sexta-feira, 15 de julho de 2016

O discurso inaugural do Card. Sarah no Sacra Liturgia UK 2016

Pax et bonum!

Nos últimos dias muitos blogs e sites fizeram eco às palavras do Cardeal Robert Sarah, proferidas em seu discurso inaugural na conferência Sacra Liturgia UK 2016, que se encerra hoje. Pensamos que poderíamos apenas repostar a notícia de algum blog, mas achamos por bem ir além.

Após algumas pesquisas, encontramos uma página em que o discurso parece estar colocado na íntegra e logo iniciamos um trabalho de tradução.

Abaixo segue esta nossa tradução, que ainda poderá passar por alguma melhoria. Todavia, tivemos pressa em colocar o texto sob a apreciação de nossos leitores e esperamos que seja de bom proveito.

SACRA LITURGIA UK 2016Oratório de São Filipe Néri (Oratório de Brompton),Londres, 05/07/2016
Em primeiro lugar quero expressar minha gratidão à S. Ema., o Cardeal Vincent Nichols, por suas boas vindas à Arquidiocese de Westminster e por suas gentis palavras de saudação. Assim também quero agradecer à S. Exa., o Bispo Dominique Rey, Bispo de Fréjus-Toulon, pelo seu convite para estar presente com vocês nesta terceira conferência internacional "Sacra Liturgia", e para apresentar a vocês o discurso de abertura nesta tarde. Parabenizo V. Exa. nesta iniciativa internacional de promover o estudo da importância da formação e da celebração litúrgicas na vida e na missão da Igreja.

Neste discurso quero colocar diante de vocês algumas considerações sobre como a Igreja Ocidental pode caminhar rumo a uma implementação mais fiel da Sacrosanctum Concilium. Fazendo isto, proponho a seguinte pergunta: "O que os Padres do Concílio Vaticano Segundo tinham em mente com a reforma litúrgica?" Assim, gostaria de considerar como suas intenções foram implementadas seguindo o Concílio. Enfim, gostaria de colocar algumas sugestões para a vida litúrgica da Igreja hoje, de modo que nossa prática litúrgica possa mais fielmente refletir as intenções dos Padres Conciliares.

É muito claro, penso, que a Igreja ensina que a liturgia católica é o lugar singularmente privilegiado da ação salvadora de Cristo em nosso mundo hoje, por meio da real participação em que recebemos sua graça e sua força que são tão necessárias para nossa perseverança e crescimento na vida cristã. É o lugar divinamente instituído onde vamos cumprir nosso dever de oferecer sacrifício a Deus, de oferecer o Único Verdadeiro Sacrifício. É onde percebemos nossa profunda necessidade de adorar o Deus todo-poderoso. A liturgia católica não é uma reunião humana ordinária.

Quero sublinhar um fato muito importante aqui: Deus, não o homem, está no centro da liturgia católica. Viemos adorá-lo. A liturgia não é sobre você e eu; não é onde celebramos nossa própria identidade ou conquistas ou onde exaltamos ou promovemos nossa própria cultura e costumes religiosos locais. A liturgia é primeiro e acima de tudo sobre Deus e o que ele fez por nós. Em sua Divina Providência, o Deus todo-poderoso fundou a Igreja e instituiu a Sagrada Liturgia por meio da qual somos capazes de oferecer-lhe um culto verdadeiro de acordo com a Nova Aliança estabelecida por Cristo. Fazendo isto, ao adentrar as exigências dos ritos sagrados desenvolvidos na tradição da Igreja, recebemos nossa verdadeira identidade e significado como filhos e filhas do Pai.

É essencial que compreendamos esta especificidade do culto católico, pois em décadas recentes temos visto muitas celebrações litúrgicas onde o povo, personalidades e conquistas humanas têm sido proeminentes demais, quase ao ponto da exclusão de Deus. Como o Cardeal Ratzinger escreveu uma vez: "Se a liturgia aparece antes de tudo como uma oficina (um workshop) para nossa atividade, então aquilo que é enssencial foi esquecido: Deus. Pois a liturgia não é sobre nós, mas sobre Deus. Esquecer Deus é o perigo mais iminentes de nossa era" (Joseph Ratzinger, Theology of the Liturgy, Collected Works vol. 11, Ignatius Press, San Francisco 2014, p. 593).

Precisamos ser completamente claros sobre a natureza do culto católico se pretendemos ler corretamente e implementar fielmente a Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia.

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