quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pastores dabo vobis!

 

I Rs. 2,35.
Suscitarei para mim um sacerdote fiel, que tudo fará segundo o meu coração e a minha alma; e construir-lhe-ei uma casa fiel, e andará sempre na presença do meu Cristo. Sl.131, 1. Lembrai-vos, Senhor, de David e de toda a sua mansidão. Glória ao Pai...

(Intróito da Missa para a eleição do Soberano Pontífice)

Sé Vacante - Na espera do Novo Sumo Pontifíce



Sede Vacante - A.D.MMXIII

Despedida: Papa chega em Castel Gandolfo


Despedida: Bento XVI se reúne com cardeais antes de deixar pontificado

 
O Papa Bento XVI reuniu-se na manhã desta quinta-feira, 28, com o Colégio Cardinalício em audiência privada, último compromisso de seu pontificado. Na ocasião, o Santo Padre despediu-se dos cardeais.
 
No encontro, o decano do colégio cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, dirigiu algumas palavras de homenagem ao Santo Padre. O Cardeal manifestou o profundo afeto dos cardeais pelo Papa e a gratidão pelo seu testemunho de serviço apostólico, para o bem da Igreja de Cristo e de toda a humanidade.
 
Leia mais
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O decano recordou o agradecimento expresso pelo Santo Padre no último sábado, no encerramento dos exercícios espirituais. Na ocasião, Bento XVI agradeceu à Cúria Romana não só pela semana de reflexões, mas também pelos quase oito anos nos quais compartilhou com ele o peso do ministério petrino.
 
“Amado e venerado Sucessor de Pedro, somos nós que devemos agradecer-lhe pelo exemplo que nos destes nestes quase oito anos de Pontificado. (…) Saiba que ardia também o nosso coração quando caminhávamos contigo nestes últimos oito anos. Hoje queremos uma vez mais exprimir-lhe toda a nossa gratidão”.
 
Diante das palavras, o Santo Padre também agradeceu. Ele afirmou, como já havia dito aos fiéis na última audiência geral, realizada ontem, que os conselhos recebidos dos cardeais ao longo de seu pontificado foram grandes riquezas para seu ministério. “Mesmo quando havia nuvens no céu, servimos Cristo e sua Igreja com amor total… demos esperança… só Deus pode iluminar nosso caminho… agradeço ao Senhor que nos uniu”.
 
Bento XVI manifestou seu desejo de que se possa crescer essa unidade profunda, de que o Colégio Cardinalício possa crescer em harmonia. Ele destacou o caráter vivo da Igreja, que vive iluminada pelo Espírito Santo, força de Deus.
 
“Através da encarnação de Cristo, permanece viva, continua a caminhar no tempo e em todos os lugares. Permaneçamos unidos, na oração e eucaristia cotidiana… animamos assim a Igreja e toda humanidade… antes de vos saudar, quero dizer que estarei próximo a vocês na oração, especialmente nos próximos dias. Que o Senhor lhes mostre o que quer de nós”.
 
Logo mais, às 17h (horário em Roma, 13h no horário de Brasília), Bento XVI deixa o Vaticano e segue para Castel Gandolfo. Ele deixa oficialmente o ministério petrino às 20h (16h no horário de Brasília). A partir deste momento, inicia-se o período de Sé Vacante, até a eleição do novo Papa.
 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O adeus de um Papa



O Papa Bento XVI fez na manhã de hoje, 27/02, sua última Audiência Pública na praça de São Pedro, no Vaticano, antes de renunciar ao Ministério Petrino. Diante de uma assembleia de mais de 150 mil pessoas, disse estar feliz por enxergar a Igreja viva e que jamais se sentiu sozinho nesses oito anos de pontificado. O Santo Padre ainda recordou que a Igreja não pertence a ele, mas a Cristo, e por isso, ela jamais afundará, mesmo quando as águas estiverem agitadas. "Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado, sigo a seu serviço no recinto de São Pedro", enfatizou.

A Audiência começou por volta das 10h40 locais (6h40 de Brasília). Ao aparecer na praça de São Pedro no papamóvel, Bento XVI foi ovacionado por uma multidão que gritava "Viva o Papa" e "Bento! Bento!". Claramente emocionado, passeou pela praça por quase 15 minutos, agradecendo aos fiéis que levantavam cartazes e o agradeciam. Foram distribuídos 50 mil ingressos para os peregrinos participarem da catequese, mas segundo as estimativas, o público presente era de mais de 150 mil pessoas.


O Papa ressaltou no seu discurso o significado do amor que se deve prestar à Igreja e a Cristo. "Amar a Igreja significa também ter a valentia de tomar decisões difíceis, tendo sempre presente o bem da Igreja, e não o de si próprio", afirmou. Falando ao público de língua portuguesa, disse que "um papa não está sozinho na condução da barca de Pedro". "Embora lhe caiba a primeira responsabilidade, o Senhor colocou ao meu lado muitas pessoas que me ajudaram e me sustentaram", declarou o pontífice.

Bento XVI convidou os fiéis a rezarem por ele e pelo próximo papa. Ele agradeceu a Deus por tê-lo guiado nesses oito anos de papado e pediu para que a Igreja amasse Jesus "com a oração e com uma vida cristã coerente". "Deus ama-nos, mas espera também que nós o amemos!", recordou. O Romano Pontífice falou também das várias cartas que recebeu de pessoas simples enquanto esteve à frente da Igreja nestes últimos anos. Afirmou que essas manifestações afetuosas permitiam "tocar com a mão o que é a Igreja", pois ela não é uma organização ou uma associação com fins religiosos ou humanitários, "mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que nos une a todos". "Experimentar a Igreja neste modo e poder assim com que poder tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor, é motivo de alegria, num tempo em que tantos falam do seu declínio", declarou o papa entre os aplausos dos fiéis.

Bento XVI assumiu a Cátedra de Pedro em 19 de abril de 2005, aos 79 anos de idade. Nesses oitos anos de pontificado, presidiu 348 audiências gerais, das quais participaram 4,9 milhões de pessoas até dezembro de 2012. Além disso, escreveu três encíclicas (Deus caritas est, Spe salvi e Caritas in veritate), a biografia de Jesus, na aclamada trilogia "Jesus de Nazaré", participou de três Jornadas Mundiais da Juventude, sendo a última em Madrid, Espanha, com a presença de mais de dois milhões de jovens e fez mais de 50 viagens apostólicas por todo o mundo, incluindo o Brasil em 2007, quando veio para canonizar Frei Galvão e abrir a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.

A partir das 20h (locais) de amanhã, 28/02, se inicia o tempo de Sé vacante, como estabeleceu o Papa Bento XVI no seu discurso em que anunciou a renúncia. Segundo o porta voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, Joseph Ratzinger continuará a usar o nome de Bento XVI e o título honorífico de "Sua Santidade". Ele deverá ser chamado de "Papa emérito" ou "Pontífice Romano Emérito". Já o seu anel papal deverá ser quebrado, como prescreve a tradição quando termina um pontificado. Bento XVI foi o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos.
 
Autor: Equipe Christo Nihil Praeponere

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Título, vestes e anel de Bento XVI: eis as respostas

 
 
Cidade do Vaticano (RV) – O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, realizou na manhã desta terça-feira mais uma coletiva de imprensa, em que esclareceu algumas das muitas dúvidas dos jornalistas.

Uma delas é sobre como Bento XVI será chamado a partir do dia 28 de fevereiro. A resposta é: continuará a chamar-se Sua Santidade Bento XVI, mas foi escolhido também Papa Emérito ou Romano Pontífice Emérito.
Sobre as vestes: branca, simples, sem mantelete. Não são mais previstas os sapatos vermelhos. “Parece que o Papa ficou muito satisfeito com os sapatos que lhe presentearam no México, em Leon”, disse Pe. Lombardi.

Não usará mais o anel do pescador, para o qual o Camerlengo, com o decano, darão o fim que a Constituição prevê.

Sobre o dia de hoje, o Papa a transcorrerá em oração e preparação para a transferência a Castel Gandolfo.

Para a Audiência Geral de quarta-feira, foram distribuídos 50 mil bilhetes. Prevê-se o mesmo esquema: um amplo giro com o papamóvel. Não terá lugar o “beija-mão” – este será feito após a Audiência Geral, na Sala Clementina, para algumas autoridades, como o Presidente da Eslováquia, o Presidente da região da Baviera.

Quinta-feira, às 11h, haverá a saudação aos Cardeais, com o discurso do Decano no início. Às 16h55 (hora local), a partida de carro do pátio de São Dâmaso, saudação dos superiores. No heliporto, haverá a saudação do Cardeal Decano. Às 17h15, a chegada a Castel Gandolfo, onde estarão presentes o Bispo de Albano e outros autoridades. Às 17h30, no Pátio interno o Papa saúda os fiéis – a última saudação pública do Santo Padre. Às 20h, a Guarda Suíça, fecha a porta do Palácio Apostólico, encerrando o serviço para o Papa como chefe da Igreja.
(BF)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Motu Proprio “Normas nonnullas” sobre algumas modificações nas normas relativas à eleição do Romano Pontífice.

Carta Apostólica
em forma de Motu Proprio
sobre algumas mudanças nas normas sobre
a eleição do Romano Pontífice
 
Com a Carta Apostólica De aliquibus mutationibus in normis de electione Romani Pontificis, como Motu Proprio em Roma no dia 11 de Junho de 2007, terceiro ano do meu Pontificado, estabeleci algumas normas que, revogando aquelas prescritas no número 75 da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis promulgada no 22 de fevereiro de 1996 pelo meu predecessor, o Beato João Paulo II, re-estabeleceram a norma, sancionada pela tradição, segundo a qual para a válida eleição do Romano Pontífice é sempre necessária a maioria dos dois terços dos votos dos Cardeais eleitores presentes.
 
Considerada a importância de garantir o melhor desempenho do que compete, embora com ênfase diferente, à eleição do Romano Pontífice, em particular uma mais certa interpretação e atuação de algumas disposições, estabeleço e prescrevo que algumas normas da Constituição apostólica Universi Dominici Gregis e tudo o que eu mesmo dispus na referida Carta apostólica sejam substituídas pelas normas a seguir:
 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Último Angelus de Bento XVI

Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos.
 
Bento XVI em seu último angelus, saudando os fiéis de língua portuguesa.
 
Queridos irmãos e irmãs,
Obrigado pelo vosso afeto!
Hoje, segundo domingo da Quaresma, temos um Evangelho particularmente belo, aquele da Transfiguração do Senhor. O Evangelista Lucas coloca especial atenção para o fato de que Jesus se transfigurou enquanto rezava: a sua é uma experiência profunda de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive em um alto monte na companhia de Pedro, Tiago e João, os três discípulos sempre presentes nos momentos da manifestação divina do Mestre (Lc 5,10; 8,51; 9,28). O Senhor, que pouco antes tinha predito a sua morte e ressurreição (9, 22) oferece aos discípulos uma antecipação da sua glória. E também na Transfiguração, como no batismo, ressoa a voz do Pai celeste: “Este é o meu filho, o eleito; escutai-o!” (9, 35). A presença então de Moisés e Elias, que representam a Lei e os Profetas da antiga Aliança, é ainda mais significativa: toda a história da Aliança é orientada para Ele, o Cristo, que cumpre um novo “êxodo” (9, 31), não para a terra prometida como no tempo de Moisés, mas para o Céu. A intervenção de Pedro: “Mestre, é bom estarmos aqui” (9, 33) representa a tentativa impossível de parar esta experiência mística. Comenta Santo Agostinho: “[Pedro] … sobre o monte … tinha Cristo como alimento da alma. Por que ele iria descer para voltar aos trabalhos e dores, enquanto lá estava cheio de sentimentos de amor santo para Deus e que o inspiravam, portanto, a uma conduta santa? (Discurso 78,3: PL 38,491).
 
Meditando sobre esta passagem do Evangelho, podemos aprender um ensinamento muito importante. Antes de tudo, o primado da oração, sem a qual todo o empenho do apostolado e da caridade se reduz ao ativismo. Na Quaresma aprendemos a dar o tempo certo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e das suas contradições, como no Tabor queria fazer Pedro, mas a oração reconduz ao caminho, à ação. “A existência cristã – escrevi na Mensagem para esta Quaresma – consiste em um contínuo subir ao monte do encontro com Deus, e depois voltar a descer trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus” (n. 3).
 
Queridos irmãos e irmãs, esta Palavra de Deus a sinto de modo particular dirigida a mim, neste momento da minha vida. Obrigado! O Senhor me chama a ‘subir o monte’, a dedicar-me ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário, se Deus me pede isto é para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual tenho buscado fazê-lo até agora, mas de modo mais adequado à minha idade e às minhas forças. Invoquemos a intercessão da Virgem Maria: ela nos ajude a todos a seguir sempre o Senhor Jesus, na oração e nas obras de caridade.
 
 
Fontes: Canção Nova e Boletim da Santa Sé

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Bento XVI aprova modificações nos ritos de posse do novo Papa

Por Catholic News Service | Tradução: Fratres in Unum.com – O Papa Bento XVI ordenou diversas alterações para as Missas e liturgias que marcarão a inauguração do pontificado do próximo papa.
 
Os ritos e gestos que não são estritamente sacramentais ocorrerão antes de uma Missa ou em uma cerimônia que não envolva Missa, disse o Monsenhor Guido Marini, mestre de cerimônias litúrgicas papais, ao jornal do Vaticano, em 22 de fevereiro.
 
Uma das mudanças mais visíveis, segundo ele, seria a restauração do “ato público de obediência”, em que cada cardeal presente na Missa inaugural do papa se apresenta e promete obediência.
 
Quando o Papa Bento celebrou a sua Missa inaugural, em 2005, 12 pessoas foram escolhidas para representar todos os católicos: três cardeais, um bispo, um padre diocesano, um diácono transitório, um religioso, uma religiosa, um casal, bem como um jovem e uma jovem recém-crismados.
 
Marini disse que o Papa Bento aprovou pessoalmente as alterações no dia 18 de fevereiro; elas incluem a oferta de uma escolha mais ampla de orações tradicionais de Missas em polifonia e canto, em vez do novo repertório musical composto para o livro de 2005.
 
Após ter experimentado pessoalmente os ritos litúrgicos redigidos pelo predecessor de Monsenhor Marini – e aprovados pelo Papa Bento imediatamente após a sua eleição – o papa sugeriu “algumas alterações com o objetivo de melhorar o texto” dos ritos para o início do pontificado, formalmente conhecido como o “Ordo Rituum pro Ministerii Petrini Initio Romae Episcopi.”
 
As alterações, disse o Monsenhor Marini, “seguem na linha das modificações feitas nas liturgias papais” ao longo do curso do pontificado do Papa Bento.
 
A edição anterior do caderno de rituais também pedia que o novo papa visitasse as basílicas de São Paulo Fora dos Muros e Santa Maria Maior dentro de duas ou três semanas de sua posse.
 
O novo livro, disse Monsenhor Marini, deixa essa incumbência para que o novo papa decida “quando essa visita seria mais oportuna, mesmo com alguma distância da sua eleição, e sob a maneira que ele julgar melhor, seja ela uma Missa, uma celebração da Liturgia das Horas ou um ato litúrgico particular” como aquele que se encontra no livro de rituais de 2005.
 
Por outro lado, em uma resposta de e-mail a indagações, Monsenhor Marini disse ao Catholic News Service que nenhuma modificação significativa havia sido feita ao “Ordo rituum conclavis,” o livro de rituais, Missas e orações que acompanham o conclave para eleger um novo papa.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

POR TRÁS DA RENÚNCIA...

A Igreja é repleta de mistérios, sendo ela mesma um mistério, como um sacramento, no qual uma coisa é o que aparece, outra é o que realmente é. E a Igreja, à semelhança de seu Divino Fundador, tem sua parte divina e humana. Divina na sua instituição, doutrina e graça salvífica que nos transmite, e humana nos seus membros, muitas vezes pecadores, ela “é ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificação” (L.G. 8).
 
Pessoas nem sempre imbuídas de espírito de Fé especulam os problemas da Igreja católica, demasiadamente focados na sua parte humana, organizacional e estrutural, esquecendo-se da parte divina, muito mais importante, e a presença nela do seu Fundador, que a assiste através do Divino Espírito Santo. Mas, há já dois mil anos, ela “continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus” (L.G. 8).
 
Mas afinal o que há por trás da renúncia de Bento XVI. Além dos motivos visíveis, apontados pelo próprio Papa – “forças já não idôneas, vigor do corpo e do espírito, devido à idade avançada” – existem outros fatores ocultos. Todos estão curiosos e eu vou lhes revelar o que realmente está por detrás dessa atitude do Papa.
 
Só é capaz de renunciar a esse cargo de tal importância e influência quem, olhando muito além das perspectivas humanas, tem uma profunda Fé em Deus, na divindade da sua Igreja e na assistência daquele do qual o Papa é o representante na terra: “confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo” (Bento XVI).
           
E como a Fé é a base da Esperança e da confiança, por trás dessa renúncia há uma sublime confiança em Deus: a barca de Pedro não soçobrará nas ondas desse mar tempestuoso, nem depende de nós para isso: “as forças do Inferno não poderão vencê-la” (Mt 16, 18).
 
Por trás dessa renúncia, vemos um grande amor a Deus e à sua Igreja: “uma decisão de grande importância para a vida da Igreja”, como disse ele.  
 
Um grande desapego do alto cargo e influente posição, declarando-se apenas um humilde servidor, uma profunda humildade, não se julgando necessário e reconhecendo a própria fraqueza e incapacidade, de corpo e de espírito, para exercer adequadamente o ministério petrino, e ao pedir perdão – “peço perdão por todos os meus defeitos”.
 
Ao lado do heroísmo do Beato João Paulo II de levar o sofrimento pessoal até o fim, temos o grande heroísmo de Bento XVI de renunciar por amor à Igreja, para evitar qualquer sofrimento para ela. No começo da Igreja, no tempo das perseguições, houve cristãos que resolveram ficar onde estavam e enfrentar o martírio. Exemplo de fortaleza. Houve outros cristãos, que temendo a perseguição e a própria perseverança, acharam melhor fugir da perseguição e se refugiar no deserto, para rezar e fazer penitência, longe do mundo. Exemplo de humildade. Houve santos de ambas as posturas, os que enfrentaram e os que se retiraram. Heroísmo de fortaleza e heroísmo de humildade, frutos da Fé. A Igreja é feita de heróis da Fé!
 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O Papa está para mudar as regras do Conclave

O porta-voz vaticano, padre Lombardi, indicou que poderiam tratar-se de «alguns pontos de detalhe», como a «plena harmonização com outro documento relacionado com o Conclave, o “Ordo Rituum Conclavis”»

Alessandro Speciale Roma
 
«O Papa está considerando a publicação de um Motu proprio, nos  próximos dias, obviamente antes de que comece a sede vacante, para esclarecer alguns pontos particulares da Constituição Apostólica sobre o Conclave (“Universi Dominici Gregis”, ndr.) que, durante os últimos anos, lhe foram apresentados».
  
Segundo Lombardi, as indicações do Motu Proprio poderiam se relacionar com «alguns pontos de detalhes», como a «plena harmonização com outro documento relacionado com o Conclave, quer dizer o ''Ordo Rituum Conclavis''», que regula as orações e a as fórmulas recitadas para a eleição de um novo Papa, «De qualquer maneira – concluiu – a questão depende da avaliação do Papa, pelo que, se fará um texto novo, ou se indicará da maneira oportuna».
   
Durante um encontro que houve esta manhã no Vaticano, o Vice-Prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, Ambrogio Piazzoni, explicou que, à luz da legislação atual, «se os cardeais chegam a Roma antes dos 15 dias de espera previstos, não há nada que esperar», e, neste caso, a reunião dos cardeais poderia dar-se antes do prazo estabelecido pela“Universi Dominici Gregis”.
 
A Constituição estabelece, no parágrafo 37, que a partir do momento em que a Sé Apostólica está legitimamente vacante, os Cardeais eleitores devem esperar durante quinze dias aos ausentes; ademais, o Colégio dos Cardeais tem a faculdade de retardar, se existem motivos muitos graves, o início da eleição. No máximo depois de que hajam passado 20 dias do início da sede vacante, todos os cardeais eleitores presentes terão que começar a eleição.
 
Piazzoni sublinhou que, de qualquer maneira, «até às 19h59min de 28 de fevereiro, o Papa é o supremo legislador e pode intervir nas normas que regulam o Conclave», porque «o Santo Padre é o único que pode intervir na legislação relativa ao Conclave». Até o momento de sua renúncia, adicionou, «a interpretação da lei a pode dar somente o Papa».
 
Há alguns dias, o padre Lombardi tinha excluído qualquer novidade sobre a data de início do Conclave e disse ainda que a questão « foi plantada inclusive por diferentes cardeais e esperamos uma resposta autorizada, apenas que esteja disponível ». «A situação é um pouco diferente da anterior, na que a convocação aos cardeais se fez quando já estava vacante a sé, enquanto neste caso, com a comunicação antecipada da renúncia algumas semanas antes e o anúncio do começo da sede vacante antecipadamente, os cardeais, obviamente já estão conscientes e podem  se preparar para vir com mais tempo» a Roma. E o jesuíta também explicou que na eventualidade de que já tenham chegado, de que não tenha que esperar a ninguém, «se pode interpretar a constituição apostólica de forma diferente. A pergunta existe, alguns têm a plantado, alguns a têm proposto. O problema segue aberto». 
 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Nota de Dom Fernando Guimarães sobre a Renúncia de Bento XVI e sobre o período de sede vacante


Aos Padres e Fieis da Diocese de Garanhuns.
Saúde, Paz e Benção no Senhor!

1. Renúncia do Papa Bento XVI.

Fomos todos surpreendidos, na manhã do dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, com a notícia da renúncia de Sua Santidade o Papa Bento XVI ao ofício de sucessor de São Pedro e de Vigário de Jesus Cristo, por ele comunicada, naquela manhã, aos Cardeais reunidos em Consistório.

São estas as suas palavras, pronunciadas em latim: "Convoquei-os para este Consistório, não apenas para as três canonizações, mas também para comunicar-lhes uma decisão de grande iumportância para a vida da Igreja. Aós ter repetidamente examinado minha consci|ência perante Deus, eu tive a certeza de que minhas forças, devido à avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do ministério de Pedro. Eu estou bem consciente de que esse ministério, devido à sua natureza essencialmente espiritual, deve ser levado não apenas com palavras e fatos, mas não menos com oração e sofrimento. Contudo, no mundo de hoje, sujeito a mudanças tão rápidas e abalado por questões de profunda relevância para a vida da fé, para governar o barco de São Pedro e proclamar o Evangelho, é necessário tanto força da mente como do corpo, o que, nos últimos meses, se deteriorou em mim numa extensão em que eu tenho de reconhecer minha incapacidade de adequadamente cumprir o ministério a mim confiado. Por essa razão, e bem consciente da seriedade desse ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, confiado a mim pelos cardeais em 19 de abril de 2005. A partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h, a Sé de Roma, a Sé de São Pedro, vai estar vaga e um conclave para eleger o novo Sumo Pontífice terá de ser convocado por quem tem competência para isso. Caros irmãos, agradeço sinceramente por todo o amor e trabalho com que vós me apoiastes em meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. E agora, vamos confiar a Santa Igreja aos cuidados de nosso Supremo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e implorar a sua santa Mãe Maria, para que ajude os Cardeais com sua solicitude maternal, para eleger um novo Sumo Pontífice. Em relação a mim, desejo também devotamente servir a Santa Igreja de Deus no futuro, através de uma vida dedicada à oração".
As normas da Igreja preveem a possibilidade da renúncia do Papa, no Cãnon 332, par. 2, do Código de Direito Canônico: "Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja feita livremente e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém". Tais condições canônicas foram plenamente cumpridas em nosso caso: o próprio Papa anunciou a renúncia ressaltando estar agindo consciente da seriedade do ato e com plena liberdade; o anúncio foi feito ao Colégio dos Cardeais reunido em Consistório. A partir deste momento, a renúncia torna-se portanto efetiva, não necessitando que alguém a aceite. Portanto, a partir do dia 28 de fevereiro, a Sé Romana estará vacante.
2. Situação da Igreja durante a vacância da sede

O regime da Igreja em sede vacante é determinado pela Constituição Apostólica Universi Dominici gregis, do Beato Papa João Paulo II, de 22 de fevereiro de 1996. Durante a vacância, o Colégio dos Cardeais assume o governo da Igreja somente para o desempenho dos assuntos rotineiros e para a preparação da eleição do novo Papa, nada devendo ser modificado ou abrogado nesse tempo. Cessam em suas funções o Cardeal Secretário de Estado e os Prefeitos dos vários Dicastérios da Cúria Romana, com exceção do Cardeal Vicário para a Diocese de Roma, o Cardeal Arcipreste da Basílica de São Pedro e Vigário Geral do Vaticano. Permanecem nas funções também os Núncios Apostólicos nos respectivos países.

O Conclave para a eleição do novo Papa deve se iniciar após 15 dias e não mais do que 20 dias depois da vacância da sede. São eleitores os Cardeais com menos de 80 anos de idade no momento da vacância e o seu número não poderá ultrapassar os 120. As votações terão lugar da Capela Sistina do Vaticano e os eleitores permanecerão em regime fechado, sem contato com o exterior. O Conclave procede com dois escrutínios pela manhã e outros dois pela tarde. Antes de votar, o Cardeal eleitor, com a cédula na mão, pronuncia o seguinte juramento: "Chamo como testemunha Cristo Senhor, o qual me julgará, de que o meu voto é dado àquele que, diante de Deus, julgo que deva ser eleito". O candidato deverá obter  dois terços dos votos. Uma vez obtido o resultado, o eleito é interrogado pelo Cardeal Decano: Aceitas a tua eleição canônica como Sumo Pontífice? E após receber o consentimento do eleito, acrescenta: Como queres ser chamado? Em seguida, o novo Papa recebe a obediência dos Cardeais e, já revestido das vestes pontifícias, é apresentado ao povo, no balcão principal da Basílica de São Pedro. Desde a sua aceitação, ele é o novo Papa, com todos os poderes do cargo.

3. Convite à oração pelo Conclave

O Papa João Paulo II, no documento citado, convida toda a Igreja a se unir em oração neste período: "Durante o período de sede vacante e, sobretudo, durante o tempo da eleição do sucessor de Pedro, a Igreja permanece unida de modo particular com os seus pastores e especialmente com os Cardeais eleitores, e implora de Deus o novo Papa como dom da sua bondade e providência. ... Estabeleço, pois, que em todas as cidades e nos outros lugares, apenas se tenha notícia da sede vacante, elevem-se humildes e incessantes orações ao Senhor (cf. Mt 21,22; Mc 11,24), para que ilumine o ânimo dos eleitores e os torne concordes em sua tarefa, que se obtenha uma solícita, unânime e frutuosa eleição, como exige a salvação das almas e o bem de todo o povo de Deus".

Assim sendo, determino que em todas as celebrações da nossa Diocese, antes da benção final, faça-se uma oração pedindo as luzes do Espírito Santo sobre o próximo Conclave, para que Deus nos dê o Papa que Ele quer para a sua Igreja. Igualmente, convido a todos para, em sua oração pessoal, invocar as graças divinas sobre os Cardeais eleitores e sobre todos nós, para acolhermos com espírito de fé o Papa que será eleito.

A Bento XVI, toda a nossa gratidão pelo testemunho belíssimo de sua fé e pela generosidade com que, nestes anos, vem desempenhando a árdua função do Papado. Que o Senhor continue abençoando-o e o conforte na nova forma de vida que ele escolheu.

Garanhuns, 11 de fevereiro de 2013, festa de Nossa Senhora de Lourdes
Dom Fernando Guimarães, Bispo Diocesano de Garanhuns


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Trechos do discurso de Bento XVI aos párocos de Roma - 14/02/13

 
 
É para mim uma graça particular da Providência que, antes de deixar o ministério petrino, possa ver ainda o meu clero, o clero de Roma. É sempre uma grande alegria ver como a Igreja vive, como em Roma a Igreja está viva: são pastores que no espírito do Pastor supremo, guiam o Rebanho do Senhor. É um clero realmente católico, universal e isto responde à essência da Igreja de Roma em si, levar à universalidade, a catolicidade de todos os povos, de todas as raças, de todas as culturas. Ao mesmo tempo estou muito grato ao cardeal vigário que ajuda a despertar, a encontrar as vocações na própria Roma, porque se Roma por um lado deve ser a cidade da universalidade, deve ser também uma cidade com uma própria força, fé robusta, a partir da qual nascem vocações. E estou convicto de que com a ajuda do Senhor podemos encontrar as vocações que Ele próprio nos dá, guiá-las, ajudá-las a amadurecer e assim servir para o trabalho na vinha do Senhor.

Hoje, vós confessastes diante do Túmulo de São Pedro, o Credo: no Ano da Fé, parece-me um ato muito oportuno, necessário, talvez, que o clero de Roma se reúna no Túmulo do Apóstolo ao qual o Senhor disse: "A ti confio a minha Igreja. Sobre ti edificarei a minha Igreja". Diante do Senhor, junto com Pedro, vós confesseis: “Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo”. Assim cresce a Igreja: junto com Pedro, confessar Cristo, seguir Cristo. E façamos isso, sempre. Eu sou muito grato pela vossa oração que senti – como disse na quarta-feira – quase fisicamente. Mesmo se me retiro agora, em oração estou sempre próximo a todos vós e tenho certeza de que também todos vós sois próximos a mim, mesmo que para o mundo eu permaneça escondido.

Por hoje, segundo as minhas condições e idade, não pude preparar um grande e verdadeiro discurso, como se poderia esperar; mas antes de tudo penso em uma pequena conversa sobre o Concílio Vaticano II, como eu o vi.

Eu tinha sido nomeado em 1959 como professor da Universidade de Bonn, onde estudam os estudantes, os seminaristas da diocese de Colônia e de outras dioceses vizinhas. Assim, estive em contato com o Cardeal de Colônia, o Cardeal Frings. O Cardeal Siri, de Gênova, - parece-me que em 1961 – tinha organizado uma série de conferências, com diversos cardeais europeus, sobre o Concílio e tinha convidado também o arcebispo de Colônia para realizar uma conferência, com o título: “O Concílio e o mundo do pensamento moderno”. O cardeal convidou-me – o mais jovem dos professores – a escrever-lhe um projeto; o projeto lhe agradou e propôs ao povo, a Gênova, este texto, como eu o tinha escrito.
 
Pouco depois, Papa João o convida a vir e ele estava cheio de temor de ter dito talvez qualquer coisa de errado, de falso e teria uma reprovação, talvez também para tirar-lhe o título... (os párocos riem). Sim ...quando o seu secretário o vestiu para a audiência, disse: "Talvez agora abrigue pela última vez este material"... (os párocos riem). Depois, entrou. Papa João vai ao seu encontro, abraça-o e diz: "Obrigado, eminência, dissestes o que eu queria dizer, mas não tinha encontrado as palavras"... (os párocos riem, aplaudem). Assim, o cardeal sabia que estava no caminho certo, e convidou-me a ir com ele ao Concílio, antes como seu assessor pessoal, depois – ao longo do primeiro período, talvez em novembro de 1962 – fui nomeado também perito oficial do Concílio.

Então, nós fomos ao Concílio não só com alegria, mas com entusiasmo. Era uma expectativa incrível. Esperávamos que tudo se renovasse, verdadeiramente que viesse um novo Pentecostes, uma nova era da Igreja, porque a Igreja estava ainda bastante robusta, naquele tempo: a práxi dominical ainda boa, também as vocações ao sacerdócio e à vida religiosa estavam já um pouco reduzidas, mas ainda suficientes. Todavia, se sentia que a Igreja não estava seguindo em frente, mas estava reduzindo, parecia uma realidade do passado e não a condutora do futuro. E agora, esperávamos que esta relação se renovasse, fosse mudada, que a Igreja fosse de novo a força do amanhã e a força do hoje.
 
O Papa recordou ainda como a visão que se tinha era de "que a relação entre a Igreja e o período moderno do início era um pouco contrastante", começando com o erro no caso de Galileu, "e se pensava em corrigir este início errado" e em encontrar uma nova relação entre a Igreja e as forças melhores do mundo, "para abrir o futuro da humanidade, para abrir o verdadeiro progresso".

O Papa recorda: "estávamos cheios de esperança, de entusiasmo e também de vontade. Recordo-me – disse – que como modelo negativo era considerado o Sìnodo romano" - onde – se diz – que teria lido textos já preparados, e os membros do Sínodo teriam simplesmente aprovado e assim se teria realizado o Sínodo. Os bispos concordaram que não fariam assim enquanto eles próprios fossem sujeitos do Concílio. Assim – prosseguiu – até o cardeal Frings, que era famoso pela fidelidade absoluta, quase escrupulosa, ao Santo Padre, disse que o Papa convocou os bispos no Concílio ecumênico como um sujeito que renova a Igreja.

Bento XVI recordou que "o primeiro momento no qual se mostrou esta atitude, foi logo no primeiro dia". Estavam previstas, para este primeiro dia, as eleições das Comissões e estavam preparadas “de maneira imparcial as listas, os nominativos”. E estas listas eram para votar. Mas logo os padres disseram: “Não, não queremos simplesmente votar listas já feitas. Somos nós o sujeito”. Foi preciso transferir as eleições – acrescentou – porque os padres mesmos queriam conhecer-se um pouco, queriam eles mesmos preparar as listas. Assim foi feito. Não era um ato revolucionário – mas um ato de consciência, de responsabilidade por parte dos Padres conciliares.

Assim – observou o Papa – começava uma forte atividade de conhecimento recíproco. E isso se tornou usual para todo o período do Concílio: "pequenos encontros transversais". Neste novo modo pode conhecer grandes figuras como padre de Lubac, Danielou, Congar, etc.. E esta – revelou "era já uma experiência da universalidade da Igreja e da realidade concreta da Igreja, que não simplesmente recebe imperativos do alto, mas unida cresce e vai avante, sempre sob a guia – naturalmente – do Sucessor de Pedro.

Ressaltou, portanto, que tudos “vinham com grandes expectativas” porque “jamais havia sido realizado um Concílio destas dimensões”, mas não todos sabiam como operar. Aqueles que tinham intenções mais definidas eram o episcopado francês, alemão, belga, holandês, a assim chamada "Aliança Renana" (ou europeia). E na primeira parte do Concílio – disse – era eles que indicavam a estrada, em seguida alargada velozmente a atividade e todos sempre mais participaram da “criatividade do Concílio”.

Os franceses e os alemães – observou – tinham diversos interesses em comum, também com tons bastante diferentes. A primeira intenção inicial, aparentemente simples, “era a reforma da liturgia, que já havia começado com Pio XII”, que já tinha reformado a Semana Santa; a segunda intenção era a eclesiologia; a terceira a Palavra de Deus, a Revelação, e depois também o ecumenismo. Os franceses, muito mais que os alemães – notou – tinham ainda o problema de enfrentar a situação da relação entre a Igreja e o mundo.

Em relação à primeira questão, o Papa recordou que “depois da primeira guerra mundial, havia crescido na Europa central-ocidental, o movimento litúrgico” como “redescoberta da riqueza e profundidade da liturgia”, que estava até aquele momento quase fechado no Missal Romano do sacerdote, enquanto o povo reza com os próprios livros de oração “que eram feitos de acordo com o coração do povo”, assim se “buscava traduzir os conteúdos altos, a linguagem alta da liturgia clássica, em palavras mais emocionais, mais próximas ao coração do povo. Mas eram quase duas liturgias paralelas: o sacerdote com o coroinha, que celebrava a Missa segundo o Missal, e os leigos que rezavam a Missa com seus livros de oração”. Agora – prosseguiu – foi redescoberta “a beleza, a profundidade, a riqueza histórica, humana, espiritual do Missal” e a necessidade que não só um representante do povo, um pequeno coroinha, pudesse dizer “Et cum spiritu tuo” etc., mas que pudesse ser realmente “um diálogo entre sacerdote e povo”, de maneira que realmente a liturgia do altar e a liturgia do povo fossem “uma única liturgia, uma participação ativa”, de maneira que as riquezas chegassem ao povo: “e assim foi redescoberta, renovada a liturgia”.
 
O Papa destacou considerar de maneira muito positiva o fato de ter começado com a liturgia, porque desta maneira “aparece o primado de Deus”. Alguém – relevou – criticou o Concílio porque falava de tantas coisas, mas não de Deus: ao invés, falou de Deus e seu primeiro ato foi o de falar de Deus e de abrir a todo o povo santo a possibilidade da adoração de Deus, na comum celebração da liturgia do Corpo e Sangue de Cristo. Neste sentido – observou – além dos fatores práticos que desaconselhavam começar logo com temas controversos, foi realmente “um ato de Providência” que no início do Concílio tivesse liturgia, tivesse Deus, tivesse adoração.
 
O Santo Padre recordou, portanto, ideias essenciais do Concílio: principalmente o mistério pascal como centro do ser cristão, e portanto da vida cristã, expressada no tempo pascal e no domingo que é sempre o dia da Ressurreição: “sempre de novo começamos o nosso tempo com a Ressurreição, com o encontro com o Ressuscitado”. Neste sentido – observou – é uma pena que hoje o domingo tenha se transformado em um fim de semana, enquanto é o primeiro dia, é o início: “interiormente devemos considerar assim, é o início, o início da Criação, é o início da re-criação da Igreja, o encontro com o Criador e com Cristo Ressuscitado”. O Papa sublinhou a importância deste duplo conteúdo do domingo: é o primeiro dia, isto é, a festa da Criação, enquanto cremos em Deus Criador, e o encontro com o Ressuscitado que renova a Criação: “seu verdadeiro objetivo é criar um mundo que é resposta ao amor de Deus”.
 
Outras ideias do Concílio eram princípios de inteligibilidade da Liturgia – ao invés de ficar fechado em uma língua não conhecida, não falada – e também a participação ativa. “Infelizmente – disse – estes princípios foram também mal entendidos”. De fato, a inteligibilidade não significa “banalidade”, porque os grandes textos da liturgia – também nas línguas faladas – não são facilmente inteligíveis, “precisam de uma formação permanente do cristão, para que cresça e entre sempre mais na profundidade do mistério e assim possa compreender”. E também em relação à Palavra de Deus – perguntou – quem poderia dizer que entende os textos da Escritura rapidamente, somente porque está na própria língua? “Só uma formação permanente do coração e da mente pode realmente criar inteligibilidade e uma participação que é mais de uma atividade exterior, que é um entrar na pessoa, do meu ser na comunhão da Igreja e assim na comunhão com Cristo”.
 
O Papa abordou o segundo tema: a Igreja. Recordou que o Concílio Vaticano I foi interrompido por causa da guerra franco-germânica e assim sublinhou só a doutrina sobre o primado, que foi definida “graças a Deus naquele momento histórico”, e “para a Igreja era muito necessária para o tempo seguinte”. Mas – sublinhou - “era somente um elemento em uma eclesiologia mais vasta”, já em preparação. Assim do Concílio restou um fragmento. E, portanto, já desde o início – disse – havia esta intenção de realizar em uma data a ser fixada uma eclesiologia completa. Também aqui – sublinhou – as condições pareciam muito boas porque, depois da primeira guerra mundial, renasceu o sentido da Igreja em novo modo. Nas almas começa a despertar a Igreja e o bispo protestante falava do “século da Igreja”. Foi reencontrado principalmente o conceito que estava previsto pelo Vaticano I, do corpo místico de Cristo, queria dizer e entender que a Igreja não é uma organização, algo de estrutural, jurídico, institucional, é também isso, mas é um organismo, uma realidade vital, que entra na minha alma, tanto que eu mesmo, com minha alma que crê, sou elemento construtivo da Igreja como tal. Neste sentido, Pio XII havia escrito a Encíclica Mistici Corporis Christi, como um passo rumo a uma complementação da eclesiologia do Vaticano I.
 
Diria que a discussão teológica dos anos 30 e 40, também 20, estava completamente sob este sinal do palavra “Mistici Corporis”. Foi uma descoberta que criou tanto alegria naquele tempo e também neste contexto cresceu a fórmula “Nós somos a Igreja, a Igreja não é uma estrutura, alguma coisa... nós cristãos, juntos, somos todos o corpo vivo da Igreja”. E naturalmente isso vale no sentido que nós, o verdadeiro nós dos crentes, junto com o Eu de Cristo, é a Igreja. Cada um de nós, não um nós, um grupo que se declara Igreja. Não: este “nós somos Igreja” exige minha inserção no grande “nós” dos crentes de todos os tempos e lugares.
 
Portanto, primeira ideia: completar a eclesiologia de modo teológico, mas prosseguindo também de modo estrutural, isto é, ao lado da sucessão de Pedro, a sua função única, definir também melhor a função dos bispos, do corpo episcopal. E para fazer isso, foi encontrada a palavra “colegialidade”, muito discutida com intensas discussões, diria, até um pouco exageradas. Mas era a palavra, talvez poderia ser também uma outra, mas servia esta para expressar que os bispos, juntos, são a continuação dos doze, do corpo dos Apóstolos. Dissemos: só um bispo, o de Roma, é sucessor de um determinado apóstolo, de Pedro. Todos os outros se tornam sucessor dos apóstolos entrando no corpo dos apóstolos. E assim o corpo dos bispos, o colégio, é a continuação do corpo dos doze, tem assim sua necessidade, a sua função, os seus direitos e deveres.
 

Continuaremos a chamá-lo de Bento XVI, diz porta-voz do Vaticano


O Papa Bento XVI poderá continuar sendo chamado de Bento XVI após sua renúncia. Isso foi o que disse o porta voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, 14, no Vaticano.
Respondendo aos jornalistas que indagavam sobre a forma como se referir ao Papa no futuro, Padre Lombardi explicou que “ainda não se tem clareza” se será “Bispo emérito de Roma”. Mas quanto ao nome “Bento XVI”, esclareceu que é um título ao qual não pode renunciar.

“Penso poder reiterar que Bento XVI é um título ao qual não pode renunciar: é o seu nome como Papa, que levou para toda a Igreja e para todo o mundo oficialmente, por oito anos. Então certamente nós continuaremos a poder dizer que é Bento XVI. Isto não muda e não pode evidentemente mudar!”, disse o porta voz.

Sobre a viagem do Papa após 28 de fevereiro, ele explicou que serão Dom George Gaenswein, que permanece prefeito da Casa Pontifícia, e as “leigas consagradas da família pontifícia”, que já se ocupam da vida cotidiana do Papa, a acompanhá-lo primeiro para Castel Gandolfo, depois para o Vaticano.

O porta voz também explicou que os cardeais que vão chegar ao Vaticano estarão a partir de 1º de março, não antes disso, na Casa Santa Marta. Ele confirmou que o conclave iniciará entre 15 e 20 de março, “a data será comunicada durante a sede vacante” e que seja o Cardeal Walter Kasper seja o Cardeal Severino Poletto poderão participar, porque completarão 80 anos em março. O limite previsto para o voto é para quem já completou esta idade no primeiro dia da sede vacante.

Com relação ao encontro do Papa com os párocos e sacerdotes de Roma, realizado também nesta quinta-feira, padre Lombardi disse aos jornalistas que foi um “testemunho único do Concílio Vaticano II”. Mais uma vez, ele voltou a reiterar que a renúncia do Pontífice aconteceu por motivos de envelhecimento e que nem a queda durante a viagem ao México nem outras motivações influíram sobre sua decisão.

Fonte: Canção Nova Notícias e Rádio Vaticano

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Missa da Quarta-feira de Cinzas no Vaticano e última pública do ministério petrino de Bento XVI











Vídeo Integral da Santa Missa com comentários em francês (Fonte KTO):
 
 
Vídeos da Rome Reports em espanhol sobre esta celebração:
 
 
 


 


 
 
 
 
 

A renúncia do Papa e os oportunistas da imprensa secular


Que a mídia secular não é o melhor meio para se informar a respeito da Igreja Católica, isso não é novidade. Basta fazer uma rápida leitura nas manchetes dos principais jornais do país a respeito da renúncia do Papa Bento XVI para se ter a certeza de que o amadorismo reina nessas aclamadas agências de notícias. No entanto, acreditar na simples inocência desses senhores e cobri-los com um véu de caridade por seus comentários maldosos e, muitas vezes, insultuosos não seria honesto. É necessário compreender muito bem que muitos desses veículos estão ardorosamente comprometidos com a desinformação e com os princípios contrários à reta moral defendida pela Igreja. Daí a quantidade de sandices que surgiram na mídia nos últimos dias.
 
Logo após o anúncio da decisão do Santo Padre, publicou-se na imprensa do mundo todo que a ação de Bento XVI causaria uma "revolução" sem precedentes na doutrina da Igreja. Uma atrapalhada correspondente de uma emissora brasileira afirmou que a renúncia do papa abriria caminho para as "reformas" do Concílio Vaticano II e que isso daria mais poderes aos bispos. Já outros declaravam que os recentes fatos colocavam em xeque o dogma da "Infalibilidade Papal", proclamado pelo Concílio Vaticano I. Nada mais fantasioso.
 
É verdade que uma renúncia tal qual a de Bento XVI nunca houve na história da Igreja. A última resignação de um papa aconteceu ainda na Idade Média e em circunstâncias bem diversas. Todavia, isso não significa que o Papa Ratzinger tenha modificado ou inventado qualquer novo dogma ou lei eclesiástica. O direito à renúncia do ministério petrino já estava previsto no Código do Direito Canônico, promulgado pelo Beato João Paulo II em 1983. Portanto, de modo livre e consciente- como explicou no seu discurso - Bento XVI apenas fez uso de um direito que a lei canônica lhe dava e nada nos autoriza a pensar que fora diferente. Usar desse pretexto para fazer afirmações tacanhas sobre dogmas e reformas na Igreja é simplesmente ridículo. Quem faz esses comentários carece de profundos conhecimentos sobre a doutrina católica, sobretudo a expressa no Concílio Vaticano II.
 
Outros comentaristas foram mais longe nas especulações e atestaram que a renúncia do Papa devia-se às pressões internas que ele sofria por seu perfil tradicionalista e conservador. Além disso, as crises pelos escândalos de pedofilia e vazamentos de documentos internos também teriam pesado na decisão. Não obstante, quem conhece o pensamento de Bento XVI sabe que ele jamais tomaria essa decisão se estivesse em meio a uma crise ou situação que exigisse uma particular solicitude pastoral. E isso ficou muito bem expresso na sua entrevista com o jornalista Peter Seewald - publicada no livro Luz do Mundo - na qual o Papa explica que em momentos de dificuldades, não é possível demitir-se e passar o problema para as mãos de outro.
 
Mas de todas as notícias veiculadas por esses jornais, certamente as mais esdrúxulas foram as que fizeram referência às antigas "profecias" apocalípiticas que prediziam o fim da Igreja Católica. Numa dessas reportagens, um notório jornal do Brasil dizia: "O anúncio da renúncia do papa Bento 16 fez relembrar a famosa "Profecia de São Malaquias", que anuncia o fim da Igreja e do mundo". É curioso notar o repentino surto de fé desses reconhecidos laicistas logo em teorias que proclamam o fim da Igreja. Isso tem muito a dizer a respeito deles e de suas intenções.
 
Por fim, também não faltaram os especialistas de plantão e teólogos liberais chamados pelas bancadas dos principais jornais do país para pedir a eleição de um papa "mais aberto". Segundo esses doutos senhores, a Igreja deveria ceder em assuntos morais, permitindo o uso da camisinha, do aborto e casamento gay para conter o êxodo de fiéis para as seitas protestantes. A essas pretensões deve-se responder claramente: A Igreja jamais permitirá aquilo que vai contra a vontade de Deus e nenhum Papa tem o poder de modificar isso. A doutrina católica é imutável. Ademais, os fiéis jovens da Igreja têm se mostrado cada vez mais conservadores e avessos à moral liberal. Inovações liberais para atrair fiéis nunca deram certo e os bancos vazios da Igreja Anglicana são a maior prova disso.
 
O comportamento vil da mídia secular leva-nos a fazer sérios questionamentos sobre a credibilidade e idoneidade dos chefes de redações que compõem as mesas desses jornais. Das duas, uma: ou esses senhores carecem de formação adequada e por isso seus textos são recheados de ignorâncias e nonsenses, ou então, esses doutos jornalistas têm um sério compromisso com a desinformação e a manipulação dos fatos, algo que está diametralmente oposto ao Código de Ética do Jornalismo. Se fôssemos seguir a cartilha desses órgãos de imprensa, hoje seríamos obrigados a crer que Bento XVI liberou a camisinha, excomungou o boi e o jumento do presépio, acobertou padres pedófilos e mais uma série de disparates que uma simples leitura correta dos fatos seria o suficiente para derrubar a mentira.
 
Na sua mensagem para o Dia Mundial da Comunicação de 2008, o Papa Bento XVI alertou para os riscos de uma mídia que não está comprometida com a reta informação. "Constata-se, por exemplo, que em certos casos as mídias são utilizadas, não para um correcto serviço de informação, mas para «criar» os próprios acontecimentos", denunciou o Santo Padre. Bento XVI assinalou que os meios de comunicação devem estar ordenados para a busca da verdade e a sua partilha. Pelo jeito, a imprensa secular ainda tem muito a aprender com o Santo Padre.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Quem quer modernizar a Igreja?

 
 
Por meio de uma atitude virtuosa e corajosa, o Santo Padre Bento XVI, pediu renúncia do ministério de Sucessor de São Pedro. Não bastassem todos os ataques contra a Igreja, a mídia brasileira, sensacionalista, anticristã e intolerante, dá voz - em entrevistas demoradas - a expoentes duvidosos, e deixa assim, de entrevistar a quem merece e a quem realmente sabe.
 
Tachando o Sucessor de Pedro de conservador, sisudo, gélido, a mídia televisa e escrita desta nossa nação, tenta incutir nos brasileiros sentimentos aversivos ao papa e ao motivo de sua renúncia. Tabloides inventam motivos "conspiratórios" para vender jornais, o que acaba sendo reportado como verdade, sendo mentira.
 
O sonho das grandes empresas de comunicação do Brasil é de transformar a Igreja numa mera ONG que ajuda os pobres, ou uma instituição que seja aliada dos poderosos deste mundo, que não condene as práticas heréticas da sociedade; não como realmente Ela é: UNA, SANTA, CATÓLICA, APOSTÓLICA e ROMANA. Debochando do Papa, debocha-se da Igreja. Por isso, devemos como católicos, cientes de nossa fé, defender a imagem do Santo Padre, do Papado, da IGREJA.
 
Peçamos a Nosso Senhor que nos dê um Pastor segundo o seu coração, e confiantes na materna intercessão da Santa Mãe de Deus, peçamos a Nossa Senhora que o Seu Imaculado Coração triunfe sobre todo o mal. Amém.
 
***
 
"Com a renúncia de Bento XVI, inicia-se novamente a cantilena sobre quem haveria de comandar a Igreja para modernizá-la. Quem seria capaz de tirar a Igreja das trevas medievais em que viveria e conduzi-la à luz? A quem incumbiria a missão de aproximá-la, de fazer com que essa Igreja de dois mil anos finalmente se encontre com o mundo moderno?

 
A pergunta que se deve fazer, no entanto, é outra. Bem diferente. Ei-la: Quem quer modernizar a Igreja?

 
São sempre as mesmas pessoas que querem modernizar a Igreja, aproximando-a do mundo, mundanizando-a. São as que estão fora dela. De fato, nenhum católico pretende ver alterados os fundamentos de sua fé, aqueles mesmos construídos sobre o pescador Simão, a quem Jesus disse: Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja(Mt. 16:18). E prova maior de que os católicos não querem uma Igreja voltada para o mundo foi a eleição de Bento XVI, num dos conclaves mais céleres da história.

 
A Igreja Católica, edificada por Jesus sobre os ombros de Pedro, tem  a convicção de que porta a verdade sobre a revelação divina, encarnada que foi no próprio Cristo, em razão da Tradição herdada diretamente dos apóstolos, de modo que sua missão é levar o evangelho a todos, para a salvação de muitos.

 
E é claro que a revelação divina não agrada ao mundo, não agrada aos que aceitam o divórcio, aos que abortam ou toleram o infanticídio, aos que querem assemelhar o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo ao casamento, não agrada aos que protegem ovos de tartaruga mas permitem a destruição de seres humanos embrionários em nome da ciência.

 
São essas pessoas que querem achegar a Igreja ao mundo, para que vejam, ao fim e ao cabo, a fumaça de Satanás ofuscar  o altar em que Cristo é sacrificado.
 
 
O que resta, quando se escutam pessoas assim, é saber que a Igreja está no caminho certo quando dá as costas ao mundo moderno (como nas missas em que o padre se põe de costas para o povo, voltando sua face exclusivamente para Deus); mesmo porque o mundo haveria de tomar a Igreja como luzeiro, e não o contrário."

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Obrigado, BENTO XVI!



Realmente a notícia da renúncia do Santo Padre Bento XVI nos pegou desprevenidos, de surpresa!

Se havia comentado algo em tempos passados, sobre uma possível renúncia do Papa em caso de fragilidade física. No livro ‘Luz do mundo: o Papa, a Igreja e o Sinal dos Tempos’, uma entrevista do papa ao jornalista católico alemão Peter Seewald, contém muitas informações e reflexões sobre a vida pessoal e perspectivas de Bento XVI. E o próprio Papa chega a comentar: “Sim, se um papa percebe claramente que não tem mais condições físicas, psicológicas e espirituais de encarregar-se dos deveres de seu cargo, ele tem o direito e, sob certas circunstâncias, a obrigação de renunciar”.

(...)

MEDIDAS PRÓXIMAS A SEREM TOMADAS

Segundo o porta-voz do Vaticano, a Santa Igreja deve ter um novo Papa até a festa da Páscoa, no próximo dia 31 de março: “Temos de ter um novo Papa na Páscoa”, afirmou. O conclave deve ser realizado de 15 a 20 dias após a renúncia.

No Código de Direito Canônico, no artigo 332.2, se prevê a possibilidade de um papa renunciar, mas precisa fazê-lo por sua livre vontade, e não é necessário que sua renúncia seja aceita por ninguém. Segundo o código, uma vez tendo renunciado, o papa não pode mais voltar atrás.

Após a renúncia ou morte do papa, os assuntos da Santa Igreja ficam sob a responsabilidade do Cardeal Decano ou Camerlengo. 

Ele convocará o conclave, reunindo todos os cardeais da Igreja Católica no Vaticano. Eles ficarão isolados em celas particulares e se reunirão na Capela Sistina duas vezes por dia para votar, durante o tempo que for necessário para a eleição do novo Pontífice. O voto é secreto. A votação é feita em papel. Para que um papa seja eleito o candidato deverá ter a maioria dos votos, ou seja, metade mais um. Depois de cada sessão, os papéis da votação são queimados. Se não houver uma definição, uma substância química é adicionada aos papéis para produzir uma fumaça escura, que sai pela famosa chaminé que poderá ser avistada da Praça de São Pedro. Se houver uma definição, a fumaça é branca. Assim sendo, reviveremos novamente a emoção de ouvir na sacada principal da Basílica Vaticana: ‘Habemus Papam!’


O PAPA ABDICA!






"Caros irmãos: Convoquei-os para este consistório, não apenas para as três canonizações, mas também para comunicar a vocês uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Após ter repetidamente examinado minha consciência perante Deus, eu tive certeza de que minhas forças, devido à avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do ministério de Pedro. Eu estou bem consciente de que esse ministério, devido à sua natureza essencialmente espiritual, deve ser levado não apenas com com palavras e fatos, mas não menos com oração e sofrimento. Contudo, no mundo de hoje, sujeito a mudanças tão rápidas e abalado por questões de profunda relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e proclamar o Evangelho, é necessário tanto força da mente como do corpo, o que, nos últimos meses, se deteriorou em mim numa extensão em que eu tenho de reconhecer minha incapacidade de adequadamente cumprir o ministério a mim confiado. Por essa razão, e bem consciente da seriedade desse ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, confiado a mim pelos cardeais em 19 de abril de 2005, pelo qual a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h, a Sé de Roma, a Sé de São Pedro, vai estar vaga e um conclave para eleger o novo Sumo Pontífice terá de ser convocado por quem tem competência para isso.


Caros irmãos, agradeço sinceramente por todo o amor e trabalho com que vocês me apoiaram em meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. E agora, vamos confiar a Sagrada Igreja aos cuidados de nosso Supremo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e implorar a sua santa mãe Maria para que ajude os cardeais com sua solicitude maternal, para eleger um novo Sumo Pontífice. Em relação a mim, desejo também devotamente servir a Santa Igreja de Deus no futuro, através de uma vida dedicada à oração.
Vaticano, 10 de fevereiro de 2013.
BENEDICTUS PP. XVI"

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