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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cardeal Brandmüller celebra Missa Pontifical

Um dos recentes cardeais criados pelo Papa Bento XVI, Sua Eminência o Cardeal Walter Brandmüller, Presidente Emérito do Comitê Pontificio de Ciências Históricas, celebrou Santa Missa Pontifical com a Forma Extraordinária do Rito Romano, no passado 6 de fevereiro, no Santuário da Virgem Dolorosa, em Campocavallo, Osimo, Itália.





Fotos de: Messa in Latino
Texto: Una Voce Málaga

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Bento XVI: justiça é indispensável para a comunhão

Zenit

Foto oficial do encontro

 O Papa Bento XVI disse hoje, ao receber os membros do Tribunal da Assinatura Apostólica, que os fiéis têm direito a uma justiça rápida, eficaz e simples na Igreja, pois não pode haver caridade nem comunhão sem justiça.


O Papa quis a receber os membros do mais alto tribunal da Igreja, pela primeira vez desde a promulgação da Lex propia deste organismo, em 21 de junho de 2008.

A Assinatura Apostólica foi fundada no século XIII e São Pio X fez dela o tribunal supremo da Igreja no início do século XX. Ela cuida dos recursos diante das decisões da Rota Romana, bem como dos recursos de cunho contencioso-administrativo em última instância.

Outra das suas missões é acompanhar a administração da justiça por parte dos tribunais eclesiásticos locais, assim como a resolução de conflitos entre eles.

O Papa aludiu hoje a este objetivo do Tribunal, de "promover a reta administração da justiça na Igreja", porque sua missão não é apenas julgar, mas velar pelo desempenho dos tribunais locais, com o fim de melhorar seu trabalho.

Card. Burke, prefeito da Assinatura Apostólica com o Papa
"Este é um trabalho coordenado e paciente, projetado para oferecer aos fiéis uma administração correta da justiça, rápida e eficiente", explicou o Papa, especialmente quanto às causas de nulidade matrimonial.

Nesses casos, disse que é necessário "garantir, no pleno respeito do direito canônico, a presença no território dos tribunais eclesiásticos, seu caráter pastoral, sua atividade correta e rápida".

"É uma obrigação grave tornar a estrutura institucional da Igreja nos tribunais cada vez mais acessível aos fiéis," adaptando-a "às justas exigências de rapidez e simplicidade às quais os fiéis têm direito no tratamento de suas causas", afirmou.

Outra missão do Tribunal de Justiça é garantir que as decisões dos tribunais locais e da Rota sejam coerentes com a doutrina e entre si, especialmente em casos de nulidade.

Nesse sentido, o Papa convidou os presentes a refletirem "sobre a reta jurisprudência que deve ser proposta aos tribunais locais em matéria de error iuris como motivo de nulidade matrimonial".

Caridade e justiça

O terceiro campo de ação da Assinatura, recordou o Papa, é a resolução de processos administrativos instaurados pelos fiéis contra as instituições da Igreja, uma tarefa confiada a este tribunal por Paulo VI.

O bispo brasileiro, Dom Fernando Guimarães, da diocese de
Garanhuns- PE
Neste sentido, lembrou que a predisposição deve ser a de "resolução pacífica", constituindo "um lugar de diálogo e de restauração da comunhão da Igreja".

"Embora seja verdade que a injustiça deve ser enfrentada, primeiro com as armas espirituais da oração, caridade, perdão e penitência, não se pode excluir, em alguns casos, a oportunidade e a necessidade de que seja respondida com os instrumentos processuais."

Na Igreja, esses processos "constituem, antes de tudo, um lugar para o diálogo que pode levar à concórdia e à reconciliação", sem esquecer que a justiça é a premissa necessária para a reconciliação.

Se não for possível resolver o litígio de forma pacífica, "o desenvolvimento do processo contencioso-administrativo implicará na definição judicial do litígio: também neste caso, a atividade do Tribunal Supremo visa à reconstrução da comunhão eclesial, que é a restauração de uma ordem objetiva, de acordo com o bem da Igreja".

"A meticulosa restauração da justiça está destinada a reconstruir as relações entre a autoridade eclesiástica e fiéis de forma justa e ordenada."

"A justiça que a Igreja procura, através do processo contencioso-administrativo, pode ser considerada como o início, requisito mínimo comparado com uma expectativa de caridade, ao mesmo tempo indispensável e insuficiente quando comparado com a caridade da qual a Igreja vive."

"No entanto, o Povo de Deus peregrino na terra não poderá realizar sua identidade como comunidade de amor, se ele próprio não respeitar as exigências da justiça", concluiu.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

POR CAUSA DA TUA GRANDEZA E DA MINHA INSIGNIFICÂNCIA

Lembrando-me de quando comecei a receber Jesus Eucarístico de joelhos, travei uma grande batalha entre o meu ego ( minha carne) e o meu espírito.
 
Tudo começou quando uma grande amiga, que na época passava pelo processo de conversão, culminando em sua total consagração como religiosa a Deus; contou-me ao retornar de uma  excursão ,que conhecera o local onde ocorrera  o milagre de Lanciano e que tivera uma experiência extraordinária diante do milagre; contou-me que sentira uma grande força que a impulsionava a inclinar-se completamente ao chão diante do relicário que continha as duas espécies ( corpo e sangue de Jesus), e que todas as vezes que ia receber a comunhão, novamente a mesma força a jogava de joelhos, ela quase que podia ver a presença de Jesus na Hóstia Consagrada, e quando passava as pessoas que acabaram de receber a comunhão, novamente ela sentia que devia inclinar-se diante delas. Quando ouvi o relato desta amiga, fiquei impressionada, e comecei a refletir sobre o que ocorrera com ela e o que havia me dito;  pensei: - as figuras sacras sempre mostram os anjos ajoelhados diante de Deus, e se eu creio na presença de Jesus na Hóstia , então como eu sendo pecadora deveria recebê-lo?
 
Outra figura me chamou atenção foi a história de Santo Antonio e o jumento de um herege que se ajoelha diante da Eucaristia antes de comer o capim. Ora se um asno que sem inteligência sabe quem é o seu Senhor, será que eu não sei reconhecer o meu Deus se o vir?! Mas, mesmo assim, a vergonha dos homens e o que eles poderiam pensar a meu respeito encheram-me de terror e angústia. Então, veio à minha lembrança uma estória que havia lido em um livro de Madre Basiléia Schlink, sobre como ocorreu a rebelião dos anjos no céu. Na estória ela narra que quando Lúcifer agitava e incitava os anjos contra Deus, Miguel que ainda era apenas um anjo, repreendendo-o diz: _"Quem como Deus!"  Logo depois, Deus que estava em silencio lhe pergunta, por que ele dissera aquilo, e ele humildemente se inclina e lhe diz: ____"Por causa da Tua grandeza e da minha insignificância!". Isto foi o bastante para que todo o orgulho em mim caísse por terra e eu me inclinasse diante de meu Deus e Senhor. "Por causa da Tua grandeza e de minha insignificância." E estou até hoje de joelhos, pois os servos e amigos do Senhor estão e estarão para sempre aos seus pés.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Homilia do Papa na celebração da Apresentação do Senhor


Caros irmãos e irmãs,


Na Festa de hoje contemplamos o Senhor Jesus que Maria e José apresentaram ao templo “para oferecê-lo ao Senhor” (Lc 2,22). Nesta cena evangélica se revela o mistério do Filho da Virgem, o consagrado do Pai, vindo ao mundo para cumprir fielmente a Sua vontade (cfr Eb 10,5-7). Simeão o descreve como “luz para iluminar os povos” (Lc 2,32) e anuncia com palavra profética a sua oferta suprema a Deus e a sua vitória final (cfr Lc 2,32-35).

É o encontro dos dois Testamentos, Antigo e Novo. Jesus entra no antigo templo, Ele que é o novo templo de Deus: vem visitar o seu povo, realizando de forma obediente à Lei e inaugurando os últimos tempos da salvação.

É interessante observar de perto este ingresso do Menino Jesus na solenidade do templo, um grande “vem e vai” de muitas pessoas, presos em seus empenhos: os sacerdotes e os levitas com suas túnicas de serviço, os inúmeros devotos e peregrinos, desejando encontrar-se com Deus santo de Israel. Nenhum deles porém se deu conta de nada. Jesus é um menino como os outros, filho primogênito de pais muito simples.

Também os sacerdotes resultam incapazes de acolher os sinais da nova e particular presença do Messias e Salvador. Somente dois anciãos, Simeão e Ana, descobrem a grande novidade. Conduzidos pelo Espírito Santo, esses encontram naquele Menino o cumprimento de sua longa espera e anseio. Entram contemplando a luz de Deus, que vem a iluminar o mundo, e o olhar profético deles se abre ao futuro, como anuncio do Messias: “Lumen ad revelationem gentium!” (Lc 2,32).

Na relação à atitude profética dos dois anciãos profética está toda a Antiga Aliança que exprime a alegria do encontro com o Redentor. Ao avistarem o Menino, Simeão e Ana intuem que é Ele mesmo o Esperado.

A Apresentação de Jesus ao templo constitui um eloquente ícone da total doação da própria vida para homens e mulheres chamados a desempenhar na Igreja e no mundo, mediante os conselhos evangélicos, “os aspectos divinos de Jesus virgem, pobre e obediente” (Exort. Ap. Pós-Sinodal Vida Consagrada, 1).

Por isso, a Festa desta data foi escolhida pelo Venerável João Paulo II para celebrar o anual Dia da Vida Consagrada. Neste contexto, dirijo uma grata e cordial saudação ao Cardeal João Braz de Aviz, que há pouco foi nomeado Prefeito da Congregação Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e para as Sociedade de Vida Apostólica, com o Secretário e os colaboradores. Com afeto saúdo os Superiores Generais presentes e todas as pessoas consagradas.

Gostaria de propor três breves pensamentos para a reflexão nesta Festa.

O primeiro: O ícone evangélico da Apresentação de Jesus ao templo contem o símbolo fundamental da luz; a luz que, partindo de Cristo, se irradia sobre Maria e José, sobre Simeão e Ana e, por meio deles, sobre todos. Os Pais da Igreja ligaram esta irradiação ao caminho espiritual. A vida consagrada exprime tal caminho, de modo especial, como “filocalia”, amor pela beleza divina, reflexo da bondade de Deus (cfr ibid., 19).

Sob o rosto de Cristo resplandece a luz de tal beleza. “A Igreja contempla o rosto transfigurado de Cristo, para confirmar-se na fé e não arriscar perder doante de seu vulto transfigurado sobre a Cruz... essa é a Esposa diante do Esposo, participa do seu mistério, cercada por sua luz, [da qual] são acrescentados todos os seus filhos... Mas uma experiência singular da luz que provém do Verbo encarnado fazem certamente os chamados a vida consagrada. A profissão dos conselhos evangélicos, de fato, os coloca como um sinal e profecia para a comunidade dos irmãos e para o mundo” (ibid., 15).

Em segundo lugar, o ícone evangélico manifesta a profecia, dom do Espírito Santo. Simeão e Ana, contemplando o Menino Jesus, vislumbram o seu destino de morte e de ressurreição para a salvação de todos os povos e anunciam tal mistério como salvação universal.

A vida consagrada é chamada a tal testemunho profético, ligada a sua dupla atitude contemplativa e ativa. Aos consagrados e às consagradas é pedido, de fato, a manifestação da supremacia de Deus, sua paixão pelo Evangelho praticado como forma de vida e anunciado aos pobres e aos últimos da terra.


“Na força de tal primazia, nada pode prevalecer sobre o amor pessoal por Cristo e pelos pobres no qual Ele vive. A verdadeira profecia nasce de Deus, da amizade com Ele, da escuta atenta da sua Palavra nas diversas circunstancias da história” (ibid., 84).

Neste modo a vida consagrada, no seu vivido cotidiano sobre a estrada da humanidade, manisfesta o Evangelho e o Reino já presente e operante.

Um terceiro ponto, o ícone evangélico da Apresentação de Jesus ao templo manifesta a sabedoria de Simeão e Ana, a sabedoria de uma vida dedicada totalmente à busca pelo vulto de Deus, dos seus sinais, da sua vontade; uma vida dedicada à escuta e ao anuncio da sua Palavra. “Faciem tuam, Domine, requiram": o teu vulto, Senhor, eu busco (Sal 26,8) … A vida consagrada é no mundo e na Igreja sinal visível desta busca pelo vulto do Senhor e dos caminhos que levam a Ele (cfr Gv 14,8) … A pessoa consagrada testemunha, portanto, o compromisso alegre e trabalhoso da busca assídua e sábia da vontade de divina” (cfr Cong. Para os Inst. de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, “O serviço da autoridade e obediência". Faciem tuam Domine requiram [2008], 1).

Caros irmãos e irmãs, sejam ouvintes assíduos da Palavra, porque cada sabedoria de vida nasce da Palavra do Senhor! Sejam contadores da Palavra, por meio da lectio divina, porque a vida consagrada “nasce do acolhimento da Palavra de Deus e acolhimento do Evangelho como sua norma de vida. Vivendo sob as pegadas de Jesus casto, pobre e obediente é de tal modo uma 'exigência' vivente da Palavra de Deus.

O Espírito Santo, força conduziu inscrição da Bíblia, é o mesmo que ilumina de forma nova as Palavras de Deus ais fundadores e fundadoras. Ele move cada carisma e regra expressa, dando origem a percursos de vida cristã marcados pela radicalidade evangélica” (Exort. ap. pós-sinonal Verbum Domini, 83).

Vivamos hoje, sobretudo nas sociedades mais desenvolvidas, uma condição muitas vezes marcadas por uma pluralidade, por uma progressiva marginalização da religião da esfera pública, por um relativismo que toca os valores fundamentais. Isso exige que o nosso testemunho cristão seja luminoso e coerente e que o nosso esforço educativo seja sempre mais atento e generoso.

A nossa ação apostólica, em particular, queridos irmãos e irmãs, torna-se empenho de vida que acende com perseverante paixão a sabedoria como verdade e como beleza, “esplendor da verdade”. Saibam orientar, com a sabedoria da vossa vida e com confiança, as possibilidades inesgotáveis de uma verdadeira educação, inteligência e os corações dos homens e das mulheres do nosso tempo verso a “vida boa do Evangelho”.

Neste momento, o meu pensamento vai com especial afeto a todos os consagrados e consagradas de todas as partes da terra, e os confio a Beata Virgem Maria:

Oh Maria, Mãe da Igreja,
confio a ti toda a vida consagrada,
para que tu conceda a plenitude da luz divina:
viva na escuta da Palavra de Deus,
na humildade para seguir Jesus teu Filho e nosso Senhor,
no acolhimento da visita do Espírito Santo,
na alegria cotidiana do magnificat,
para que a Igreja seja edificada pela santidade de vida
desses seus filhos e filhas,
no mandamento do Amor. Amém.

Festa da Purificação de Nossa Senhora e Anunciação de Jesus


A festa de hoje celebra ao mesmo tempo a Apresentação de Jesus no Templo e a Purificação de Nossa Senhora, quarenta dias depois de nascer o Salvador. Prende-se pois pelo duplo objetivo que encerra aos mistérios da Epifania e do Natal, de que ainda se sentea alegria envolvente.

Esta festa é uma festa de Luz e por duplo motivo: o primeiro pela profecia do velho Simeão, que ao receber no templo o Salvador o saudou como a luz que vinha iluminar os povos, em segundo porque é a festa das candeias. A procissão das velas, suprimida noutras festas de Maria, conservou-se nesta para engrandecer a glória de Cristo, luz do mundo. Esta é a festa mais antiga da Virgem Maria.

***

EVANGELHO DA FESTA DA PURIFICAÇÃO DE NOSSA SENHORA E APRESENTAÇÃO DE JESUS.

Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”.



Foram também oferecer o sacrifício — um par de rolas ou dois pombinhos — como está ordenado na Lei do Senhor. Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor.


Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus:“Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.

Novo bispo auxiliar de Fortaleza

O Santo Padre nomeou como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza (Brasil) o Rev.do Rosalvo Cordeiro de Lima, do clero da Diocese de Mogi das Cruzes, agora pároco da paróquia de São José de Salesópolis, atribuindo-lhe o título de Castello di Tatroporto .


Rev.do Rosalvo Cordeiro de Lima

O Rev.do Rosalvo Cordeiro de Lima nasceu em 25 de janeiro de 1962, em União dos Palmares (Alagoas). Estudou filosofia no Seminário Sagrado Coração de Jesus em Mogi das Cruzes e Teologia na Faculdade de Teologia de Nossa Senhora da Assunção, São Paulo.

Foi ordenado sacerdote em 01 de novembro de 1992, em Arujá, Diocese de Mogi das Cruzes.

Após a ordenação exerceu os seguintes cargos: vigário da paróquia Jesus Cristo Redentor do Homem, em Itaquaquecetuba (1992-1993), Coordenador da Pastoral das Vocações da Diocese de Mogi das Cruzes (1994-2000), administrador da paróquia Jesus Cristo Redentor do Homem (1994-1997).

Desde 1997 é pároco da paróquia São José, Salesópolis. Desde 2000 ele também atua como diretor espiritual dos seminaristas, de Mogi das Cruzes.

Fonte: Boletim da Santa Sé

Esperemos que este faça alguma coisa!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sobre o modo de receber a Sagrada Comunhão

Acabo de ler no Rorate Caeli a carta do reitor da Catedral de Phoenix, Arizona, sobre o modo de receber a Sagrada Comunhão. A intenção do sacerdote é promover, entre seus paroquianos, o modo tradicional de receber a comunhão na boca.



A atual legislação canônica permite que a comunhão seja dada sobre as mãos dos fiéis, observados certos cuidados e afastados os perigos de irreverência ou sacrilégio. Tal permissão não significa que esta forma, que vigorou nos tempos primitivos, seja a mais adequada aos dias atuais. Não por acaso, foi proibida durante séculos, na medida em que surgiram heresias que solapavam a fé, a piedade e a reverência.

Minha geração aprendeu nos seminários que o modo antiquado se tornara moderno e que expressaria mais adequadamente a emergência de uma fé "adulta". Comungar de pé e nas mãos tornou-se sinônimo de "tomada de consciência" e "engajamento"; enquanto a forma tradicional, de joelhos e na boca, passou a ser tolerada para as velhinhas que se aproximam meio sem saber bem o que fazem. Nalguns lugares, a recepção de joelhos foi sendo dificultada, noutros proibida (sic!).

Nós, padres da minha geração, aprendemos e ensinamos durante anos que a forma antiquada devia ser promovida, até que o Papa Bento XVI, com seu magistério do exemplo, levou-nos a questionar velhos e novos "dogmas". Em suas missas, distribui exclusivamente a Sagrada Comunhão na boca aos fiéis ajoelhados; os demais ministros distribuem-na exclusivamente na boca aos fiéis de pé.

Há razões teológicas e pastorais para agir assim. Encíclicas sobre a Santíssima Eucaristia não são suficientes para promover a fé e a piedade. Quantos de nossos fiéis as leem? Homilias, palestras, estudos, todos falam aos ouvidos - e é verdade que a "fé vem pelo ouvido" - mas não somos somente ouvido. A moderna psicologia não despreza nossa capacidade de apreensão e expressão através dos demais sentidos, como parece fazer nossa moderna pastoral.

Santo Agostinho ensina que "Nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit" ou, em linguagem vulgar, que ninguém coma desta carne sem antes adorá-la. Qual das formas expressa, do ponto de vista litúrgico, mais adequadamente a adoração devida à carne do Senhor? Somente uma mente muito afetada pela ideologia poderia negar que a posição de joelhos e a comunhão recebida na boca seja a resposta justa.

Conhecemos bem os argumentos contrários. Vão das razões de higiene ao clássico axioma: o importante é o coração. Pois bem, então que acabemos com todos os signos litúrgicos e nos tornemos de vez protestantes, reduzindo o culto a palavrório e musiquinhas sentimentaloides. Aliás, bem anti-higiênica a lama que Nosso Senhor fez com saliva para ungir os olhos do cego de nascença, mandando-o em seguida lavar-se na piscina de Siloé (Jo 9,6-7), e quão desnecessária para Aquele que conhece o íntimo dos corações, não é mesmo?

Há quem cite, sem conhecer seu profundo significado, as palavras de Nosso Senhor sobre os "verdadeiros adoradores". Aqui não cabe uma exegese sobre as palavras em questão, nem sou eu o mais indicado para fazê-la. A Santa Igreja, intérprete autêntica das Escrituras, nunca entendeu tais palavras como desprezo, censura ou proibição dos sinais litúrgicos. Pelo contrário, a Encarnação do Verbo, suas palavras e atitudes e a dimensão sacramental da fé cristã são a prova mais eloquente da "corporeidade" de nosso culto espiritual.

Na minha nova paróquia, como nas anteriores, pouquíssimas pessoas recebem a Sagrada Comunhão nas mãos. Faz algum tempo, introduzi também um genuflexório na fila em que distribuo a Sagrada Comunhão, deixando os fiéis à vontade para se ajoelharem. Qual a minha surpresa com o grande número dos fiéis que optaram por receber assim o Corpo do Senhor! Sobretudo entre os jovens, a prática parece conquistar sempre mais adeptos. Preservei, evidentemente, os direitos daqueles poucos que preferem a comunhão nas mãos, salvaguardados os princípios dogmáticos e afastado o perigo de profanação.

Estranhamente os mesmos que defendem os "sagrados" direitos dos leigos parecem se opor a que se lhes dê esta opção. Na verdade, se é direito deles receber a comunhão de joelhos, não fornecer os meios, dificultar ou impedir a prática são um abuso de poder por parte dos sacerdotes. Nunca antes se viu tanto clericalismo nas fileiras sacerdotais, e qualquer fiel "adulto", "consciente" e "engajado" que não costuma se resignar às arbitrariedades de seus pastores sabe como ele se manifesta disfarçadamente, sob a capa do pastoralismo.

Sei que minha prática pastoral desagrada a "gregos e baianos". Uns consideram um retrocesso a comunhão de joelhos, outros um abuso a comunhão nas mãos. Faço o que faz, manda ou permite a Santa Igreja. Mudarei o que ela mudar, quando ela mudar. Aos incomodados, meus votos de boa viagem!

Obs.: A Comissão "Ecclesia Dei", em resposta a um consulente de Munique, esclareceu que "(...) a celebração da Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano prevê a recepção da Comunhão de joelhos, na qual a Sagrada Hóstia é colocada diretamente sobre a língua do fiel comungante". O indulto, portanto, não se estende à Missa Tradicional.

Por: Rorate Caeli
Via: OBLATVS

O que Bento XVI realmente pensa sobre Assis

O esplendor da Paz de Francisco


«A partir deste homem, de Francisco, que respondeu plenamente à chamada de Cristo Crucificado, emana ainda hoje o esplendor de uma paz que convenceu o Sultão e pode derrubar verdadeiramente os muros». Um artigo para 30Giorni do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger.

Quando, quinta, 24 de Maio, sob o céu grávido de chuva, se moveu o trem que deveria conduzir a Assis os representantes de um grande número de Igreja cristãs para testemunhar e rezar pela Paz, este trem me pareceu como um símbolo do nosso peregrinar na história. Não somos, de fato, talvez, todos passageiros de um mesmo trem? O fato de que o trem tenha escolhido, como seu destino, a paz, a justiça e a reconciliação não é, talvez, uma grande ambição e, ao mesmo tempo, um esplêndido sinal de esperança? Onde quer que seja, passando pelas estações, acorreu um multidão para saudar os peregrinos da Paz. Nas estradas de Assis e na grande tenda, o lugar do testemunho comum, fomos novamente circundados do entusiasmo e da alegria cheia de esperança, em particular pelo grande número de jovens.

A saudação das pessoas era direcionado ao homem ancião vestido de branco que estava no trem. Homens e mulheres, que na vida cotidiana muitas vezes se confrontam e parecem divididos por barreiras intransponíveis, saudavam o Papa, que com a força da sua personalidade, a profundidade da sua fé, a paixão que daí brota para a paz e a reconciliação, mostrou como aquilo que parecia ter feito brotar o impossível do carisma do seu ofício: convocar para, em conjunto, a realização de uma peregrinação pela paz, representantes da cristandade dividida e representantes de diversas religiões. Mas o aplauso, endereçado sobretudo ao Papa, exprimia também um consenso espontâneo para todos aqueles que com ele, buscam a paz e a justiça e era um sinal do desejo profundo de paz que experimentam os indivíduos defronte às devastações que nos circundam provocadas pelo ódio e pela violência.

Também se, às vezes, o ódio aparece invencível e se multiplica sem cessar na espiral da violência, aqui, por um momento, se percebeu a presença da força de Deus, da força da paz. Me vêem à mente as palavras do Salmo: “Com o meu Deus, transporei os muros”( Sl 18, 30). Deus não nos coloca uns contra os outros, ao contrário, Ele que é Uno, que é Pai de todos, nos ajudou, ao menos por um momento, a transpor o muro que nos separam, fazendo-nos reconhecer que Ele é a Paz e que não podemos ser próximos de Deus se estamos longe da paz.

No seu discurso, o Papa citou um outro ponto crucial da Bíblia, a frase da Carta aos Efésios: “Cristo é nossa Paz. Ele fez de nós um só Povo, derrubando o muro de separação que estava entre nós, isto é, a inimizade” (Ef 2, 14). Paz e justiça no Novo Testamento, são nomes de Cristo (por “Cristo, nossa justiça” ver por exemplo 1 Cor 1, 30). Como cristãos não devemos esconder esta nossa convicção: da parte do Papa e o Patriarca Ecumênico a confissão de Cristo nossa Paz foi clara e solene. Mas, justamente, por essa razão, há algo que nos une além das fronteiras: a peregrinação pela paz e pela justiça. As palavras que um cristão deve dizer àquele que se coloca em caminho em direção a tais metas são as mesmas usadas pelo Senhor na resposta ao escriba que tinha reconhecido no dúplice mandamento que exorta a amar a Deus e o próximo a síntese da mensagem néo-testamentária: “Não estás distante do Reino de Deus” (Mc 12, 34). Para uma correta compreensão do evento de Assis, me parece importante considerar que não se tratou de uma auto-apresentação das religiões que seriam intercambiáveis entre si. Não se tratou de afirmar uma igualdade entre as religiões, que não existe. Assis, foi mais a expressão de um caminho, de uma busca, da peregrinação pela paz que é tal somente se unida à justiça. De fato, lá onde falta a justiça, onde aos indivíduos é negado o direito, a ausência de guerra pode ser somente um véu, atrás do qual se escondem a injustiça e a opressão. Com o seu testemunho pela paz, com o seu empenho pela paz na justiça, os representantes das religiões começaram, nos limites das suas possibilidades, um caminho que deve ser para todos um caminho de purificação. Isto vale também para nós cristãos.

Alcançamos verdadeiramente a Cristo somente se chegamos à sua paz e à sua justiça. Assim, a cidade de São Francisco, pode ser a melhor intérprete deste pensamento. Antes da sua conversão, Francisco era cristão, assim como o eram os seus concidadãos. E também o vitorioso exército de Perúgia que o colocou prisioneiro e derrotado no cárcere era formado por cristãos.

Foi somente, então, derrotado, prisioneiro, sofredor, que começou a pensar no cristianismo de modo novo. E somente depois desta experiência que lhe foi possível pensar e compreender a voz do Crucificado que lhe falou na pequena Igreja em ruínas de São Damião, que se tornou, por isso, a imagem mesma da Igreja da sua época, profundamente ferida e em decadência. Somente então viu como a nudez de Cristo, a sua pobreza e a sua humilhação extrema estavam em contraste com o luxo e a violência que antes lhe pareciam normais. E somente então conheceu verdadeiramente a Cristo e entendeu que as cruzadas não eram o caminho correto para defender os cristãos e os direitos dos cristãos na Terra Santa, mas que, antes, era necessário levar a sério e à letra a mensagem da imitação do Crucificado.

A partir deste homem, de Francisco, que respondeu plenamente à chamada de Cristo Crucificado, emana ainda hoje o esplendor de uma paz que convenceu o sultão e pode verdadeiramente derrubar os muros. Se nós, como cristãos, tomamos o caminho da paz sob o exemplo de São Francisco, não devemos temer perder a nossa identidade: é justamente então que a encontramos. E se outros se unem a nós na busca da paz e da justiça, nem eles e nem nós devemos temer que a verdade possa ser pisoteada por belas frases feitas. Não, se nós nos dirigimos seriamente em direção à paz, então estamos no caminho correto do Deus da Paz (Rm 15, 32), cuja face se fez visível a nós cristãos pela fé em Cristo.

Por: Fratres in Unum e Missa Gregoriana em Portugal

domingo, 30 de janeiro de 2011

Disputationes Theologicae: Fraternidade São Pio X entre sectarismos, ambiguidades e declarações de cisma



“Como expliquei na Carta aos Bispos católicos, do passado dia 10 de Março, a remissão da excomunhão foi uma providência no âmbito da disciplina eclesiástica para libertar as pessoas do peso de consciência representado pela censura eclesiástica mais grave. Mas obviamente as questões doutrinais permanecem e, enquanto não forem esclarecidas, a Fraternidade não dispõe de um estatuto canônico na Igreja e os seus ministros não podem exercer de modo legítimo qualquer ministério”.



Posições contraditórias e ambíguas na Fraternidade São Pio X
pela redação de Disputationes Theologicae

Os votos do superior do distrito da França da Fraternidade São Pio X para 2011: "Não vão à Missa do motu proprio"

Com um certo escândalo, lemos as recentíssimas proposições do abbé Régis de Cacqueray (o superior do distrito da França, o maior e mais prestigioso da Fraternidade São Pio X), sobre a assistência à Missa de São Pio V, celebrada por sacerdotes canonicamente reconhecidos pela Santa Sé. O influente sacerdote, muito estimado pelos seus superiores, ao ponto de ser encarregado de um dos papéis mais importantes da instituição, exprime-se, no seu texto de votos para o ano novo de 2011, com os termos que se seguem: "Para sermos completos sobre esse assunto (falava sobre a importância de assistir à Missa tradicional, mesmo se for difícil encontrá-la), devemos ainda citar as outras Missas de São Pio V, celebradas com o favor dos indultos sucessivos, e por último com o motu proprio. É verdade que nós desaconselhamos a sua frequentação" [1]. Não se deveria, segundo ele, frequentar os sacramentos distribuídos por aqueles que estão em posições diferentes daquelas da Fraternidade, mas, neste aparente clima de acordos canônicos, se afirma até que seria oportuno que os padres diocesanos se aproximassem do rito tradicional, sem, porém, poder contar - haja vista a severa admoestação - com a presença dos fiéis da Fraternidade.

É difícil dizer o quanto há de "teológico" nessas afirmações, e quanto de "ideológico" ou de "partidarismo". Qual quer que seja a intenção do abbé de Cacqueray, o problema é aquele mesmo, como afirmado concomitantemente ao anúncio da reunião de Assis em outubro próximo, "o perigo que resultaria para as almas". Note-se que a frase do abbé de Caqueray, ainda que gravemente escandalosa, não vem acompanhada de nenhuma justificação teológica, e muito menos de uma rigorosa exposição dos pressupostos de tal afirmação, nem das suas consequências. Todavia, os contornos da "Pétite Eglise" não são ignorados pelo leitor atento.

Uma argumentação bem estruturada

Por outro lado, o pensamento de um outro teólogo da Fraternidade, o abbé Mérel (já professor na Ecône, e com cargos no distrito da França) é mais profundo especulativamente, e mais estruturado teologicamente. Num artigo [2] que ficou célebre - foi publicado em muitas ocasiões em revistas locais da Fraternidade a partir de 2008 -, e que possivelmente tenha inspirado as declarações mais vagas do seu superior, exprime-se ele em termos teológicos acessíveis, mas estritamente bem construídos. O discurso é simples: a missa de São Pio V, em si, é boa. Entretanto, assistir à Missa de São Pio V nem sempre é bom, depende das circunstâncias. Até aqui, ainda se poderia estar de acordo. Todavia, o abbé Mérel prossegue afirmando que, onde a Missa tradicional fosse celebrada por um sacerdote da Ecclesia Dei, não seria bom participar dela. De fato, pode-se fazer mal uso de uma coisa boa, diz o autor. Com o rum - o exemplo é do texto -, que é uma coisa boa em si, pode-se embriagar-se e pecar. Quais seriam, portanto, as circunstâncias que tornariam má a participação da Missa? Continua o abbé Mérel: "Não é necessário assistir à Missa dos 'ralliés' (com esse termo, entendam-se os "traidores", que dependem da Ecclesia Dei e não da Fraternidade - alusão ao "ralliement" de Leão XIII) [3], porque eles se submetem à hierarquia conciliar". Continua: "a missa de um padre 'rallié' (traduz-se "alienado" / "traidor") é a Missa de um padre que, ao menos oficialmente, obedece o bispo local e o Papa (...), um padre que, obedecendo as autoridades liberais e modernistas, tornar-se-á, necessariamente, um padre que, no fim das contas, trai tudo o que fez Mons. Lefebvre, trai as almas, engana-as".

O autor não esquece as questões pastorais, embora secundárias na economia do discurso: diz, por exemplo, que o fiel encontrará, nas igrejas dos "ralliés", publicações cheias de erros, que poderiam perturbá-lo, ou ouvirá pregações pouco ortodoxas, feitas, durante a Missa tradicional, por um padre que tradicional não é, ou conviverá com "fiéis menos formados na fé", arriscando, em contato com eles, "deixar-se arrastar". O abbé Mérel, porém, com o talento especulativo que o distingue, dá a verdadeira razão teológica, radicana num terreno mais "universal", e não numa variante ligada às circunstâncias, e fala, de modo absoluto, de todos os padres "ralliés", não apenas daqueles que pregam "mal". Sustenta que o padre "rallié", o padre canonicamente submetido a Roma, "não está numa posição justa na Igreja. Não está em regra com Deus". E conclui: "não se pode nunca desagradar a Deus, estas missas não são para nós!". Ainda que às vezes, por razões excepcionais, se devesse assistir às Missas dos Institutos "Ecclesia Dei", dever-se-ia "abster-se de comungar", diz ainda o autor, porque seria necessário permanecer em uma resistência ostensivamente passiva. Fala-se, neste caso, da mesma assistência, prevista pelos moralistas, a um rito protestante ou greco-cismático. Em resumo, comungar nas Missas ditas por um sacerdote que não adere às posições da Fraternidade é um pecado, é algo que "desagrada a Deus", e isso em razão do ministro. Não se deve, pois, participar, não apenas por causa das homilias heterodoxas, fator variável e secundário, mas em razão do fato de o celebrante estar submetido a uma autoridade à qual não se deve senão resistir, sob pena de pecado. Destaquemos que o autor não assume o risco que declarar lícita a assistência às Missas sem homilia; seria obrigado a admitir que o sacramento é válido e lícito, e não oferece perigo de contaminar a fé dos fiéis; por outro lado, não quer proibir a participação das Missas dos padres da Fraternidade que sustentam teses perigosas para a fé. É a submissão a Roma que, sozinha, faz com que não se possa receber a eucaristia.

Uma magistral declaração de cisma

O artigo do abbé Mérel é uma magistral declaração de cisma, ainda que, do ponto de vista do autor, o pecado de cisma (ou de heresia, ou ambos, o texto não o especifica) parece ser mais imputável ao Papa e àqueles que se Lhe submetem. A hierarquia católica teria, no seu conjunto, cometido o pecado de afastar-se da verdade, e, portanto, não se poderia entrar em comunhão com ela nos sacramentos, mesmo se o rito é tradicional. Esse texto foi escrito no verão de 2008, para indicar aos fiéis como comportar-se depois do motu proprio. O mesmo Motu proprio que fora pedido ao Papa pelas autoridades da Fraternidade, que ofereceram, para isso, a cruzada de um milhão de rosários.

Para sermos completos, digamos que não é completamente falso o que disse o abbé de Cacqueray, que às vezes pode ser desaconselhado assistir a uma Missa. Poderia ser o caso, ainda em missas tradicionais, quando o significado teológico da Missa de sempre é gravemente deformado ou até reduzido - como, infelizmente, às vezes acontece - a um puro fenômeno teatral, que acaba por juntar incenso, sedas preciosas e homilias heterodoxas. Mas é insustentável que o princípio deva aplicar-se universalmente a todas as Missas dos que estão canonicamente submetidos ao Papa: uma tal ruptura da communicatio in sacris, com todos aqueles que subscrevem as posições da Fraternidade, não é nada mais que a aplicação prática de uma teoria cismática. Quando São Tomás de Aquino fala de cisma, distingue dois modos de cometer esse pecado. O primeiro é a separação da autoridade eclesiástica, o segundo é a recusa de comungar "in sacris" com outras partes da Igreja submissas ao Papa [4]. Esse último também é um modo de despedaçar o Corpo Místico de Cristo.

Como se fosse necessário, afirmamos que estar submedidos a uma autoridade de direta instituição divina, como a do Papa, não significa, de modo algum, submeter publicamente a inteligência a tudo aquilo que tal autoridade sustenta, ou dá a entender, ou parece aprovar, quando fala como teólogo privado, ou age como pessoa privada. Essa não é a doutrina católica do Primado, nem o Pontífice reinante jamais reclamou semelhante submissão. De fato, ainda que se possa conceder que uma certa fatia do tradicionalismo costuma, com servilismo e escarso senso teológico, dogmatizar até às vírgular as afirmações de qualquer autoridade eclesiástica, ainda que somente local, deve-se reconhecer honestamente que esse fenômeno não é, de modo algum, universal. Pelo contrário, afirmar que, necessáriamente, em todos os casos de obediência canônica, peca-se contra a fé, por omissão de defesa da verdade revelada, é não apenas uma mentira e um engano aos fiéis, mas até um absurdo teológico. Afirmaríamos, então, ridiculamente, que a autoridade suprema tornou-se formalmente herética, e, com ela, todos os que se lhe submetem visivelmente, pelo próprio fato de submeter-se.

A Fraternidade, se não quiser ser cismática, deve reconhecer que ela já está submetida visivelmente ao Papa, tanto quanto qualquer padre diocesano. Ontologicamente, a submissão da Fraternidade à autoridade eclesiástica não difere daquela de todos os outros Institutos, tradicionais ou não. Permanece, todavia, um problema canônico, que deve ser resolvido o mais breve possível, por que, de fato, no perdurar desse estado anormal há o perigo de conduzir alguns dos seus membros a posições teológicas gravemente errôneas. Os artigos citados o confirmam.

As incoerências de uma política dupla


Acrescentemos que, se é natural e compreensível que os sacerdotes da Fraternidade queiram continuar fiéis aos princípios do próprio fundador, também é bom e moralmente necessário ser coerentes com o que se propõe nas próprias declarações públicas. Ora, a tese discutida acima, como notamos, teologicamente insustentável, denuncia um obstáculo insuperável à conclusão de um acordo canônico entre a Fraternidade e a Santa Sé, mas também uma clara vontade de continuar em dois vagões paralelos, que não comungam nem mesmo nos sacramentos celebrados em rito tradicional. De fato, se, para comungar in sacris com o Papa - como é implicitamente afirmado - será necessário atingir o acordo doutrinal, com o qual a Santa Sé fará própria a posição da Fraternidade, então será necessário ter a coerência de afirmar que, atualmente, a hierarquia católica está ao menos próxima da heresia e do cisma, tanto que se justifique uma escolha tão grave. Tertium non datur.

Mas se, pelo contrário, o acordo fosse possível e, talvez, iminente, segundo os termos do próprio Mons. Fellay, e se o Superior Geral da Fraternidade procedesse efetivamente a um acordo canônico - permanecendo as reservas expressas sobre o progeto da reunião interreligiosa de Assis e o desacordo com certas escolhas do Papa - o que fará o abbé de Cacqueray? Desaconselhará os "seus" fiéis a ir nas Missas na Fraternidade? Dir-lhes-á que não recebam a comunhão das mãos de Mons. Fellay, porque assinou com as autoridades de organizam os encontros de Assis? A coerência entre os propósitos desses dois importantes responsáveis pela obra fundada por Mons. Lefebvre é muito menos difícil de compreender: parece mais o reflexo de uma política ambígua. Por isso e por outros motivos, sempre foi expressa, nestas páginas, a firme convicção da oportunidade de um acordo canônico, que não pretenda ser "doutrinal". Do ponto de vista dogmático, de fato, é absurda a ideia de um acordo "doutrinal", que o Vigário de Cristo deveria assinar. Do ponto de vista prático, os fatos demonstram que é uma presunção querer resolver em poucas linhas - com algum episódico encontro entre especialistas - a complexidade da atual situação eclesiástica, e, com ela, os problemas levantados por alguns textos magisteriais. Não é, porém, absurdo - nem teologicamente, nem prudencialmente - reconhecer canonicamente a autoridade de Pedro, salvaguardando uma autonomia de debate teológico sobre alguns pontos de perplexidade.

Estamos prontos para publicar aqui, se necessário, qualquer correção ou precisamento que, sobre a questão, provier dos legítimos superiores da Fraternidade São Pio X, e a tornar pública uma eventual retificação, assim que, publicamente, eles quiserem dissociar-se dos conteúdos aqui expressos. Esperamos ainda, e sobretudo, um clara resposta à pergunta se se pode cumprir o preceito dominical assistindo a uma Missa da Fraternidade São Pedro, e receber a eucaristia de um sacerdote do Bom Pastor, do Cristo-Rei, ou de uma diocese qualquer.

A Fraternidade São Pio X, que não pode ser acusada de laxismo, sempre precisou, e às vezes puniu com firmeza, quando as opiniões de um membro contrastavam com as gerais. Se as opiniões da "Petite Eglise", hoje abertamente sustentadas por alguns dos seus sacerdotes, não são compartilhadas pelo Superior Geral, com a mesma firmeza deveria desmenti-las publicamente. Caso contrário, dir-se-á que o discurso é voluntariamente ambíguo.

Tradução: São Pio V

__________

[1] Le texte intégral peut être consulté sur La porte latine, site officiel de la Fraternité saint Pie X en France, à l’adresse suivante : voeux de M. l'abbé de Cacqueray pour 2011

[2] Abbé Jacques Mérel, « Discussion de parvis sur la messe des ralliés », in Le Pélican, juillet-août 2008 ; publié intégralement dans Le Sel de la Terre, n°70, Automne 2009, pp. 188-193.

[3] Com o termo "rallié" designa-se, na França, o católico "amigo do poder", "traidor". A palavra difundiu-se notavelmente sob o pontificado de Leão XIII, com o sentido de "católico alienado" e designa, nos ambientes da Fraternidade São Pio X, os institutos que dizem a Missa tradicional dependentes da Ecclesia Dei.

[4] Saint Thomas d’Aquin, Summa Theologiae, IIa-IIae, qu. 39, a. 1, corpus : “Ecclesiae autem unitas in duobus attenditur, scilicet in connexione membrorum Ecclesiae ad invicem, seu communicatione; et iterum in ordine omnium membrorum Ecclesiae ad unum caput (…). Et ideo schismatici dicuntur qui subesse renuunt summo pontifici, et qui membris Ecclesiae ei subiectis communicare recusant”.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Crucifixo no centro do Altar na Missa “versus populum”


Il Crocifisso al centro dell’altare nella Messa “verso il popolo”


Rubrica di teologia liturgica a cura di don Mauro Gagliardi

*di don Mauro Gagliardi

Sin da tempi remoti, la Chiesa ha stabilito segni sensibili, che aiutassero i fedeli ad elevare l’anima a Dio. Il Concilio di Trento, riferendosi in particolare alla S. Messa, ha motivato questa consuetudine ricordando che «la natura umana è tale che non può facilmente elevarsi alla meditazione delle cose divine senza aiuti esterni: per questa ragione la Chiesa come pia madre ha stabilito alcuni riti [...] per rendere più evidente la maestà di un Sacrificio così grande e introdurre le menti dei fedeli, con questi segni visibili della religione e della pietà, alla contemplazione delle sublimi realtà nascoste in questo Sacrificio» (DS 1746).

Uno dei segni più antichi consiste nel volgersi verso oriente per pregare. L’oriente è simbolo di Cristo, il Sole di giustizia. «Erik Peterson ha dimostrato la stretta connessione fra la preghiera verso oriente e la croce, connessione evidente al più tardi per il periodo post costantiniano. [...] Presso i cristiani si diffuse l’uso di indicare la direzione della preghiera con una croce sulla parete orientale nell’abside delle basiliche, ma anche nelle camere private, ad esempio, di monaci ed eremiti» (U.M. Lang, Rivolti al Signore, Siena 2006, p. 32).

«Se ci si domanda verso dove guardassero il sacerdote ed i fedeli durante la preghiera, la risposta deve suonare: in alto, verso il catino absidale! La comunità orante durante la preghiera non guardava affatto davanti a sé all’altare o alla cattedra, bensì elevava in alto le mani e gli occhi. Così il catino absidale assurse all’elemento più importante della decorazione della chiesa, nel momento più intimo e santo dell’agire liturgico, la preghiera» (S. Heid, «Gebetshaltung und Ostung in frühchristlicher Zeit», Rivista di Archeologia Cristiana 82 [2006], p. 369 [mia trad.]). Quando dunque si trova rappresentato nell’abside Cristo tra gli apostoli e i martiri, non si tratta solo di una raffigurazione, bensì di una sua epifania dinanzi alla comunità orante. La comunità allora «elevava in alto le mani e gli occhi “al cielo”, guardava concretamente a Cristo nel mosaico absidale e parlava con lui, lo pregava. Evidentemente, Cristo così era direttamente presente nell’immagine. Giacché il catino absidale era il punto di convergenza dello sguardo orante, l’arte provvedeva a fornire quanto l’orante necessitava: il Cielo, dal quale il Figlio di Dio appariva alla comunità come da una tribuna» (ibid., p. 370).

Dunque, «pregare e guardare per i cristiani tardoantichi formano un tutt’uno. L’orante voleva non solo parlare, ma sperava anche di vedere. Se nell’abside si mostrava in modo meraviglioso una croce celeste o il Cristo nella sua gloria celeste, allora per ciò stesso l’orante che guardava verso l’alto poteva vedere esattamente questo: che il cielo si apriva per lui e Cristo gli si mostrava» (ibid., p. 374).

Il Crocifisso al centro dell’altare nella Messa «verso il popolo»

Dai precedenti cenni storici, si deduce che la liturgia non viene veramente compresa, se la si immagina principalmente come un dialogo tra il sacerdote e l’assemblea. Non possiamo qui entrare nei dettagli: ci limitiamo a dire che la celebrazione della S. Messa «verso il popolo» è un concetto entrato a far parte della mentalità cristiana solo in epoca moderna, come dimostrato da studi seri e ribadito da Benedetto XVI: «L’idea che sacerdote e popolo nella preghiera dovrebbero guardarsi reciprocamente è nata solo nell’epoca moderna ed è completamente estranea alla cristianità antica. Infatti, sacerdote e popolo non rivolgono l’uno all’altro la loro preghiera, ma insieme la rivolgono all’unico Signore» (Teologia della Liturgia, Città del Vaticano 2010, pp. 7-8).

Nonostante il Vaticano II non avesse mai toccato questo aspetto, nel 1964 l’Istruzione Inter Oecumenici, emanata dal Consilium incaricato di attuare la riforma liturgica voluta dal Concilio, al n. 91 prescrisse: «È bene che l’altare maggiore sia staccato dalla parete per potervi facilmente girare intorno e celebrare versus populum». Da quel momento, la posizione del sacerdote «verso il popolo», pur non essendo obbligatoria, è divenuta il modo più comune di celebrare Messa. Stando così le cose, Joseph Ratzinger propose, anche in questi casi, di non perdere il significato antico di preghiera «orientata» e suggerì di ovviare alle difficoltà ponendo al centro dell’altare il segno di Cristo crocifisso (cf. Teologia della Liturgia, p. 88). Sposando questa proposta, aggiunsi a mia volta il suggerimento che le dimensioni del segno devono essere tali da renderlo ben visibile, pena la sua scarsa efficacia (cf. M. Gagliardi, Introduzione al Mistero eucaristico, Roma 2007, p. 371).

La visibilità della croce d’altare è presupposta dall’Ordinamento Generale del Messale Romano: «Vi sia sopra l’altare, o accanto ad esso, una croce, con l’immagine di Cristo crocifisso, ben visibile allo sguardo del popolo radunato» (n. 308). Non si precisa, però, se la croce debba stare necessariamente al centro. Qui intervengono pertanto motivazioni di ordine teologico e pastorale, che nel ristretto spazio a nostra disposizione non possiamo esporre. Ci limitiamo a concludere citando di nuovo Ratzinger: «Nella preghiera non è necessario, anzi, non è neppure conveniente guardarsi a vicenda; tanto meno nel ricevere la comunione. [...] In un’applicazione esagerata e fraintesa della “celebrazione verso il popolo”, infatti, sono state tolte come norma generale – persino nella basilica di San Pietro a Roma – le Croci dal centro degli altari, per non ostacolare la vista tra il celebrante e il popolo. Ma la Croce sull’altare non è impedimento alla visuale, bensì comune punto di riferimento. È un’“iconostasi” che rimane aperta, che non impedisce il reciproco mettersi in comunione, ma ne fa da mediatrice e tuttavia significa per tutti quell’immagine che concentra ed unifica i nostri sguardi. Oserei addirittura proporre la tesi che la Croce sull’altare non è ostacolo, ma condizione preliminare per la celebrazione versus populum. Con ciò diventerebbe anche nuovamente chiara la distinzione tra la liturgia della Parola e la preghiera eucaristica. Mentre nella prima si tratta di annuncio e quindi di un immediato rapporto reciproco, nella seconda si tratta di adorazione comunitaria in cui noi tutti continuiamo a stare sotto l’invito: Conversi ad Dominum – rivolgiamoci verso il Signore; convertiamoci al Signore!» (Teologia della Liturgia, p. 536).

[Il prossimo articolo della rubrica sarà pubblicato il 9 febbraio]

*Don Mauro Gagliardi è Ordinario della Facoltà di Teologia dell’Ateneo Pontificio “Regina Apostolorum” di Roma e Consultore dell’Ufficio delle Celebrazioni Liturgiche del Sommo Pontefice e della Congregazione per il Culto Divino e la Disciplina dei Sacramenti.

Dal: Zenit.it

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fotos da Posse do Card. Kurt Koch, na Diaconia de N.S. do Sagrado Coração

Por: Catholic Press Photo

A cerimônia de tomada de posse ocorreu no dia 1° de janeiro, festa da Santa Mãe de Deus, na igreja dos padres missionários do Sagrado Coração de Jesus, do título de Nossa Senhora do Sagrado Coração.






quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Dando a vida pelo Papa

Retirado de: Zenit

Memórias de um ex-guarda-costas de João Paulo II


Por Edward Pentin

Durante 12 anos, o ex-capitão da guarda suíça Roman Fringeli foi treinado e preparado para dar a vida pelo Papa.


Papa recebe quadro de artista italiana, ao seu lado
está o ex-guarda costas, Fringeli.
De 1987 a 1999, ele protegeu o futuro beato João Paulo II como um de seus cinco guarda-costas pessoais nas viagens papais. Este período compreendeu 15 viagens apostólicas a Asia, Europa, África y América.

Durante três anos e meio deste período, Fringeli liderou o contingente de guardas suíços que acompanhava João Paulo II quando este viajava ao exterior. “Diante de uma necessidade das circunstâncias, eu teria dado minha vida pelo Papa”, afirmou. “Este era sempre meu pensamento quando viajávamos”.

Natural da Basileia, norte da Suíça, Fringeli deixou a força oficial há cerca de 10 anos. Mas seu entusiasmo permanece e ele está disposto a compartilhar suas felizes e às vezes angustiantes experiências.

Ele recorda vivamente como lutaram com grande trabalho para conter uma multidão em Nairobi, como gritaram com os militares em Moçambique para que evitassem que uma grande massa de gente se aproximasse demais do Papa e como enfrentaram a difícil tarefa de proteger o Papa diante de um milhão de pessoas em Seul.

“Recordo Ruanda, durante uma missa, tivemos um aviso de um ataque terrorista aéreo”, conta. “Pode imaginar? Justamente ali, havia quatro anos, tinha acontecido o genocídio”.

Em outra viagem, estando com o Papa em voo charter, o avião fez três tentativas de aterrissar, por causa da neblina. Depois de ser desviado a Johannesburgo, o contingente do Papa teve de viajar de carro para Lesotho, para chegar ali ao som de tiros das forças especiais, que tinham resgatado um grupo de reféns.

O Papa João Paulo II, que tinha ido a Maseru para beatificar o sacerdote missionário Joseph Gérard, visitou depois alguns feridos no hospital. “Foi uma viagem especial e terrível. João Paulo II queria oferecer uma mensagem de paz e o fez”, relata Fringeli.

Mas talvez sua visita mais problemática foi em Berlim, em 1996. Grupos de anarquistas protestavam de forma selvagem, lançando objetos no papa-móvel, enquanto outros desfilavam nus enquanto o Papa passava.

“De repente, essa gente começou a lançar bolas vermelhas cheias de tinta nas janelas do papa-móvel”. Fringeli recorda que estava atrás do veículo papal, tentando afastar os manifestantes. “Senti-me envergonhado da Alemanha pelo que aconteceu. A polícia permitiu que a multidão se aproximasse demais do papa-móvel”.

Bento XVI visitará Berlim em setembro e alguns estão preocupados com a possibilidade de que esse evento se repita. “Nunca se sabe o que acontecerá em Berlim”, disse Fringeli. “Pode aparecer mais uma vez gente louca, mas Bento XVI é alemão e isso pode ajudar, também talvez a polícia faça melhor o seu trabalho, controlando as multidões”.

Fringeli também disse que o surpreendeu ver que a polícia alemã parecia assustada por ter de frear a multidão. “Eles não queriam tocá-los”.

Mas na África, Fringeli viu que a segurança local pode ser excessiva. Na viagem que João Paulo II fez a Iaundé, capital de Camarões, em 1995, ele recorda ver um homem com deficiência mental que estava perambulando em frente ao papa-móvel. A polícia o arrastou “como se fosse um saco de batatas”, jogando-o na multidão.

Nem revólver nem colete

A proteção que o Vaticano dá ao Papa durante as viagens consiste em dois guardas suíços à paisana, um capitão e um cabo, além de três policiais do Vaticano. O restante da proteção fica com as autoridades locais.

Durante seu período de serviço, Fringeli não usava colete à prova de balas nem revólver. “Que você pode fazer com uma pistola na frente de uma multidão?” “Poderia matar pessoas, e o mesmo acontece na basílica da praça de São Pedro ou em uma audiência”.

Em vez disso, ele confiava muito em sua perspicácia visual e no treinamento pessoal. O ex-guarda nos mostrou uma foto sua vestido em traje preto, caminhando ao lado de João Paulo II, em uma visita à Romênia, com os olhos fixos na multidão.

“Sempre estava observando com precisão, buscando um movimento repentino, alguém correndo ou saltando por cima das linhas de segurança; essa era minha tarefa”.

Ao ser questionado sobre a falha de segurança que houve na basílica de São Pedro no Natal de 2009, quando uma mulher saltou em direção ao Papa, ele destaca o quão inesperado pode ser algo assim.

“Você precisa saber o que está acontecendo em questão de segundo”. “Normalmente, isso é responsabilidade da pessoa que está ao lado do Papa, mas nesta ocasião tudo aconteceu muito rápido”. Apesar de tudo, Fringeli afirma que a segurança do Vaticano é muito boa.

O ex-guarda tem muitas boas recordações de Wojtyla e está encantado com a notícia de sua beatificação. “Para mim, João Paulo II foi um Papa santo, como todos os papas nos dois ou três últimos séculos”, disse.

Ele conta que João Paulo II sempre dizia que Nossa Senhora o protegia e que colocou sua sobrevivência nas mãos da Virgem desde o atentado de 1981.

“Foi um mensageiro da paz”, disse. “Alguns diziam que teria sido melhor se ele tivesse estado mais tempo no Vaticano e não viajando tanto, mas para o Papa não eram viagens de lazer, ele tinha uma agenda muito apertada, que durava o dia inteiro”.

Fringeli lembra um outro episódio, em que centenas de pessoas caminharam durante vários dias, de Zâmbia até o Zimbabue, para ver Wojtyla. As 104 viagens que João Paulo II fez fora da Itália estavam dedicadas a essas pessoas, especialmente de países pobres, que nunca poderiam ir a Roma.

O ex-guarda conta com carinho como João Paulo II sempre agradecia sua equipe de segurança ao final de cada viagem. Quando era mais jovem, frequentemente realizava passeios espontâneos, que nem sempre ganhavam a simpatia dos guarda-costas. “Não era fácil viajar com o Papa, porque não sabíamos o que ele faria fora do programa”. “Mas a experiência ajudava muito”.

Apesar das obrigações das viagens papais, Fringeli se sentia muito satisfeito e seu entusiasmo nunca diminuía. “Era estranho. Durante a viagem nos cansávamos muito, mas ao final sempre pensávamos: quando será a próxima?”

Ele rende homenagem a duas figuras chave das viagens apostólicas: o cardeal Roberto Tucci, organizador das viagens longas, a quem define como “um grande, grande homem”, e Camilo Cibin, o último guarda-costas da polícia vaticana, que protegeu o Papa até este completar 80 anos.

“Sem nenhum dos dois – disse – o Papa não teria sido capaz de fazer nenhuma de suas viagens.”
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