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domingo, 26 de janeiro de 2025

É hora de parar por aqui

Não sei quantos ainda me seguem neste blog desde o início, desde o seu "auge" há uns doze ou quinze anos, ou quem o segue somente desde esta recente retomada. Contudo, estou mudando o jeito de me comunicar e para isto criei um novo blog, um novo local onde poderei expressar-me de maneira mais subjetiva naquilo que me vem como inspiração.

Diante disto, deixarei este blog no ar e, quando necessário, voltarei aqui para buscar inspiração nos meus novos textos.

A quem se interessar naquilo que venho escrevendo, deixo o link do meu novo blog: Nova et Vetera.

A (des)continuidade - Traditionis Custodes (Parte I)

Foto CNS/L'Osservatore Romano

Acompanhando o Motu Proprio Summorum Pontificum, o papa Bento XVI fez questão de enviar uma carta a cada bispo do mundo inteiro em que explicava a sua vontade ao ter promulgado o documento "sobre o uso da liturgia romana anterior à reforma realizada em 1970". Nesta carta, quero destacar um parágrafo que sintetiza toda a ideia do documento e que já há muito foi difundido neste mesmo blog e em outros mundo afora: 

Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar. Obviamente, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades aderentes ao uso antigo não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros. De facto, não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade do novo rito a exclusão total do mesmo.

Parece, à primeira vista, um pouco óbvia a conclusão do papa: não pode haver contradição entre os dois missais romanos, senão, um estaria correto e outro errado. Ou um estaria com a fé católica ou o outro estaria privado desta, ou um santificaria e edificaria ou o outro não, etc. No entanto, seguindo um princípio lógico, quis o papa afirmar a ideia da busca por conciliar as duas liturgias romanas em pé de igualdade, mesmo que ainda exista uma certa preferência subjetiva entre as duas.

O ponto mais certeiro desta citação do documento de Bento XVI é exatamente o que consta no art. 1º do Motu Proprio Summorum Pontificum

Art. 1. O Missal Romano promulgado por  Paulo VI é a expressão ordinária da «lex orandi» («norma de oração») da Igreja Católica de rito latino. Contudo o Missal Romano promulgado por São Pio V e reeditado pelo Beato  João XXIII deve ser considerado como expressão extraordinária da mesma «lex orandi» e deve gozar da devida honra pelo seu uso venerável e antigo. Estas duas expressões da «lex orandi» da Igreja não levarão de forma alguma a uma divisão na «lex credendi» («norma de fé») da Igreja; com efeito, são dois usos do único rito romano. 

O papa esclareceu uma grande questão que estava aberta na Igreja, se era lícito ou não continuar celebrando a liturgia romana anterior à reforma de 1970, e se isto é considerado um atentado à unidade da eclesial ou ao próprio romano pontífice enquanto garantidor desta unidade deseja pelo Senhor. E a resposta do papa foi a de que o rito romano teria duas formas, dois usos, uma ordinária (a mais recente, moderna) e uma extraordinária (mais antiga). 

Este pensamento fixou-se como uma "reparação histórica" a todos quantos lutaram pela manutenção da liturgia romana antiga, que como afirmou o papa Bento XVI, não poderia ser considerado prejudicial, pois permanecia sagrado e grande também para a atual geração. Lembremos que até hoje encontramos muitos sacerdotes idosos, aqueles padres comuns de nossas igrejas, que celebram suas missas, até mesmo com algumas irreverências, diga-se, que encontraram sua vocação por meio daquela liturgia, ainda que hoje não a celebrem mais, e que naquela missa foram ordenados.

Nesta esteira, cabe pensar que o atual papa Francisco foi batizado, crismado, teve a sua primeira comunhão e juventude inteira inteira assistindo a missa anterior à reforma de 1970, basta lembrar que ele foi ordenado sacerdote em 1964, quando a liturgia romana já estava modificada, porém ainda tinha muito mais semelhança com a velha forma que com a nova. O despertar da sua vocação não foi uma atração pela liturgia nova porque esta não existia, foi pela missa antiga, já que esta era a única forma do rito romano.

Entretanto, a geração do papa Francisco e as seguintes que tiveram contato com todas as deformações litúrgicas que não foram corrigidas pelas autoridades, mas que, pelo contrário, pareciam ser incentivadas a ponto de desfigurar de tal forma o rito que somente mantinha-se a sua validade por não alterarem a fórmula da consagração eucarística, dispuseram que a então chamada forma extraordinária do rito romano não pode ser considerada rito romano. E poderá ser considerada o quê? 

Foi em 16/07/2021 que o papa Francisco publicou o Motu Proprio Traditiones Custodes, que indo no sentido oposto ao do seu predecessor e com uma carta enviada aos bispos do mundo inteiro na qual explicava sua motivação, determinando que a denominada missa ordinária, considerada como aquela prevista "nos livros litúrgicos promulgados pelos santos pontífices Paulo VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II, são a única expressão da lex orandi do Rito Romano".

Percebemos aí que catorze anos depois, os papas entraram em contradição. A contradição é algo que não pode existir na Igreja, pois a verdade é indivisível e só permite que uma afirmação seja correta enquanto a outra deverá obrigatoriamente ser falsa. Parece-nos muito mais baseado na lógica ficarmos com o posicionamento do papa Bento XVI segundo o qual a liturgia romana teria duas formas de ser celebrada, de lex orandi, portanto, tanto por que a liturgia romana - dita extraordinária - cronologicamente é anterior, tanto porque foi utilizada durante mais de 16 séculos quase que invariavelmente na Igreja, gerando santos e uma civilização inteira como testemunha de sua unidade.

Diante de tudo isto, o que chega até a minha geração? Mais fraturas no corpo eclesial. Mais feridas. Mais rupturas incisivas, mais autoritarismo, mais desobediência, mais contradições e mais desunião entre os fiéis. Drásticas medidas levam a drásticos resultados. Um fato incontestável é que a descontinuidade entre os dois pontificados recentes é só mais uma marca da história da Igreja no século XXI.

[Continua...]

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Uma decadência (im)prevista

Foto de Marko Vombergar/ALETEIA

 Foto de Marko Vombergar/ALETEIA


Nos anos de 2007 a 2013, mais precisamente até fevereiro de 2013, quando se vivia o pontificado de Bento XVI, uma gama de presbíteros, seminaristas e leigos sob o impulso exemplar do papa da época eram motivados a empreender esforços para transformar a liturgia moderna - forma ordinária do rito romano na denominação do próprio Bento XVI - cada vez mais parecida/conectada com a liturgia antiga, isto é a então denominada forma extraordinária do rito romano.

Respirava-se naqueles anos uma expectativa de quando e como o papa celebraria algum ato litúrgico conforme as rubricas antigas (o que por si só seria algo extraordinário!), mas os anos se passavam e o seu mestre de cerimônias Guido Marini era enfático em afirmar que não havia sido requerido nada do tipo, não tendo data prevista para tal. 

Muitos eram também os sacerdotes, que no afã do momento, repristinavam paramentos esquecidos, confeccionavam outros, escreviam textos na internet conclamando para o respeito ao texto conciliar e o seu correto modo de interpretação (a chamada hermenêutica da continuidade), celebravam em igrejas cada vez mais lotadas de jovens a missa antiga e pregavam pelo apelo à obediência ao papa, ao respeito à liturgia antiga e moderna, e ao estudo sério do catecismo.

Em março de 2013 com a eleição do papa Francisco, estes mesmos sacerdotes, seminaristas e leigos, acabaram por acordar de um sonho, diga-se, porque o papa já não usava rendas, nem belos paramentos, trajava somente a batina branca com cruz da cor de prata e não "rubricava" como era de se esperar de um jesuíta. Muitos destes mudaram o discurso, as vestes, os textos e alguns até mudaram a fé, aliás, deixaram a fé. 

Não pretendo nestas linhas criticar o papa Francisco, mas sim apontar o que eu vi e ouvi nestes anos de internet. A bem da verdade, durante este intervalo de 2016 até hoje, eu mesmo passei por algumas mudanças. Estive a investigar os dois lados de um paralelo, como o padre Paulo Ricardo chamou, a batalha dos missais. 

O que aqui busco expor brevemente é como tivemos uma guinada, de 2013 para cá, naquilo que há pouco tempo era considerado um "sopro do Espírito" ou também, como diz-se no Concílio Vaticano II, os "sinais dos tempos", de que o pontificado de Bento XVI era o início de uma reestruturação da reforma litúrgica do pós-concílio, isto é, nas palavras do mesmo papa, uma reforma da reforma. 

Esta mesma reforma tinha alguns pontos visíveis, como a centralidade do crucifixo sobre o altar (a fim de minimizar a nova orientação litúrgica do sacerdote, que agora celebra versus populum), o uso do incenso, maior espaço para o canto gregoriano e para a polifonia sacra, e a primazia da beleza nas vestes, nos objetos e nos gestos litúrgicos como um todo. Talvez o erro tenha sido que esta reforma da reforma só tenha tido o apoio do papa e dos sacerdotes, mas não dos bispos, que após o final do pontificado do papa alemão puseram-se mais à vontade em muitos temas e agora são "Traditionis Custodes".

Por fim, para não alongar o que deveria ser breve, entendo que cada missal, o de 1962 e o de 1970 possui uma cultura circundante, que molda caráter e ações. Para um lado e para outro vemos conversões, vida de oração, bons testemunhos e catolicidade. Em um e em outro, há sim contradições quanto a gestos, frases e momentos, mas em ambos encontramos a fé da Igreja. É verdade, tenho que ser honesto, no missal anterior temos mais facilmente acesso ao depósito da fé, mas ainda há barreiras eclesiais para todos afirmarem isso.

Creio que voltarei a escrever sobre este assunto, principalmente comentando o efeito Traditionis Custodes.

Jubileu


Foto/captura de tela do CNS, Vatican Media

Na noite do Natal de 2024 o papa Francisco inaugurou o Jubileu ordinário dos dois mil e vinte e cinco anos do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo ao abrir a Porta Santa da Basílica de São Pedro.

Temos uma nova oportunidade de presenciar física e espiritualmente um acontecimento histórico e importantíssimo na vida eclesial, considerando que os jubileus não ocorrem corriqueiramente, mas de vinte e cinco em vinte e cinco anos. Se não levássemos em conta o jubileu extraordinário, convocado em 2015-2016, o último teria sido no grande ano 2000.

Posso dizer que este é o primeiro jubileu que comemoro piamente, e, espero ver outros ainda, principalmente se o papa convocá-lo em 2033, quando deveremos comemorar os dois mil anos da morte e ressurreição de Cristo. 

Que este ano santo, encha de mais fé e confiança a todos nós católicos para que nos orientemos mais para o Senhor, para que nos convertamos diariamente e tenhamos uma vida santa para a glória de Deus e nossa salvação.

Ao Santo Padre, Francisco, que Deus o conserve com saúde e lhe dê a graça necessária para bem guiar-nos neste ano santo de 2025.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Retomando

Depois de muitos anos, muito crescimento, discernimento de vida e mudanças, cá estou retornando para este blog. Não sei quantos acompanharam esta página desde o início, ou durante algum tempo, ou se há ainda quem esteja visualizando alguma postagem. 

Retomarei, aos poucos, conforme vier inspiração e motivos para escrever, noticiar, compartilhar pontos de vista acerca da realidade de nossa Santa Igreja. 

Até breve.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

O discurso inaugural do Card. Sarah no Sacra Liturgia UK 2016

Pax et bonum!

Nos últimos dias muitos blogs e sites fizeram eco às palavras do Cardeal Robert Sarah, proferidas em seu discurso inaugural na conferência Sacra Liturgia UK 2016, que se encerra hoje. Pensamos que poderíamos apenas repostar a notícia de algum blog, mas achamos por bem ir além.

Após algumas pesquisas, encontramos uma página em que o discurso parece estar colocado na íntegra e logo iniciamos um trabalho de tradução.

Abaixo segue esta nossa tradução, que ainda poderá passar por alguma melhoria. Todavia, tivemos pressa em colocar o texto sob a apreciação de nossos leitores e esperamos que seja de bom proveito.

SACRA LITURGIA UK 2016Oratório de São Filipe Néri (Oratório de Brompton),Londres, 05/07/2016
Em primeiro lugar quero expressar minha gratidão à S. Ema., o Cardeal Vincent Nichols, por suas boas vindas à Arquidiocese de Westminster e por suas gentis palavras de saudação. Assim também quero agradecer à S. Exa., o Bispo Dominique Rey, Bispo de Fréjus-Toulon, pelo seu convite para estar presente com vocês nesta terceira conferência internacional "Sacra Liturgia", e para apresentar a vocês o discurso de abertura nesta tarde. Parabenizo V. Exa. nesta iniciativa internacional de promover o estudo da importância da formação e da celebração litúrgicas na vida e na missão da Igreja.

Neste discurso quero colocar diante de vocês algumas considerações sobre como a Igreja Ocidental pode caminhar rumo a uma implementação mais fiel da Sacrosanctum Concilium. Fazendo isto, proponho a seguinte pergunta: "O que os Padres do Concílio Vaticano Segundo tinham em mente com a reforma litúrgica?" Assim, gostaria de considerar como suas intenções foram implementadas seguindo o Concílio. Enfim, gostaria de colocar algumas sugestões para a vida litúrgica da Igreja hoje, de modo que nossa prática litúrgica possa mais fielmente refletir as intenções dos Padres Conciliares.

É muito claro, penso, que a Igreja ensina que a liturgia católica é o lugar singularmente privilegiado da ação salvadora de Cristo em nosso mundo hoje, por meio da real participação em que recebemos sua graça e sua força que são tão necessárias para nossa perseverança e crescimento na vida cristã. É o lugar divinamente instituído onde vamos cumprir nosso dever de oferecer sacrifício a Deus, de oferecer o Único Verdadeiro Sacrifício. É onde percebemos nossa profunda necessidade de adorar o Deus todo-poderoso. A liturgia católica não é uma reunião humana ordinária.

Quero sublinhar um fato muito importante aqui: Deus, não o homem, está no centro da liturgia católica. Viemos adorá-lo. A liturgia não é sobre você e eu; não é onde celebramos nossa própria identidade ou conquistas ou onde exaltamos ou promovemos nossa própria cultura e costumes religiosos locais. A liturgia é primeiro e acima de tudo sobre Deus e o que ele fez por nós. Em sua Divina Providência, o Deus todo-poderoso fundou a Igreja e instituiu a Sagrada Liturgia por meio da qual somos capazes de oferecer-lhe um culto verdadeiro de acordo com a Nova Aliança estabelecida por Cristo. Fazendo isto, ao adentrar as exigências dos ritos sagrados desenvolvidos na tradição da Igreja, recebemos nossa verdadeira identidade e significado como filhos e filhas do Pai.

É essencial que compreendamos esta especificidade do culto católico, pois em décadas recentes temos visto muitas celebrações litúrgicas onde o povo, personalidades e conquistas humanas têm sido proeminentes demais, quase ao ponto da exclusão de Deus. Como o Cardeal Ratzinger escreveu uma vez: "Se a liturgia aparece antes de tudo como uma oficina (um workshop) para nossa atividade, então aquilo que é enssencial foi esquecido: Deus. Pois a liturgia não é sobre nós, mas sobre Deus. Esquecer Deus é o perigo mais iminentes de nossa era" (Joseph Ratzinger, Theology of the Liturgy, Collected Works vol. 11, Ignatius Press, San Francisco 2014, p. 593).

Precisamos ser completamente claros sobre a natureza do culto católico se pretendemos ler corretamente e implementar fielmente a Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Missa tradicional em Fortaleza


Cardeal Cañizares: Summorum Pontificum estabelece igualdade de condições entre as formas do Rito Romano.

PREFÁCIO DO CARDEAL CAÑIZARES À TESE DE DOUTORADO DO PADRE ALBERTO SORIA JIMÉNEZ, O.S.B.
Estamos diante de um trabalho que aborda, em termos científicos, um tema que nos últimos anos tem sido objeto de controvérsias acirradas. Todavia, desde o início duas características de sua obra devem ser levadas em consideração: seu caráter acadêmico e a pertença do autor a uma comunidade fiel aos grandes princípios da liturgia, mas na qual a forma extraordinária do Rito Romano não é celebrada. Isso lhe permitiu observar a situação de fora”,tornando possível a grande objetividade refletida em sua pesquisa.
A concepção, claramente presente tanto no motu proprio como nos documentos relacionados, de que a liturgia herdada é uma riqueza a ser preservada deve ser entendida no espírito do movimento litúrgico na linha de Romano Guardini, a qual Bento XVI deve tanto de sua relação pessoal com a liturgia desde sua juventude. A história detalhada e documentada do processo, desde seu início nos anos 70 até os dias de hoje, que o autor dessa obra nos apresenta, mostra como essa legislação não foi um resultado momentâneo de pressão, nem uma reflexão da opinião pessoal e isolada do Papa, mas que outras pessoas haviam desejado por muito tempo uma solução semelhante. Esses critérios do jovem padre Joseph Ratzinger foram consolidados e purificados ao longo dos anos, e foram assumidos por João Paulo II, que havia considerado a possibilidade de oferecer uma legislação apropriada.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Brasília conta com uma capela destinada a Forma Extraordinária

No dia 13 de julho de 2014, um evento de grande monta na Arquidiocese de Brasília: a benção de uma igreja segundo a liturgia romana tradicional. Não é apenas a rara frequência dessa cerimônia nos tempos modernos que tornou o evento tão peculiar. Os inúmeros fiéis que acompanharam a solenidade da benção e a Santa Missa que a ela se seguiu testemunharam uma liturgia esplendorosa, um belíssimo e majestoso culto a Deus, uma profissão perfeitíssima de fé, em que foi honrada especialmente a Santíssima Virgem, pela imposição do título de Nossa Senhora das Dores à capela.


Clique e continue lendo.
Fonte: missatridentinaembrasilia.org

sábado, 14 de setembro de 2013

VI aniversário da entrada em vigor do Motu Proprio Summorum Pontificum!


"Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial."
 (Bento XVI no "Summorum Pontificum")



domingo, 1 de setembro de 2013

Papa pede orações pela Síria


Hoje, queridos irmãos e irmãs, queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.

Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam.

Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.

Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria.

Que não se poupe nenhum esforço para garantir a ajuda humanitária às vítimas deste terrível conflito, particularmente os deslocados no país e os numerosos refugiados nos países vizinhos. Que os agentes humanitários, dedicados a aliviar os sofrimentos da população, tenham garantida a possibilidade de prestar a ajuda necessária.

O que podemos fazer pela paz no mundo? Como dizia o Papa João XXIII, a todos corresponde a tarefa de estabelecer um novo sistema de relações de convivência baseados na justiça e no amor (cf. Pacem in terris, [11 de abril de 1963]: AAS 55 [1963], 301-302).

Possa uma corrente de compromisso pela paz unir todos os homens e mulheres de boa vontade! Trata-se de um forte e premente convite que dirijo a toda a Igreja Católica, mas que estendo a todos os cristãos de outras confissões, aos homens e mulheres de todas as religiões e também àqueles irmãos e irmãs que não creem: a paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade.

Repito em alta voz: não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz.

Que o grito da paz se erga alto para que chegue até o coração de cada um, e que todos abandonem as armas e se deixem guiar pelo desejo de paz.

Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.

No dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h00min até as 24h00min, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa ver gestos de paz e escutar palavras de esperança e de paz! Peço a todas as Igrejas particulares que, além de viver este dia de jejum, organizem algum ato litúrgico por esta intenção.

Peçamos a Maria que nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. Ela é mãe: que Ela nos ajude a encontrar a paz; todos nós somos seus filhos! Ajudai-nos, Maria, a superar este momento difícil e a nos comprometer a construir, todos os dias e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai por nós!

Fonte: Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé

sábado, 31 de agosto de 2013

Papa nomeia novo Secretário de Estado do Vaticano

Cardeal Bertone deixará o cargo no próximo dia 15 de outubro

A Santa Sé divulgou neste sábado, 31, a decisão do Papa Francisco em aceitar, de acordo com o cân. 354 do Código de Direito Canônico, a renúncia do Cardeal Tarcisio Bertone, do cargo de Secretário de Estado do Vaticano.
Sucessivamente, o Santo Padre nomeou o Monsenhor Pietro Parolin, Núncio Apostólico da Venezuela, como o novo secretário de Estado. Ele tomará posse do cargo no próximo dia 15 de outubro. A pedido do Papa, o Cardeal Bertone permanecerá na função até esta data, com todas as responsabilidades do setor.
Segundo Boletim da Santa Sé, no mesmo dia 15, o Pontífice receberá em audiência superiores e oficiais da Secretaria de Estado, para agradecer publicamente o cardeal Tarcisio Bertone pelo “serviço fiel e generoso” à Santa Sé, e para a apresentação do novo Secretário de Estado.
Monsenhor Pietro Parolin
Monsenhor Pietro Parolin nasceu em Schiavon (Vicenza), em 17 de janeiro de 1955. Foi ordenado em 27 de abril de 1980, e incardinado na diocese de Vicenza.
Entrou para o serviço diplomático da Santa Sé em 1º de julho de 1986, trabalhando nas representações pontifícias na Nigéria e no México, e na Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado.
Em 17 de agosto de 2009, foi nomeado Núncio Apostólico na Venezuela.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O AVESSO DA MISSA

O bispo, preocupado com as missas da diocese, convocara os principais cantores e ele mesmo na manhã de sábado deixara claro que esperava que no Ato Penitencial, no canto à Glória de Deus, no Santo e no Cordeiro de Deus fossem escolhidas canções que o povo cantasse junto.
Nada de solos. Que os cantos não fossem compridos demais. Que não se cantasse na hora do abraço da paz. Que houvesse respeito ao silêncio da ação de graças e que os músicos não tocassem naqueles três minutos de oração silenciosa. Sobretudo que não houvesse canções em tom que o povo não alcança
No dia seguinte, a cantora de voz maravilhosa que não fora ao encontro fez o avesso de tudo. Tocou e cantou tudo em tom operístico, cantou no abraço da paz e não respeitou o silêncio enfiando pelos ouvidos do povo a sua mais recente exibição, uma linda canção que nada tinha a ver com aquela parte da missa. Foi uma crise de queda de ministério quando o pároco pediu a ela que seguisse as normas dada pelo bispo. Ali mesmo e voz alta de generala, ela pediu demissão, desafiando o padre a encontrar alguém que soubesse música como ela e seus três acompanhantes… Por três semanas o padre presidiu as missas sem canção alguma, até que o pároco da cidade vizinha ofereceu um de seus grupos que cantava e tocava de acordo com liturgia.
Quem viaja há mais de 40 anos a serviço da catequese e assiste ou participa de missas no Brasil e no mundo não pode deixar de perceber a boa e a má qualidade das celebrações, por conta do presidente da assembléia, do pregador e dos músicos e cantores. Há os ótimos, os bons e os intragáveis. Não sejamos negativos. Os ótimos e os bons, felizmente são muitos. Dá gosto ouvir alguns sacerdotes a explicar a missa daquele dia. Dá gosto ouvir o coral e os músicos em algumas paróquias.
Mas o inverso da missa também existe. Percebe-se em alguns casos que nem o padre, nem cantores, nem músicos levam a sério as instruções da Igreja sobre o seu papel na celebração que não é deles e, sim, da Igreja. O povo fica por amor a Jesus Cristo. Se fosse um teatro pago esvaziaria o lugar, em protesto pelo que tem de ouvir á sua frente: pregador repetitivo que nunca se fundamenta e cantores que não ensaiam.
Os biógrafos de São Pio X registram o que ele já percebera nos inícios de 1900 a respeito da missa dos católicos. O papa autor do Motu Próprio, preocupado com a liturgia e sua dignidade via o que hoje ainda vemos: às vezes os cantores extrapolam, improvisam a missa cinco minutos antes do canto de entrada, e, seja por desconhecimento das normas, seja por desprezo das mesmas, inverte a missa: canta-se mais do que se fala e canta-se diante do povo, mas não com o povo. Somados os minutos, a missa cheia de canções compridas com refrões cansativamente repetidos, dá 40 minutos de música e 30 de fala… O templo vira anfiteatro, o altar vira palco, e a missa vira opereta. Escolhem-se canções que só o solista consegue executar. Assim, ele ou ela aparece com sua linda voz em mais uma brilhante exibição de talento para Jesus e para a assembléia. Falta penas a claque com a tabuleta escrita: “aplausos”…
Na biografia de São Pio X que governou a Igreja por 9 anos, se lê que dos pregadores ele esperava que não pregassem o enrolez, isto é, não fossem engroladores de oremus, mas preparassem os sermões e pregassem de verdade; não fossem peudo-Bossuet, imitadores de linguagens, com sermões calcados em frases óbvias, daqueles que se tira da estante sem nenhum cuidado de estudar o texto do dia. Dos cantores ele pedia mais dignidade ao cantar nas missas. Era melhor regressar ao canto gregoriano do que cantar árias de óperas na Igreja. Fugissem de cantos água com açúcar. As canções tivessem conteúdo teológico sólido e as melodias fossem adequadas a uma celebração.
Um século depois em algumas paróquias nada mudou. Não esquecendo os elogios a comunidades onde a missa é levada a sério e ninguém aparece demais, não há como silenciar diante das missas estruturadas para revelar padres e cantores televisivos. Fogem ao conceito de Celebração Eucarística. Em missas televisionadas a discrepância é ainda maior porque os câmeras, despreparados para a fé católica teimam em salientar detalhes que nada têm a ver com a celebração; gastam 70% do tempo mirando o padre, como se a missa fosse ele ou dele. Se o Cristo aparecesse em pessoa provavelmente continuariam mirando o padre, tal a força e o charme do mais novo celebrante televisivo da região. Exageros à parte reflitamos sobre a missa como ato da assembléia e não de uma ou duas pessoas.
As normas existem há séculos. Com o advento da Internet e da Televisão a missa tornou-se cada dia mais virtual. A figura do celebrante ganhou closes e relevância. Alguns não resistiram ao protagonismo e passaram a celebrar mais para as câmeras do que para os presentes, desfilando garbosos, para cá e para lá, suas vestes multicoloridas como o manto de José do Egito. Esqueceram o detalhe de que apenas presidem a assembléia e de que não estréiam mais um espetáculo de luz e de som.
A dignidade da função não permite ao presidente da assembléia que extrapole em funções que não são suas, tanto quanto não permite ao cantor que dê seu show de talento. O padre que pega do violão na ação de graças e canta sua mais nova canção procure uma boa explicação para aquele gesto, porque uma ou duas vezes em festas especiais passam, mas três vezes por mês é excesso… E aquele que insiste em improvisar a melodia do prefácio, pagando um enorme mico porque criar melodia não é dom para qualquer um, tome lições de canto. Os músicos presentes saem todos rindo do padre que começou cheio de si e acabou causando dó…

Que se reveja tudo isso! Falar, a Igreja fala, mas ouvir, nem todos ouvem! Com isso, sofre o povo que merecia sermões bem fundamentados e canções que sustentam o texto daquele dia. Quem sabe, um dia, as missas em todas as paróquias cheguem ao que os documentos da Igreja propõem que sejam…A Igreja muda devagar, mas muda!
Pe. Zezinho scj

Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com/wallwp/artigos_padre_zezinho/pastoral/o-avesso-da-missa
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