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sexta-feira, 8 de março de 2013

Scola papabile. Com o apoio dos norte-americanos.

Cardeal ScolaPor Andrea Tornielli – Tradução: Ecclesia Una | Depois de quatro dias de discussões e seis Congregações gerais, nos corredores (e mais ainda nas entrevistas face-a-face afastadas dos olhares indiscretos) parece que estão se delineando melhor os grupos e os “papáveis” mais fortes. Entre eles está sendo recolocado o nome do arcebispo de Milão Angelo Scola. Considerado desde o começo como um dois possíveis candidatos ao Trono de Pedro, para ele poderiam convergir os votos dos diversos cardeais norte-americanos e de outros eleitores europeus, da Alemanha ou dos países do Leste, além dos de alguns italianos. Não se pode esquecer que, graças a iniciativas da Fundação Oasis, o purpurado ambrosiano tem mantido relações com o as Igrejas orientais; por exemplo, com o patriarca libanês Bechara Rai.
 
Scola recebeu particular apreço de Bento XVI, que o transferiu da sede patriarcal de Veneza para Milão. Uma decisão inédita considerada um indício por muitos. E não é segredo que o Papa Ratzinger, de acordo com a sugestão do cardeal Camillo Ruini, também pensou nele, em 2007, para o cargo de presidente da Conferência Episcopal Italiana. Na ocasião, foi o recém-nomeado secretário de Estado, Tarcisio Bertone, quem se opôs à nomeação, que fracassou. Scola é visto como distante da Cúria Romana e da gestão que a tem caracterizado nos últimos anos. Por causa de seu renome internacional ele poderia ser um dos dois mais fortes candidatos já no primeiro escrutínio do Conclave que começa na próxima semana.
 
O outro candidato que, até o momento, espera-se começar com um bom número de votos, é o brasileiro Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, que tem uma longa experiência tanto na Cúria quanto no Vaticano e teria o apoio de alguns cardeais influentes da Cúria, desde o ex-prefeito da Congregação para os Bispos, Giovanni Battista Re, até o decano, Angelo Sodano, que não participará da votação por limites de idade.
 
É preciso ver quanto pesarão as discussões destes dias, as críticas à gestão da cúria e o desejo de renovação. E também quantos serão os votos que obterão outros candidatos, como o canadense Marc Ouellet, o húngaro Peter Erdö, os latino-americanos Bergoglio, Robles Ortega e Rodríguez Madariaga, os outsiders Ranjith, Tagle e O’Malley (que tem uma boa amizade com Scola).
Todas as possibilidades estão abertas. Mas os equilíbrios poderiam mudar durante o segundo dia do Conclave, como aconteceu na segunda eleição de 1978, e uma surpresa poderia emergir.

Conclave terá início no dia 12 de março

 
A oitava Congregação Geral do Colégio dos Cardeais, encerrada no final da tarde desta sexta-feira, decidiu que o Conclave para a eleição do novo Pontífice terá início na prèoxima terça-feira, 12 de março de 2013.

Pela manhã, na Basílica de São Pedro, será celebrada a Missa ‘pro eligendo Pontifice’ e na parte da tarde a entrada dos Cardeais no Conclave.


Fonte: Rádio Vaticano

terça-feira, 5 de março de 2013

Cardeal Sean O'Malley: um digno filho de São Francisco!


O Cardeal O’Malley de Boston ou, como ele prefere, Cardeal Seán, bem que poderia ser nosso próximo papa. Não, ele não é meu candidato. Como escrevi anteriormente, não revelarei o nome do meu predileto.
 
Tenho, entretanto, pelo Cardeal Seán uma admiração que vem de longe. Pela sua trajetória episcopal marcada pelo zelo missionário e restaurador. Devolveu à Igreja em Boston – entre as mais gloriosas na história do catolicismo americano – a credibilidade que perdera. Não sem razão. É uma homem piedoso, santo, simples – um genuíno filho de São Francisco.
 
Escrevi-lhe recentemente que rezo por ele. Rezo porque sei que ele tem mais chances de que meu candidato. Rezo para que, uma vez eleito, olhe pelo Brasil como João Paulo II e Bento XVI olharam pelos EUA. A Igreja nos EUA já é outra em relação a dos anos 80 e 90, outros são os bispos. Mais fiéis (creiam-me, os números que apontam para um declínio são enganadores), mais conversos, mais seminaristas, mais sacerdotes. Não voltaram aos números estratosféricos dos anos anteriores ao Vaticano II, mas chegarão lá.
 
O Cardeal Seán tem 68 anos. Nasceu em 29 de junho de 1944, dia de São Pedro (hehehe, Petrus Romanus). Oriundo de Lakewood, estado de Ohio, foi batizado como Patrick, em homenagem a São Patrício. Ingressando na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos tomou o nome de Seán, em honra de São João Batista.
 
Na ordem franciscana fez os estudos seminarísticos e foi ordenado em 29 de agosto de 1970, dia do martírio do Precursor. Na Universidade Católica da America tornou-se mestre em Educação Religiosa e doutor em literaturas espanhola e portuguesa. O cardeal fala português fluentemente.
 
Seu ministério sacerdotal é marcado pela dedicação às comunidades espanholas e portuguesas nos EUA, tendo sido diretor do Centro Católico Hispano da arquidiocese de Washington.
 
Foi nomeado bispo coadjutor de Saint Thomas, nas Ilhas Virgens, pelo Papa João Paulo II em 1984. Em 1992 foi transferido para a Sé de Fall River, onde teve de enfrentar sério problemas de abuso sexual por parte de clérigos. Foi transferido em setembro de 2002 para Palm Beach, em razão de sua notória capacidade de enfrentar casos de abuso sexual. Pelo mesmo motivo foi promovido a Arcebispo de Boston em julho de 2003, de todas a mais afetada pelos escândalos.
 
Desde então se notabilizou pela seriedade, sensibilidade, coragem e proximidade com os fiéis, sobretudo os mais vulneráveis.
 
Foi criado cardeal pelo Papa Bento XVI em 24 de março de 2006. O papa atribuiu-lhe a Igreja titular de Nossa Senhora da Vitória. Título providencial mais do que merecido pelo filho de São Francisco, devoto da Imaculada, e que obteve extraordinária vitória sobre os que – de dentro e de fora – feriam a Igreja nos Estados Unidos.
 
A desfavor dos Cardeal Seán pesa a nacionalidade. O antiamericanismo é um dos poucos preconceitos tolerados hodiernamente – ao lado do anticatolicismo. Espero que os cardeais não se deixem conduzir por uma categoria de pensamento tão antievangélica e elejam, ou meu predileto, ou o Cardeal Seán, a despeito de seu lugar de nascimento.
 
Fonte: Oblatvs

Explode o caso Vatileaks. Os cardeais querem saber.

IHU – Vatileaks entra no conclave. No primeiro dia de discussões a portas fechadas e celulares mudos, os 144 cardeais reunidos para falar sobre o futuro da Igreja ouviram pelo menos três vezes, na aula do Sínodo, o pedido de conhecer o relatório reservado sobre a fuga de documentos e os venenos curiais.
 
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada pelo jornal La Stampa, 05-03-2013. A tradução é do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Na manhã de ontem foram três cardeais que manifestaram o desejo de saber o que consta no “Relatio” preparado pela comissão dos cardeais que fizeram a investigação. O conteúdo do relatório, até o momento, é secreto.
 
O pedido foi feito pelo cardeal alemão Walter Kasper que é da ala dos velhos curiais mais críticos da gestão da Secretaria de Estado dos últimos anos. O mesmo pedido foi feito pelo austríaco Cristoph Schönborn, arcebispo de Viena, que, em 2010, criticou publicamente o ex-Secretário de Estado, Angelo Sodano, por conta da gestão, nos anos do pontificado de João Paulo II, dos casos de abusos sexuais. Igualmente o húngaro Peter Erdö, arcebispo de Budapest, fez o mesmo pedido.
 
Não por acaso também os cardeais de Washington e de Chicago, Donald Wuerl e Francis George, afirmaram, depois da primeira congregação geral, que o caso Vatileaks precisa ser discutido e “que algumas questões serão feitas aos cardeais envolvidos na investigação”.
 
Sabe-se que Bento XVI não quis divulgar o relatório mas permitiu que os três cardeais que investigaram o caso – Herranz, Jozef Tomko e Salvatore De Giorgi – forneçam informações de caráter geral.
 
Também questões ligadas ao funcionamento da Cúria foram levantadas. Um tema central, sobretudo para os cardeais americanos, é a luta contra a pedofilia clerical e a continuação da obra de limpeza iniciada por Ratzinger. “É uma grave ferida no corpo da Igreja – dizem – e o novo Papa precisa afrontá-la”.
 
Outros cardeais fizeram intervenções pontuais e concretas sobre os procedimentos do conclave. “A impressão é que não será um trabalho breve”, sussurra um dos presentes ao sair da reunião.
 
Não há pressa. O colégio cardinalício quer ter o tempo necessário para conversar entre eles, para se encontrarem, para trocar opiniões. Um procedimento que pode desarticular tentativas de acordo e de candidaturas pré-constituídas.
 
Mas seria um erro considerar que os escândalos e Vatileaks tenham sido o tema principal do primeiro dia de trabalho: a preocupação da maioria dos presentes é encontrar um novo Papa que saiba falar ao mundo, anunciar o Evangelho de maneira positiva. “Precisamos de um Papa como São Francisco – diz um cardeal influente no final dos trabalhos de ontem. Um homem que saiba sorrir como João Paulo I, que possa mostrar o rosto da misericórdia de Deus. E que saiba reforma a Cúria para torná-la mais credível e transparente”.

sábado, 2 de março de 2013

Pe. Zuhlsdorf: O resgate da liturgia solene


Entrevista com o Padre John Zuhlsdorf
Por Marcio Antonio Campos
Fonte: Gazeta do Povo, Curitiba
Para restaurar a sacralidade da missa, desfigurada por invenções locais alheias ao senso litúrgico da Igreja, Bento XVI resolveu, em 2007, liberar a celebração da missa tridentina, que era a norma na Igreja até 1969. Essa é a avaliação de um dos principais blogueiros de liturgia do mundo, o padre americano John Zuhlsdorf. Ele discorda da avaliação de muitos especialistas, para os quais a liberação da missa tridentina seria meramente um gesto de boa vontade para buscar o fim do cisma dos tradicionalistas da Sociedade São Pio X. Zuhlsdorf, que mantém o blog What does the prayer really say? (www.wdtprs.com), concedeu entrevista por e-mail à Gazeta do Povo.
 
Qual o papel da liturgia para Bento XVI?
O culto a Deus pela liturgia sempre foi central em seu pensamento. Ele escreveu muito sobre o tema.
 
Ratzinger liga a crise da Igreja à crise da liturgia. Como elas se relacionam?
Deus está no topo da hierarquia dos nossos afetos. Se nossa relação com Deus está distorcida, defeituosa ou inadequada, todos os nossos relacionamentos serão distorcidos, defeituosos ou inadequados. Se nosso culto a Deus não é adequado ou agradável a Ele, enfraquecemos todos os outros aspectos de nossa vida. Nenhuma esfera da vida da Igreja pode estar bem se o culto litúrgico da Igreja não estiver saudável. Isso significa que precisamos rezar e adorar a Deus, como Igreja, da maneira como a própria Igreja determina que devemos fazê-lo. E precisamos manter uma continuidade com a forma como a Igreja sempre rezou. Essa continuidade é quebrada quando decidimos fazer as coisas de acordo com nossos próprios critérios, alterando incorretamente o modo de adorar e rezar. Assim fazemos mal a nós e a todos, porque estamos nisso juntos.

Quais as principais contribuições de Bento XVI para a liturgia?
Sua principal contribuição para o Novus Ordo (a missa celebrada atualmente) é, acima de tudo, a permissão para a celebração da missa tridentina na forma antiga, com o “motu proprio” Summorum pontificum. Parece paradoxal, mas não é. A celebração da forma mais tradicional lado a lado com o Novus Ordo cria uma atração gravitacional sobre como a forma nova é celebrada, no sentido de haver maior solenidade. O uso da missa tradicional, que está crescendo, ajudará a“curar” o culto e direcioná-lo para a continuidade com a herança católica e com o modo como a Igreja quer que celebremos.
 
A missa tridentina ganhou força com Bento XVI, mas ainda está disponível para uma minoria bem restrita. Ela permanecerá assim?
Pequenas minorias podem fazer coisas grandiosas. Além disso, o número de pessoas que frequentam a missa tradicional cresce lentamente, mas de forma consistente. Pelo menos nos Estados Uni­­dos, jovens padres e seminaristas vêm se interessando pela missa tridentina. À medida que eles vão assumindo paróquias, veremos um aumento no interesse por parte dos fiéis também.

Bento XVI também usou as missas papais para mandar mensagens sobre a maneira como ele quer ver a missa ser celebrada…
Sim, é importante a ação humilde, mas clara, do papa. Ele ensina pelo exemplo e pelo convite, em vez da imposição. Ele vem tentando trazer a Igreja de volta ao culto ad orientem (voltado para o oriente), e por isso pede que os altares tenham o crucifixo no centro, mesmo quando o padre está de frente para os fiéis. É um arranjo provisório na direção de colocar padre e fiéis juntos, voltados para a mesma direção, para o crucifixo, para o “oriente litúrgico”.Esta é a melhor forma de expressar nossa esperança e anseio pelo Senhor. O papa também vem promovendo a comunhão de joelhos e diretamente na boca, que é a forma adequada de nos aproximarmos do Senhor Eucarístico. Esses são os exemplos mais importantes.
 
Qual o papel do monsenhor Guido Marini, mestre de cerimônias pontifícias, nesse processo?
O monsenhor Marini entende muito bem a visão que o Santo Padre tem do culto litúrgico, e trabalhou para implementá-la. Ele tem feito um ótimo trabalho e espero que o próximo papa o mantenha no cargo.

Por que demora tanto para as mudanças e sugestões do papa serem aceitas nas dioceses e paróquias?
Porque é muito mais fácil demolir um prédio que construí-lo. Mas a geração dos que foram animados pelo chamado “espírito do Vaticano II”, oposto aos seus documentos, está passando. Uma nova geração está assumindo posições de liderança e não tem a bagagem desse entendimento torto do Concílio, o que Bento XVI chamou de “hermenêutica da ruptura”. A nova geração quer a continuidade e está bem aberta ao que o papa vem fazendo.
 
Visto em: Da Mihi Animas

Oratio tempus Sedis Vacantis


Oremus:

Súpplici, Dómine, humilitáte depóscimus: ut Sacrosánctae Románae Ecclésiae concédat Pontíficem illum tua imménsa píetas; qui et pio in nos stúdio semper tibi plácitus, et tuo pópulo pro salúbri regímine sit assídue ad glóriam tui nóminis reveréndus. Per Dóminum Nostrum Iesu Christum Fílium tuum, qui tecum vivit et regnat in unitáte Spíritus Sancti, Deus, per ómnia saecula saeculórum. Amen.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pastores dabo vobis!

 

I Rs. 2,35.
Suscitarei para mim um sacerdote fiel, que tudo fará segundo o meu coração e a minha alma; e construir-lhe-ei uma casa fiel, e andará sempre na presença do meu Cristo. Sl.131, 1. Lembrai-vos, Senhor, de David e de toda a sua mansidão. Glória ao Pai...

(Intróito da Missa para a eleição do Soberano Pontífice)

Sé Vacante - Na espera do Novo Sumo Pontifíce



Sede Vacante - A.D.MMXIII

Despedida: Papa chega em Castel Gandolfo


Despedida: Bento XVI se reúne com cardeais antes de deixar pontificado

 
O Papa Bento XVI reuniu-se na manhã desta quinta-feira, 28, com o Colégio Cardinalício em audiência privada, último compromisso de seu pontificado. Na ocasião, o Santo Padre despediu-se dos cardeais.
 
No encontro, o decano do colégio cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, dirigiu algumas palavras de homenagem ao Santo Padre. O Cardeal manifestou o profundo afeto dos cardeais pelo Papa e a gratidão pelo seu testemunho de serviço apostólico, para o bem da Igreja de Cristo e de toda a humanidade.
 
Leia mais
: Amar a Igreja significa ter a coragem de fazer opções difíceis, diz Bento XVI
: É tempo de sentir com a Igreja, diz Dom Odilo em Roma

O decano recordou o agradecimento expresso pelo Santo Padre no último sábado, no encerramento dos exercícios espirituais. Na ocasião, Bento XVI agradeceu à Cúria Romana não só pela semana de reflexões, mas também pelos quase oito anos nos quais compartilhou com ele o peso do ministério petrino.
 
“Amado e venerado Sucessor de Pedro, somos nós que devemos agradecer-lhe pelo exemplo que nos destes nestes quase oito anos de Pontificado. (…) Saiba que ardia também o nosso coração quando caminhávamos contigo nestes últimos oito anos. Hoje queremos uma vez mais exprimir-lhe toda a nossa gratidão”.
 
Diante das palavras, o Santo Padre também agradeceu. Ele afirmou, como já havia dito aos fiéis na última audiência geral, realizada ontem, que os conselhos recebidos dos cardeais ao longo de seu pontificado foram grandes riquezas para seu ministério. “Mesmo quando havia nuvens no céu, servimos Cristo e sua Igreja com amor total… demos esperança… só Deus pode iluminar nosso caminho… agradeço ao Senhor que nos uniu”.
 
Bento XVI manifestou seu desejo de que se possa crescer essa unidade profunda, de que o Colégio Cardinalício possa crescer em harmonia. Ele destacou o caráter vivo da Igreja, que vive iluminada pelo Espírito Santo, força de Deus.
 
“Através da encarnação de Cristo, permanece viva, continua a caminhar no tempo e em todos os lugares. Permaneçamos unidos, na oração e eucaristia cotidiana… animamos assim a Igreja e toda humanidade… antes de vos saudar, quero dizer que estarei próximo a vocês na oração, especialmente nos próximos dias. Que o Senhor lhes mostre o que quer de nós”.
 
Logo mais, às 17h (horário em Roma, 13h no horário de Brasília), Bento XVI deixa o Vaticano e segue para Castel Gandolfo. Ele deixa oficialmente o ministério petrino às 20h (16h no horário de Brasília). A partir deste momento, inicia-se o período de Sé Vacante, até a eleição do novo Papa.
 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O adeus de um Papa



O Papa Bento XVI fez na manhã de hoje, 27/02, sua última Audiência Pública na praça de São Pedro, no Vaticano, antes de renunciar ao Ministério Petrino. Diante de uma assembleia de mais de 150 mil pessoas, disse estar feliz por enxergar a Igreja viva e que jamais se sentiu sozinho nesses oito anos de pontificado. O Santo Padre ainda recordou que a Igreja não pertence a ele, mas a Cristo, e por isso, ela jamais afundará, mesmo quando as águas estiverem agitadas. "Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado, sigo a seu serviço no recinto de São Pedro", enfatizou.

A Audiência começou por volta das 10h40 locais (6h40 de Brasília). Ao aparecer na praça de São Pedro no papamóvel, Bento XVI foi ovacionado por uma multidão que gritava "Viva o Papa" e "Bento! Bento!". Claramente emocionado, passeou pela praça por quase 15 minutos, agradecendo aos fiéis que levantavam cartazes e o agradeciam. Foram distribuídos 50 mil ingressos para os peregrinos participarem da catequese, mas segundo as estimativas, o público presente era de mais de 150 mil pessoas.


O Papa ressaltou no seu discurso o significado do amor que se deve prestar à Igreja e a Cristo. "Amar a Igreja significa também ter a valentia de tomar decisões difíceis, tendo sempre presente o bem da Igreja, e não o de si próprio", afirmou. Falando ao público de língua portuguesa, disse que "um papa não está sozinho na condução da barca de Pedro". "Embora lhe caiba a primeira responsabilidade, o Senhor colocou ao meu lado muitas pessoas que me ajudaram e me sustentaram", declarou o pontífice.

Bento XVI convidou os fiéis a rezarem por ele e pelo próximo papa. Ele agradeceu a Deus por tê-lo guiado nesses oito anos de papado e pediu para que a Igreja amasse Jesus "com a oração e com uma vida cristã coerente". "Deus ama-nos, mas espera também que nós o amemos!", recordou. O Romano Pontífice falou também das várias cartas que recebeu de pessoas simples enquanto esteve à frente da Igreja nestes últimos anos. Afirmou que essas manifestações afetuosas permitiam "tocar com a mão o que é a Igreja", pois ela não é uma organização ou uma associação com fins religiosos ou humanitários, "mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que nos une a todos". "Experimentar a Igreja neste modo e poder assim com que poder tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor, é motivo de alegria, num tempo em que tantos falam do seu declínio", declarou o papa entre os aplausos dos fiéis.

Bento XVI assumiu a Cátedra de Pedro em 19 de abril de 2005, aos 79 anos de idade. Nesses oitos anos de pontificado, presidiu 348 audiências gerais, das quais participaram 4,9 milhões de pessoas até dezembro de 2012. Além disso, escreveu três encíclicas (Deus caritas est, Spe salvi e Caritas in veritate), a biografia de Jesus, na aclamada trilogia "Jesus de Nazaré", participou de três Jornadas Mundiais da Juventude, sendo a última em Madrid, Espanha, com a presença de mais de dois milhões de jovens e fez mais de 50 viagens apostólicas por todo o mundo, incluindo o Brasil em 2007, quando veio para canonizar Frei Galvão e abrir a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.

A partir das 20h (locais) de amanhã, 28/02, se inicia o tempo de Sé vacante, como estabeleceu o Papa Bento XVI no seu discurso em que anunciou a renúncia. Segundo o porta voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, Joseph Ratzinger continuará a usar o nome de Bento XVI e o título honorífico de "Sua Santidade". Ele deverá ser chamado de "Papa emérito" ou "Pontífice Romano Emérito". Já o seu anel papal deverá ser quebrado, como prescreve a tradição quando termina um pontificado. Bento XVI foi o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos.
 
Autor: Equipe Christo Nihil Praeponere
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