sábado, 29 de junho de 2013

Homilia do Papa Francisco na Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo: "Devemos avançar por esta estrada da sinodalidade, crescer em harmonia com o serviço do primado."



Senhores Cardeais,
Eminentíssimo Metropolita Ioannis,
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Amados irmãos e irmãs!

Celebramos a solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, padroeiros principais da Igreja de Roma; uma festa tornada ainda mais jubilosa pela presença de Bispos de todo o mundo. Uma enorme riqueza que nos faz reviver, de certa forma, o evento de Pentecostes: hoje, como então, a fé da Igreja fala em todas as línguas e quer unir os povos numa só família.

Saúdo cordialmente e com gratidão a Delegação do Patriarcado de Constantinopla, guiada pelo Metropolita Ioannis. Agradeço ao Patriarca ecuménico Bartolomeu I este novo gesto fraterno. Saúdo os Senhores Embaixadores e as Autoridades civis. Um obrigado especial ao Thomanerchor, o Coro da Thomaskirche [Igreja de São Tomé] de Lípsia – a igreja de Bach – que anima a Liturgia e constitui mais uma presença ecuménica.

Três pensamentos sobre o ministério petrino, guiados pelo verbo «confirmar». Em que é chamado a confirmar o Bispo de Roma?

1. Em primeiro lugar, confirmar na fé. O Evangelho fala da confissão de Pedro: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16), uma confissão que não nasce dele, mas do Pai celeste. É por causa desta confissão que Jesus diz: «Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja» (16, 18). O papel, o serviço eclesial de Pedro tem o seu fundamento na confissão de fé em Jesus, o Filho de Deus vivo, tornada possível por uma graça recebida do Alto. Na segunda parte do Evangelho de hoje, vemos o perigo de pensar de forma mundana. Quando Jesus fala da sua morte e ressurreição, do caminho de Deus que não corresponde ao caminho humano do poder, voltam ao de cima em Pedro a carne e o sangue: «Pedro começou a repreendê-Lo, dizendo: (…) Isso nunca Te há-de acontecer!» (16, 22). E Jesus tem uma palavra dura: «Afasta-te, Satanás! Tu és para Mim um estorvo» (16, 23). Quando deixamos prevalecer os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a lógica do poder humano e não nos deixamos instruir e guiar pela fé, por Deus, tornamo-nos pedra de tropeço. A fé em Cristo é a luz da nossa vida de cristãos e de ministros na Igreja!

2. Confirmar no amor. Na segunda leitura, ouvimos as palavras comoventes de São Paulo: «Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel» (2 Tm 4, 7). Qual combate? Não é o das armas humanas, que, infelizmente, ainda ensanguenta o mundo, mas o combate do martírio. São Paulo tem uma única arma: a mensagem de Cristo e o dom de toda a sua vida por Cristo e pelos outros. E foi precisamente este facto de expor-se em primeira pessoa, deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos sem se poupar, que o tornou credível e edificou a Igreja. O Bispo de Roma é chamado a viver e confirmar neste amor por Cristo e por todos, sem distinção, limite ou barreira. E não só o Bispo de Roma, mas todos vós, novos arcebispos e bispos, tendes o mesmo dever: deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos. O dever de não se poupar, de se esquecer de si ao serviço do povo santo e fiel de Deus.

3. Confirmar na unidade. Aqui detenho-me a considerar o gesto que realizámos. O Pálio é símbolo de comunhão com o Sucessor de Pedro, «princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão» (Conc. Ecum. Vat. ii, Lumen gentium, 18). E hoje a vossa presença, amados Irmãos, é o sinal de que a comunhão da Igreja não significa uniformidade. Referindo-se à estrutura hierárquica da Igreja, o Concílio Vaticano II afirma que o Senhor «constituiu [os Apóstolos] em colégio ou grupo estável e deu-lhes como chefe a Pedro, escolhido de entre eles» (ibid., 19). Confirmar na unidade: o Sínodo dos Bispos, em harmonia com o primado. Devemos avançar por esta estrada da sinodalidade, crescer em harmonia com o serviço do primado. E continua o Concílio: «Este colégio, enquanto composto por muitos, exprime a variedade e universalidade do Povo de Deus» (ibid., 22). Na Igreja, a variedade, que é uma grande riqueza, sempre se funde na harmonia da unidade, como um grande mosaico onde todos os ladrilhos concorrem para formar o único grande desígnio de Deus. E isto deve impelir a superar sempre todo o conflito que possa ferir o corpo da Igreja. Unidos nas diferenças: não há outra estrada para nos unirmos. Este é o espírito católico, o espírito cristão: unir-se nas diferenças. Este é o caminho de Jesus! O Pálio, se é sinal da comunhão com o Bispo de Roma, com a Igreja universal, com o Sínodo dos Bispos é também um compromisso que obriga cada um de vós a ser instrumento de comunhão.

Confessar o Senhor deixando-se instruir por Deus, consumar-se por amor de Cristo e do seu Evangelho, ser servidores da unidade: estas são as incumbências que os Apóstolos São Pedro e São Paulo confiam a cada um de nós, amados Irmãos no Episcopado, para serem vividas por cada cristão. Sempre nos guie e acompanhe com a sua intercessão a Santíssima Mãe de Deus: Rainha dos Apóstolos, rogai por nós! Amen.

Sacra Liturgia 2013: Pontifical do Cardeal Brandmüller em Roma






























São Pedro e São Paulo, patronos da Igreja, rogai por nós!


Constitutes eos principes super omnem terram:

memores erunt nomini tui Domine.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sacra Liturgia 2013: Missa celebrada pelo Card.Cañizares em honra de São Josemaría Escrivá

Por ocasião da conferência internacional organizada pelo bispo de Fréjus-Toulon, França, para estudar, promover e renovar a apreciação pela celebração formação litúrgica o Cardeal Cañizares, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, celebrou uma missa Novus Ordo no dia de São Josemaría Escrivá, na basílica de Santo Apolinário em Roma.

Informações aqui.





quarta-feira, 26 de junho de 2013

SUMMORUM PONTIFICUM NA JMJ RIO 2013!

Como foi designada a Antiga Sé do Rio como igreja para a Forma Extraordinária na JMJ sob a responsabilidade da Administração Apostólica São João Maria Vianney , este será o evento Summorum Pontificum deste ano: SUMMORUM PONTIFICUM NA JMJ RIO 2013!

As catequeses que serão realizadas são para todos, sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos.

Aos padres, apenas o aviso de que na Antiga Sé haverá 8 capelas destinadas aos sacerdotes que queiram celebrar em privado, podendo também celebrar no altar - mor, no intervalo das catequeses. Pede-se que tragam vestes corais, alva e amito, pois não temos em números suficientes.



quarta-feira, 19 de junho de 2013

O nome de São José será acrescentado nas orações eucarísticas.



DECRETO

Pelo seu lugar singular na economia da salvação como pai de Jesus, São José de Nazaré, colocado à frente da Família do Senhor, contribuiu generosamente à missão recebida na graça e, aderindo plenamente ao início dos mistérios da salvação humana, tornou-se modelo exemplar de generosa humildade, que os cristãos têm em grande estima, testemunhando aquela virtude comum, humana e simples, sempre necessária para que os homens sejam bons e fiéis seguidores de Cristo. Deste modo, este Justo, que amorosamente cuidou da Mãe de Deus e se dedicou com alegre empenho na educação de Jesus Cristo, tornou-se guarda dos preciosos tesouros de Deus Pai e foi incansavelmente venerado através dos séculos pelo povo de Deus como protector do corpo místico que é a Igreja.

Na Igreja Católica os fiéis, de modo ininterrupto, manifestarem sempre uma especial devoção a São José honrando solenemente a memória do castíssimo Esposo da Mãe de Deus como Patrono celeste de toda a Igreja; de tal modo que o Beato João XXIII, durante o Concílio Ecuménico Vaticano II, decretou que no antiquíssimo Cânone Romano fosse acrescentado o seu nome. O Sumo Pontífice Bento XVI acolheu e quis aprovar tal iniciativa manifestando-o várias vezes, e que agora o Sumo Pontífice Francisco confirmou, considerando a plena comunhão dos Santos que, tendo sido peregrinos connosco neste mundo, nos conduzem a Cristo e nos unem a Ele.

Considerando o exposto, esta Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, em virtude das faculdades concedidas pelo Sumo Pontífice Francisco, de bom grado decreta que o nome de São José, esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, seja, a partir de agora, acrescentado na Oração Eucarística II, III e IV da terceira edição típica do Missal Romano. O mesmo deve ser colocado depois do nome da Bem-aventurada Virgem Maria como se segue: na Oração Eucarística II: "ut cum beata Dei Genetrice Virgine Maria, beato Ioseph, eius Sponso, beatis Apostolis", Na Oração Eucarística III: "cum beatissima Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum beatis Apostolis"; na Oração Eucarística IV: "cum beata Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum Apostolis".

Para os textos redigidos em língua latina utilizam-se as formulas agora apresentadas como típicas. Esta Congregação ocupar-se-á em prover à tradução nas línguas ocidentais mais difundidas; para as outras línguas a tradução devera ser preparada, segundo as normas do Direito, pelas respectivas Conferências Episcopais e confirmadas pela Sé Apostólica através deste Dicastério.

Nada obste em contrário.

Sede da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, 1 de Maio de 2013, São José Operário.
Antonio Card. Cañizares Llovera
Prefeito


+ Arthur Roche
Arcebispo Secretário

terça-feira, 18 de junho de 2013

Reconhecido segundo milagre por intercessão de João Paulo II

A comissão teológica da Congregação para a Causa dos Santos aprovou o segundo milagre atribuído à intercessão de João Paulo II. 

O reconhecimento abre caminho para a canonização do Papa polonês, porém antes deve ser aprovado por uma comissão de Cardeais e Bispos e ter o decreto assinado pelo Papa Francisco. Não foi informada a natureza deste segundo milagre.

O Cardeal Karol Wojtyla foi eleito Papa em 16 de outubro de 1988. No dia 22, celebrou a missa de início de pontificado.

Em 1º de maio de 2011, Bento XVI proclamou-o Beato, após a comprovação da cura - inexplicável para a ciência -, da Irmã Marie Simon Pierre, que sofria do Mal-de-Parkinson. 

A notícia da aprovação do segundo milagre já provocou reações em Cracóvia, onde o Arcebispo Stanislau Dziwisz, ex-secretário de João Paulo II, afirmou que “Papa Francisco não colocará à prova a paciência dos poloneses”. “Existe muita esperança de que a canonização ocorra em no domingo 20 de outubro”, disse ele, recordando que é a data em que se celebra o 35º aniversário da eleição de Wojtyla. O Arcebispo Dziwisz foi recebido pelo Papa Francisco no Vaticano no último sábado. 
Texto proveniente da página do site da Rádio Vaticano.

sábado, 8 de junho de 2013

Carta do Prelado do Opus Dei - Junho

Caríssimos: que Jesus guarde as minhas filhas e os meus filhos!

Ao começar o mês de junho, sempre vem à nossa mente, com particular força, a recordação de São Josemaría, cuja memória litúrgica – solenidade na Prelazia – recai no dia 26. Ao meditarmos no seu exemplo de vida, ao relermos os seus escritos, percebemos cada vez mais as grandes maravilhas que Deus realiza nas almas plenamente fiéis aos seus desígnios. Vem-me à boca aquela exclamação da Sagrada Escritura: Mirábilis Deus in sanctis suis [1], como De

A identificação plena com Cristo – nisto consiste a santidade – é atribuída de modo especial ao Espírito Santo. Agradeçamos-lhe pela ação com que constantemente santifica as almas. Nos dias anteriores, ao celebrarmos a solenidade de Pentecostes e a seguir a Santíssima Trindade, muitas vezes elevamos o nosso coração a esse Deus cuja vontade é – como escreve São Paulo – que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade [2].

E ao mergulharmos novamente no Tempo Comum, a liturgia recorda-nos que nos encontramos na etapa da história intermédia entre a vinda do Paráclito no Pentecostes e o advento glorioso de Jesus Cristo no fim dos tempos. Esta é uma das verdades contidas no Credo, com a qual se encerra o ciclo dos mistérios referentes a Nosso Senhor. Todos os domingos, na Santa Missa, confessamos que o Senhor, agora sentado à direita do Pai, de novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim [3].

«A partir da Ascensão – explica o Catecismo da Igreja Católica –, o advento de Cristo é iminente» [4], no sentido de que pode ocorrer em qualquer momento. Só Deus conhece quando terá lugar este acontecimento que marcará o fim da história e a renovação definitiva do mundo. Por isso, sem alarmismos nem temores, mas com sentido de responsabilidade, temos de caminhar bem preparados para esse encontro definitivo com Jesus, que, por outro lado, se realiza para cada um de nós no momento da morte. De Deus viemos e para Deus vamos: no fundo, esta realidade é a síntese da sabedoria cristã. No entanto, como o Papa lamentava recentemente, estes dois polos da história são frequentemente esquecidos; e sobretudo a fé no retorno de Cristo e no juízo final às vezes não é tão clara e firme no coração dos cristãos [5].

Consideremos que esse encontro definitivo do Senhor com cada um de nós é precedido pela sua atuação constante em cada momento da nossa vida cotidiana. Ainda me recordo da vivacidade com que São Josemaria lhe pedia para este caminhar diário: Mane nobíscum! [6], fica conosco. Dizemos-lhe isto conscientes de que temos de deixar que Ele atue em toda a nossa vida? Também nos estimulava a estar prontos para prestarmos contas a Deus em qualquer momento. Escreveu em Caminho: “Há de vir julgar os vivos e os mortos”, rezamos no Credo. – Oxalá não percas de vista esse julgamento e essa justiça e… esse Juiz [7]. Sou testemunha de que, todos os dias, considerava pessoalmente esta eventualidade e se enchia de alegria; da mesma maneira deveríamos alegrar-nos todos os que sabemos que somos filhos de Deus. Por isso acrescentava: Será que não brilha na tua alma o desejo de que teu Pai-Deus fique contente quando tiver que julgar-te? [8].

O tempo presente, a etapa da história que cabe a cada um de nós percorrer, «é um tempo de expectativa e de vigília» [9], em que temos de trabalhar com a vontade e o entusiasmo dos bons filhos para irmos estabelecendo na terra, com a ajuda da graça, o reino de Deus que Jesus Cristo levará à sua perfeição no último dia. Assim o explica o Senhor na parábola dos talentos, que o nosso Padre comentou em tantas ocasiões [10]. O Romano Pontífice recordou-o em uma das suas catequeses por ocasião do Ano da fé. A espera pelo retorno do Senhor é o tempo da ação (…), o tempo de fazermos render os dons não para nós mesmos, mas para Ele, para a Igreja, para os outros; o tempo em que devemos sempre procurar fazer que o bem cresça no mundo. E hoje, em particular, neste período de crise, é importante não nos fecharmos em nós mesmos, enterrando o nosso talento, as nossas riquezas espirituais, intelectuais, materiais, tudo aquilo que o Senhor nos deu; mas abrirmo-nos, sermos solidários, estarmos atentos ao outro [11].

Minhas filhas e meus filhos, não deixemos estas recomendações caírem no esquecimento; esforcemo-nos para que outras pessoas – muitas! – não apenas as escutem, mas se esforcem para pô-las em prática. Em última instância, tudo se resume em permanecermos atentos, por amor a Deus, às necessidades dos demais, começando pelos mais próximos – pelos que se encontram ao nosso lado por motivos familiares, profissionais ou sociais –, tendo muito presente que – como escreveu São João da Cruz e o Catecismo cita – «no ocaso da nossa vida, seremos julgados quanto ao amor» [12]. O próprio Cristo assim o manifesta na impressionante cena do juízo final descrita por São Mateus [13]. Como é que servimos? Pomos alegria sobrenatural e humana nesses detalhes, que devem ser cotidianos?

A reflexão sobre estas realidades últimas não há de ser, repito, uma causa de temores que paralisem a alma, mas ocasião para irmos retificando a nossa senda terrena, conformando-nos com o que Deus espera de cada um de nós. Tem de impelir-nos a viver melhor o presente. Deus oferece-nos este tempo com misericórdia e paciência, para que aprendamos a reconhecê-lO todos os dias nos pobres e nos pequenos; para que nos dediquemos ao bem e estejamos vigilantes na oração e no amor [14].

Somos sustentados e impelidos pelo Espírito Santo, que Jesus enviou ao mundo após a sua ascensão gloriosa ao Céu. Consideramo-lo com alegria na recente solenidade de Pentecostes e confessamos a sua existência e a sua ação na Igreja todas as vezes em que rezamos o Credo: Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos profetas [15].

Trata-se de uma verdade inacessível à razão humana, revelada por Cristo aos Apóstolos, que nos mostra a grandeza e a perfeição de Deus. «O Pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém. O Filho procede do Pai, não foi feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do Pai e do Filho» [16]. O Catecismo da Igreja Católica sintetiza esta doutrina em breves palavras: «A Unidade divina é Trina» [17].

O Espírito Santo é o Amor das duas primeiras Pessoas: Amor nãocriado e infinito, Amor consubstancial, Amor eterno que procede da entrega mútua do Pai e do Filho: um mistério absolutamente sobrenatural que conhecemos por revelação do próprio Jesus Cristo e que nos ajuda a entender a grandeza do dom de amar. Fundamentados nas suas palavras, os Padres da Igreja e outros grandes teólogos guiados pelo Magistério esforçaram-se por ilustrar de algum modo – sempre no claro-escuro da fé – a divindade do Paráclito.

Baseados no modo de conhecer e de querer próprio das criaturas humanas, criadas à imagem e semelhança de Deus, e nos nomes e missões atribuídos ao Espírito Santo na Sagrada Escritura, esses autores explicaram a sua processão do Pai e do Filho como Amor subsistente. Assim como Deus Pai, ao conhecer a sua própria Essência, gera o Filho, assim o Pai e o Filho se amam em um único ato de amor, eterno e infinito, que é o Espírito Santo.

Que alegria e que paz nos deve dar a fé de nos sabermos assistidos a todo o momento pelo divino Paráclito! Não só acompanhados por Ele de fora, como um amigo afetuoso, mas como um hóspede que mora, com o Pai e com o Filho, na intimidade da nossa alma em graça. Ele é descanso no trabalho, refrigério no meio do calor, consolo no pranto [18], como reza a Igreja na sequência de Pentecostes. É a lux beatíssima, a luz bem-aventurada que penetra até o fundo da alma: ilumina-nos para que conheçamos Cristo melhor, fortalece-nos para segui-lO de perto quando os obstáculos e as contradições parecem assediar-nos, impele-nos a sair de nós mesmos para nos preocuparmos com os outros e levá-los a Deus.

A força e o poder de Deus iluminam a face da terra. O Espírito Santo continua assistindo a Igreja de Cristo, para que seja – sempre e em tudo – o sinal erguido diante das nações para anunciar à humanidade a benevolência e o amor de Deus (cf. Is 11, 12). Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, os homens, podemos olhar com confiança para os céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus nos ama e nos livra dos nossos pecados. A presença e a ação do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos proporciona [19].

Entre as metáforas que a Escritura utiliza para falar do Paráclito, uma das mais frequentes é a da água, um elemento absolutamente necessário para a vida natural: onde falta ou escasseia, tudo se converte em deserto, e os seres vivos adoecem ou morrem; manifesta uma das grandes riquezas que o Criador confiou aos homens para que a administrem bem, a serviço de todos. Na ordem sobrenatural, essa fonte de vida é o Paráclito. No seu colóquio com a mulher samaritana e depois na festa dos Tabernáculos, Jesus Cristo prometeu que daria água viva àqueles que acolhessem a sua palavra com fé, que poria, em todos aqueles que O buscassem, uma fonte de água viva que brotaria incessantemente do seu interior. São João anota que se referiu com isto ao Espírito que haviam de receber os que cressem nEle [20].

O Espírito Santo chega aos cristãos como manancial inesgotável dos tesouros divinos. Recebemo-lO no Batismo e na Confirmação; é-nos conferido no sacramento da Penitência, aplicando novamente às almas os méritos infinitos de Cristo; é enviado às nossas almas e aos nossos corpos todas as vezes que recebemos a Eucaristia e os outros sacramentos; age na nossa consciência por meio das virtudes infusas e dos dons… Em uma palavra, a sua missão consiste em fazer-nos verdadeiros filhos de Deus e em que nos comportemos de acordo com essa dignidade. Ensina-nos a olhar com os olhos de Cristo, a viver a vida como Cristo a viveu, a compreender a vida como Cristo a compreendeu. Eis por que a água viva que é o Espírito sacia a sede da nossa vida [21].

O Paráclito, Senhor e Dador de vida, que falou pelos profetas e ungiu Cristo para que nos comunicasse as palavras de Deus, agora continua a fazer que a sua voz seja ouvida na Igreja e na intimidade das almas. Por isso, viver segundo o Espírito Santo é viver de fé, de esperança, de caridade: é deixar que Deus tome posse de nós e mude pela raiz os nossos corações, para os moldar à sua medida [22]. Agradeçamos-lhe os cuidados que nos dispensa como um pai e uma mãe bons, porque isso e muito mais é o que Ele faz por cada um de nós. Invocamo-lO frequentemente? Renovamos, todos os dias, a decisão de manter a alma atenta às suas inspirações? Esforçamo-nos por segui-las sem opor resistência?

Para tornar realidade estas aspirações, recomendo-vos que façais vossas umas palavras que São Josemaria escreveu nos primeiros anos da Obra: Vem, ó Espírito Santo! Ilumina o meu entendimento para conhecer os teus preceitos; fortalece o meu coração contra as insídias do inimigo; inflama a minha vontade… Ouvi a tua voz e não quero endurecer-me e resistir, dizendo: depois…, amanhã. Nunc cœpi! Agora!, que não seja que o amanhã me falte.

Ó Espírito de verdade e sabedoria, Espírito de entendimento e conselho, Espírito de alegria e paz! Quero o que quiseres, quero porque o queres, quero como o quiseres, quero quando o quiseres… [23].

Peçamos-lhe com toda a confiança pela Igreja e pelo Papa, pelos bispos e sacerdotes, por todo o povo cristão. De modo especial, roguemos-lhe por esta pequena parte da Igreja que é o Opus Dei, pelos seus fiéis e cooperadores, por todas as pessoas que se aproximam do nosso apostolado movidas pelo nobre desejo de servir a Deus e os outros mais e melhor. E que grande consolo nos é oferecido com a solenidade do Coração de Jesus e com a memória do Coração Imaculado de Maria! Recorramos a estes refúgios de paz, de amor, de alegria, de segurança.

Há dois dias regressei de uma viagem à África do Sul, onde o trabalho da Obra vai ganhando corpo. Sabeis que me faria feliz estar em todos os lugares onde vivem e trabalham as minhas filhas e os meus filhos. Vou a cada um deles com a oração, com o sacrifício feito com gosto, com o oferecimento do trabalho. Uni-vos às minhas intenções e rezai por mim, especialmente por ocasião do meu aniversário, no próximo dia 14, para que, sempre e em tudo, me deixe conduzir pelo afã exclusivo de servir a Deus, a Igreja, as almas e todos vós com a totalidade e a alegria com que o nosso Padre procedeu, com a fidelidade do queridíssimo D. Álvaro e de todos os que nos precederam na Casa do Céu.

Com todo o afeto, abençoa-vos

                                                                                     o vosso Padre

                                                                                     + Javier



Roma, 1º de junho de 2013.
us é admirável nos seus santos!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, VENHA A NÓS O VOSSO REINO!


Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
R. Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
R. Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, Filho do Padre Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe,
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus,
Coração de Jesus, de majestade infinita,
Coração de Jesus, templo santo de Deus,
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo,
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu,
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade,
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor,
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor,
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes,
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor,
Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações,
Coração de Jesus, no qual estão os tesouros da sabedoria e da ciência,
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade,
Coração de Jesus, no qual o Pai pôs as Suas complacências,
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos,
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas,
Coração de Jesus, paciente e misericordioso,
Coração de Jesus, rico para todos os que Vos invocam,
Coração de Jesus, fonte de vida e de santidade,
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados,
Coração de Jesus, saturado de opróbrios,
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes,
Coração de Jesus, feito obediente até a morte,
Coração de Jesus, atravessado pela lança,
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação,
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição,
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação,
Coração de Jesus, vítima dos pecadores,
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós,
Coração de Jesus, esperança dos que expiram em Vós,
Coração de Jesus, delícia de todos os santos,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor,
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, atendei-nos, Senhor,
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V. Jesus, manso e humilde de coração.
R. Fazei nosso coração semelhante ao Vosso.

Oremos: Deus onipotente e eterno, olhai para o Coração de Vosso Filho diletíssimo e para os louvores e as satisfações que Ele, em nome dos pecadores, vos tributa; e aos que imploram a vossa misericórdia concedei benigno o perdão, em nome do vosso mesmo Filho Jesus Cristo, que convosco vive e reina, em união com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Programação da Forma Extraordinária durante a JMJ no Rio de Janeiro


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Corpus Christi na paróquia da FSSP em Roma

Pode a alma sair do corpo e voltar?

Algumas pessoas narram certas experiências que teriam vivido, segundo as quais a sua alma teria deixado o corpo e viajado pelo espaço, de tal modo que a pessoa viu o seu corpo estando fora dele. Isto é real, pode acontecer?
Bem, a Igreja Católica diz que somos formados de duas realidades unidas: corpo e alma; cuja separação significa a morte da pessoa. O Catecismo da Igreja explica que: “A unidade da alma e do corpo é tão profunda que se deve considerar a alma como a “forma do corpo” (Concílio de Viena, 1312: DS 902); ou seja, é graças à alma espiritual que o corpo constituído de matéria é um corpo humano vivo; o espírito e a matéria no homem não são duas naturezas unidas, mas a união deles forma uma única natureza” (§365).
Portanto, se a alma deixar o corpo, a pessoa experimenta a morte. Se esta voltar ao corpo, será então um caso de milagre de ressurreição, como Jesus fez com Lázaro, a menina Talita,  o filho da viúva de Naim e outros casos.
Assim, não tem base teológica a afirmação de que algumas pessoas viveram a experiência de “sair do corpo”, e continuaram vivas. Isto pode ser devido a alguma sugestão ou algo que a ciência deva explicar.
No dia 24 de agosto de 2007, o jornal  “Folha de São Paulo”, publicou uma matéria sobre neurociência, sob o título “Realidade virtual faz pessoa se sentir “fora do corpo”"  (Eduardo Geraque) sobre uma matéria publicada na Revista “Science”, onde se diz o seguinte:
“Você é você ou o seu avatar (representação virtual)? Ao depender dos experimentos apresentados hoje na revista “Science”, essa pergunta é cada vez mais pertinente. Dois grupos de pesquisa conseguiram iludir o cérebro a partir de estímulos visuais e fazer com que a pessoa real pensasse que era a virtual. O grupo liderado por Olaf Blanke, do Hospital Universitário de Genebra, conseguiu quebrar a ligação que existe entre a autoconsciência e o corpo físico a partir de um experimento até simples. Os voluntários, com óculos 3D, foram colocados diante de uma câmera. A imagem projetada para o ser real era das suas próprias costas. Uma caneta passou a ser pressionada, ao mesmo tempo, tanto na pessoa quanto na sua representação virtual. Os voluntários eram deslocados e então solicitados a voltar ao lugar onde estavam antes. E eles foram na direção do clone virtual”.
O estudo, diz o autor, prova que o conflito multissensorial fez os voluntários se sentirem no corpo virtual. Pelo menos mentalmente, eles se deslocaram “para fora do corpo”.
“Isso mostra que o nosso sistema nervoso entende algumas coisas como real, mas que não aconteceram realmente”, disse à Folha o neurocientista Luiz Eugênio de Mello, da Unifesp.
“A outra pesquisa, do grupo de Henrik Ehrsson, do Instituto Karolinska, na Suécia, também fez a realidade virtual enganar o cérebro. O toque físico fez com que pessoas sentissem que estavam sentadas em um local diferente de uma sala”.
Portanto, a ciência começa a revelar que os ensinamentos da Igreja têm base científica, embora sejam apresentados apenas como princípios religiosos. Ninguém pode viver a realidade de sua alma deixar o seu corpo sem experimentar a morte.
Prof. Felipe Aquino
Retirado de: Cléofas

terça-feira, 4 de junho de 2013

Os demônios podem ler nossos pensamentos? Como podem nos tentar?

A Igreja nos ensina que os demônios são anjos que foram criados bons, mas que se tornaram maus por própria culpa, por orgulho e soberba; eles não são oniscientes, nem onipresentes e nem onipotentes, mas têm poderes de anjos, puros espíritos. Eles podem influenciar a nossa imaginação com pensamentos maus; é a tentação. Eles não tem capacidade para ler os nossos pensamentos, mas são muito inteligentes e podem deduzir o que estamos pensando em face de nossas atitudes. Sobre eles o Catecismo nos diz o seguinte:
§395 – Contudo, o poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre uma criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás atue no mundo por ódio contra Deus e seu Reino em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves danos – de natureza espiritual e, indiretamente, até de natureza física – para cada homem e para a sociedade, esta ação é permitida pela Divina Providência, que com vigor e doçura dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas “nós sabemos que Deus coopera em tudo  para o bem daqueles que o amam” (Rm 8,28).

§414 – Satanás ou o Diabo, bem como os demais demônios, são anjos decaídos por terem se recusado livremente a servir a Deus a seu desígnio. Sua opção contra Deus é definitiva. Eles tentam associar o homem à sua revolta contra Deus.
Prof. Felipe Aquino

Retirado de: Cléofas
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