sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vaticano desmente drástica mudança na reforma litúrgica

O Vaticano desmentiu as afirmações de um vaticanista italiano sobre o fato de que um de seus dicastérios se dedicaria a uma interpretação mais estrita das mudanças litúrgicas do Concílio Vaticano II.


O vaticanista italiano do jornal Il Giornale, Andrea Tornielli -que costuma estar bem informado sobre os acontecimentos da Santa Sé mas que esta vez foi refutado parcialmente- assinalou em sua coluna de 9 de fevereiro que o Papa Bento XVI modificaria logo algumas das responsabilidades da Congregação vaticana para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Segundo Tornielli, esta modificação, que viria contida em um motu proprio, faria possível que este dicastério promova uma liturgia "mais fiel às intenções originais do Vaticano II" deixando "menos espaço para mudanças arbitrárias" e pondo mais ênfase na sacralidade da Missa.

O documento, escreveu o vaticanista, teria como principal função mudar a jurisdição dos casos de matrimônios não consumados, quer dizer, onde ainda não houve relações sexuais entre os cônjuges, para que sejam vistos pelo tribunal da Rota Romana.

Tornielli explicou que perto de 500 casos são vistos a cada ano: a maioria deles da Ásia, onde os matrimônios arranjados são comuns. No Ocidente, os casos provêm de casais psicologicamente incapazes de cumprir o ato conjugal.

Sem essa carga, destacou, a congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos seria responsável exclusivamente de questões litúrgicas.

O vaticanista assinalou também que o motu proprio "poderia mencionar o 'novo movimento litúrgico'" ao qual o atual prefeito da Congregação, o Cardeal Antonio Cañizares, referiu-se em dezembro em uma entrevista com o jornal italiano Il Giornale. Nela o purpurado disse que as reformas litúrgicas se realizaram apressadamente após o Vaticano II e que "é necessário e urgente" voltar revisá-las.

Nesse caso, o que aconteceria é uma volta aos ensinos do Concílio Vaticano II para empreender "uma reforma da reforma", assinala Tornielli.

A Congregação assumiria assim este "novo movimento litúrgico" como parte de suas funções, explicou. Também indicou que uma nova seção deste dicastério seria criada para dedicar-se à arte e a música sacra.

O artigo de Tornielli gerou uma resposta do Vaticano poucas horas depois de publicado.

O porta-voz da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, confirmou que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos esteve estudando a possibilidade de um "motu proprio" para transferir os casos de matrimônios não consumados à Rota Romana.

Entretanto, o sacerdote precisou que "não existe fundamentos ou razões para ver nisto uma intenção de promover um controle 'restritivo' por parte da congregação sobre a promoção da renovação litúrgica desejada pelo Concílio Vaticano II".

De: ACI Digital

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