sexta-feira, 24 de maio de 2013

Auxílio dos Cristãos, rogai por nós!


Ó Maria, Virgem poderosa,
Tu, grande e ilustre defensora da Igreja.
Tu, Auxílio maravilhoso dos cristãos,
Tu, terrível como exército ordenado em batalha.
Tu, que, só, destruíste toda heresia em todo o mundo:
nas nossas angústias, nas nossas lutas, nas nossas aflições, 
defende-nos do inimigo; e na hora da morte,
acolhe a nossa alma no Paraíso. Amém.

domingo, 19 de maio de 2013

Homilia do Papa Francisco na Missa de Pentecostes


Amados irmãos e irmãs,

Neste dia, contemplamos e revivemos na liturgia a efusão do Espírito Santo realizada por Cristo ressuscitado sobre a sua Igreja; um evento de graça que encheu o Cenáculo de Jerusalém para se estender ao mundo inteiro.

Então que aconteceu naquele dia tão distante de nós e, ao mesmo tempo, tão perto que alcança o íntimo do nosso coração? São Lucas dá-nos a resposta na passagem dos Actos dos Apóstolos que ouvimos (2, 1-11). O evangelista leva-nos a Jerusalém, ao andar superior da casa onde se reuniram os Apóstolos. A primeira coisa que chama a nossa atenção é o rombo improviso que vem do céu, «comparável ao de forte rajada de vento», e enche a casa; depois, as «línguas à maneira de fogo» que se iam dividindo e pousavam sobre cada um dos Apóstolos. Rombo e línguas de fogo são sinais claros e concretos, que tocam os Apóstolos não só externamente mas também no seu íntimo: na mente e no coração. Em consequência, «todos ficaram cheios do Espírito Santo», que esparge seu dinamismo irresistível com efeitos surpreendentes: «começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem». Abre-se então diante de nós um cenário totalmente inesperado: acorre uma grande multidão e fica muito admirada, porque cada qual ouve os Apóstolos a falarem na própria língua. É uma coisa nova, experimentada por todos e que nunca tinha sucedido antes: «Ouvimo-los falar nas nossas línguas». E de que falam? «Das grandes obras de Deus».

À luz deste texto dos Actos, quereria reflectir sobre três palavras relacionadas com a acção do Espírito: novidade, harmonia e missão.

1. A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projectar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus. Muitas vezes seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade - Deus traz sempre novidade -, transforma e pede para confiar totalmente n’Ele: Noé construiu uma arca, no meio da zombaria dos demais, e salva-se; Abraão deixa a sua terra, tendo na mão apenas uma promessa; Moisés enfrenta o poder do Faraó e guia o povo para a liberdade; os Apóstolos, antes temerosos e trancados no Cenáculo, saem corajosamente para anunciar o Evangelho. Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos hoje a nós mesmos: Permanecemos abertos às «surpresas de Deus»? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento? Far-nos-á bem pormo-nos estas perguntas durante todo o dia.

2. Segundo pensamento: à primeira vista o Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons. Mas não; sob a sua acção, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Quem faz a harmonia na Igreja é o Espírito Santo. Um dos Padres da Igreja usa uma expressão de que gosto muito: o Espírito Santo «ipse harmonia est – Ele próprio é a harmonia». Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Também aqui, quando somos nós a querer fazer a diversidade fechando-nos nos nossos particularismos, nos nossos exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos por trazer a uniformidade, a homogeneização. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. O caminhar juntos na Igreja, guiados pelos Pastores – que para isso têm um carisma e ministério especial – é sinal da acção do Espírito Santo; uma característica fundamental para cada cristão, cada comunidade, cada movimento é a eclesialidade. É a Igreja que me traz Cristo e me leva a Cristo; os caminhos paralelos são muito perigosos! Quando alguém se aventura ultrapassando (proagon) a doutrina e a Comunidade eclesial - diz o apóstolo João na sua Segunda Carta e deixa de permanecer nelas, não está unido ao Deus de Jesus Cristo (cf. 2 Jo 9). Por isso perguntemo-nos: Estou aberto à harmonia do Espírito Santo, superando todo o exclusivismo? Deixo-me guiar por Ele, vivendo na Igreja e com a Igreja?

3. O último ponto. Diziam os teólogos antigos: a alma é uma espécie de barca à vela; o Espírito Santo é o vento que sopra na vela, impelindo-a para a frente; os impulsos e incentivos do vento são os dons do Espírito. Sem o seu incentivo, sem a sua graça, não vamos para a frente. O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e salva-nos do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para anunciar e testemunhar a vida boa do Evangelho, para comunicar a alegria da fé, do encontro com Cristo. O Espírito Santo é a alma da missão. O sucedido em Jerusalém, há quase dois mil anos, não é um facto distante de nós, mas um facto que nos alcança e se torna experiência viva em cada um de nós. O Pentecostes do Cenáculo de Jerusalém é o início, um início que se prolonga. O Espírito Santo é o dom por excelência de Cristo ressuscitado aos seus Apóstolos, mas Ele quer que chegue a todos. Como ouvimos no Evangelho, Jesus diz: «Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco» (Jo 14, 16). É o Espírito Paráclito, o «Consolador», que dá a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo! O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão. Recordemos hoje estas três palavras: novidade, harmonia, missão.

A liturgia de hoje é uma grande súplica, que a Igreja com Jesus eleva ao Pai, para que renove a efusão do Espírito Santo. Cada um de nós, cada grupo, cada movimento, na harmonia da Igreja, se dirija ao Pai pedindo este dom. Também hoje, como no dia do seu nascimento, a Igreja invoca juntamente com Maria: «Veni Sancte Spiritus… – Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor»! Amen.

sábado, 18 de maio de 2013

Lisboa tem novo Patriarca


Cidade do Vaticano (RV) - O Santo Padre aceitou a renúncia ao governo pastoral do Patriarcado de Lisboa (Portugal), apresentada pelo Cardeal José da Cruz Policarpo, em conformidade ao Can. 401 §1 do Código de Direito Canônico.

O Papa nomeou como novo Patriarca Dom Manuel José Macário do Nascimento Clemente, transferindo-o da Diocese de Porto. 

Dom Clemente nasceu em Torres Vedras, Patriarcado de Lisboa, em 16 de julho de 1948.

Recebeu a ordenação episcopal em 22 de janeiro de 2000 e em 2007 foi nomeado Bispo da Diocese de Porto. 

Atualmente, é Vice-Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e desde 2012 é Membro do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais. 

Fonte: Rádio Vaticano

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ter o Papa Francisco como confessor "é experimentar o abraço de Deus"



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ROMA, 16 Mai. 13 / 11:13 am (ACI/EWTN Noticias).- O Padre Guillermo Ortiz é o responsável pelos programas em espanhol da Rádio Vaticano, nasceu em Córdoba, Argentina, e foi filho espiritual do Papa Francisco por muitos anos. Recebeu o Sacramento da Penitência das mãos do Pontífice em várias ocasiões, e assegura que confessar-se com ele "é experimentar a misericórdia de Deus".

Em uma entrevista concedida em Roma ao Grupo ACI, o Pe. Ortiz disse que confessar-se com o Papa "é experimentar a misericórdia de Deus, o abraço de Deus, o perdão que realmente nos ajuda a estar mais perto de Deus".

O Pe. Ortiz conhece o papa Francisco desde 1977. Nesse então, o sacerdote Jorge María Bergoglio, era o superior provincial da Companhia de Jesus na Argentina. Ele foi quem deu ao Pe. Ortiz a permissão para formar parte dos jesuítas.

Em 1978 o Padre Bergoglio passou a ser o Reitor do Colégio Máximo dos jesuítas, converteu-se em seu formador, e mais tarde se converteu no pároco da igreja onde o Pe. Ortiz se formou como sacerdote e viveu o noviciado.

"Essa foi outra graça de Deus muito grande… tê-lo, então, como formador e como diretor espiritual, como confessor várias vezes, como pároco foi uma experiência muito linda", assegurou.

O Pe. Ortiz conta que quando o Cardeal Bergoglio foi eleito como Pontífice no dia 13 de abril deste ano, quase não podia acreditar: "Eu tinha que fazer a crônica do momento, estava na Praça de São Pedro, vi a fumaça branca sair pela chaminé do Vaticano e corri ao estudio. Quando vi aparecer ao Cardeal Bergoglio me bloqueei, não podia mais pensar… e até o dia de hoje me emociona, porque é uma pessoa que faz me sentir Jesus, que transparece Jesus, e que necessitamos como Papa neste momento", assinalou.

"Tinha falado com ele no sábado anterior porque queria cumprimentá-lo e fiquei muito impressionado, com a sua palavra, com o seu humor, sua serenidade, sua perseverança no ânimo… Eu não pensava que ele fosse ser eleito porque se falava de alguém mais jovem, mas de qualquer maneira sempre foi o candidato do meu coração".

O sacerdote jesuíta explica que para a Rádio Vaticano, mais conhecida como "a rádio do Papa", "é muito curioso e especial ter um Papa jesuíta".

Desde ano 1931, a Companhia de Jesus dirigiu a rádio, e agora "o Papa é jesuíta", assim "é mais fácil compreender o que faz e o que diz, porque nós já sabemos que está impregnado da cristandade da Companhia de Jesus. É muito lindo, porque ao final, de algum jeito, o trabalho que fazemos fica emfamília", concluiu.

Até o momento o Pe. Ortiz manteve vários encontros com o Papa depois de sua eleição, a primeira ocasião foi durante o encontro que o pontífice quis ter com milhares de jornalistas que foram a Roma para cobrir o Conclave.

sábado, 4 de maio de 2013

O que Deus fazia antes de criar o mundo?


Perguntam-me: "o que fazia Deus antes de criar o Céu e a Terra?", respondo-lhes: Nada.[1]
Essa perturbadora afirmação de Santo Agostinho em suas Confissões só é bem entendida se lida no contexto geral de sua obra, mas nos dá uma grande pista de como entender um pouco melhor o insondável mistério da Santíssima Trindade.
Santo Agostinho complementa: "Meu Deus, que sois o Criador de tudo, o que foi criado. Se pelo nome de "céu e terra" se compreendem todas as criaturas, não temo afirmar que antes de criardes o céu e a terra não fazíeis coisa alguma. Pois se tivésseis feito alguma coisa, que poderia ser senão criatura vossa?" [2]
Para se fazer algo é preciso de uma matéria e um tempo, a matéria inicial é mutável pois passa de um estágio anterior para um posterior e o processo leva um certo tempo, essa mutabilidade e temporalidade não pode ser aplicada a Deus porque ele é imutável e eterno, Deus não tem passado ou futuro, ele simplesmente É, "Eu Sou Aquele É" (Ex. 3,14), por isso o verbo fazer não pode ser aplicado a Deus na questão da criação, por isso Ele não "fazia" nada, Deus criou o Universo sem precisar de uma matéria inicial, pois ele pode criar qualquer coisa do nada, ex-nihilo.
Passada a introdução, onde isso se encaixa com o mistério da Trindade? É evidente que existimos e que não existimos por nós mesmos, que não podemos criar nada, logo, é por infinita bondade de Deus que existimos. Deus nos criou, mas nos criou no tempo, pois só Ele é eterno, e a criatura não poderia ser co-eterna, mas Deus por ser imutável e puro Amor, dá-Se por inteiro, e Ele quiz que participássemos de Sua eternidade, quiz nos tirar de uma situação ruim para a glória absoluta, e o ato de tirar de uma situação ruim para uma boa é salvar. Sendo livre, Deus também nos criou livres para querer ou não a salvação, e nos deixou formas para sermos atraídos a Ele, pelo nosso intelecto e nossa vontade, que são as qualidades que nos separam dos animais irracionais, sendo Deus o Santo dos Santos ele nos atrai nos santificando, ele nos inspira desejos de verdade, beleza e bondade pois Ele é a Verdade Absoluta, a Suma Beleza e o Sumo Bem, "Meu coração anda inquieto enquanto não repousa em Ti".[3]
Resumindo então, Deus cria pra salvar e salva santificando, vemos aí um pouco melhor, o insondável mistério da Trindade: Deus Pai Criador, Deus Filho Salvador e Deus Espírito Santo Santificador.
A melhor definição de amor que já ouvi é de nosso Santo Padre, o Papa Bento XVl: "Amor é dar aos outros o que é seu".[4]
E nessa frase vemos o infinito Amor de Deus, Ele nos deu algo que só ele tem por si mesmo, a existência.


Referências
[1], [2] e [3] Confissões, Santo Agostinho.

[4] Encíclica Caritatas in Veritate, Papa Bento XVl

Fonte: Blog Mater Dei

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Carta do Prelado do Opus Dei para o mês de Maio

Caríssimos: que Jesus guarde as minhas filhas e os meus filhos!

Mês de maio: um tempo rico em festas litúrgicas e em aniversários da Obra. Desejamos percorrê-lo conduzidos pela mão da Virgem, nossa Mãe, que nos leva sempre ao seu Filho e, com Ele e por Ele, ao Espírito Santo e a Deus Pai. Desde agora, pedimos a Nossa Senhora que nos acompanhe muito de perto, que nos obtenha sempre graças abundantes para sermos dóceis ao Paráclito – como Ela o foi – e assim nos parecermos mais e mais com o seu Filho Jesus.

Nas semanas decorridas desde a eleição do Papa Francisco, pudemos contemplar os afãs de renovação interior que se produziram em tanta gente, porque são muitas as pessoas que manifestaram publicamente a necessidade de se aproximarem de novo ou com mais frequência do sacramento da Penitência. Agradeçamos ao Senhor estes dons cuidando, em primeiro lugar, de aproveitá-los a fundo pessoalmente, ao mesmo tempo que nos esforçamos por ajudar os nossos parentes, amigos, colegas de trabalho ou de estudo, a decidir-se a empreender diariamente – como nós mesmos temos que fazer – uma vida plenamente coerente com a fé que professamos.

Continuando com a exposição dos artigos do Credo, aprofundemos no mistério da Ascensão do Senhor. Cremos, com efeito, que Jesus Cristo, depois de ressuscitado, subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai [1]. Esta solenidade, que celebraremos neste mês – na quinta-feira dia 9 ou, nos países em que foi transferida para o domingo seguinte, no dia 12 –, deve constituir para todos uma ocasião de recordar o ditoso fim a que fomos chamados. Esta verdade lembra-nos um fato histórico e, ao mesmo tempo, um acontecimento de salvação. Como fato histórico, a Ascensão “marca a entrada definitiva da humanidade de Jesus no domínio celestial de Deus, de onde há de voltar, mas que, entrementes, o oculta aos olhos dos homens” [2]. Agora está presente na Eucaristia, de modo sacramental; mas, no seu ser natural, está somente no Céu, de onde virá no fim dos tempos, cheio de glória e majestade, para julgar todos os homens.

O evangelista que relata com mais pormenor este acontecimento é São Lucas. No começo dos Atos do Apóstolos, escreve que o Senhor, depois da sua Paixão, apresentou-se vivo diante deles [diante dos Apóstolos e de outros discípulos], com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes das coisas do reino de Deus [3]. Também narra que, em uma das aparições aos Apóstolos, o Senhor lhes abriu o entendimento para que compreendessem as Escrituras. E disse-lhes: “Assim está escrito: que era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dentre os mortos ao terceiro dia, e que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de tudo isto” [4].

São Josemaria considerou muitas vezes estas cenas, nas reuniões familiares que costumava ter com numerosas pessoas. Numa ocasião, por exemplo, convidava os que o escutavam a pensar no Senhor depois da Ressurreição, quando falava de muitas coisas, de tudo o que os seus discípulos lhes perguntavam. Aqui imitamo-lo agora um pouquinho, porque vós e eu somos discípulos do Senhor e queremos trocar impressões [5]. E em outro momento, acrescentava: Falava-lhes como nós falamos agora aqui: a mesma coisa! Isso é a contemplação: trato com Deus. E a contemplação e o trato com Deus levam-nos ao zelo pelas almas, à fome de trazer Cristo aos que se afastaram [6].

Mas voltemos ao momento da Ascensão, quando Jesus os levou até perto de Betânia e, levantando as mãos, os abençoou. E, enquanto os abençoava, separou-se deles e começou a elevar-se ao céu [7]. Numa das últimas audiências, refletindo sobre este mistério, o Papa Francisco perguntava-se: Qual é o significado deste acontecimento? Quais são as suas consequências para a nossa vida? Que significa contemplar Jesus sentado à direita do Pai? [8].

O Senhor subiu ao Céu como Cabeça da Igreja: deixou-nos para preparar-nos um lugar, como tinha prometido [9]. “Precede-nos no Reino glorioso do Pai para que nós, membros do seu corpo, vivamos na esperança de estarmos um dia eternamente com Ele” [10]. No entanto, para entrarmos com Cristo na glória, é necessário que sigamos os seus passos. O Papa faz notar que, enquanto sobe a Jerusalém para a sua última Páscoa – em que ia consumar o sacrifício redentor –, Jesus vê já a sua meta, o Céu, mas sabe com certeza que o caminho que o devolve à glória do Pai passa pela Cruz, pela obediência ao desígnio divino de amor à humanidade (...). Também nós devemos ter bem presente na nossa vida cristã que entrar na glória de Deus exige a fidelidade diária à sua vontade, mesmo quando esta requer sacrifício; quando, em certas ocasiões, requer que mudemos os nossos planos [11]. Não esqueçamos, filhas e filhos meus, que não há cristianismo sem Cruz, não há verdadeiro amor sem sacrifício, e procuremos conformar a nossa vida diária com esta realidade gozosa. Porque significa darmos os mesmos passos que o Mestre seguiu, Ele que é o Caminho, a Verdade e a Vida [12].

Por isso, a grande festa da Ascensão convida-nos a examinar como deve concretizar-se a nossa adesão à vontade divina: sem rêmoras, sem laços que nos atem ao nosso eu, com a determinação plena, renovada em cada dia, de procurar, aceitar e amar com todas as nossas forças essa vontade. O Senhor não nos oculta que a obediência rendida à vontade de Deus exige renúncia e entrega, porque o amor não reclama direitos: quer servir. Ele percorreu primeiro o caminho. Jesus: como foi que obedeceste? Usque ad mortem, mortem autem crucis (Fil 21, 8), até à morte, e morte de Cruz. Temos que sair de nós mesmos, complicar a vida, perdê-la por amor de Deus e das almas [13].

A Sagrada Escritura conta que, depois da Ascensão, os Apóstolos regressaram a Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo bendizendo a Deus [14]. Uns dias antes, quando Jesus lhes anunciara que perderiam a sua presença sensível, tinham-se enchido de tristeza [15]; agora, porém, mostram-se cheios de alegria. Como se explica esta mudança? É que, com os olhos da fé, mesmo antes da chegada visível do Espírito Santo, compreendem que Jesus, embora se subtraia à sua vista, permanece sempre com eles, não os abandona e, na glória do Pai, os sustém, os guia e intercede por eles [16].

Sabemos pela fé que também agora Jesus Cristo continua junto de nós e em nós, mediante a graça, com o Pai e o Espírito Santo, e na Sagrada Eucaristia. Ele é o nosso apoio e a nossa fortaleza, o irmão mais velho, o amigo mais íntimo, que nunca nos abandona, especialmente nos momentos de tribulação ou de luta. Segundo afirma São João na sua primeira Carta, Ele é o nosso advogado: como é bonito ouvir isto! Quando uma pessoa é citada pelo juiz ou entra num pleito, a primeira coisa que faz é procurar um advogado para que o defenda. Nós temos um que nos defende sempre, que nos defende das ciladas do demônio, nos defende de nós mesmos, dos nossos pecados! (...). Não temamos ir a Ele para pedir-lhe perdão, pedir-lhe benção, pedir-lhe misericórdia! [17] Esforçamo-nos por agir na presença de Deus, aconteça o que acontecer? Sabemos acolher as suas disposições? Com que intensidade o invocamos?

A certeza de que o Mestre nos acompanha constitui outra consequência do fato da Ascensão, que nos cumula de paz e alegria. Uma alegria e uma paz que necessariamente temos de comunicar aos outros, a todas as pessoas que passam por nós e especialmente aos que – talvez sem se aperceberem muito disso – sofrem por causa do seu afastamento de Deus. Como recalcava São Josemaria ao escrever sobre esta festa, temos uma grande tarefa à nossa frente. Não é possível permanecermos passivos, porque o Senhor nos declarou expressamente: Negociai até que eu volte (Lc 19, 13). Enquanto esperamos o regresso do Senhor, que voltará para tomar posse plena do seu Reino, não podemos ficar de braços cruzados. A propagação do Reino de Deus não é apenas tarefa oficial dos membros da Igreja que representam Cristo por terem recebido dEle os poderes sagrados. Vos autem estis corpus Christi (1 Cor 12, 27): vós também sois corpo de Cristo – frisa o Apóstolo –, com o mandato específico de negociar até o fim [18].

Este mês, dedicado em muitos países a Maria, tem sido sempre na Obra um tempo especialmente apostólico. O nosso Padre ensinou-nos a ir em romaria a uma ermida ou igreja dedicada à Virgem, se possível em companhia de algum dos nossos amigos ou colegas. Todos temos a experiência de que, ao regressarmos depois à vida normal – ao trabalho, à família –, notamos uma força interior nova, que a nossa Mãe nos consegue para nos encaminharmos ou reencaminharmos rumo ao seu Filho Jesus. Vem-me à memória a primeira romaria do nosso Padre a um santuário mariano – a Sonsoles, em Ávila: amanhã será um novo aniversário – e a inesquecível novena a Nossa Senhora de Guadalupe do ano de 1970, em que rezou com tanta fé pela Igreja, pelo Papa e pelo Opus Dei. Sugiro-vos que façamos a Romaria de maio deste ano muito unidos a essas intenções que o nosso Fundador continua a ter no Céu.

Na segunda quinzena deste mês, no dia 19, a liturgia apresenta-nos a solenidade de Pentecostes, e, no domingo seguinte, a festa da Santíssima Trindade. O Paráclito – agora como na época apostólica e sempre na vida da Igreja – é quem fortalece os cristãos e lhes comunica valentia para anunciar Jesus por toda a parte. Meditai no que aconteceu após a morte de Estevão, o primeiro mártir. Naquele dia – dizem concisamente os Atos dos Apóstolos – irrompeu uma grande perseguição contra a igreja de Jerusalém, e todos, exceto os Apóstolos, se dispersaram pelas regiões da Judeia e da Samaria [19]. Aquela perseguição, em vez de coibir o crescimento da Igreja, trouxe como consequência a sua expansão para além dos confins de Jerusalém; arraigou em novos lugares, em novas gentes, mesmo em pessoas que não pertenciam ao povo de Israel, como eram os samaritanos. Coisa idêntica aconteceu com São Paulo durante as suas viagens apostólicas.

Ao considerarmos estes fatos, recordados nas leituras do tempo pascal, deveríamos em boa lógica perguntar-nos: Dou testemunho da minha fé em Cristo? Peço a Deus que me aumente esta virtude teologal, juntamente com a esperança e a caridade, especialmente neste Ano da fé? Ajuda-me a ser audaz a consideração de que Jesus ressuscitado caminha junto de mim por todas as sendas da minha vida corrente? Vou com frequência ao Sacrário para pedir ao Senhor uma maior piedade no meu trato com Ele e com a sua Santíssima Mãe? Escutemos as perguntas que nos faz o Papa Francisco: Tu e eu, adoramos o Senhor? Vamos a Deus somente para pedir, para agradecer, ou dirigimo-nos a Ele também para adorá-lo? (...). Adorar o Senhor quer dizer dar-lhe o lugar que lhe corresponde; adorar o Senhor quer dizer afirmar, crer – mas não apenas com palavras – que só Ele guia verdadeiramente a nossa vida [20].

No mês passado, fui ao Líbano numa viagem rápida. Como sempre, contei com a vossa ajuda para impulsionar o trabalho apostólico dos fiéis da Prelazia nesse querido país, encruzilhada do Oriente Médio. Acompanhado por todas e por todos, rezei diante de Nossa Senhora do Líbano, no santuário de Harissa, pedindo especialmente pela paz em toda aquela região e no resto do mundo. Não desistamos de recorrer a Santa Maria em todas as necessidades da Igreja e da sociedade. É a atitude que a nossa Mãe nos ensina na festa da Visitação, no último dia do mês: fomentar em todos os momentos a disposição de servir os outros nas diversas circunstâncias que se apresentem, com Maria serviu a sua prima Isabel.

Apresentai a Nossa Senhora as minhas intenções: não há nada de egoísmo neste pedido, porque – entre muitas outras – inclui-se nessas intenções o pedido pela vossa fidelidade quotidiana, traçada com alegria, com perseverança, com fome de santidade pessoal e de zelo apostólico. Suplicai à Mãe da Igreja que obtenha da Trindade Santíssima, para a Igreja inteira e para esta partezinha da Igreja que é a Prelazia, muitos sacerdotes, plenamente entregues ao seu ministério. Rezai de modos especial pelos novos presbíteros da Obra, que receberão a ordenação sacerdotal no próximo dia 4, para que sejam – como o nosso Padre desejava – santos, doutos, alegres e esportistas no terreno sobrenatural.

Com todo o afeto, abençoa-vos

                                                               o vosso Padre

                                                               +Javier

Roma, 1 de maio de 2013

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