Em entrevista ao noticias.cancaonova.com, Dom Henrique destaca 
como o cristão deve vivenciar esse tempo litúrgico e alerta para o processo de 
descristianização do Natal que tem acontecido na sociedade.  
noticias.cancaonova.com: Qual o sentido do Natal? Como cada 
cristão deve vivê-lo?
Dom Henrique: O Natal não 
é simplesmente a festa de um dia. É um tempo litúrgico, isto é, um tempo sagrado 
no qual nos ritos, palavras, gestos e símbolos da liturgia, cheios do Espírito 
Santo, a Igreja torna presente o mistério da graça da vinda do Filho de Deus 
para ser humano como nós, elevando a humanidade a Deus. Dito em outras palavras: 
o Natal é o tempo no qual a Igreja celebra a graça da manifestação, da aparição 
do Filho eterno do eterno Pai na nossa natureza humana. Este tempo é celebrado 
com cinco festas: a Natividade do Senhor, a Sagrada Família, Santa Maria Mãe de 
Deus, Epifania do Senhor e Batismo do Senhor. Há ainda uma sexta festa, fora do 
tempo do Natal, mas a ele ligada: a Apresentação do Senhor, no dia 2 de 
fevereiro.
noticias.cancaonova.com: Vivemos em uma época 
na qual o valor da celebração do nascimento do Senhor dá lugar ao espírito 
consumista que leva famílias inteiras a viverem a data como uma simples 
festividade. Na visão do senhor, essa seria mais uma tendência imposta pelo 
relativismo?
Dom Henrique: Mais do que 
relativismo, trata-se do processo de descristianização e de secularização. Mas, 
não culpo a mundo, culpo os membros da Igreja. Nossas Missas são piedosas, 
exprimem o sagrado, ajudam a contemplar o Mistério ou, ao invés, são shows, 
teatrinhos, oficina de criatividade tola do padre e de outros ministros? Nossa 
catequese e nossas homilias introduzem realmente no Mistério ou, ao invés, são 
discursos insossos sobre mil assuntos, relegando o essencial ao segundo plano? 
Basta ver o quanto não é boa a consciência, a vivência dos fiéis ao participarem 
dos ritos sagrados...
noticias.cancaonova.com: Sabemos 
que o Natal por se tratar de uma das grandes celebrações litúrgicas da Igreja 
convida os católicos a participarem das Missas próprias de cada dia. Além das 
Celebrações, os cristãos também são convidados a práticas de piedade diversas ou 
a outras ações concretas que incentivem a boa vivência do real espírito 
natalino?
Dom Henrique: É indispensável 
participar da Missa do Natal, de Santa Maria Mãe de Deus e do Domingo da 
Epifania. Também é tempo de uma oração em família mais cuidadosa, de um tempo 
mais longo de leitura e oração com a Palavra de Deus e de atenção aos pobres, 
sendo para eles uma presença de Cristo, que se fez presente na nossa 
pobreza.
noticias.cancaonova.com: O Papa disse no Natal 
de 2005 que Deus é tão grande, que se faz pequeno. A partir dessa afirmação do 
Pontífice podemos concluir que também somos convidados a entrar em cheio na 
espiritualidade de um Deus que é simples?
Dom 
Henrique: O Natal é a festa da pobreza de Deus: "Sendo rico se fez 
pobre para nos enriquecer com a sua pobreza". Deus se fez pequeno, fez-se um de 
nós. No natal experimentamos que não estamos sozinhos, que Deus caminha conosco, 
e somos convidados a descobri-lo nas coisas pequenas, no que é simples e 
aparentemente sem valor. Deus não é Deus do mega, mas do micro!
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