quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Fevereiro com Consistório?



No ano que vem, “se Deus quiser”, está previsto o quarto consistório de Bento XVI, com a criação de novos cardeais. E graças a estas novas entradas o número de purpurados votantes de nomeação “ratzingeriana” superará pela primeira vez aqueles de nomeação “wojtyliana” no colégio de eleitores do papa.

A data mais provável do novo consistório será o fim de semana que precede 22 de fevereiro, festa litúrgica da Cátedra de são Pedro: festa tradicional associada aos consistórios, mas ao próximo ano não será utilizada, porque coincide com a quarta-feira de cinzas.

Em todos os outros três precedentes consistórios de Bento XVI - acontecidos em 24 de março de 2006, 24 de novembro de 2007 e 20 de novembro de 2010- o anúncio oficial foi dado cerca de um mês antes e sempre ao final de uma audiência geral das quartas-feiras: respectivamente em 22 de fevereiro, 17 de outubro e 20 de outubro daqueles anos. Se este tempo padrão virá a ser mantido também desta vez, se pode supor que os nomes dos novos cardeais a serem criados em 19 de fevereiro poderiam ser divulgados ao final da audiência de 18 de janeiro.

Até agora Bento XVI criou 62 cardeais, 12 dos quais ao momento de receberem a púrpura já haviam superado os oitenta anos. Atualmente estão vivos 57 e aqueles com direito de voto são 46, que passarão a ser 45 em 13 de janeiro próximo, quando o chinês cardeal Joseph Zen excederá a idade que não consente mais a um cardeal participar de um conclave.

De acordo com as regras estabelecidas por Paulo VI em 1973 e confirmadas por João Paulo II o número máximo de cardeais eleitores - que são aquelas firmadas em 1970 com o motu proprio “Ingravescentem aetatem” havendo menos de oitenta anos têm o direito de participar de um eventual conclave - foi fixado em 120.

Atualmente os cardeais são 192. Aqueles com menos de oitenta anos somam 109, que reduzirão a 107 em 19 de fevereiro (sobre Zen, de fato, haverá completado 80 anos, em 6 de janeiro, também o português José Saraiva Martins). Isto quer dizer, ao próximo consistório os novos purpurados serão, ao menos 13, mas mais provavelmente 15, e mais, visto que nos meses sucessivos de 2012 outros onze purpurados farão oitenta anos.

Bento XVI até agora tem superado o limite de 120 cardeais (aconteceu em 2007 e 2010). Desta vez, em seguida, as nomeações podem ser ligeiramente mais numerosas, porém sempre muito inferiores aquelas de João Paulo II quando se chegou – depois dos consistórios de 2001 e 2003 – ao número recorde de 135 cardeais eleitores.

No Palácio Apostólico já se começam a circular as listas dos novos cardeais, mas aquela definitiva virá, como sempre, poucos dias antes do anúncio. No consistório de 2010,  metade dos cardeais são dirigentes da cúria e de outros ofícios eclesiásticos romanos que prevêem um purpurado no cargo. Para 2012 as expectativas de nomeação dos italianos são Fernando Filoni (prefeito da Propaganda Fide), Domenico Calcagno (presidente da APSA), Giuseppe Versaldi (prefeito dos assuntos econômicos) e Giuseppe Bertello (presidente do governatorato do Estado da Cidade do Vaticano), o brasileiro João Braz de Aviz (prefeito da congregação para os religiosos), o estadunidense Edwin F. O’Brien ( grão-mestre da ordem equestre do Santo Sepulcro) e o espanhol Santo Abril y Castello (arcipreste de Santa Maria Maior). A estes poderão se juntar Francesco Coccopalmerio (presidente do pontifício conselho para os textos legislativos) e/ou Rino Fisichella (presidente do conselho pela nova evangelização). Por enquanto para as dioceses tradicionalmente guiadas por um cardeal, poderá ser respeitada a prática que prevê não criar um novo cardeal se ainda houver um emérito com menos de oitenta anos. Uma exceção poderá ser feita para Timothy Dolan, de Nova Iorque, e para o dominicano Dominik Duca, de Praga, os quais emérito completarão 80 anos, respectivamente, em 2 de abril e 17 de maio próximos.
Na lista deverão entrar os novos arcebispos de Berlim (Rainer Maria Woelki), de Toronto (Thomas C. Collins) e de Utrecht (Willem J. Eijk), o bispo de Hong Kong (John Tong) e no Líbano o novo patriarca maronita Bechara Raí e na Índia o novo arcebispo maior dos siro-malabares George Alencherry. Mais complexa a questão das sedes episcopais nas quais o cardeal emérito não está aposentado, mas foram chamados para a cúria romana. É o caso de Florença, de Toledo e do Quebec, em que os arcebispos eméritos (assim define o Anuário Pontifício) são agora, respectivamente, presidente do pontifício conselho para a família (Ennio Antonelli), prefeito da congregação para o culto divino e disciplina dos sacramentos (Cañizares Llovera) e prefeito da congregação para os bispos (Marc Oullet). Em 2010, a prática de estar presente na mesma sede a dois cardeais votantes foram rigorosamente aplicadas em casos semelhantes. Para 2012 não se sabe quando se tomará uma decisão definitiva, também se prevalece a confirmação desta aplicação rígida. Os que deverão esperar mais uma vez serão os arcebispos de Los Angeles, Filadélfia, Westminster, Malines-Bruxelas, Turim, Sevilha, Rio de Janeiro, São Salvador da Bahia, Santiago do Chile, Bogotá, Quito, Jacarta, Manila.
Além dos nomes escolhidos, a verdade é que durante 2012 – com o novo consistório e com os treze novos cardeais que passarão de 80 anos, dois deles criados durante o atual pontificado (Zen e o filipino Gaudencio Rosales) – o colégio dos eleitores do papa será pela primeira vez composto de purpurados de maioria criada por Bento XVI.
Entende-se, naturalmente, que papa Ratzinger poderá criar um ou mais cardeais “ad honorem”, isto é, que superaram os oitenta anos de idade.

Retirado de: SACRIS SOLEMNIIS
Traduzido por: Santa Igreja 

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