nós. A Igreja é verdadeiramente o que deve ser, na medida em que deixa transparecer o Outro – com o “O” grande – do qual provém e para o qual conduz. A Igreja é o lugar onde Deus «chega» a nós e donde nós «partimos» para Ele; a este mundo que tende a fechar-se em si próprio, a Igreja tem a missão de o abrir para além de si mesmo e levar-lhe a luz que vem do Alto e sem a qual se tornaria inabitável.
A grande cátedra de bronze contém dentro dela uma cadeira em madeira, do século IX, que foi considerada durante muito tempo a cátedra do apóstolo Pedro e, precisamente pelo seu alto valor simbólico, colocada neste altar monumental. Na realidade, exprime a presença permanente do Apóstolo no magistério dos seus sucessores. Podemos dizer que a cadeira de São Pedro é o trono da verdade, cuja origem está no mandato de Cristo depois da confissão em Cesareia de Filipe. A cadeira magistral renova em nós também a lembrança das seguintes palavras dirigidas pelo Senhor a Pedro no Cenáculo: «Eu roguei por ti, para que a tua fé não desapareça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos» (Lc 22, 32).
A cátedra de Pedro evoca outra recordação: a conhecida expressão de Santo Inácio de Antioquia, que, na sua Carta aos Romanos, designa a Igreja de Roma como «aquela que preside à caridade» (Inscr.: PG 5, 801). Com efeito, o facto de presidir na fé está inseparavelmente ligado à presidência no amor. Uma fé sem amor deixaria de ser uma fé cristã autêntica. Mas as palavras de Santo Inácio contêm ainda outro aspecto, muito mais concreto: de facto, o termo «caridade» era usado pela Igreja primitiva para indicar também a Eucaristia. Efectivamente a Eucaristia é Sacramentum caritatis Christi, por meio do qual Ele continua a atrair a Si todos nós, como fez do alto da cruz (cf. Jo 12, 32). Portanto, «presidir à caridade» significa atrair os homens num abraço eucarístico – o abraço de Cristo – que supera toda a barreira e estranheza, criando a comunhão entre as múltiplas diferenças. Por conseguinte, o ministério petrino é primado no amor em sentido eucarístico, ou seja, solicitude pela comunhão universal da Igreja em Cristo. E a Eucaristia é forma e medida desta comunhão, e garantia de que a Igreja se mantém fiel ao critério da tradição da fé.
A grande Cátedra é sustentada pelos Padres da Igreja. Os dois mestres do Oriente, São João Crisóstomo e Santo Atanásio, juntamente com os latinos, Santo Ambrósio e Santo Agostinho, representam a totalidade da tradição e, consequentemente, a riqueza da expressão da verdadeira fé na santa e única Igreja. Este elemento do altar diz-nos que o amor apoia-se sobre a fé. O amor desfaz-se, se o homem deixa de confiar em Deus e obedecer-Lhe. Na Igreja, tudo se apoia na fé: os sacramentos, a liturgia, a evangelização, a caridade. Mesmo o direito e a própria autoridade na Igreja assentam na fé. A Igreja não se auto-regula, não confere a si mesma o seu próprio ordenamento, mas recebe-o da Palavra de Deus, que escuta na fé e procura compreender e viver. Na comunidade eclesial, os Padres da Igreja têm a função de garantes da fidelidade à Sagrada Escritura. Asseguram uma exegese fidedigna, segura, capaz de formar um conjunto estável e unitário com a cátedra de Pedro. As Sagradas Escrituras, interpretadas com autoridade pelo Magistério à luz dos Padres, iluminam o caminho da Igreja no tempo, assegurando-lhe um fundamento estável no meio das transformações da história.
Depois de termos considerado os diversos elementos do altar da Cátedra, lancemos um olhar ao seu conjunto. Vemos que é atravessado por um duplo movimento: de subida e de descida. Trata-se da reciprocidade entre a fé e o amor. A Cátedra aparece em grande destaque neste lugar, não só porque está aqui o túmulo do apóstolo Pedro, mas também porque ela encaminha para o amor de Deus. Com efeito, a fé orienta-se para o amor. Uma fé egoísta seria uma fé não-verdadeira. Quem crê em Jesus Cristo e entra no dinamismo de amor que encontra a sua fonte na Eucaristia, descobre a verdadeira alegria e torna-se, por sua vez, capaz de viver segundo a lógica deste dom. A verdadeira fé é iluminada pelo amor e conduz ao amor, conduz para o alto, como o altar da Cátedra nos eleva para a janela luminosa, para a glória do Espírito Santo, que constitui o verdadeiro ponto focal que atrai o olhar do peregrino quando cruza o limiar da Basílica Vaticana. O triunfo dos anjos e os grandes raios dourados conferem àquela janela o máximo destaque, com um sentido de transbordante plenitude que exprime a riqueza da comunhão com Deus. Deus não é solidão, mas amor glorioso e feliz, irradiante e luminoso.
Amados irmãos e irmãs, a nós, a cada cristão, está confiado o dom deste amor: um dom que deve ser oferecido com o testemunho da nossa vida. Esta é de modo particular a vossa missão, venerados Irmãos Cardeais: testemunhar a alegria do amor de Cristo. À Virgem Maria, presente na comunidade apostólica reunida em oração à espera do Espírito Santo (cf. Act 1, 14), confiamos agora o vosso novo serviço eclesial. Que Ela, Mãe do Verbo Encarnado, proteja o caminho da Igreja, sustente com a sua intercessão a obra dos Pastores e acolha sob o seu manto todo o Colégio Cardinalício. Amen!

Do: Vatican.va

Fotos da Missa com os Novos Cardeais












sábado, 18 de fevereiro de 2012

Fotos do Consistório Ordinário Público (II)





















De: Fotografia Felici

Concistoro Ordinario Pubblico per la creazione di nuove Cardinali e alcune canonizzazione

"Sem sobra de dúvidas: Sua Eminência Karl Josef Becker"


Ao contrário do que foi anunciado no boletim diário da Santa Sé no dia 3 de fevereiro, onde se anunciou que o então padre Karl Becker, S.I, não seria criado cardeal no dia 18 do citado mês, mas de forma privada e em outro dia, o mesmo Karl compareceu ao dia de reflexões antes do consistório e hoje recebeu o barrete cardinalício.

O boletim da Santa Sé dizia que o motivo da ausência do cardeal seria por motivos de saúde, visto que o cardeal Becker tem oitenta e três anos, porém, dias depois a mídia The Tablet afirmava que o padre Karl gozava de plena saúde, e que a notícia da postergação de sua criação como cardeal havia causado perplexidade ante seus confrades. Tinha-se notícia que o renomado professor já havia enviado convites e preparado suas alfaias púrpuras.

Aconteceu que ontem, 17 de fevereiro, o papa reuniu na sala do sínodo, os vinte e dois cardeais a serem criados no dia seguinte, e alguns outros purpurados. A intenção desta reunião seria um dia de formação e reflexão sobre a Nova Evangelização, e a "Missio ad Gentes". Neste encontro o padre Karl esteve presente, e neste ato levantou-se a pergunta: "Será que ele será criado cardeal amanhã, mesmo sendo sua criação adiada?" Resposta: "Sim".

O renomado professor, o cardeal Becker trabalhou como perito nas discussões teológicas e doutrinárias entre a Santa Sé e a Fraternidade São Pio X. Por dezenas de anos foi consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, ou seja, trabalhou com o cardeal Ratzinger (Bento XVI), e seria hoje, o cardeal com o mais próximo pensamento ao do Papa.

Alocução do Santo Padre durante o Consistório Ordinário Público




«Tu es Petrus, et super hanc petram ædificabo Ecclesiam meam»

Venerados Irmãos,
Amados irmãos e irmãs!

Com estas palavras do cântico de entrada, teve início o rito solene e sugestivo do Consistório Ordinário Público para a criação dos novos Cardeais, que inclui a imposição do barrete cardinalício, a entrega do anel e a atribuição do título. Trata-se das palavras com que Jesus constituiu, eficazmente, Pedro como firme alicerce da Igreja. E o factor qualificativo deste alicerce é a fé: realmente Simão torna-se Pedro – rocha – por ter professado a sua fé em Jesus, Messias e Filho de Deus. Quando anuncia Cristo, a Igreja está ligada a Pedro, e Pedro permanece colocado na Igreja como rocha; mas, quem edifica a Igreja, é o próprio Cristo, sendo Pedro um elemento particular da construção. E deve sê-lo por meio da fidelidade à sua confissão feita junto de Cesareia de Filipe, ou seja, em virtude da afirmação: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo».

As palavras, que Jesus dirige a Pedro, põem claramente em destaque o carácter eclesial da celebração de hoje. De facto, através da atribuição do título duma igreja desta Cidade [de Roma] ou duma diocese suburbicária, os novos Cardeais ficam, para todos os efeitos, inseridos na Igreja de Roma guiada pelo Sucessor de Pedro, para cooperar estreitamente com ele no governo da Igreja universal. Estes dilectos Irmãos, que dentro de momentos começarão a fazer parte do Colégio Cardinalício, unir-se-ão, por vínculos novos e mais fortes, não só com o Pontífice Romano mas também com toda a comunidade dos fiéis espalhada pelo mundo inteiro. Com efeito, no desempenho do seu peculiar serviço de apoio ao ministério petrino, os neo-purpurados serão chamados a analisar e avaliar os casos, os problemas e os critérios pastorais que dizem respeito à missão da Igreja inteira. Nesta delicada tarefa, servir-lhes-á de exemplo e ajuda o testemunho de fé prestado pelo Príncipe dos Apóstolos, com a sua vida e morte, pois, por amor de Cristo, deu-se inteiramente até ao sacrifício extremo.

É com este significado que se deve entender também a imposição do barrete vermelho. Aos novos Cardeais, é confiado o serviço do amor: amor a Deus, amor à sua Igreja, amor aos irmãos com dedicação absoluta e incondicional – se for necessário – até ao derramamento do sangue, como diz a fórmula para a imposição do barrete cardinalício e como indica a cor vermelha das vestes que trazem. Além disso, é-lhes pedido que sirvam a Igreja com amor e vigor, com a clareza e a sabedoria dos mestres, com a energia e a fortaleza dos pastores, com a fidelidade e a coragem dos mártires. Trata-se de ser servidores eminentes da Igreja, que encontra em Pedro o fundamento visível da unidade.

No texto evangélico há pouco proclamado, Jesus apresenta-Se como servo, oferecendo-Se como modelo a imitar e a seguir. No cenário de fundo do terceiro anúncio da paixão, morte e ressurreição do Filho do Homem, sobressai, pelo seu clamoroso contraste, a cena dos dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, que, ao lado de Jesus, ainda correm atrás de sonhos de glória. Pediram-Lhe: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda» (Mc 10, 37). Contundente é a resposta de Jesus, e inesperada a sua pergunta: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu bebo?» (Mc 10, 38). A alusão é claríssima: o cálice é o da paixão, que Jesus aceita para cumprir a vontade do Pai. O serviço a Deus e aos irmãos, a doação de si mesmo: esta é a lógica que a fé autêntica imprime e gera na nossa existência quotidiana, mas que está em contradição com o estilo mundano do poder e da glória.

Com o seu pedido, Tiago e João mostram que não compreendem a lógica de vida que Jesus testemunha, aquela lógica que deve – segundo o Mestre –caracterizar o discípulo no seu espírito e nas suas acções. E a lógica errada não reside só nos dois filhos de Zebedeu, mas, segundo o evangelista, contagia também «os outros dez» apóstolos, que «começaram a indignar-se contra Tiago e João» (Mc 10, 41). Indignam-se, porque não é fácil entrar na lógica do Evangelho, deixando a do poder e da glória. São João Crisóstomo afirma que ainda eram imperfeitos os apóstolos todos: tanto os dois que procuravam obter precedência sobre os outros dez, como os dez que tinham inveja dos dois (cf. Comentário a Mateus, 65, 4: PG 58, 622). E São Cirilo de Alexandria, ao comentar passagens paralelas no Evangelho de Lucas, acrescenta: «Os discípulos caíram na fraqueza humana e puseram-se a discutir uns com os outros qual deles seria o chefe, ficando superior aos outros. (…) Isto aconteceu e foi-nos narrado para nosso proveito. (…) O que sucedeu aos santos Apóstolos pode revelar-se, para nós, um estímulo à humildade» (Comentário a Lucas, 12, 5, 24: PG 72, 912). Este episódio deu ocasião a Jesus para Se dirigir a todos os discípulos e «chamá-los a Si», de certo modo para os estreitar a Si, a fim de formarem como que um corpo único e indivisível com Ele, e indicar qual é a estrada para se chegar à verdadeira glória, a de Deus: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo, e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos» (Mc 10, 42-44).

Domínio e serviço, egoísmo e altruísmo, posse e dom, lucro e gratuidade: estas lógicas, profundamente contrastantes, defrontam-se em todo o tempo e lugar. Não há dúvida alguma sobre a estrada escolhida por Jesus: e não Se limita a indicá-la por palavras aos discípulos de ontem e de hoje, mas vive-a na sua própria carne. Efectivamente explica: «Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua via em resgate por muitos» (Mc 10, 45). Estas palavras iluminam, com singular intensidade, o Consistório público de hoje. Ecoam no fundo da alma e constituem um convite e um apelo, um legado e um encorajamento especialmente para vós, amados e venerados Irmãos que estais para ser incluídos no Colégio Cardinalício.

Segundo a tradição bíblica, o Filho do Homem é aquele que recebe de Deus o poder e o domínio (cf. Dn 7, 13-14). Jesus interpreta a sua missão na terra, sobrepondo à figura do Filho do Homem a imagem do Servo sofredor descrita por Isaías (cf. Is 53, 1-12). Ele recebe o poder e a glória apenas enquanto «servo»; mas é servo na medida em que assume sobre Si o destino de sofrimento e de pecado da humanidade inteira. O seu serviço realiza-se na fidelidade total e na plena responsabilidade pelos homens. Por isso, a livre aceitação da sua morte violenta torna-se o preço de libertação para muitos, torna-se o princípio e o fundamento da redenção de cada homem e de todo o género humano.

Amados Irmãos que estais para ser inscritos no Colégio Cardinalício! Que a doação total de Si mesmo, feita por Cristo na cruz, vos sirva de norma, estímulo e força para uma fé que actua na caridade. Que a vossa missão na Igreja e no mundo se situe sempre e só «em Cristo» e corresponda à sua lógica e não à do mundo, sendo iluminada pela fé e animada pela caridade que nos vem da Cruz gloriosa do Senhor. No anel que daqui a pouco vos entregarei, aparecem representados São Pedro e São Paulo e, no centro, uma estrela que evoca Nossa Senhora. Trazendo este anel, sois convidados diariamente a recordar o testemunho de Cristo que os dois Apóstolos deram até ao seu martírio aqui em Roma, tornando assim fecunda a Igreja com o seu sangue. Por sua vez a evocação da Virgem Maria constituirá para vós um convite incessante a seguir Aquela que permaneceu firme na fé e serva humilde do Senhor.

Ao concluir esta breve reflexão, quero dirigir a minha grata e cordial saudação a todos vós aqui presentes, particularmente às Delegações oficiais de diversos Países e aos Representantes de numerosas dioceses. No seu serviço, os novos Cardeais são chamados a permanecer fiéis a Cristo, deixando-se guiar unicamente pelo seu Evangelho. Amados irmãos e irmãs, rezai para que possa reflectir-se ao vivo neles o Senhor Jesus, o nosso único Pastor e Mestre e a fonte de toda a sabedoria que indica a estrada a todos. E rezai também por mim, para que sempre possa oferecer ao Povo de Deus o testemunho da doutrina segura e reger, com suave firmeza, o timão da santa Igreja.



Do Boletim Diário da Santa Sé

Fotos do Consistório Ordinário Público













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