quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Sagrado Coração de Jesus na Liturgia


A liturgia é o culto público, quer dizer, os atos sagrados que por instituição de Cristo ou da Igreja, em seu nome, são realizados seguindo os livros litúrgicos oficiais.

Evidentemente refletem de modo autêntico o sentir e a fé da Igreja. Na liturgia são verificados especialmente a potestade de magistério. Quando o magistério propõe aos fiéis como devem render culto a Deus, tem uma particular assistência do Espírito Santo para não equivocar-se e oferecer um caminho certo e seguro de santificação, já que se trata da mais importante finalidade da Igreja.

Onde principalmente se ensina aos fiéis a doutrina e a vida cristã, é na Missa. Pois, bem, o culto público ao Sagrado Coração, foi introduzido em 1765 por Clemente XIII, ao introduzir sua festa litúrgica, com Missa e ofícios próprios.

Este ensinamento, mediante a liturgia, é dada pela Igreja com frases suas ou com frases tomadas da Escritura (quer em seu sentido próprio, quer em seu sentido ajustado). Nas recentes modificações introduzidas com novas leituras e o evangelho na nova missa do Sagrado Coração , o tema bíblico dominante é o do amor a Cristo que se apresenta como Bom Pastor.

A importância que a Igreja concede atualmente ao Sagrado Coração, esta sublinhada pela categoria de sua festa, solenidade de primeira classe, das quais há somente 14 ao ano no calendário universal.

Além disso, a festa de Cristo Rei, também solenidade de primeira classe, esta estreitamente unida à espiritualidade do Sagrado Coração. Pio XI declarou ao instituí-la que precisamente a Cristo é reconhecido como Rei, por famílias, cidades e nações, mediante a consagração a seu Coração. E determinou que em tal festa fosse renovado todos os anos a consagração do mundo ao Coração de Cristo.

Toda esta atitude litúrgica da Igreja tem a finalidade de estimular nossa prática cristã pondo especial interesse em celebrar sua festa: comungando, assimilando seus ensinamentos, utilizando as orações litúrgicas, a consagração, etc. Como dizia Pio XI na encíclica Quas primas: "As celebrações anuais da liturgia têm uma eficácia maior que os solenes documentos do magistérios para formar ao povo nas coisas da fé".

Retirado: ACI Digital

COR JESU SACRATISSIMUM, ADVENIAT REGNUM TUUM


"Meu dulcíssimo Jesus, que em vossa infinita e dulcíssima misericórdia prometestes a graça da perseverança final aos que comungarem em honra de vosso Sagrado Coração as nove primeiras sextas feiras do mês seguidos: recordai a vossa promessa, e a mim, indigno servo vosso, que acabo de receber-vos sacramentado com este fim e intenção, concede-me que morra detestando todos os meus pecados, esperando em vossa inefável misericórdia e amando a bondade de vosso amantíssimo Coração. Amém."

Corpus Christi em Veneza
















Fonte: Pro Misa Tradicional en Ciudad Real

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Papa Ratzinger






Fotos da Missa de S.Pedro e S.Paulo celebrada por Bento XVI, também em comemoração por seus sessenta anos de ordenação sacerdotal





O Papa fala sobre sua Ordenação Sacerdotal


Pude dedicar-me totalmente, pelo menos nos últimos dois meses, à preparação para o grande passo: a ordenação sacerdotal, que recebemos na Sé Catedral de Freising das mãos do Cardeal Faulhaber, na festa de São Pedro e São Paulo, no ano de 1951. Éramos mais de quarenta candidatos; quando fomos chamados respondemos Adsum,'Eis-me aqui'. Era um esplêndido dia de Verão, que se tornou inesquecível como o momento mais importante da minha vida. Não devemos ser supersticiosos, mas no instante em que o velho arcebispo impôs as suas mãos sobre mim, um pássaro – talvez uma calhandra – levantou voo por cima do altar-mor e entoou um breve canto muito alegre; para mim, foi como se uma voz do Alto me dissesse: está tudo bem, escolheste a estrada certa.

Seguiram-se depois quatro semanas de Verão, que foram uma grande festa. No dia da Missa Nova, a nossa igreja paroquial de São Osvaldo estava iluminada em todo o seu esplendor, e a alegria que a enchia, quase materialmente, envolveu todos naquela ação sagrada, na forma intensa de uma participação ativa, que não necessitava de um ordenamento exterior especial. Éramos convidados a levar todas as casas a bênção da Missa Nova e fomos acolhidos em todo o lado, inclusive por pessoas de todo desconhecidas, com uma cordialidade que até aquele momento nem sequer teria imaginado.

Desse modo, experimentei muito diretamente as expectativas e a esperança que os homens depositam num sacerdote, aquilo que esperam da sua bênção, que resulta da força do sacramento. Não se tratava da minha pessoa ou da pessoa do meu irmão; que significado podiam ter dois jovens, como nós, para tantas pessoas que encontrávamos? Eles viam em nós pessoas a quem Jesus Cristo tinha confiado a missão de levar a Sua presença aos homens. E precisamente por não sermos nós os protagonistas é que nasciam tão rapidamente relações amigáveis.

Joseph Ratzinger. A minha vida: autobiografia

Solenidade de São Pedro e São Paulo no Vaticano


Parabéns Santo Padre



terça-feira, 28 de junho de 2011

Vídeo da Ordenação Sacerdotal de Bento XVI

Bento XVI escreve seu primeiro tweet e lança portal news.va

Cardinale Scola a Milano

Santa Messa con il cardinale patriarca Angelo Scola, 6 III 2010
 

Il Santo Padre Benedetto XVI ha accettato la rinuncia al governo pastorale dell’arcidiocesi di Milano (Italia), presentata da Sua Eminenza il Card. Dionigi Tettamanzi, in conformità al can. 401 § 1 del Codice di Diritto Canonico.

Il Papa ha nominato Arcivescovo Metropolita di Milano (Italia) Sua Eminenza il Card. Angelo Scola, finora Patriarca di Venezia.
Em.mo Card. Angelo Scola

Sua Eminenza il Card. Angelo Scola è nato a Malgrate, Arcidiocesi di Milano, il 7 novembre 1941.
Dopo aver ottenuto la Laurea in Filosofia presso l’Università Cattolica del Sacro Cuore di Milano, nel 1967 ha iniziato gli Studi Teologici nel Seminario di Saronno che ha quindi proseguito nel Seminario di Venegono e completato presso l’Università di Friburgo in Svizzera, conseguendo la Laurea in Teologia.

È stato ordinato sacerdote il 18 luglio 1970 per la diocesi di Teramo.

Dal 1970 al 1991, in tempi successivi ha ricoperto vari incarichi, tra cui: Direttore dell’Istituto Studi per la Transizione (ISTRA) di Milano, Membro del Comitato Direttivo dell’edizione italiana di "Communio", Assistente alla cattedra di Teologia Fondamentale presso l’Università di Friburgo, Professore di Antropologia Teologica all’Istituto "Giovanni Paolo II" per gli studi su Matrimonio e Famiglia presso l’Università Lateranense.

Eletto alla sede vescovile di Grosseto il 20 luglio 1991, ha ricevuto l’ordinazione episcopale il 21 settembre successivo.

Il 15 luglio 1995 è stato nominato Rettore della Pontificia Università Lateranense e Preside dell’Istituto "Giovanni Paolo II" per gli studi su Matrimonio e Famiglia.

Il 5 gennaio 2002 è stato promosso alla sede patriarcale di Venezia e creato Cardinale nel Concistoro del 21 ottobre 2003.

È Presidente della Conferenza Episcopale Triveneta. Attualmente è Membro del Comitato per il progetto culturale.

Presso la Santa Sede è Membro della Congregazione per il Culto Divino e la Disciplina dei Sacramenti, della Congregazione per il Clero, del Comitato di Presidenza del Pontificio Consiglio per la Cultura, del Pontificio Consiglio per la Promozione della Nuova Evangelizzazione, del Comitato di Presidenza del Pontificio Consiglio per la Famiglia.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O dia mais feliz de Joseph Ratzinger

60 anos de ordenação, redescobrindo a beleza do sacerdócio


No próximo dia 29 de junho, Bento XVI recordará os 60 anos do “momento mais importante da minha vida” - segundo ele mesmo descreve -, sua ordenação sacerdotal, recebida da catedral de Frisinga, perto de Munique.

Ele recebeu o sacramento junto ao seu irmão mais velho, Georg, das mãos do cardeal Michael von Faulhaber, conhecido como grande opositor do nazismo. “Adsum”, “estou aqui”, foram as palavras que pronunciou em latim, diante de Deus e do povo, o jovem Joseph Ratzinger, aos 24 anos.

Nesta quarta-feira, a Igreja universal reviverá esse dia, mas o Papa não quer que seja um momento de exaltação da sua pessoa; ele espera que sirva para promover na Igreja o agradecimento a Deus pelo dom do sacerdócio e para pedir-lhe que suscite novas vocações.

Daquele esplêndido dia de verão, Joseph Ratzinger recorda um detalhe que para outros passou despercebido e que ele compartilha no livro “Minha vida” (Ed. Encuentro, 1997).

“Não se deve ser supersticioso – escreve em suas memórias –, mas, no momento em que o ancião arcebispo impôs suas mãos sobre as minhas, um passarinho se elevou do altar maior da catedral e entoou um breve canto gozoso; para mim, foi como se uma voz do alto me dissesse: 'Está bem assim, você está no caminho justo'.”

Foi nesses dias que Joseph Ratzinger descobriu o que o sacerdote significa para as pessoas.

“No dia da primeira Missa, fomos acolhidos em todos os lugares – também entre pessoas completamente desconhecidas –, com uma cordialidade que até aquele momento eu não poderia ter imaginado”, prossegue o Papa em suas memórias.

“Experimentei, assim, muito diretamente, quão grandes esperanças os homens colocavam em suas relações com o sacerdote, quanto esperavam sua bênção, que vem da força do sacramento. Não se tratava da minha pessoa nem da do meu irmão: o que poderiam significar, por si mesmos, dois irmãos como nós, para tanta gente que encontrávamos? Viam em nós pessoas às quais Cristo havia confiado uma tarefa para levar sua presença entre os homens; assim, justamente porque não éramos nós que estávamos no centro, nasciam tão rapidamente relações de amizade.”

(Re)descoberta do sacerdócio

Esta mesma (re)descoberta do sacerdócio, no âmbito universal, é o objetivo que Bento XVI apresenta ao celebrar seu aniversário de ordenação.

Neste contexto, o prefeito da Congregação para o Clero, cardeal Mauro Piacenza, enviou uma carta aos bispos do mundo para promover 60 horas de adoração eucarística pela santificação dos sacerdotes, pelas novas vocações e por Bento XVI.

No texto, assinado também pelo secretário da Congregação para o Clero, Dom Celso Morga Iruzubieta, explica-se que as horas de adoração eucarística dedicadas a esta intenção podem ser contínuas ou distribuir-se durante o mês de junho, e devem comprometer “especialmente os sacerdotes”.

“O cume deste percurso de oração poderia coincidir com a solenidade do Sagrado Coração de Jesus – dia de santificação sacerdotal – no próximo dia 1º de julho”, acrescenta a carta.
Com esta iniciativa, a Igreja pretende homenagear “o Pontífice com uma extraordinária coroa de orações e de unidade sobrenatural, capaz de mostrar o centro real da nossa vida, do qual surge todo esforço missionário e pastoral, assim como o autêntico rosto da Igreja e dos seus sacerdotes”.

(Jesús Colina)

Retirado de: Zenit

sábado, 25 de junho de 2011

Corpus Christi no Rio de Janeiro

Na solenidade de Corpus Christi, teve lugar na paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e São Judas Tadeu, a celebração da Santa Missa na forma extraordinária do Rito Romano, celebrada pelo Padre José Edilson de Lima, da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.




Visto em: Una Voce Málaga

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Temas de Liturgia - I


*Côn. Henrique Soares da Costa
            
A liturgia é o centro da vida da Igreja. É o seu centro porque é celebração do mistério do Cristo morto e ressuscitado que, pela sua Páscoa, continuamente nos dá a vida plena, vida em abundância. Quando a Igreja celebra os santos mistérios e, sobretudo, a Eucaristia, é a própria vida que brota do Pai pelo Filho no Espírito Santo que ela recebe, a vida de Deus, vida que renova o mundo, redime do pecado, transfigura a vida, faz-nos experimentar a eternidade e nos dá força e inspiração para testemunhar o Reino que Jesus inaugurou. Sem liturgia não haveria Igreja; haveria somente uma ONG encarregada de recordar Jesus de Nazaré, promover boas obras sociais e filantrópicas e nos ensinar um moralismo capenga: devemos ser bonzinhos, devemos ser justos, devemos ser certinhos... É na liturgia que a Palavra de Deus faz-se sempre atual e a Páscoa do Senhor acontece no nosso aqui e no nosso agora, fazendo-nos comungar com as coisas do céu, dando novo sabor às coisas da terra e desvelando o sentido pleno da nossa existência e da existência de todas as coisas.
           
Infelizmente, muitos não compreendem isso. É muito comum encontrar até mesmo padres com formação litúrgica extremamente deficiente. Pensam que a liturgia é simples cerimônia, ritualismo, e quem gosta de liturgia é porque quer se esconder da realidade numa alienante fuga ou é apegado a coisas secundárias como paramentos, coreografias, ritualismos, ornamentações e coisas do gênero... Triste e grave engano! Não se trata de gostar ou não de liturgia; trata-se de ter ou não penetrado na essência do cristianismo! Aqui está em jogo a alma mesma da religião cristã, de tal modo que podemos afirmar sem medo: quem não compreende a liturgia, também não compreende o sentido do que Cristo veio fazer, não compreende o ser e a missão mais profundos da Igreja nem compreende o que é a salvação. É uma questão gravíssima! Por isso mesmo, vou escrever uma série de artigos, meio desordenados, sobre temas litúrgicos. Espero, de coração, que seja de ajuda para que o Povo santo de Deus viva em profundidade o mistério de nossa fé.
           
Comecemos por definir liturgia. Diz a Igreja que “a liturgia é o exercício do múnus (= da tarefa, do serviço) sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros” (SC 7). Trocando em miúdos: a liturgia não é primeiramente ação da Igreja, ação do homem; é ação de Cristo morto e ressuscitado na potência do Espírito. Nada que o homem faça iguala em santidade ou eficácia a ação litúrgica. Outra coisa: a liturgia, sendo ação de Cristo no Espírito é perfeita glorificação do Pai e santificação da humanidade; e isso através de sinais e gestos deste mundo: água, fogo, pão, vinho, óleo... Sendo ação de Cristo cabeça da Igreja, a liturgia é também ação do Corpo de Cristo, que é a comunidade dos batizados. Vejamos como. Cristo é Cabeça da Igreja, que é seu Corpo (cf. Cl 1,18s; Ef 1,22s; 5,23). Sendo assim, Cristo e a Igreja são uma só realidade: o Cristo Total! O Concílio Vaticano II afirma: “O Filho de Deus, na natureza humana unida a si, vencendo a morte por sua morte e ressurreição, remiu e transformou o homem numa nova criatura (cf. Gl 6,15; 2Cor 5,17). Ao comunicar o seu Espírito, fez de seus irmãos, chamados de todos os povos, misticamente os componentes do seu próprio Corpo. (...) É necessário que os membros se conformem com ele, até que Cristo seja formado neles (cf. Gl 4,19). Por isso somos inseridos nos mistérios de sua vida, com ele configurados, com ele mortos e com ele ressuscitados, até que com ele reinemos (cf. Fl 3,21; 2Tm 2,11; Ef 2,6; Cl 2,12). Peregrinando ainda na terra, palmilhando em seus vestígios na tribulação e perseguição, associamo-nos às suas dores como o Corpo à Cabeça, para que, padecendo com ele, sejamos com ele também glorificados (cf. Rm 8,17)” (LG 7). Esta idéia é importantíssima, se quisermos compreender o sentido da liturgia. Cristo morto e ressuscitado nos dá uma vida nova no seu Espírito Santo. Ora, é nas ações litúrgicas que esse Espírito age, configurando-nos a Cristo e dando-nos a sua vida. A liturgia, portanto, é isso: a ação pela qual o Cristo, enviado pelo Pai, nos dá continuamente o seu Espírito Santo para que nós vivamos a ajamos nele e ele em nós. É o que a Igreja ensina: “Para levar a efeito obra tão importante Cristo está sempre presente na sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na cruz, quanto sobretudo nas espécies eucarísticas. Presente está pela sua força nos sacramentos, de tal forma que quando alguém batiza é Cristo mesmo que batiza. Presente está pela sua Palavra, pois é ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na igreja. Está presente finalmente quando a Igreja ora e salmodia, ele que prometeu: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles’ (Mt 18,20). Realmente, em tão grande obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens são santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja Esposa diletíssima, que invoca seu Senhor e por ele presta culto ao eterno Pai. (...) Disto se segue que toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de seu Corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja” (SC 7).
           
Então, que fique bem claro: a liturgia é o que há de mais sagrado na vida cristã. Por isso mesmo não pode ser banalizada, vulgarizada, desrespeitada. Tampouco se pode menosprezar as normas litúrgicas, elaborando-se as celebrações de modo arbitrário, contra as normas da Igreja. Mas, isso veremos em outros artigos. Para terminar, só mais uma coisa: quais são as ações propriamente litúrgicas? São elas: a Santa Eucaristia (ou seja, a Santa Missa), os demais Sacramentos, o Ofício Divino (oração dos salmos, rezada ao menos cinco vezes por dia em nome da Igreja pelos ministros sagrados, religiosos e os leigos que o desejarem). Todos esses modos de oração são normatizados pela Igreja, são ações de todo o Povo de Deus (= culto público, culto do Povo santo) e não podem ser alterados arbitrariamente.

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* Cônego Henrique Soares da Costa, autor deste artigo, é hoje bispo auxiliar de Aracaju-SE.

Homilia de Bento XVI na Solenidade de Corpus Christi



Santa Missa na Solenidade do
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

Basílica de São João de Latrão
Quinta-feira, 23 de junho de 2011

Queridos irmãos e irmãs!

A festa de Corpus Domini [Corpus Christi] é inseparável da Quinta-feira Santa, da Missa in Caena Domini, na qual se celebra solenemente a instituição da Eucaristia. Enquanto na noite da Quinta-feira Santa se revive o mistério de Cristo que se oferece a nós no pão partilhado e no vinho derramado, hoje, por ocasião do Corpus Domini, esse mesmo mistério é proposto à adoração e à meditação do Povo de Deus, e o Santíssimo Sacramento é levado em procissão pelas ruas da cidade e povoados para manifestar que Cristo ressuscitado caminha em meio a nós e nos guia rumo ao Reino dos céus. Aquilo que Jesus nos deu na intimidade do Cenáculo, hoje o manifestamos abertamente, porque o amor de Cristo não é reservado a alguns, mas é destinado a todos. Na Missa in Caena Domini da última Quinta-feira Santa, sublinhei que na Eucaristia acontece a transformação dos dons desta terra – o pão e o vinho – destinada a transformar a nossa vida e a inaugurar assim a transformação do mundo. Nesta noite, gostaria de retomar tal perspectiva.

Tudo parte, se poderia dizer, do coração de Cristo, que na Última Ceia, na véspera da sua paixão, agradeceu e louvou a Deus e, assim fazendo, com o poder do seu amor, transformou o sentido da morte à qual ia ao encontro. O fato de que o Sacramento do altar tenha assumido o nome "Eucaristia" – "ação de graças" – expressa exatamente isto: que a transformação da substância do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo é fruto do dom que Cristo fez de si mesmo, dom de um Amor mais forte que a morte, Amor divino que o fez ressuscitar dos mortos. Eis porque a Eucaristia é alimento de vida eterna, Pão da vida. Do coração de Cristo, da sua "oração eucarística" na véspera da sua paixão, surge aquele dinamismo que transforma a realidade nas suas dimensões cósmicas, humana e histórica. Tudo procede de Deus, da onipotência do seu Amor Uno e Trino, encarnado em Jesus. Nesse Amor está imerso o coração de Cristo; por isso Ele sabe agradecer e louvar a Deus também frente à traição e à violência, e desse modo transforma as coisas, as pessoas e o mundo.

Essa transformação é possível graças a uma comunhão mais forte que a divisão, a comunhão de Deus mesmo. A palavra "comunhão", que nós usamos também para designar a Eucaristia, resume em si a dimensão vertical e aquela horizontal do dom de Cristo. É bela e muito eloquente a expressão "receber a comunhão", referida no ato de comer o Pão eucarístico. Com efeito, quando cumprimos esse ato, entramos em comunhão com a vida mesma de Jesus, no dinamismo dessa vida que se dá a nós e por nós. De Deus, através de Jesus, até nós: uma única comunhão se transmite na Santa Eucaristia. O escutamos há pouco, na segunda Leitura, pelas palavras do Apóstolo Paulo dirigidas aos cristãos de Corinto: "O cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos nós comungamos do mesmo pão" (1 Cor 10,16-17).

Santo Agostinho ajuda-nos a compreender a dinâmica da comunhão eucarística quando faz referência a uma espécie de visão que teve, na qual Jesus lhe disse: "Eu sou o alimento dos fortes. Crescei e me terás. Tu não me transformarias em ti, como o alimento do corpo, mas serias tu a seres transformado em mim" (Conf. VII, 10, 18). Enquanto, portanto, o alimento corporal é assimilado pelo nosso organismo e contribui para o seu sustento, no caso da Eucaristia trata-se de um Pão diferente: não somos nós a assimilá-lo, mas esse que nos assimila a si, até que nos tornemos configurados a Jesus Cristo, membros do seu corpo, uma coisa somente com Ele. Essa passagem é decisiva. De fato, exatamente porque é Cristo que, na comunhão eucarística, transforma-nos em Si, a nossa individualidade, nesse encontro, é aberta, liberta do seu egocentrismo e inserida na Pessoa de Jesus, que por sua vez é imersa na comunhão trinitária. Assim, a Eucaristia, enquanto une-nos a Cristo, abre-nos também aos outros, torna-nos membros uns dos outros: não somos mais divididos, mas uma coisa somente n'Ele. A comunhão eucarística me une à pessoa que tenho ao lado, e com a qual talvez não tenha sequer um bom relacionamento, mas também aos irmãos distantes, em todas as partes do mundo. Daqui, da Eucaristia, deriva portanto o sentido profundo da presença social da Igreja, como testemunham os grandes Santos sociais, que foram sempre grandes almas eucarísticas. Quem reconhece Jesus na Hóstia Santa reconhece-o no irmão que sofre, que tem fome e sede, que é forasteiro, nu, doente, encarcerado; e está atento a cada pessoa, compromete-se, de modo concreto, com todos aqueles que estão em necessidade. Do dom de amor de Cristo provém, portanto, a nossa especial responsabilidade de cristãos na construção de uma sociedade solidária, justa, fraterna. Especialmente no nosso tempo, em que a globalização torna-nos sempre mais dependentes uns dos outros, o Cristianismo pode e deve fazer sim que essa unidade não se construa sem Deus, isto é, sem o verdadeiro Amor, o que daria espaço à confusão, ao individualismo, à opressão de todos contra todos. O Evangelho procura sempre a unidade da família humana, uma unidade não imposta do alto, nem por interesses ideológicos ou econômicos, mas sim a partir do senso de responsabilidade de uns com relação aos outros, porque nos reconhecemos membros de um mesmo corpo, do corpo de Cristo, porque aprendemos e aprendemos constantemente do Sacramento do Altar que a partilha, o amor é o caminho da verdadeira justiça.

Retornemos agora ao ato de Jesus na Última Ceia. O que aconteceu naquele momento: Quando Ele disse: Isso é o meu corpo que é dado por vós, isso é o meu sangue derramado por vós e por muitos, o que acontece? Jesus, naquele gesto, antecipa o evento do Calvário. Ele aceita por amor toda a paixão, com o seu sofrimento e a sua violência, até a morte de cruz; aceitando-a desse modo, transforma-a em um ato de doação. Essa é a transformação da qual o mundo tem mais necessidade, porque o redime pelo interior, abre-o às dimensões do Reino dos céus. Mas essa renovação do mundo Deus quis realizá-la sempre através da mesma via seguida por Cristo, aquela via, antes, que é Ele mesmo. Não há nada de mágico no Cristianismo. Não existem atalhos, mas tudo passa através da lógica humilde e paciente do grão de trigo que se quebra para dar vida, a lógica da fé que move as montanhas com a força suave de Deus. Por isso Deus quis continuar a renovar a humanidade, a história e o cosmo através dessa cadeia de transformações, da qual a Eucaristia é o sacramento. Mediante o pão e o vinho, em que está realmente presente o seu Corpo e Sangue, Cristo transforma a nós, assimilando-nos a Ele: envolve-nos na sua obra de redenção, tornando-nos capazes, pela graça do Espírito Santo, de viver segundo a mesma lógica de doação, como grãos de trigo unidos a Ele e n'Ele. Assim se semeiam e vão amadurecendo nos sulcos da história a unidade e a paz, que são o fim e paz a que tendemos, segundo o projeto de Deus.

Sem ilusões, sem utopias ideológicas, nós caminhamos pelas estradas do mundo, levando dentro de nós o Corpo do Senhor, como a Virgem Maria no mistério da Visitação. Com a humildade de saber-nos simples grãos, preservamos a firme certeza de que o amor de Deus, encarnado em Cristo, é mais forte que o mal, a violência e a morte. Sabemos que Deus prepara para todos os homens céus novos e terra nova, em que reinam a paz e a justiça – e na fé entrevemos o mundo novo, que é a nossa verdadeira pátria. Também nesta noite, enquanto se põe o sol sobre essa nossa amada cidade de Roma, colocamo-nos em caminho: conosco está Jesus Eucaristia, o Ressuscitado, que disse: "Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28,20). Obrigado, Senhor Jesus! Obrigado pela tua fidelidade, que sustenta a nossa esperança. Permanece conosco, porque já é noite. "Bom Pastor, verdadeiro Pão, ó Jesus, piedade de nós; nutri-nos, defendei-nos, levai-nos aos bens eternos, na terra dos viventes!". Amém.

Fonte: Canção Nova

Corpus Christi em Roma








São João Batista, o Precursor, rogai por nós!


"Então que fostes ver? Um Profeta? Sim, vos digo Eu, e ainda mais que profeta. Porque este é aquele de quem está escrito: Eis que Eu envio o meu anjo adiante de ti, o qual preparará o teu caminho".

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sacris Solemniis


Sacris solemniis
iuncta sint gaudia,
et ex praecordiis
sonent praeconia;
recedant vetera,
nova sint omnia,
corda, voces, et opera.

Noctis recolitur
cena novissima,
qua Christus creditur
agnum et azyma
dedisse fratribus,
iuxta legitima
priscis indulta patribus.

Post agnum typicum,
expletis epulis,
Corpus Dominicum
datum discipulis,
sic totum omnibus,
quod totum singulis,
eius fatemur manibus.

Dedit fragilibus
corporis ferculum,
dedit et tristibus
sanguinis poculum,
dicens: Accipite
quod trado vasculum;
omnes ex eo bibite.

Sic sacrificium
istud instituit,
cuius officium
committi voluit
solis presbyteris,
quibus sic congruit,
ut sumant, et dent ceteris.

Panis angelicus
fit panis hominum;
dat panis caelicus
figuris terminum;
O res mirabilis:
manducat Dominum
pauper, servus et humilis.

Te, trina Deitas
unaque, poscimus:
sic nos tu visita,
sicut te colimus;
per tuas semitas
duc nos quo tendimus,
ad lucem quam inhabitas.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pange Lingua


Pange, lingua, gloriosi
Corporis mysterium,
Sanguinisque pretiosi,
quem in mundi pretium
fructus ventris generosi
Rex effudit Gentium.

Nobis datus, nobis natus
ex intacta Virgine,
et in mundo conversatus,
sparso verbi semine,
sui moras incolatus
miro clausit ordine.
In supremae nocte coenae
recumbens cum fratribus
observata lege plene
cibis in legalibus,
cibum turbae duodenae
se dat suis manibus.
Verbum caro, panem verum
verbo carnem efficit:
fitque sanguis Christi merum,
et si sensus deficit,
ad firmandum cor sincerum
sola fides sufficit.
Tantum ergo Sacramentum
veneremur cernui:
et antiquum documentum
novo cedat ritui:
praestet fides supplementum
sensuum defectui.
Genitori, Genitoque
laus et jubilatio,
salus, honor, virtus quoque
sit et benedictio:
Procedenti ab utroque
compar sit laudatio.

Ecce Panis Angelorum


Panis angelicus fit panis hominum; dat panis caelicus
figuris terminum;
O res mirabilis: manducat Dominum pauper,
servus et humilis.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Parte da entrevista de Don Marco, liturgista da viagem papal a San Marino, concedida ao "Messa in Latino"


- Don Marco quer ter a bondade de compartilhar com os leitores do Messa in latino suas observações gerais sobre a celebração eucarística de domingo passado? O Papa apreciou?

Foi um dia maravilhoso e inesquecível! Como delegado para a Liturgia da visita papal, eu estava autorizado a executar em conformidade com as indicações recebidas pela Diocese, algumas escolhas muito específicas que, embora possa parecer pequena aos olhos de muitos, na verdade, tinha um único propósito: promover a educação para a fé do povo de Deus, que estariam reunidos em torno do Sucessor de Pedro em uma situação (um estádio de futebol) certamente não ideal.

Por comentários recebidos das pessoas que entre ontem e hoje conheci, penso que tais objetivos foram alcançados. Além da realização mais ou menos perfeita de tais escolhas.

Mas, vale para todos, o comentário espontâneo do Papa ao Mons. Negri: “Excelência, obrigado por esta bela celebração e pela música que haveis escolhido: eu parecia estar em casa!”A parte musical foi seguida(e em parte executada) por um caro irmão, que sabiamente misturou as melhores tradições do canto litúrgico da Igreja: o gregoriano( as antífonas do Missal Romano), os corais(como por exemplo o “Te louvamos Trindade”, tradução de um canto alemão caro ao Papa) e a música instrumental( uma missa de Mozart).

No que se refere, no entanto, as escolhas feitas para a Santa Missa, aproveitamos os ótimos meninos, provenientes do Seminário de Bolonha, mas também entre os rapazes que servem na Missa, incluindo a Forma Extraordinária: isto nos permitiu de fazer certos movimentos tranqüilos, para o que diz respeito a gestualidade que alguns podem ser comparados a um simples ouropel, mas que acreditamos que são igualmente importantes para tudo o resto. E assim, vemos todos os ministrantes fazer a inclinação junto ao Papa e aos bispos concelebrantes, quando vinha a ser nomeado o nome de Jesus, era verdadeiramente comovente. Também porque, além do que um menino pode compreender certos gestos, o próprio fato de realizá-los ajuda-o a entender. Não estando todos os seminaristas, eu também tinha dado uma orientação clara sobre como se vestir: uma pessoa me agradeceu por ter visto "muitos padres vestidos de padre".

- Dentro dos limites impostos pelo Novus Ordo Missae, havia mais opções feita por ela que têm incutido fortes elementos de continuidade tradicional no rito, em plena adesão ao modo litúrgico restaurador do papa Bento, que evidentemente, por isso, se sentiu “em casa”.

 Outras escolhas? Nós decidimos que re recitasse o Canon Romano (em latim, como pede a Santa Sé), porque, além de considerá-lo um sinal de homenagem ao Santo Padre é, certamente, rico do ponto de vista teológico. As críticas não faltaram: “mas não se compreende, é muito difícil para pessoas normais”. A resposta, claro que pouco apressada ​​", que demos foi:" Bem, desta forma estaremos mais atentos." E devo dizer que nessa etapa, durante a Oração Eucarística, ouvimos apenas as palavras dos concelebrantes e o badalar dos sinos!


Fonte: Messa in Latino

“O poder atrativo da beleza litúrgica”

 
Entra-se na Igreja por duas portas: a porta da inteligência e a porta da beleza. A porta estreita... é a da inteligência; ela está aberta para intelectuais e acadêmicos. A porta mais larga é a da beleza. Henri Charlier disse, na mesma linha, que "é necessário perder a ilusão de que a verdade pode se comunicar frutuosamente sem aquele esplendor que é da mesma natureza que ela e que se chama beleza" (L'Art et la Pensee).
 
A Igreja, em seu insondável mistério como esposa de Cristo, o Kyrios da Glória, tem necessidade de uma epifania terrena (isto é, uma manifestação) acessível para todos: esta é a majestade de seus templos, o esplendor de sua liturgia e a doçura de seus cantos.
 
Pegue um grupo de turistas japoneses visitando a Catedral de Notre Dame em Paris. Eles olham para a altura dos vitrais, a harmonia das proporções. Suponha que num dado momento, ministros sagrados paramentados com capas de veludo bordadas entram em procissão para as Vésperas solenes. Os visitantes assistem em silêncio; estão extasiados: a beleza abriu-lhes as portas. Ora, a Summa Theologica de São Tomás de Aquino e Notre Dame em Paris são produtos da mesma era. Eles dizem a mesma coisa. Mas qual dos visitantes leu a Summa de São Tomás? O mesmo fenômeno é encontrado em todos os níveis. Os turistas que visitam a Acrópolis em Atenas são confrontados com uma civilização de beleza. Mas quem dentre eles pode entender Aristóteles?
 
E assim também é com a beleza da liturgia. Mas do que qualquer outra coisa, é ela que merece ser chamada de o esplendor da verdade. Ela abre tanto para o pequeno como para o grande os tesouros de sua magnificência: a beleza da salmodia, os cantos e textos sagrados, as velas, a harmonia de movimento e a dignidade ao carregar objetos. Com arte soberana a liturgia exerce uma verdadeira influência sedutora sobre as almas, tocando-as diretamente, antes mesmo de o espírito perceber a sua influência.

Dom Gerard Calvet, OSB - Four Benefits of the Liturgy

O pensamento litúrgico do Cardeal Ratzinger e a crise na liturgia


Ainda quando era Cardeal, o Santo Padre Bento XVI tinha como uma de suas fundamentais preocupações a questão da liturgia. Eleito para o trono de São Pedro, colocou o tema como um dos eixos principais de seu programa de renovação espiritual da Igreja.

De fato, sem a liturgia não há Igreja. É nela que a Igreja ora ao Senhor. Melhor dizendo, é nela que o próprio Cristo ora ao Pai (pelo Ofício Divino), se oferece ao Pai em sacrifício (pela Missa), e comunica aos fiéis o que conquistou diante do Pai (pelos sacramentos). A liturgia é o cerne da Igreja, e o meio pelo qual a Igreja cumpre sua função de salvar as almas.

Ademais, se, pelo Batismo, estamos incorporados a Cristo, a liturgia se torna não só a ação de Cristo, mas nossa unida a Cristo, ou seja, da Igreja toda, Corpo Místico de Cristo. Pio XII, na célebre Mediator Dei, definia a liturgia justamente como “o culto público integral do místico Corpo de Jesus Cristo, isto é, da cabeça e dos seus membros.”

Por essa razão, soa quase como natural a firme atenção de todos os Soberanos Pontífices na defesa das normas que regem o culto, evitando toda imprecisão e falta de zelo em sua celebração, e na incrementação da vida espiritual de clérigos e leigos mediante uma actuosa participatio na liturgia, tal qual foi, aliás, pedido pelo Concílio Vaticano II.

Se tal cuidado foi uma constante em quase todos os pontificados, notadamente os do início do séc. XX, com o chamado “movimento litúrgico” – iniciado por D. Gueranger, OSB, em sua luta contra o galicanismo que pretendia, também no terreno da liturgia, fazer escapar a Igreja das Gálias da autêntica submissão ao papado –, redobrou-se o alerta de Roma sobre o tema a partir das incompreensões advindas de uma má implementação da reforma litúrgica pós-conciliar. Não nos embrenharemos, no presente artigo, pois fugiria ao nosso escopo, discutir a própria reforma de Paulo VI, sua legitimidade ou pontos positivos e negativos. Sem embargo, cumpre notar que, a despeito de qualquer excelente intenção dos reformadores, e mesmo das claras rubricas do Missal Romano adotado, em 1969, pela virtual totalidade da Igreja latina, é notório o caos litúrgico que se instaurou desde então.

É evidente que os experimentos espúrios já vinham desde antes, mas com a crise da autoridade que tomou corpo na sociedade civil desde a revolução sorbonniana de 1968 (“é proibido proibir”), eles se avolumaram dos anos 70 para cá. Paulo VI mesmo confessava sentir que a “fumaça de Satanás entrou no templo de Deus” (Discurso em 29 de junho de 1972), o que, mais tarde, seria explicado pelo Cardeal Noé como uma apreensão diante de tantas manipulações em relação à Missa, tantas desobediências às rubricas, tantos desvios e antropocentrismos, a ponto de certos críticos católicos americanos falarem em “narcisismo clerical”: a liturgia, de serviço do povo a Deus, de culto público da Igreja, havia se transformado, na prática, em espetáculo pessoal na qual cada celebrante põe em andamento uma série de criatividades que considera “pastoralmente melhor”.

Esse o cenário com que se depararam, principalmente, João Paulo II e Bento XVI. O primeiro chegou a demonstrar, por sua grandiosa Encíclica Ecclesia de Eucharistia, que, ao lado de grandes luzes a partir da reforma litúrgica, havia também sombras. Em seu pontificado, para clarear as tais sombras, veio à lume não só uma melhor edição do Missale Romanum, como uma dezena de instruções para melhor aplicar as diretrizes litúrgicas, em que se destaca a direta Redemptionis Sacramentum.

Tal documento, ademais, é de responsabilidade do então Cardeal Ratzinger que, como acenamos, reiteradas vezes evidenciou a centralidade do tema da liturgia em sua monumental obra teológica.

Seu “Introdução ao espírito da liturgia” deixava já bem claras suas intenções como teólogo: era preciso resgatar, como diria mais tarde Mons. Nicola Bux, autor de “La reforma de Benedicto XVI”, os “direitos de Deus” na celebração. A liturgia não é um emaranhado de normas simplesmente positivas feitas por homens, não é um ordenamento puramente racional para que se tenha decência no culto. Mais do que isso, a liturgia é um culto disposto pelo próprio Deus, ainda que muitos de seus detalhes se dêem pela autoridade da Igreja e não diretamente por Revelação. É Cristo mesmo quem celebra a liturgia por meio da Igreja. Nessa seara, pois, todo cuidado é pouco, e toda reverência nunca é demais. Por bem menos do que os atuais abusos litúrgicos, Deus fulminou quem meramente tocava na arca da aliança, simples símbolo de Sua presença, e sombra do grande bem futuro que é a liturgia cristã...

São Luís Gonzaga, Patrono e modelo de juventude, rogai por nós!


“Aquele que não é homem de oração não chegará jamais a um alto grau de santidade nem triunfará jamais sobre si mesmo; e que toda a tibieza e falta de mortificação que se via em almas religiosas não procediam senão da negligência na meditação, que é o meio mais curto e eficaz para se adquirir as virtudes”.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Aniversário sacerdotal do Papa, viveiro de vocações


Pe. Lombardi comenta os 60 anos de sacerdócio de Bento XVI, em 29 de junho

A Igreja espera que o 60º aniversário de sacerdócio de Bento XVI seja um momento de oração e compromisso, para que Deus abençoe a humanidade com vocações sacerdotais, segundo explicou o porta-voz da Santa Sé.

Joseph Ratzinger recebeu a ordenação sacerdotal em 29 de junho de 1951, junto ao seu irmão Georg, na catedral de Frisinga, por sua eminência o cardeal Michael von Faulhaber. Por este motivo, no mundo inteiro, a Igreja se prepara para comemorar este aniversário na solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo.

O Pe. Federico Lombardi SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, recorda, no último editorial de Octava Dies, do Centro Televisivo Vaticano, que “as conferências episcopais, incentivadas pela Congregação para o Clero, convidam a celebrações de agradecimento e de oração pelas vocações, centradas sobretudo na adoração eucarística, para pedir ao Senhor da messe que envie novos operários à sua vinha”.

“A vida de Bento XVI é, na verdade, uma vida integralmente sacerdotal – acrescenta o Pe. Lombardi. Vocação em idade muito jovem, formação no seminário interrompida somente pelas dramáticas experiências da guerra, ordenação aos 24 anos de idade, junto ao seu irmão mais velho e a um denso grupo de jovens bem provados na fidelidade a Deus e à Igreja.”

“Eles tinham modelos como o jovem sacerdoteAlojs Andritzki, assassinado aos 31 anos em Dachau, em 1943, e proclamado beato há poucos dias, quem, no início da sua prisão, havia jurado: 'Não esqueceremos nem sequer por um instante do nosso sacerdócio'.”

O Pe. Lombardi, em seu editorial, convida toda a Igreja a unir-se espiritualmente à oração do Papa, “pedindo que o exemplo da sua humildade e fidelidade alegre no serviço deste Deus audaz seja um estímulo eficaz para o nascimento de novas vocações e para a santidade de todos os sacerdotes”.

Fonte: Zenit

O que diziam os Santos Padres sobre a Música Sacra


São Pio X (1903-1914): [...]“A música sacra, como parte integrante da Liturgia solene, participa do seu fim geral, que é a glória de Deus e a santificação dos fiéis. A música concorre para aumentar o decoro e esplendor das sagradas cerimônias; e, assim como o seu ofício principal é revestir de adequadas melodias o texto litúrgico proposto à consideração dos fiéis, assim o seu fim próprio é acrescentar mais eficácia ao mesmo texto, a fim de que por tal meio se excitem mais facilmente os fiéis à piedade e se preparem melhor para receber os frutos da graça, próprios da celebração dos sagrados mistérios.

Por isso a música sacra deve possuir, em grau eminente, as qualidades próprias da liturgia, e nomeadamente a santidade e a delicadeza das formas, donde resulta espontaneamente outra característica, a universalidade.

Deve ser santa, e por isso excluir todo o profano não só em si mesma, mas também no modo como é desempenhada pelos executantes.

Deve ser arte verdadeira, não sendo possível que, doutra forma, exerça no ânimo dos ouvintes aquela eficácia que a Igreja se propõe obter ao admitir na sua liturgia a arte dos sons. Mas seja, ao mesmo tempo, universal no sentido de que, embora seja permitido a cada nação admitir nas composições religiosas aquelas formas particulares, que em certo modo constituem o caráter específico da sua música própria, estas devem ser de tal maneira subordinadas aos caracteres gerais da música sacra que ninguém doutra nação, ao ouvi-las, sinta uma impressão desagradável.”[...] (Tra Le Solicitudine - 1903)



Servo de Deus Pio XI (1922-1939): [...] “Aqui é oportuno recordar que por antiga e constante disciplina da Igreja, como também em virtude das mesmas Constituições Capitulares, hoje todavia vigentes, é necessário que todos quantos estejam obrigados ao ofício coral conheçam, ao menos na medida conveniente, o canto gregoriano, ao qual hão de ajustar-se todas as Igrejas, sem exceptuar nenhuma, entenda-se só àquilo que tiver sido restituído à fidelidade dos antigos códices, e já dado pela Igreja como edição autêntica [vaticanis typis].”[...] (Divini Cultus Sanctitatem - 1928)



Venerável Pio XII (1939-1958): [...]“Por isso, deve a Igreja, com toda diligência; providenciar para remover da música sacra, justamente por ser esta a serva da sagrada liturgia, tudo o que destoa do culto divino ou impede os féis de elevarem sua mente a Deus.

E, de fato, nisto consiste a dignidade e a excelsa finalidade da música sacra, a saber, em - por meio das suas belíssimas harmonias e da sua magnificência - trazer decoro e ornamento às vozes quer do sacerdote ofertante, quer do povo cristão que louva o sumo Deus; em elevar os corações dos fiéis a Deus por uma intrínseca virtude sua, em tornar mais vivas e fervorosas as orações litúrgicas da comunidade cristã, para que Deus uno e trino possa ser por todos louvado e invocado com mais intensidade e eficácia. Portanto, por obra da música sacra é aumentada a honra que a Igreja dá a Deus em união com Cristo seu chefe; e, outrossim, é aumentado o fruto que, estimulados pelos sagrados acordes, os fiéis tiram da sagrada liturgia e costumam manifestar por uma conduta de vida dignamente cristã, como mostra a experiência cotidiana e como confirmam muitos testemunhos de escritores antigos e recentes.”[...] (Musicae  Sacrae Disciplina - 1955)


Beato João XXIII (1958-1963)[...] “ Igualmente, se por uma parte é necessário promover o canto uníssono dos fiéis- voz unânime e símbolo da única e mesma caridade [...] Para assegurar que as Scholae Cantorum sejam estimadas, e onde chegaram a definhar ou decair, ressurjam a uma nova vida[...] Não será pouco o trabalho, mas mais numerosos serão os frutos que se colherão, à maior glória de Deus e proveito da vida cristã”[...] (Iucunda Laudatio – 1961)



Beato João Paulo II (1978-2005): [...]“Com efeito, a música e o canto não representam um mero decoro ou um ornamento que se sobrepõe à ação litúrgica. Pelo contrário, eles constituem uma realidade unitária com a celebração, consentindo o aprofundamento e a interiorização dos mistérios divinos.”(...) É necessário que o "cantar na liturgia" nasça do "sentire cum Ecclesia". Só assim a união com Deus e a capacidade artística se unem numa feliz síntese em que os dois elementos o canto e o louvor penetram toda a liturgia.[...]” ( Discurso aos membros do Pontifício Instituto de Música Sacra – 2001)

[...] “De fato, as palavras, que tanta importância têm na celebração litúrgica, mais sublinhadas são por meio do canto e assim recebem especial expressão de solenidade, beleza e dignidade, que permitem à assembleia sentir-se de alguma sorte mais próxima da santidade do Mistério mesmo que atua na liturgia. (...) Na atualidade é sumamente necessário que o patrimônio musical da Igreja seja apresentado e desenvolvido não só entre as novas e juvenis Igrejas mas também entre aqueles que tiveram conhecimento dos séculos do canto gregoriano e polifônico em língua latina. Agora, introduzido o costume das línguas vernáculas, vêem que se requerem outras formas idôneas de música na liturgia.” (Carta ao cardeal Höffner – 1980)

Por Caio Vinícius P. Nogueira
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