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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Retomando

Depois de muitos anos, muito crescimento, discernimento de vida e mudanças, cá estou retornando para este blog. Não sei quantos acompanharam esta página desde o início, ou durante algum tempo, ou se há ainda quem esteja visualizando alguma postagem. 

Retomarei, aos poucos, conforme vier inspiração e motivos para escrever, noticiar, compartilhar pontos de vista acerca da realidade de nossa Santa Igreja. 

Até breve.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

O discurso inaugural do Card. Sarah no Sacra Liturgia UK 2016

Pax et bonum!

Nos últimos dias muitos blogs e sites fizeram eco às palavras do Cardeal Robert Sarah, proferidas em seu discurso inaugural na conferência Sacra Liturgia UK 2016, que se encerra hoje. Pensamos que poderíamos apenas repostar a notícia de algum blog, mas achamos por bem ir além.

Após algumas pesquisas, encontramos uma página em que o discurso parece estar colocado na íntegra e logo iniciamos um trabalho de tradução.

Abaixo segue esta nossa tradução, que ainda poderá passar por alguma melhoria. Todavia, tivemos pressa em colocar o texto sob a apreciação de nossos leitores e esperamos que seja de bom proveito.

SACRA LITURGIA UK 2016Oratório de São Filipe Néri (Oratório de Brompton),Londres, 05/07/2016
Em primeiro lugar quero expressar minha gratidão à S. Ema., o Cardeal Vincent Nichols, por suas boas vindas à Arquidiocese de Westminster e por suas gentis palavras de saudação. Assim também quero agradecer à S. Exa., o Bispo Dominique Rey, Bispo de Fréjus-Toulon, pelo seu convite para estar presente com vocês nesta terceira conferência internacional "Sacra Liturgia", e para apresentar a vocês o discurso de abertura nesta tarde. Parabenizo V. Exa. nesta iniciativa internacional de promover o estudo da importância da formação e da celebração litúrgicas na vida e na missão da Igreja.

Neste discurso quero colocar diante de vocês algumas considerações sobre como a Igreja Ocidental pode caminhar rumo a uma implementação mais fiel da Sacrosanctum Concilium. Fazendo isto, proponho a seguinte pergunta: "O que os Padres do Concílio Vaticano Segundo tinham em mente com a reforma litúrgica?" Assim, gostaria de considerar como suas intenções foram implementadas seguindo o Concílio. Enfim, gostaria de colocar algumas sugestões para a vida litúrgica da Igreja hoje, de modo que nossa prática litúrgica possa mais fielmente refletir as intenções dos Padres Conciliares.

É muito claro, penso, que a Igreja ensina que a liturgia católica é o lugar singularmente privilegiado da ação salvadora de Cristo em nosso mundo hoje, por meio da real participação em que recebemos sua graça e sua força que são tão necessárias para nossa perseverança e crescimento na vida cristã. É o lugar divinamente instituído onde vamos cumprir nosso dever de oferecer sacrifício a Deus, de oferecer o Único Verdadeiro Sacrifício. É onde percebemos nossa profunda necessidade de adorar o Deus todo-poderoso. A liturgia católica não é uma reunião humana ordinária.

Quero sublinhar um fato muito importante aqui: Deus, não o homem, está no centro da liturgia católica. Viemos adorá-lo. A liturgia não é sobre você e eu; não é onde celebramos nossa própria identidade ou conquistas ou onde exaltamos ou promovemos nossa própria cultura e costumes religiosos locais. A liturgia é primeiro e acima de tudo sobre Deus e o que ele fez por nós. Em sua Divina Providência, o Deus todo-poderoso fundou a Igreja e instituiu a Sagrada Liturgia por meio da qual somos capazes de oferecer-lhe um culto verdadeiro de acordo com a Nova Aliança estabelecida por Cristo. Fazendo isto, ao adentrar as exigências dos ritos sagrados desenvolvidos na tradição da Igreja, recebemos nossa verdadeira identidade e significado como filhos e filhas do Pai.

É essencial que compreendamos esta especificidade do culto católico, pois em décadas recentes temos visto muitas celebrações litúrgicas onde o povo, personalidades e conquistas humanas têm sido proeminentes demais, quase ao ponto da exclusão de Deus. Como o Cardeal Ratzinger escreveu uma vez: "Se a liturgia aparece antes de tudo como uma oficina (um workshop) para nossa atividade, então aquilo que é enssencial foi esquecido: Deus. Pois a liturgia não é sobre nós, mas sobre Deus. Esquecer Deus é o perigo mais iminentes de nossa era" (Joseph Ratzinger, Theology of the Liturgy, Collected Works vol. 11, Ignatius Press, San Francisco 2014, p. 593).

Precisamos ser completamente claros sobre a natureza do culto católico se pretendemos ler corretamente e implementar fielmente a Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Missa tradicional em Fortaleza


Cardeal Cañizares: Summorum Pontificum estabelece igualdade de condições entre as formas do Rito Romano.

PREFÁCIO DO CARDEAL CAÑIZARES À TESE DE DOUTORADO DO PADRE ALBERTO SORIA JIMÉNEZ, O.S.B.
Estamos diante de um trabalho que aborda, em termos científicos, um tema que nos últimos anos tem sido objeto de controvérsias acirradas. Todavia, desde o início duas características de sua obra devem ser levadas em consideração: seu caráter acadêmico e a pertença do autor a uma comunidade fiel aos grandes princípios da liturgia, mas na qual a forma extraordinária do Rito Romano não é celebrada. Isso lhe permitiu observar a situação de fora”,tornando possível a grande objetividade refletida em sua pesquisa.
A concepção, claramente presente tanto no motu proprio como nos documentos relacionados, de que a liturgia herdada é uma riqueza a ser preservada deve ser entendida no espírito do movimento litúrgico na linha de Romano Guardini, a qual Bento XVI deve tanto de sua relação pessoal com a liturgia desde sua juventude. A história detalhada e documentada do processo, desde seu início nos anos 70 até os dias de hoje, que o autor dessa obra nos apresenta, mostra como essa legislação não foi um resultado momentâneo de pressão, nem uma reflexão da opinião pessoal e isolada do Papa, mas que outras pessoas haviam desejado por muito tempo uma solução semelhante. Esses critérios do jovem padre Joseph Ratzinger foram consolidados e purificados ao longo dos anos, e foram assumidos por João Paulo II, que havia considerado a possibilidade de oferecer uma legislação apropriada.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Brasília conta com uma capela destinada a Forma Extraordinária

No dia 13 de julho de 2014, um evento de grande monta na Arquidiocese de Brasília: a benção de uma igreja segundo a liturgia romana tradicional. Não é apenas a rara frequência dessa cerimônia nos tempos modernos que tornou o evento tão peculiar. Os inúmeros fiéis que acompanharam a solenidade da benção e a Santa Missa que a ela se seguiu testemunharam uma liturgia esplendorosa, um belíssimo e majestoso culto a Deus, uma profissão perfeitíssima de fé, em que foi honrada especialmente a Santíssima Virgem, pela imposição do título de Nossa Senhora das Dores à capela.


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Fonte: missatridentinaembrasilia.org

sábado, 14 de setembro de 2013

VI aniversário da entrada em vigor do Motu Proprio Summorum Pontificum!


"Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial."
 (Bento XVI no "Summorum Pontificum")



domingo, 1 de setembro de 2013

Papa pede orações pela Síria


Hoje, queridos irmãos e irmãs, queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.

Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam.

Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.

Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria.

Que não se poupe nenhum esforço para garantir a ajuda humanitária às vítimas deste terrível conflito, particularmente os deslocados no país e os numerosos refugiados nos países vizinhos. Que os agentes humanitários, dedicados a aliviar os sofrimentos da população, tenham garantida a possibilidade de prestar a ajuda necessária.

O que podemos fazer pela paz no mundo? Como dizia o Papa João XXIII, a todos corresponde a tarefa de estabelecer um novo sistema de relações de convivência baseados na justiça e no amor (cf. Pacem in terris, [11 de abril de 1963]: AAS 55 [1963], 301-302).

Possa uma corrente de compromisso pela paz unir todos os homens e mulheres de boa vontade! Trata-se de um forte e premente convite que dirijo a toda a Igreja Católica, mas que estendo a todos os cristãos de outras confissões, aos homens e mulheres de todas as religiões e também àqueles irmãos e irmãs que não creem: a paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade.

Repito em alta voz: não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz.

Que o grito da paz se erga alto para que chegue até o coração de cada um, e que todos abandonem as armas e se deixem guiar pelo desejo de paz.

Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.

No dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h00min até as 24h00min, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa ver gestos de paz e escutar palavras de esperança e de paz! Peço a todas as Igrejas particulares que, além de viver este dia de jejum, organizem algum ato litúrgico por esta intenção.

Peçamos a Maria que nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. Ela é mãe: que Ela nos ajude a encontrar a paz; todos nós somos seus filhos! Ajudai-nos, Maria, a superar este momento difícil e a nos comprometer a construir, todos os dias e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai por nós!

Fonte: Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé

sábado, 31 de agosto de 2013

Papa nomeia novo Secretário de Estado do Vaticano

Cardeal Bertone deixará o cargo no próximo dia 15 de outubro

A Santa Sé divulgou neste sábado, 31, a decisão do Papa Francisco em aceitar, de acordo com o cân. 354 do Código de Direito Canônico, a renúncia do Cardeal Tarcisio Bertone, do cargo de Secretário de Estado do Vaticano.
Sucessivamente, o Santo Padre nomeou o Monsenhor Pietro Parolin, Núncio Apostólico da Venezuela, como o novo secretário de Estado. Ele tomará posse do cargo no próximo dia 15 de outubro. A pedido do Papa, o Cardeal Bertone permanecerá na função até esta data, com todas as responsabilidades do setor.
Segundo Boletim da Santa Sé, no mesmo dia 15, o Pontífice receberá em audiência superiores e oficiais da Secretaria de Estado, para agradecer publicamente o cardeal Tarcisio Bertone pelo “serviço fiel e generoso” à Santa Sé, e para a apresentação do novo Secretário de Estado.
Monsenhor Pietro Parolin
Monsenhor Pietro Parolin nasceu em Schiavon (Vicenza), em 17 de janeiro de 1955. Foi ordenado em 27 de abril de 1980, e incardinado na diocese de Vicenza.
Entrou para o serviço diplomático da Santa Sé em 1º de julho de 1986, trabalhando nas representações pontifícias na Nigéria e no México, e na Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado.
Em 17 de agosto de 2009, foi nomeado Núncio Apostólico na Venezuela.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O AVESSO DA MISSA

O bispo, preocupado com as missas da diocese, convocara os principais cantores e ele mesmo na manhã de sábado deixara claro que esperava que no Ato Penitencial, no canto à Glória de Deus, no Santo e no Cordeiro de Deus fossem escolhidas canções que o povo cantasse junto.
Nada de solos. Que os cantos não fossem compridos demais. Que não se cantasse na hora do abraço da paz. Que houvesse respeito ao silêncio da ação de graças e que os músicos não tocassem naqueles três minutos de oração silenciosa. Sobretudo que não houvesse canções em tom que o povo não alcança
No dia seguinte, a cantora de voz maravilhosa que não fora ao encontro fez o avesso de tudo. Tocou e cantou tudo em tom operístico, cantou no abraço da paz e não respeitou o silêncio enfiando pelos ouvidos do povo a sua mais recente exibição, uma linda canção que nada tinha a ver com aquela parte da missa. Foi uma crise de queda de ministério quando o pároco pediu a ela que seguisse as normas dada pelo bispo. Ali mesmo e voz alta de generala, ela pediu demissão, desafiando o padre a encontrar alguém que soubesse música como ela e seus três acompanhantes… Por três semanas o padre presidiu as missas sem canção alguma, até que o pároco da cidade vizinha ofereceu um de seus grupos que cantava e tocava de acordo com liturgia.
Quem viaja há mais de 40 anos a serviço da catequese e assiste ou participa de missas no Brasil e no mundo não pode deixar de perceber a boa e a má qualidade das celebrações, por conta do presidente da assembléia, do pregador e dos músicos e cantores. Há os ótimos, os bons e os intragáveis. Não sejamos negativos. Os ótimos e os bons, felizmente são muitos. Dá gosto ouvir alguns sacerdotes a explicar a missa daquele dia. Dá gosto ouvir o coral e os músicos em algumas paróquias.
Mas o inverso da missa também existe. Percebe-se em alguns casos que nem o padre, nem cantores, nem músicos levam a sério as instruções da Igreja sobre o seu papel na celebração que não é deles e, sim, da Igreja. O povo fica por amor a Jesus Cristo. Se fosse um teatro pago esvaziaria o lugar, em protesto pelo que tem de ouvir á sua frente: pregador repetitivo que nunca se fundamenta e cantores que não ensaiam.
Os biógrafos de São Pio X registram o que ele já percebera nos inícios de 1900 a respeito da missa dos católicos. O papa autor do Motu Próprio, preocupado com a liturgia e sua dignidade via o que hoje ainda vemos: às vezes os cantores extrapolam, improvisam a missa cinco minutos antes do canto de entrada, e, seja por desconhecimento das normas, seja por desprezo das mesmas, inverte a missa: canta-se mais do que se fala e canta-se diante do povo, mas não com o povo. Somados os minutos, a missa cheia de canções compridas com refrões cansativamente repetidos, dá 40 minutos de música e 30 de fala… O templo vira anfiteatro, o altar vira palco, e a missa vira opereta. Escolhem-se canções que só o solista consegue executar. Assim, ele ou ela aparece com sua linda voz em mais uma brilhante exibição de talento para Jesus e para a assembléia. Falta penas a claque com a tabuleta escrita: “aplausos”…
Na biografia de São Pio X que governou a Igreja por 9 anos, se lê que dos pregadores ele esperava que não pregassem o enrolez, isto é, não fossem engroladores de oremus, mas preparassem os sermões e pregassem de verdade; não fossem peudo-Bossuet, imitadores de linguagens, com sermões calcados em frases óbvias, daqueles que se tira da estante sem nenhum cuidado de estudar o texto do dia. Dos cantores ele pedia mais dignidade ao cantar nas missas. Era melhor regressar ao canto gregoriano do que cantar árias de óperas na Igreja. Fugissem de cantos água com açúcar. As canções tivessem conteúdo teológico sólido e as melodias fossem adequadas a uma celebração.
Um século depois em algumas paróquias nada mudou. Não esquecendo os elogios a comunidades onde a missa é levada a sério e ninguém aparece demais, não há como silenciar diante das missas estruturadas para revelar padres e cantores televisivos. Fogem ao conceito de Celebração Eucarística. Em missas televisionadas a discrepância é ainda maior porque os câmeras, despreparados para a fé católica teimam em salientar detalhes que nada têm a ver com a celebração; gastam 70% do tempo mirando o padre, como se a missa fosse ele ou dele. Se o Cristo aparecesse em pessoa provavelmente continuariam mirando o padre, tal a força e o charme do mais novo celebrante televisivo da região. Exageros à parte reflitamos sobre a missa como ato da assembléia e não de uma ou duas pessoas.
As normas existem há séculos. Com o advento da Internet e da Televisão a missa tornou-se cada dia mais virtual. A figura do celebrante ganhou closes e relevância. Alguns não resistiram ao protagonismo e passaram a celebrar mais para as câmeras do que para os presentes, desfilando garbosos, para cá e para lá, suas vestes multicoloridas como o manto de José do Egito. Esqueceram o detalhe de que apenas presidem a assembléia e de que não estréiam mais um espetáculo de luz e de som.
A dignidade da função não permite ao presidente da assembléia que extrapole em funções que não são suas, tanto quanto não permite ao cantor que dê seu show de talento. O padre que pega do violão na ação de graças e canta sua mais nova canção procure uma boa explicação para aquele gesto, porque uma ou duas vezes em festas especiais passam, mas três vezes por mês é excesso… E aquele que insiste em improvisar a melodia do prefácio, pagando um enorme mico porque criar melodia não é dom para qualquer um, tome lições de canto. Os músicos presentes saem todos rindo do padre que começou cheio de si e acabou causando dó…

Que se reveja tudo isso! Falar, a Igreja fala, mas ouvir, nem todos ouvem! Com isso, sofre o povo que merecia sermões bem fundamentados e canções que sustentam o texto daquele dia. Quem sabe, um dia, as missas em todas as paróquias cheguem ao que os documentos da Igreja propõem que sejam…A Igreja muda devagar, mas muda!
Pe. Zezinho scj

Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com/wallwp/artigos_padre_zezinho/pastoral/o-avesso-da-missa

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Missal de Paulo VI e a Reforma da Reforma Litúrgica.


O pontificado de Bento XVI deu uma atenção especial à chamada "reforma da reforma". O foco era corrigir as imprecisões e aberturas do Missal de Paulo VI, que dão espaço a interpretações protestantes da Celebração Eucarística. Mas quais são essas aberturas e como elas surgiram? E qual deve ser a posição dos católicos frente a esses problemas?

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Carta do Prelado

Caríssimos: que Jesus guarde as minhas filhas e os meus filhos!

Ao mencionarmos o mês de agosto, vem-nos espontaneamente à cabeça o tesouro da nossa Mãe, porque Ela é o tipo da Igreja. Recorramos a Nossa Senhora, muito particularmente nestas semanas, para que Ela nos obtenha da Trindade uma vida limpa, que facilite a nossa relação com a Verdade em tudo e para tudo, que nos torne mulheres e homens de alma – insisto – limpa, mais leais a Deus; e assim seremos mais Igreja, mais Opus Dei.

Escrevo-vos da terra brasileira, já terminada a Jornada Mundial da Juventude. Foram dias de grande intensidade espiritual, em que estivemos muito próximos do Santo Padre e na companhia dos Bispos, sacerdotes e dos milhões de fiéis que foram ao Rio de Janeiro. Acheguei-me ao Senhor com a vossa oração e com o vosso trabalho para que os frutos espirituais e também os humanos estejam presentes abundantemente em nós e nas pessoas com quem nos relacionamos: oxalá a semente de Deus, que o Espírito Santo espalhou em tantos corações, amadureça para o bem da Igreja e do mundo inteiro.

O mês passado foi pródigo em dons divinos. Começou com a apresentação da encíclica Lumen fidei, com a qual o Papa Francisco completou a trilogia sobre as virtudes teologais iniciada por Bento XVI. Convido-vos a meditá-la pausadamente, para que a nossa inteligência se encha de luzes e a nossa vontade de moções, a fim de que nos comprometamos com mais ardor com a nova evangelização.

No dia 5, data em que a encíclica foi publicada, também se deu a conhecer a aprovação pontifícia do milagre atribuído à intercessão de D. Álvaro, que abre as portas para a sua beatificação, e também do milagre que permitirá a canonização de João Paulo II. Encheu-me de alegria a singular coincidência destes dois atos pontifícios na mesma data, que vejo como manifestação da sintonia espiritual que existiu entre aquele grande Pontífice e o meu queridíssimo predecessor à frente da Obra.

Na encíclica, o Papa recorda que a fé em Jesus Cristo e em tudo aquilo que Ele nos revelou permanece intacta desde os tempos apostólicos. Como isto é possível? Como podemos estar seguros de que chegaremos ao “verdadeiro Jesus” através dos séculos? [1]. A resposta a esta pergunta, formulada por muitos dos nossos contemporâneos, reduz-se, com total fundamento, a uma só: por meio da Igreja. A Igreja, como toda a família, transmite aos seus filhos o conteúdo da sua memória. Como fazê-lo de maneira que nada se perca e, pelo contrário, tudo se aprofunde cada vez mais no patrimônio da fé? Mediante a tradição apostólica, conservada na Igreja com a assistência do Espírito Santo [2].

Essa transmissão da Igreja, sempre atual, está contida principalmente nos Símbolos e também em outros documentos do Magistério que expõem a doutrina da fé; por isso, ao longo destes meses, estamos esforçando-nos por aprofundar no Credo, ajudados pelo Catecismo da Igreja Católica e pelo seu Compêndio, felizes de que a nossa fé também brilhe na vida dos santos ao longo do ano litúrgico. O milagre atribuído à intercessão do queridíssimo D. Álvaro oferece-nos outro acicate para pormos em prática o espírito do Opus Dei, velho como o Evangelho, e como o Evangelho, novo [3]: a busca da santificação na vida corrente, mensagem que Deus confiou a São Josemaria para que o plasmasse na sua alma e na de muitas outras pessoas. Assim que a notícia se tornou pública, sugeri-vos que nos adentrássemos mais na resposta santa de D. Álvaro: na sua fidelidade a Deus, à Igreja e ao Romano Pontífice, na sua plena identificação com o espírito da Obra recebido de São Josemaria, que ele continuou a transmitir-nos em toda a sua integridade.

E agora detenho-me em outra das notas características da Igreja: a santidade. Para ajudar-nos a regozijar-nos com esta realidade, Bento XVI assinalava que ao longo deste ano «será decisivo voltarmos a percorrer a história da nossa fé, que contempla o mistério insondável do entrelaçamento da santidade com o pecado» [4]. A reflexão sobre a santidade da Igreja – manifestada na sua doutrina, nas suas instituições, em tantos filhos e filhas seus ao longo da história – mover-nos-á a uma profunda ação de graças ao Deus três vezes Santo, fonte de toda a santidade, a saber que estamos inseridos na manifestação de amor da Trindade por nós. Como recorremos a cada Pessoa divina? Sentimos a necessidade de amá-las diferenciando-as?

Ao expor a natureza da Igreja, o Concílio Vaticano II destacou três aspectos nos quais o seu mistério se exprime com maior propriedade: o Povo de Deus, o Corpo místico de Cristo, o Templo do Espírito Santo; e o Catecismo da Igreja Católica desenvolve-os amplamente [5]. Em um deles reverbera a nota da santidade, que, como as outras notas, distingue a Igreja de qualquer agrupamento humano.

A denominação Povo de Deus remete ao Antigo Testamento. Javé escolheu Israel como o seu povo peculiar, como anúncio e antecipação do Povo de Deus definitivo que Jesus Cristo ia estabelecer por meio do sacrifício da Cruz. Vós sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa [6]. Gens Sancta, povo santo, composto por criaturas com misérias. Esta aparente contradição marca um aspecto do mistério da Igreja. A Igreja, que é divina, é também humana, porque está formada por homens e nós, os homens, temos defeitos: omnes homines terra et cinis (Ecclo 17, 31),todos somos pó e cinza [7].

Esta realidade tem de mover-nos à contrição, à dor de amor, à reparação, mas nunca ao desalento ou ao pessimismo. Não esqueçamos que o próprio Jesus comparou a Igreja a um campo em que crescem juntos o trigo e o joio; a uma rede de arrasto que apanha peixes bons e peixes maus e que, os quais, só no final dos tempos serão separados definitivamente uns dos outros [8]. Ao mesmo tempo, consideremos que já agora, na terra, o bem é maior que o mal, a graça é mais forte que o pecado, embora às vezes a sua ação seja menos visível. Mas acontece que a santidade pessoal de tantos fiéis – dantes e de agora – não é uma coisa aparatosa. É frequente que não a descubramos nas pessoas normais, correntes e santas, que trabalham e convivem no meio de nós. Para um olhar terreno, o pecado e as faltas de fidelidade ressaltam mais; chamam mais a atenção [9]. O Senhor quer que nós, suas filhas e seus filhos no Opus Dei, e muitos outros cristãos, recordemos a todos os homens e mulheres que receberam essa vocação para a santidade e hão de esforçar-se por corresponder à graça e ser pessoalmente santos [10].

A Igreja é o Corpo místico de Cristo. «Durante o decurso dos tempos, o Senhor Jesus forma a sua Igreja por meio dos sacramentos, que emanam da sua plenitude. Através destes meios, a Igreja faz os seus membros participarem do mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo pela graça do Espírito Santo, que a vivifica e a move» [11].

A Igreja «é, assim, santa, embora abarque no seu seio pecadores, porque não goza de mais vida que a da graça; certamente, os seus membros alimentam-se desta vida, santificam-se; se se afastam, contraem pecados e manchas da alma que impedem que a santidade da Igreja se difunda radiante […]. A Igreja aflige-se e faz penitência por aqueles pecados, e tem o poder de livrar deles por meio do sangue de Cristo e do dom do Espírito Santo» [12].

Antes de mais nada, o corpo remete-nos a uma realidade viva. A Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas é um corpo vivente, que caminha e age na história. E este corpo tem uma cabeça, Jesus, que o guia, o nutre e o sustenta […]. Da mesma forma que num corpo é importante que circule a linfa vital para que viva, assim devemos permitir que Jesus aja em nós, que a sua Palavra nos guie, que a sua presença eucarística nos nutra, nos anime; que o seu amor dê força ao nosso amor ao próximo. E isto sempre! Sempre, sempre! Caros irmãos e irmãs – insistia o Santo Padre –, permaneçamos unidos a Jesus, fixemo-nos nEle, orientemos a nossa vida de acordo com o seu Evangelho, alimentemo-nos com a oração diária, com a escuta da Palavra de Deus, com a participação nos sacramentos [13].

É evidente que o corpo humano se compõe de uma diversidade de órgãos e de membros, cada um com a sua função própria sob o governo da cabeça, para o bem de todo o organismo. Por isso, na Igreja, por vontade de Deus, existe uma variedade, uma diversidade de tarefas e de funções; não existe a uniformidade plana, mas a riqueza dos dons que o Espírito Santo distribui. Mas existe a comunhão e a unidade: todos estão em relação uns com os outros e todos concorrem para formar um único corpo vital, profundamente unido a Cristo [14]. Esta união com Cristo, Cabeça invisível da Igreja, tem de manifestar-se necessariamente na forte união com a Cabeça visível, o Romano Pontífice, e com os Bispos em comunhão com a Sé Apostólica. Como fez São Josemaria, rezemos todos os dias pela unidade de todos na Igreja santa.

Desde há muito tempo, se diz que, no seio do Corpo místico de Cristo, o Paráclito cumpre a função da alma no corpo humano: dá-lhe vida, conserva-o na unidade, torna possível o seu desenvolvimento até alcançar a perfeição que Deus Pai lhe atribuiu. A Igreja não é um entrançado de coisas e de interesses, mas é o Templo do Espírito Santo, o Templo em que Deus age, o Templo em que cada um de nós, com o dom do Batismo, é pedra viva. Isto diz-nos que ninguém é inútil na Igreja […]. Ninguém é secundário [15].

Como membros do mesmo Corpo místico, nós, cristãos, podemos e devemos ajudar-nos uns aos outros a atingir a santidade, por meio da Comunhão dos santos, que confessamos no Símbolo apostólico. Além de exprimir a que todos os fiéis participam das magnalia Dei, das riquezas de Deus (a fé, os sacramentos, os diversos dons espirituais), «a expressão “Comunhão dos santos” também designa a comunhão entre as pessoas santas (sancti), isto é, entre aqueles que, pela graça, estão unidos a Cristo morto e ressuscitado» [16]: os santos do Paraíso, as almas que se purificam no Purgatório, aqueles que, ainda na terra, travam as batalhas da luta interior. Formamos uma só família, a família dos filhos de Deus, para louvor da Santíssima Trindade: com que inteireza cuidamos dela?

São Josemaria cumulava-se de consolo ao meditar esta verdade de fé, que faz com que nenhum batizado possa sentir-se só: nem na sua luta espiritual, nem nas suas dificuldades materiais. Vemos esta segurança em Caminho: Comunhão dos Santos. – Como dizer-te? – Sabes o que são as transfusões de sangue para o corpo? Pois assim vem a ser a Comunhão dos Santos para a alma [17]. Pouco depois, acrescentou: Terás mais facilidade em cumprir o teu dever, se pensares na ajuda que te prestam os teus irmãos e na que deixas de prestar-lhes se não és fiel [18].

Filhas e filhos meus, enchamo-nos sempre de muito ânimo. Ainda que possamos sofrer um tropeço, ainda que por vezes nos sintamos fracos e sem forças na luta espiritual, sempre é possível, com a graça de Deus, retomarmos o caminho rumo à santidade. Estamos rodeados de uma multidão de santos, de pessoas fiéis ao Senhor que começam e recomeçam constantemente na sua vida interior.

Por outro lado, basta-nos erguer os olhos para o Céu. E a esta certeza também nos convida a grande solenidade que celebraremos no dia 15: a Assunção da Santíssima Virgem. Firmados na intercessão de Jesus Cristo, que roga a Deus Pai constantemente por todos nós [19], como é grande o consolo, como é pleno o amparo que a contemplação da nossa Mãe nos traz, sempre empenhada na salvação dos cristãos e de todos os homens! Na Santíssima Virgem, a Igreja já chegou à perfeição, em virtude da qual não tem mancha nem ruga [20]. Nós, todos os fiéis, ainda nos esforçamos por vencer nesta nobre tarefa da santidade, afastando-nos inteiramente do pecado; e por isso levantamos os olhos para Maria, que resplandece como modelo de virtudes para toda a comunidade dos eleitos [21]. Assim, recorramos a Ela em todas as vicissitudes da Igreja e nas pessoais de cada um de nós. Mãe! – Chama-a bem alto, bem alto. – Ela, tua Mãe Santa Maria, te escuta, te vê em perigo talvez, e te oferece, com a graça de seu Filho, o consolo de seu regaço, a ternura de suas carícias. E te encontrarás reconfortado para a nova luta [22].

Que este clamor de oração suba ao Céu com muita força, a partir da terra inteira, ao renovarmos a consagração do Opus Dei ao Coração dulcíssimo e imaculado de Maria no próximo dia 15. Unidos fortemente na oração, peçamos à bondade divina todas as graças de que o mundo, a Igreja e cada um de nós necessitamos.

Com todo o afeto, abençoa-vos

o vosso Padre

+ Javier

Sítio da Aroeira, 1º de agosto de 2013.
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