terça-feira, 30 de novembro de 2010

Santo André, rogai por nós!


Hoje a Igreja está em festa, pois celebramos a vida de um escolhido do Senhor para pertencer ao número dos Apóstolos.


Santo André nasceu em Betsaida, no tempo de Jesus, e de início foi discípulo de João Batista até que aproximou-se do Cordeiro de Deus e com São João, começou a segui-lo, por isso André é reconhecido pela Liturgia como o "protocleto", ou seja, o primeiro chamado: "Primeiro a escutar o apelo, ao Mestre, Pedro conduzes; possamos ao céu chegar, guiados por tuas luzes!"

Santo André se expressa no Evangelho como "ponte do Salvador", porque é ele que se colocou entre seu irmão Simão Pedro e Jesus; entre o menino do milagre da multiplicação dos pães e Cristo; e, por fim, entre os gentios (gregos) e Jesus Cristo. Conta-nos a Tradição que depois de Pentecostes, Santo André teria ido pregar o Evangelho na região dos mares Cáspio e Negro.

Apóstolo da coragem e alegria, Santo André foi fundador das igrejas na Acaia, onde testemunhou Jesus com o seu próprio sangue, já que foi martirizado numa cruz em forma de X, a qual recebeu do santo este elogio: "Salve Santa Cruz, tão desejada, tão amada. Tira-me do meio dos homens e entrega-me ao meu Mestre e Senhor, para que eu de ti receba o que por ti me salvou!"

Católicos que promovem aborto não podem receber Comunhão, reitera o Cardeal Burke

Da agência de notícias: Aci digital

O Prefeito da Assinatura Apostólica da Santa Sé, o agora Cardeal Raymond Burke, reiterou que os políticos católicos que defendem, promovem e/ou apóiam o aborto não podem receber a comunhão.


O Cardeal que preside o que poderia ser considerada a "Corte Suprema" no Vaticano, fez estas declarações nas vésperas do Consistório de 20 de novembro no qual o Papa Bento XVI criou 24 novos cardeais.

Em diálogo com a jornalista Tracey McClure que o entrevistou sobre o fato de que em alguns lugares não se está aplicando esta recomendação de restringir o acesso à Eucaristia a católicos abortistas, o Cardeal explicou que esta disposição obedece as normas da Igreja.

O Cardeal Burke disse que "com respeito à pergunta sobre se é que pode receber a Santa Comunhão uma pessoa que pública e obstinadamente defende o direito de uma mulher a abortar o filho que leva em suas entranhas, parece-me algo claríssimo nos 2000 anos de tradição da Igreja: a Igreja afirmou energicamente que uma pessoa que está pública e obstinadamente em pecado grave não deve aproximar-se para receber a Santa Comunhão e, se ele ou ela o faz, então deve ser-lhe negada a Santa Comunhão".

O Prefeito explicou que a sanção de negar a Comunhão a uma pessoa que dissente publicamente dos ensinamentos da Igreja procura "evitar que a pessoa cometa um sacrilégio. Em outras palavras, evitar que receba o Sacramento indignamente, já que a santidade do Sacramento mesmo exige estar em estado de graça para receber o Corpo e o Sangue de Cristo".

"É desalentador que alguns membros da Igreja digam que não entendem isto ou que digam que de alguma maneira existe um atenuante para alguém que, embora esteja pública e obstinadamente em pecado grave, possa receber a Santa Comunhão", disse o Cardeal.

"Esta resposta por parte de muitos membros da Igreja provém da experiência de viver em uma sociedade que está completamente secularizada, e a idéia que está gravada a fogo –o pensamento centrado em Deus que marcou a disciplina da Igreja– não a entendem facilmente os que são bombardeados cada dia com uma espécie de aproximação sem Deus ao mundo e a muitas questões. É por isso que eu busco não me desanimar para continuar proclamando a mensagem em uma forma que as pessoas possam entender".

O Cardeal pediu aos bispos que neste tema não deixem sozinhos os seus sacerdotes diante dos católicos que defendem ou promovem o aborto: "para mim, não foi fácil confrontar esta questão diante de alguns políticos católicos. E tive alguns sacerdotes que falaram comigo e me contaram como é difícil quando eles têm indivíduos em suas paróquias que estão em uma situação de pecado público e grave… então, eles voltam o olhar para o Bispo para serem animados e inspirados para enfrentar esta situação".

Por isso, "quando um bispo adota medidas pastorais apropriadas sobre este tema, também está ajudando a muitos outros bispos, e também os sacerdotes".

O Cardeal Burke insistiu ainda que é necessário pregar esta mensagem "a tempo e fora de tempo, tanto se ela for calidamente recebida como quando não é recebida, ou é recebe resistência ou é criticada".

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Menino Jesus do Espinho

Uma piedosa lenda de Natal conta que o Menino Jesus sentado num troneto brincou tecendo uma coroa de espinhos.

E um espinho machucou seu dedo indicador da mão direita.Nesse momento, com ciência profética, Ele previu os sofrimentos que haveria de aceitar para redimir o genro humano.Em sua doçura de criança e na candura de sua inocência infinita Ele pressentiu as dores lancinantes de sua Paixão e Morte na Cruz.Contemplou também a glória de sua Ressurreição. Anteviu a Redenção da humanidade, o triunfo universal da Igreja e da Cristandade.

Na iconografia tradicional, o Menino Jesus do Espinho aparece sentado numa poltrona com braços de madeira, estofada em veludo vermelho, meditando sobre os futuros tormentos da Paixão.

Numa outra tela do célebre pintor espanhol Francisco de Zurbarán (1598-1664) o Menino Deus contempla o dedo sangrando.

O rosto mais sereno parece velado pelo presságio do sofrimento vindouro trazido pela ferida. É uma clara premonição da Paixão de Cristo, através de uma descrição suave e melancólica.

O contraste entre a inocência e a doçura da criança com o horror da tortura toca os mais nobres sentimentos dos fiéis.

E inspira uma meditação apropriada para o Advento, período litúrgico iniciado no último domingo de novembro, tempo penitencial que nos prepara para bem receber no Natal ao Menino Jesus.

domingo, 28 de novembro de 2010

Homilia de Bento XVI na Vígilia pela Vida Nascente



Queridos irmãos e irmãs,


com esta celebração vespertina, o Senhor nos dá a graça e a alegria de abrir o novo Ano Litúrgico, iniciando pela sua primeira etapa: o Advento, o período que faz memória da vinda de Deus entre nós. Todo o início traz em si uma graça particular, porque é abençoado pelo Senhor. Neste Advento nos será dada, mais uma vez, a oportunidade de fazer a experiência da proximidade d'Aquele que criou o mundo, que orienta a história e que tomou conta de nós, alcançando o cume de sua condescendência ao fazer-se homem. Exatamente o mistério grande e fascinante de Deus conosco, mais ainda, de Deus que se fez um de nós, é que celebraremos nas próximas semanas, caminhando em direção ao Santo Natal. Durante o tempo do Advento, sentiremos a Igreja que nos toma pela mão e, à semelhança de Maria Santíssima, expressa a sua maternidade fazendo-nos experimentar a alegre expectativa da vinda do Senhor, que abraça a todos no seu amor que salva e consola.

Enquanto os nossos corações abrem-se rumo à celebração anual do nascimento de Cristo, a liturgia da Igreja orienta o nosso olhar à meta definitiva: o encontro com o Senhor que virá no esplendor da sua glória. Por isso nós que, em toda a Eucaristia, "anunciamos a sua morte, proclamamos a sua ressurreição, na expectativa da sua vinda", vigiamos em oração. A liturgia não cessa de encorajar-nos e sustentar-nos, colocando em nossos lábios, nos dias do Advento, o grito com o qual se encerra toda a Sagrada Escritura, na última página do Apocalipse de São João: "Vem, Senhor Jesus!" (22, 20).

Queridos irmãos e irmãs, o nosso reunir-se nesta noite para iniciar o caminho do Advento enriquece-se por um outro importante motivo: com toda a Igreja, desejamos celebrar solenemente uma vigília de oração pela vida nascente. Desejo expressar o meu agradecimento a todos aqueles que aderiram a esse convite e a quantos se dedicam de modo específico a acolher e proteger a vida humana nas diversas situações de fragilidade, em particular nos seus inícios e nos seus primeiros passos. Propriamente o início do Ano Litúrgico faz-nos viver novamente a expectativa de Deus que se faz carne no seio da Virgem Maria, de Deus que se faz pequeno, torna-se criança; fala-nos da vinda de um Deus próximo, que desejou percorrer a vida do homem, desde os inícios, e isso para salvá-la totalmente, em plenitude. E, assim, o mistério da Encarnação do Senhor e o início da vida humana estão intimamente e harmonicamente conectados entre si dentro do único projeto salvífico de Deus, Senhor da vida de todos e de cada um. A Encarnação revela-nos com intensa luz e de modo surpreendente que toda a vida humana tem uma dignidade altíssima, incomparável.


O homem apresenta uma originalidade inconfundível com relação a todos os outros seres vivos que povoam a terra. Apresenta-se como sujeito único e singular, dotado de inteligência e vontade livre, ainda que composto de realidades materiais. Vive simultaneamente e indivisivelmente na dimensão espiritual e na dimensão corpórea. Sugere isso também o texto da Primeira Carta aos Tessalonicenses que foi proclamado: "O Deus da paz –escreve São Paulo – vos conceda santidade perfeita. Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!" (5, 23). Somos, portanto, espírito, alma e corpo. Somos parte deste mundo, ligados às possibilidades e aos limites da condição material; ao mesmo tempo, somos abertos a um horizonte infinito, capaz de dialogar com Deus e de acolhê-lo em nós. Operamos nas realidades terrenas e, através dessas, podemos perceber a presença de Deus e tender a Ele, verdade, bondade e beleza absoluta. Saboreamos fragmentos de vida e felicidade e anelamos à plenitude total.

Deus ama-nos de modo profundo, total, sem distinções; chama-nos à amizade com Ele; torna-nos participantes de uma realidade que ultrapassa toda a imaginação e todo o pensamento e palavra: a sua própria vida divina. Com comoção e gratidão tomemos consciência do valor, da dignidade incomparável de toda a pessoa humana e da grande responsabilidade que temos com relação a todos. "Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime. [...] Pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem" (Constituição Gaudium et Spes, 22).

Crer em Jesus Cristo comporta também ter um olhar novo sobre o homem, um olhar de confiança, de esperança. De resto, a própria experiência e a reta razão atestam que o ser humano é um sujeito capaz de entender e desejar, autoconsciente e livre, irrepetível e insubstituível, vértice de todas as realidades terrenas, que exige ser reconhecido como valor em si mesmo e merece ser acolhido sempre com respeito e amor. Ele tem o direito de não ser tratado como um objeto a se possuir, ou como uma coisa que se pode manipular a bel prazer, de não ser tornado um puro instrumento em vantagem de outros e seus interesses. A pessoa é um bem em si mesma e é preciso buscar sempre o seu desenvolvimento integral. O amor por todos, portanto, se é sincero, tende espontaneamente a dar atenção preferencial aos mais débeis e pobres. Sobre essa linha, coloca-se a solicitude da Igreja pela vida nascente, a mais frágil, a mais ameaçada pelo egoísmo dos adultos e do obscurecimento de consciência. A Igreja continuamente reafirma aquilo que declarou o Concílio Vaticano II contra o aborto e toda a violação da vida nascente: "A vida, uma vez concebida, deve ser protegida com o máximo cuidado" (Ibid., n. 51).

Há tendências culturais que buscam anestesiar as consciências com motivações espúrias. Com relação ao embrião no ventre materno, a própria ciência coloca em evidência a autonomia capaz de interação com a mãe, a coordenação dos processos biológicos, a continuidade do desenvolvimento, a crescente complexidade do organismo. Não se trata de um acúmulo de material biológico, mas de um novo ser vivente, dinâmico e maravilhosamente ordenado, um novo indivíduo da espécie humana. Assim aconteceu com Jesus no seio de Maria; assim foi com cada um de nós, no ventre de nossa mãe. Com o antigo autor cristão Tertuliano, podemos afirmar: "É já um homem aquele que o será" (Apologetico, IX, 8); não há nenhuma razão para não considerá-lo pessoa desde a sua concepção.

Infelizmente, também após o nascimento, a vida das crianças continua a ser exposta ao abandono, à fome, à miséria, à doença, aos abusos, à violência, à exploração. As múltiplas violações de seus direitos que se cometem no mundo ferem dolorosamente a consciência de todo o homem de boa vontade. Diante do triste panorama das injustiças cometidas contra a vida do homem, antes e depois do nascimento, faço meu o apaixonado apelo do Papa João Paulo II à responsabilidade de todos e de cada um: "Respeita, defende, ama e serve a vida, cada vida humana! Unicamente por esta estrada, encontrarás justiça, progresso, verdadeira liberdade, paz e felicidade" (Encíclica Evangelium vitae, 5). Exorto os protagonistas da política, da economia e da comunicação social a fazer o que esteja ao seu alcance para promover uma cultura sempre respeitosa pela vida humana, para procurar condições favoráveis e retas de apoio ao acolhimento e desenvolvimento dessa vida.

À Virgem Maria, que acolheu o Filho de Deus feito homem com a sua fé, com o seu ventre materno, com carinho, com acompanhamento solidário e vibrante de amor, confiamos a oração e o empenho a favor da vida nascente. Fazemo-lo na liturgia – que é o lugar onde vivemos a verdade e onde a verdade vive conosco – adorando a divina Eucaristia, em que contemplamos o Corpo de Cristo, aquele Corpo que encarnou em Maria por obra do Espírito Santo, e d'Ela nasce em Belém, para a nossa salvação. Ave, verum Corpus, natum de Maria Virgine! Amém.

Advento: Esperança da vinda do Salvador.



No século V a data inicial do Ano litúrgico era a festa da Anunciação. Celebrada, a princípio, em março, esta festa foi transferida depois para dezembro. Conforme o que se pratica em outras partes, diz o Concílio de Toledo em 665, a esta festa da Anunciação seria celebrada no dia 18 de dezembro, pois acontece muitas vezes vir a cair na Quaresma ou no dia da Páscoa. No século X começava o Ano do primeiro Domingo do Advento, isto é, poucas semanas antes do Natal do Senhor. Desde 380, um Concílio de Saragoça ordenara uma preparação para a festa de natal. Mais tarde no Concílio de Tours de 563 menciona-se o Advento como um período litúrgico com ritos e fórmulas próprias.

Na liturgia nestoriana (VI séc.) o Advento abrangia quatro domingos, chamados da Anunciação, e nas liturgias ambrosiana e mozárabe compreendia 6 domingos. Na liturgia romana, o Advento abrangia a princípio 5 semana; atualmente resume-se a quatro.O primeiro domingo do Advento é o que vem a cair mais próximo da festa de Santo André (30 de novembro).

A alegria de vermos aparecer em breve Cristo na Terra é uma das notas predominantes deste tempo litúrgico. Discreta a princípio, expande-se pouco a pouco, tornando-se no Natal um hino de exultação. A ideia da purificação das almas intimamente ligada à do regresso de Cristo, encontra-se neste tempo, com as profecias de Isaías e São João Batista. Neste tempo litúrgico somos convidados como na Quaresma a mudarmos de vida, tanto é que na Idade Média era obrigatório o jejum e se cobriam as imagens com panos roxos como no Tempo da Paixão, era a chamada "Quaresma do Advento". Hoje porém, ainda ficaram resquícios destes tempos, como por exemplo, na cor que continua sendo o roxo (salvo no domingo Gaudete, 3° do Advento pode-se usar o róseo). No Advento não se canta ou reza o Glória (salvo na festa da Imaculada Conceição da Beatíssima Virgem Maria).

Durante o Advento relembramos três figuras especiais, que nos levarão a entrar no Mistério da Salvação, estas são: o Profeta Isaías, São João Batista e a Virgem Maria.

ISAÍAS

É o profeta que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 - 55 (Livro da Consolação), anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando assim, os exilados.

As principais passagens deste livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de todos os tempos. Anuncia a chegada do Messias esperado, sendo portanto o próprio Filho de Deus, o grande Rei e libertador que vencerá Satanás, que reinará eternamente sobre o seu povo, e a quem todas as nações obedecerão.
JOÃO BATISTA

É o último dos profetas e segundo o próprio Jesus, "mais que um profeta", "o maior entre os que nasceram de mulher", o mensageiro que veio diante d'Ele a fim de lhe preparar o caminho, anunciando a sua vinda (conf. Lc 7, 26 - 28), pregando aos povos a conversão, pelo conhecimento da salvação e perdão dos pecados (Lc 1, 76s).

A figura de João Batista ao ser o precursor do Senhor e aponta-lO como presença já estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito do Advento; por isso ele ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em especial no segundo e no terceiro domingo.

João Batista é o modelo dos que são consagrados a Deus e que, no mundo de hoje, são chamados a também ser profetas e profecias do reino, vozes no deserto e caminho que sinaliza para o Senhor, permitindo, na própria vida, o crescimento de Jesus e a diminuição de si mesmo, levando, por sua vez os homens a despertar do torpor do pecado.

SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA

Não há melhor maneira de se viver o Advento que unindo-se a Maria como mãe, grávida de Jesus, esperando o seu nascimento. Assim como Deus precisou do sim de Maria, hoje, Ele também precisa do nosso sim para poder nascer e se manifestar no mundo; assim como Maria se "preparou" para o nascimento de Jesus, a começar pele renúncia e mudança de seus planos pessoais para sua vida inteira, nós precisamos nos preparar para vivenciar o Seu nascimento em nós mesmos e no mundo, também numa disposição de "Faça-se em mim segundo a sua Palavra" (Lc 1, 38), permitindo uma conversão do nosso modo de pensar, da nossa mentalidade, do nosso modo de viver, agir etc.

Em Maria encontramos se realizando, a expectativa messiânica de todo o Antigo Testamento.

sábado, 27 de novembro de 2010

Omelia del Santo Padre Benedetto XVI

Por: Missa Gregoriana em Portugal

Cari fratelli e sorelle,


con questa celebrazione vespertina, il Signore ci dona la grazia e la gioia di aprire il nuovo Anno Liturgico iniziando dalla sua prima tappa: l’Avvento, il periodo che fa memoria della venuta di Dio fra noi. Ogni inizio porta in sé una grazia particolare, perché benedetto dal Signore. In questo Avvento ci sarà dato, ancora una volta, di fare esperienza della vicinanza di Colui che ha creato il mondo, che orienta la storia e che si è preso cura di noi giungendo fino al culmine della sua condiscendenza con il farsi uomo. Proprio il mistero grande e affascinante del Dio con noi, anzi del Dio che si fa uno di noi, è quanto celebreremo nelle prossime settimane camminando verso il santo Natale. Durante il tempo di Avvento sentiremo la Chiesa che ci prende per mano e, ad immagine di Maria Santissima, esprime la sua maternità facendoci sperimentare l’attesa gioiosa della venuta del Signore, che tutti ci abbraccia nel suo amore che salva e consola.

Mentre i nostri cuori si protendono verso la celebrazione annuale della nascita di Cristo, la liturgia della Chiesa orienta il nostro sguardo alla meta definitiva: l’incontro con il Signore che verrà nello splendore della sua gloria. Per questo noi che, in ogni Eucaristia, “annunciamo la sua morte, proclamiamo la sua risurrezione nell’attesa della sua venuta”, vigiliamo in preghiera. La liturgia non si stanca di incoraggiarci e di sostenerci, ponendo sulle nostre labbra, nei giorni di Avvento, il grido con il quale si chiude l’intera Sacra Scrittura, nell’ultima pagina dell’Apocalisse di san Giovanni: “Vieni, Signore Gesù!” (22,20).

Cari fratelli e sorelle, il nostro radunarci questa sera per iniziare il cammino di Avvento si arricchisce di un altro importante motivo: con tutta la Chiesa, vogliamo celebrare solennemente una veglia di preghiera per la vita nascente. Desidero esprimere il mio ringraziamento a tutti coloro che hanno aderito a questo invito e a quanti si dedicano in modo specifico ad accogliere e custodire la vita umana nelle diverse situazioni di fragilità, in particolare ai suoi inizi e nei suoi primi passi. Proprio l’inizio dell’Anno Liturgico ci fa vivere nuovamente l’attesa di Dio che si fa carne nel grembo della Vergine Maria, di Dio che si fa piccolo, diventa bambino; ci parla della venuta di un Dio vicino, che ha voluto ripercorrere la vita dell’uomo, fin dagli inizi, e questo per salvarla totalmente, in pienezza. E così il mistero dell’Incarnazione del Signore e l’inizio della vita umana sono intimamente e armonicamente connessi tra loro entro l’unico disegno salvifico di Dio, Signore della vita di tutti e di ciascuno. L’Incarnazione ci rivela con intensa luce e in modo sorprendente che ogni vita umana ha una dignità altissima, incomparabile.

L’uomo presenta un’originalità inconfondibile rispetto a tutti gli altri esseri viventi che popolano la terra. Si presenta come soggetto unico e singolare, dotato di intelligenza e volontà libera, oltre che composto di realtà materiale. Vive simultaneamente e inscindibilmente nella dimensione spirituale e nella dimensione corporea. Lo suggerisce anche il testo della Prima Lettera ai Tessalonicesi che è stato proclamato: “Il Dio della pace – scrive san Paolo – vi santifichi interamente, e tutta la vostra persona, spirito, anima e corpo, si conservi irreprensibile per la venuta del Signore nostro Gesù Cristo” (5,23). Siamo dunque spirito, anima e corpo. Siamo parte di questo mondo, legati alle possibilità e ai limiti della condizione materiale; nello stesso tempo siamo aperti su un orizzonte infinito, capaci di dialogare con Dio e di accoglierlo in noi. Operiamo nelle realtà terrene e attraverso di esse possiamo percepire la presenza di Dio e tendere a Lui, verità, bontà e bellezza assoluta. Assaporiamo frammenti di vita e di felicità e aneliamo alla pienezza totale.

Dio ci ama in modo profondo, totale, senza distinzioni; ci chiama all’amicizia con Lui; ci rende partecipi di una realtà al di sopra di ogni immaginazione e di ogni pensiero e parola: la sua stessa vita divina. Con commozione e gratitudine prendiamo coscienza del valore, della dignità incomparabile di ogni persona umana e della grande responsabilità che abbiamo verso tutti. “Cristo, che è il nuovo Adamo – afferma il Concilio Vaticano II – proprio rivelando il mistero del Padre e del suo amore, svela anche pienamente l’uomo a se stesso e gli manifesta la sua altissima vocazione ... Con la sua incarnazione il Figlio di Dio si è unito in certo modo ad ogni uomo” (Cost. Gaudium et spes, 22).

Credere in Gesù Cristo comporta anche avere uno sguardo nuovo sull’uomo, uno sguardo di fiducia, di speranza. Del resto l’esperienza stessa e la retta ragione attestano che l’essere umano è un soggetto capace di intendere e di volere, autocosciente e libero, irripetibile e insostituibile, vertice di tutte le realtà terrene, che esige di essere riconosciuto come valore in se stesso e merita di essere accolto sempre con rispetto e amore. Egli ha il diritto di non essere trattato come un oggetto da possedere o come una cosa che si può manipolare a piacimento, di non essere ridotto a puro strumento a vantaggio di altri e dei loro interessi. La persona è un bene in se stessa e occorre cercare sempre il suo sviluppo integrale. L’amore verso tutti, poi, se è sincero, tende spontaneamente a diventare attenzione preferenziale per i più deboli e i più poveri. Su questa linea si colloca la sollecitudine della Chiesa per la vita nascente, la più fragile, la più minacciata dall’egoismo degli adulti e dall’oscuramento delle coscienze. La Chiesa continuamente ribadisce quanto ha dichiarato il Concilio Vaticano II contro l’aborto e ogni violazione della vita nascente: “La vita, una volta concepita, deve essere protetta con la massima cura” (ibid., n. 51).
Ci sono tendenze culturali che cercano di anestetizzare le coscienze con motivazioni pretestuose. Riguardo all’embrione nel grembo materno, la scienza stessa ne mette in evidenza l’autonomia capace d’interazione con la madre, il coordinamento dei processi biologici, la continuità dello sviluppo, la crescente complessità dell’organismo. Non si tratta di un cumulo di materiale biologico, ma di un nuovo essere vivente, dinamico e meravigliosamente ordinato, un nuovo individuo della specie umana. Così è stato Gesù nel grembo di Maria; così è stato per ognuno di noi, nel grembo della madre. Con l’antico autore cristiano Tertulliano possiamo affermare: “E’ già un uomo colui che lo sarà” (Apologetico, IX, 8); non c’è alcuna ragione per non considerarlo persona fin dal concepimento.

Purtroppo, anche dopo la nascita, la vita dei bambini continua ad essere esposta all’abbandono, alla fame, alla miseria, alla malattia, agli abusi, alla violenza, allo sfruttamento. Le molteplici violazioni dei loro diritti che si commettono nel mondo feriscono dolorosamente la coscienza di ogni uomo di buona volontà. Davanti al triste panorama delle ingiustizie commesse contro la vita dell’uomo, prima e dopo la nascita, faccio mio l’appassionato appello del Papa Giovanni Paolo II alla responsabilità di tutti e di ciascuno: “Rispetta, difendi, ama e servi la vita, ogni vita umana! Solo su questa strada troverai giustizia, sviluppo, libertà vera, pace e felicità” (Enc. Evangelium vitae, 5). Esorto i protagonisti della politica, dell’economia e della comunicazione sociale a fare quanto è nelle loro possibilità, per promuovere una cultura sempre rispettosa della vita umana, per procurare condizioni favorevoli e reti di sostegno all’accoglienza e allo sviluppo di essa.

Alla Vergine Maria, che ha accolto il Figlio di Dio fatto uomo con la sua fede, con il suo grembo materno, con la cura premurosa, con l’accompagnamento solidale e vibrante di amore, affidiamo la preghiera e l’impegno a favore della vita nascente. Lo facciamo nella liturgia - che è il luogo dove viviamo la verità e dove la verità vive con noi - adorando la divina Eucaristia, in cui contempliamo il Corpo di Cristo, quel Corpo che prese carne da Maria per opera dello Spirito Santo, e da lei nacque a Betlemme, per la nostra salvezza. Ave, verum Corpus, natum de Maria Virgine! Amen.

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O CRIME DO ABORTO

D. João Evangelista Martins Terra, SJ
(O Lutador, 7 a 13 de janeiro de 1996, p. 8)

O direito à vida é o fundamento de todos os demais direitos. O primeiro pecado histórico foi o de Caim. Todo pecado se reduz a homicídio. Mata-se biologicamente, economicamente, socialmente, moralmente, psicologicamente. Mas o analogado principal é sempre o assassinato. O Diálogo de Cristo com o jovem rico diz tudo: “Se queres entrar para a vida eterna, guarda os mandamentos. Quais? perguntou o jovem. Jesus respondeu: Não matarás” (Mt 19,17-18). A vida humana é sagrada, inviolável. Procede, desde a origem, de um ato criador de Deus. A morte deliberada de um ser humano inocente é crime monstruoso. Não há autoridade alguma que possa legitimamente permiti-la.

Ora, o aborto provocado é a morte deliberada e direta de um ser humano inocente na faz inicial de sua existência, que vai da concepção ao nascimento. O Concílio Vaticano II classifica o aborto de crime abominável” (nefandum crimen, GS, 51).

A ciência genética moderna demonstrou que, a partir do momento em que o óvulo é fecundado, inaugura-se uma nova vida, que não é a do pai nem a da mãe, mas sim a de um novo ser humano que se desenvolve por conta própria. Nunca poderia tornar-se humana, se não o fosse já desde então. Não há mais dúvida possível sobre o surgimento da vida humana na concepção. Todo o patrimônio genético do novo ser já se encontra determinado no óvulo fecundado. Após a concepção nada ocorre de novo que possa alterar a natureza do novo ser surgido com a união das duas células. A partir daí, só há desenvolvimento do feto humano. Desde o primeiro instante já está programado aquilo que será o novo ser vivo, uma pessoa individual, com características já bem determinadas. Todos os aspectos biológicos, psicossomáticos e até o temperamento do novo ser humano já estão definidos, inclusive a cor dos cabelos. Desde a fecundação, tem início a aventura de uma vida humana com as imensas potencialidades que caracterizam a pessoa humana. O ser humano deve ser respeitado e tratado como uma pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde esse mesmo momento, devem-lhe ser reconhecidos os direitos da pessoa, entre os quais o primeiro de todos, o direito inviolável de cada ser humano inocente à vida.

A encíclica Evangelium Vitae, de João Paulo II, ensina que, mesmo na hipótese da probabilidade, hoje já descartada pela ciência, de que o embrião humano ainda não fosse uma pessoa humana, a simples probabilidade contrária de se encontrar em presença de uma pessoa humana já exige a proibição categórica de interromper a vida do embrião humano. Pois, como diz o jurista José C. G. Wagner, o direito à vida é inviolável. Havendo a dúvida sobre a possibilidade de existir vida humana no embrião, há pelo menos ameaça de violação pois a dúvida sobre se há ou não vida humana é a admissão de que pode haver.

Ora, o que é inviolável não pode estar sujeito à ameaça de violação. Se há a menor possibilidade de vida humana no embrião, então uma lei permitindo interromper seu desenvolvimento é uma violação evidente do direito à vida. Diante do direito à vida, não existem privilégios nem exceções para ninguém. Perante as exigências morais, todos somos absolutamente iguais. Não há vida mais importante ou menos importante. Dentro da ordem natural, é a mãe que renuncia à vida em favor do filho. O filho no seio da mãe não é um injusto agressor. Ele está no seu devido lugar, mesmo se a vida da mãe corre perigo. O feto, além de inocente, é indefeso e não deve responder sequer pelo risco de vida da mãe.

Se a vida é um direito inviolável, eliminar a vida pelo aborto é sempre um crime de violação do fundamento dos direitos humanos, que é a vida. Esse direito não permite qualquer exceção. Nem o estupro, nem o risco de vida podem violar um direito inviolável. Nem mesmo o Código Penal pode prever qualquer exceção. O Código pode despenalizar, mas não pode descriminalizar o aborto. Eliminar a vida é sempre crime.

“Como o direito inviolável à vida é cláusula constitucional pétrea, ou seja, não pode ser alterada nem mesmo por emenda constitucional, para se adotar o aborto será necessária uma revolução que derrogue a atual Constituição (J. C. G. Wagner, FSP, 27-11-95)).

A pior crise do mundo moderno é a “cultura da morte” (denunciada incansavelmente pelo Papa) que, usando todos os meios de comunicação, está apostada na difusão do permissivismo sexual, do menosprezo pela maternidade e na fundação de instituições internacionais que se batem sistematicamente pela legalização e difusão do aborto no mundo.

Uma das mais belas conquistas de nossos dias é a emergência do feminismo que reivindica os direitos da mulher sistematicamente violados em todo o mundo.

Mas ao lado dessa magnífica revolução cultural, surgiu um arremedo degenerado de feminismo, verdadeira excrescência teratológica no organismo social, fruto de lavagem cerebral operada pela televisão. Essa “feminismomania” apesar de ser um quisto microscópico, tem uma virulência arrasadora, procurando suplantar, pelo grito, a voz da razão e do bom senso. Todos os meios de pressão são usados para impor a legalização do aborto. Apelando para o pluralismo da sociedade moderna e para a democracia, se reivindica para cada pessoa a total autonomia para dispor da própria vida e da vida de quem ainda não nasceu. Segundo essas “feministas”, feto é mera matéria biológica e só é vida após sua “libertação” do útero. Desprezando a convicção e a consciência da quase totalidade das mulheres do mundo, essas feministas desvairadas, autocredenciando-se como profetas da democracia, gritam que a lei deve ser expressão da vontade da maioria que é favorável ao aborto. Estamos perante o relativismo ético que faz da maioria parlamentar o árbitro supremo do direito, numa tirania contra o ser humano mais débil e indefeso, quando pretende coagir a maioria parlamentar a decretar a legitimação do aborto. Essa é a fraqueza da democracia na qual a regulação dos interesses é feita a favor de parcelas mais fortes e mais industriadas para manobrar não apenas o poder, mas também a formação dos consensos. A democracia se torna então uma palavra vazia.

A tradição cristã, desde suas origens, sempre considerou o aborto como desordem moral gravíssima. Já no tempo dos Apóstolos, a Didaké (ca. 70) prescrevia: “Não matarás o embrião por meio do aborto”. Atenágoras (160) diz que as mulheres que praticam aborto são homicidas. Tertuliano (197) afirma: “É um homicídio premeditado interromper ou impedir o nascimento. Já é um ser humano aquilo que o será” (CSEL 69,24).

Todos os códigos jurídicos, já há mais de quatro mil anos, condenavam o aborto como homicídio. O Código de Hamurabi (1748-1729 a.C.) castiga o aborto, mesmo involuntário ou acidental (§ 209-214). A coletânea das Leis Assírias (séc. XIX-XVIII a.C.) prevê pena terrível para o aborto intencional: a empalação. Entre os persas o aborto era punido com a pena de morte. Entre os hebreus, o historiador Flávio Josefo relata que o aborto é punido com a morte (Hist. dos Ant. Jud. 1, IV, C. VIII).

Na Grécia, as leis de Licurgo e de Solom, e a legislação de Tebas e Mileto consideravam o aborto, crime que devia ser punido.

Na Idade Média. A lei dos visigodos edita penas severas contra o aborto.

A repressão se agrava à medida que os séculos avançam. No séc. XIII, na Inglaterra, todo aborto era punido com a morte. Mesmo rigor no tempo de Carlos V (1553). Na Suíça a mulher que abortava era enterrada viva. No Brabante (1230), a mulher que abortava era queimada viva. Na França a pena de morte reunia todos os cúmplices de um aborto. O rei Henrique II da França decretou a pena de morte para a mulher que abortasse. A mesma pena foi renovada por Henrique III (1580), Luís XIV (1701) e Luís XV (1731). O Código penal francês, 1791, determina que todos os cúmplices de aborto fossem flagelados e condenados a 20 anos de prisão. O Código penal francês de 1810 prevê a pena de morte para o aborto e o infanticídio. Depois, a pena de morte foi substituída pela prisão perpétua, além disso os médicos, farmacêuticos e cirurgiões erma condenados a trabalhos forçados.

Na Igreja, os Concílios do século III decretaram que a mulher que praticasse o aborto ficasse excomungada até o fim da vida. Depois todos os Concílios mantiveram a pena de excomunhão.

(Nota: Atualmente, segundo o cânon 1398 do Código de Direito Canônico, "quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae {automática]". Segundo o canonista Pe. Jesus Hortal, a excomunhão "atinge por igual a todos os que, a ciência e consciência, intervêm no processo abortivo, quer com a cooperação material (médico, enfermeiras, parteiras etc.), quer com a cooperação moral verdadeiramente eficaz (como o marido, o amante ou o pai que ameaçam a mulher, obrigando-a a submeter-se ao procedimento abortivo. A mulher, não raramente, não incorrerá na excomunhão por encontrar-se dentro das circunstâncias atenuantes do cân. 1324 § 1º, 3º e 5º". Tais circunstâncias podem ser: a posse apenas parcial do uso da razão, o forte ímpeto da paixão ou a coação por medo grave. - Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz)

Retirado de: Pró-Vida Anápolis

A pessoa humana é corpo e alma

A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. […] Muitas vezes, o termo ‘alma’ designa na Sagrada Escritura a vida humana ou a pessoa inteira” (Catecismo da Igreja Católica 362. 363).


Acompanhamos a formação biológica e psíquica no desenvolvimento do ser humano, além do seu valor como pessoa humana possuidora de direitos desde a sua concepção até a sua morte natural. No entanto, sabemos que o ser humano é dotado de uma alma, um sopro de vida, algo que a Igreja define como sendo “Criada por Deus e Imortal” (CIC 265), que não perece quando se separa do corpo na morte.


A alma está presente no ser humano desde o momento de sua concepção, pois ali, no mais profundo do seu ser “o que há nele de maior valor, aquilo que mais particularmente o faz ser imagem de Deus: ‘Alma’ significa o princípio espiritual do homem” (CIC 264). A Igreja afirma que a alma de um ser não é dada por ninguém mais a não ser por Deus, que cria o ser humano e imprime em sua natureza a capacidade de ser elevada gratuitamente à comunhão com Ele.

“De onde vem a alma? Ela não pode vir de baixo, da matéria, porque ela é superior, e o menor não pode criar o maior. Então a alma deve vir de algo superior à matéria, ela só pode vir do Criador, ela vem de Deus”, afirma o professor e filósofo Paulo César.

Segundo o filósofo, em nossa sociedade atual é preciso entender este conceito de alma e do valor do ser humano, “não basta falar quem somos se não houver um processo da consciência valorativa no que diz respeito a afirmar o nosso valor”.

“Onde existe o ser, existe o valor. Um grão de areia tem o valor de um grão de areia, uma planta tem o valor no nível de uma planta, mas o ser humano aparece nesta cadeia numa espécie de ruptura continuada, ou seja, ele tem um valor transcendente. O nosso valor não se fundamenta no que vem de baixo [matéria], mas se fundamenta no próprio Criador”, diz professor Paulo.

Se biologicamente o ser humano tem um valor incomensurável pelo simples fato de possuir direitos - sobretudo o primeiro deles, o de nascer - quanto mais o seu valor diante do Criador. “Quem faz algum mal à pessoa, consciente ou inconsciente, está atentando contra o seu Criador”, diz o filósofo Paulo. “Por isso a ética diz que o ser humano nunca pode ser instrumentalizado. O que significa isso? Que o ser humano nunca pode ser usado como meio. Ele não pode ser usado como meio político, econômico, sexual; o ser humano deve ser o fim das instituições”, completa o filósofo.

De: Blog da Redação

Um ovo de tartaruga vale mais do que uma criança?

Professor Felipe Aquino, em Blog da Redação.

“A Igreja é radicalmente contra qualquer tipo de aborto provocado, ela nos ensina que o embrião, ainda quando é uma única célula, no momento que se forma o Zigoto, Deus cria uma alma que nunca mais vai acabar. Então, ali, na união corpo e alma, nós temos um ser humano; e o que o aborto faz é matar esse ser humano”, explica professor Felipe.


Na instrução da Congregação para a Doutrina da Fé, intitulada “Respeito à Vida Humana Nascente e à Dignidade da Procriação”, o então prefeito da mesma Congregação na época, o cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, diz: “Desde o momento da concepção, a vida de todo ser humano deve ser respeitada de modo absoluto, porque o homem é, na terra, a única criatura que Deus ‘quis por si mesma’, e a alma espiritual de cada um dos homens é ‘imediatamente criada’ por Deus”

“Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque é contrário à Lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja”, afirma o Papa João Paulo II na sua encíclica “Evangelium Vitae” o Evangelho da Vida.

Assim, entendemos que não se pode cometer um crime para justificar um ato mau ou indesejado, pois um mal não se paga com outro mal. O Aborto, desde os tempos mais antigos, sempre foi considerado, em si mesmo, um ato mau, contrário à Lei de Deus: “Não Matarás”.

“A questão do aborto não é simplesmente religiosa, ela é, antes de tudo, uma questão humana. Mas a Igreja, como dizia o Papa Paulo VI, é ‘perita em humanidade’, e por isso ela é defensora dos direitos humanos.

Como a palavra ‘aborto’ é muito clara, então, usa-se hoje novos termos para disfarçá-lo, como ‘programa de defesa da saúde da mulher’ ou dizem que a mulher tem direito ao seu corpo. Mas são duas vidas distintas, ou seja, se a mulher tem direito a seu corpo, a criança tem direito à vida.

Hoje, lamentavelmente, um ovo de tartaruga vale mais do que uma criança. Se você quebrar um ovo de tartaruga na praia, você é preso de forma inafiançável. Mas quantas e quantas crianças são abortadas e não acontece nada!”, diz professor Felipe Aquino.

O relato de um milagre

Publicado em: Blog da Redação

Você acredita em milagres?
Independentemente de sua resposta, vale a pena conferir o testemunho da professora Andréia de Deus, que, ao ir no médico, recebeu duas notícias: a primeira de que estava grávida e a segunda de que estava com um carcinoma ductal infiltrante estágio 3 (câncer de mama), o qual, segundo Dr. Paulo Roberto, médico obstetra: “É um câncer extremamente agressivo e, na gravidez, com o aumento da produção de estrogênio (hormônio feminino) este tipo de câncer aumenta muito”.

Segundo os médicos, Andréia tinha de três semanas a três meses de vida, por isso, as sessões de quimioterapia deveriam começar imediatamente e, diante deste quadro, a orientação médica era fazer o aborto para iniciar o tratamento. Ao sair do consultório médico com essa orientação, Andreia avistou uma movimentada avenida e, ao lado uma igreja, a de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema (RJ), e pensou:

“Eu tinha duas possibilidades: ou eu me jogava na frente dos carros… mas aí olhei para o lado e vi a igreja. Entrei correndo, joguei o meu corpo próximo ao altar e fiz uma oração que Deus certamente deve ter entendido. Eu disse: ‘Me desculpe, meu Pai, mas hoje a conversa é de mãe para Mãe’”.

Andréia, então, consagrou a sua gravidez a Nossa Senhora da Paz e decidiu levar em frente a gestação, mesmo lutando contra o câncer. “Seria contraditório no momento em que eu mais precisava de vida, eu tirar vida”, afirma.

E testemunha: “É interessante que eu consagrava a Nossa Senhora a minha filha, eu não falava filho. E eu disse: ‘Se minha filha nascer ela vai se chamar Maria Vitória, para que todos possam ver o que ela foi nas nossas vidas’”.

A professora conta que recebeu sete doses pesadas de quimioterapia: “Fiquei completamente sem cabelo, sem pelos pelo corpo e com uma barriga enorme”. Segundo Dr. Paulo Roberto, obstetra que a acompanhava em seu tratamento: “Ela chegou aqui sem cabelo, muito anêmica, porque foram sete doses de quimioterapia, então eu achava que iria acontecer alguma coisa com o neném”.

Andréia tinha consciência do risco que corria, mesmo assim fez a opção pela vida, decidindo-se por não abortar. “Eu disse ao médico: ’se houver necessidade de escolha [de quem viverá] o senhor deverá escolher quem está chegando, o senhor deverá escolher a vida da minha filha, que ainda tem uma vida pela frente”.

Com sete meses de gravidez essa mulher de fé fez a cesárea e Dr. Paulo, que fez o parto, nos conta:

“Para a felicidade dela, para a minha surpresa e para a minha felicidade também, a criança nasceu bem, superbem, não teve lesão nenhuma, não aconteceu nada com ela”.

Maria Vitória fez jus ao nome. Nasceu saudável, sem nenhum tipo de sequela ou anomalia. “Ela nasceu cabeluda quando a mãe não tinha nenhum fio de cabelo para contar a história. Parece que estava isolada de todo o contexto”. E estava mesmo, essa criança é a prova de que, no ventre materno, o bebê é protegido durante o desenvolvimento.

Arquidioceses do Brasil realizam vigílias pela vida

Retirado de: Canção Nova

Fiéis das arquidioceses de todo Brasil se unirão ao Papa e os cristãos de todo mundo em oração pela vida dos nascituros (ser humano concebido, mais ainda não nascido), neste sábado, 27.


No Vaticano, a Vigília, presidida pelo Papa Bento XVI, incluirá a Adoração Eucarística, para agradecer o Senhor que, através da entrega total de si próprio, deu sentido e valor a toda vida humana, e também para invocar a sua proteção sobre cada ser humano.

O pedido pela adesão à Vigília pela Vida Nascente foi enviado, em nome do Papa Bento XVI, pelo presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Ennio Antonelli, e pelo prefeito da Congregação para o Culto Divino, Dom Antonio Cañizares Llovera, em carta endereçada a todas as Conferências Episcopais do mundo.

“O tempo de preparação para o Santo Natal é um momento propício para invocar a proteção divina sobre todo ser humano chamado à existência, também como agradecimento a Deus pelo dom da vida, recebido dos nossos pais”, salientou o Papa.

Segundo os cardeais, Bento XVI gostaria que celebrações semelhantes acontecessem em outras dioceses. “O Santo Padre deseja que os bispos presidam nas Igrejas particulares celebrações análogas e envolvam as paróquias, as comunidades religiosas, as associações e os movimentos. Por esse motivo, nos pede que façamos em seu nome este convite”, afirmam.

Conscientes dos perigos que ameaçam a vida humana, especialmente hoje com a cultura relativista e utilitarista, os cardeais salientam que os fiéis são chamados mais do que nunca a serem o “povo da vida”, como dizia o Servo de Deus João Paulo II. “Nessa Vigília, celebrada por todas as Igrejas particulares unidas ao Santo Padre, Pastor universal, pediremos a graça e a luz do Senhor para a conversão dos corações e daremos um testemunho eclesial comum para uma cultura da vida e do amor”, elucidam.

União de preces

Para o Presidente da Comissão Episcopal “Vida e Família” e Arcebispo de Londrina (PR), Dom Orlando Brandes é muito importante participar deste momento de comunhão com a toda a Igreja, realizando uma vigília no mesmo dia e nas mesmas intenções.

Em Londrina, a Vigília organizada pela Pastoral da Família, reunirá os fiéis na matriz da Paróquia São Vicente de Paulo, às 22h30 para oração do terço meditado. Em seguida, a meia noite, será celebrada uma Missa pela Vida dos Nascituros.

“Ficamos muito felizes em atender o pedido do Papa e unir nossas vozes a de todo povo de Deus, que reza pelas vida desses indefesos, vida tão ameaçada no mundo todo”, destacou a coordenadora da Pastoral da Família da Diocese de Londrina, Marly Pupim.

As paróquias pertencentes à Arquidiocese de Juiz de Fora (MG) foram convocadas pelo arcebispo metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira, a celebrarem o momento, cada uma com sua programação própria. A Catedral Metropolitana, por exemplo, realiza Missa às 19h30, no salão paroquial.

“Além do grupo jovem da paróquia, que vai ajudar na Celebração, estamos convidando todas as pastorais e movimentos”, destaca o vigário paroquial da Sé Metropolitana, padre José Domício, que celebrará essa Missa.

Para o sacerdote, o Papa escolheu esta data por causa da importante representação do tempo litúrgico para a Igreja. “O advento é a espera de Cristo que vem, no mistério do Natal, entrar na história da humanidade. Em cada mulher grávida, revivemos Maria a espera do Menino Jesus. Assim, em cada vida nascente temos uma fonte de paz e esperança”, enfatiza padre José Domício.

Na Arquidiocese de Brasília também será celebrada uma Missa com uma benção especial às gestantes, e os fiéis farão uma oração diante do Santíssimo pelas crianças nascentes de todo mundo, na paróquia do Santíssimo Sacramento.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Santa Catarina de Alexandria, rogai por nós!


Neste dia lembramos a vida desta santa que é inspiradora e protetora de um Estado brasileiro: Santa Catarina. Nascida em Alexandria, recebeu uma ótima formação cristã. É uma das mais célebres mártires dos primeiros séculos, um dos Santos Auxiliares. O pai, diz a lenda, era Costes, rei de Alexandria. Ela própria era, aos 17 anos, a mais bonita e a mais sábia das jovens de todo o império; esta sabedoria levou-a a ser muitas vezes invocada pelos estudantes. Anunciou que desejava casar-se, contanto que fosse com um príncipe tão belo e tão sábio como ela. Esta segunda condição embargou que se apresentasse qualquer pretendente.


"Será a Virgem Maria que te procurará o noivo sonhado", disse-lhe o ermitão Ananias, que tinha revelações. Maria aparece, de fato, a Catarina na noite seguinte, trazendo o Menino Jesus pela mão. "Gostas tu d'Ele?", perguntou Maria. -"Oh, sim". -"E tu, Jesus, gostas dela?" -"Não gosto, é muito feia". Catarina foi logo ter com Ananias: "Ele acha que sou feia", disse chorando. -"Não é o teu corpo, é a tua alma orgulhosa que Lhe desagrada", respondeu o eremita. Este instruiu-a sobre as verdades da fé, batizou-a e tornou-a humilde; depois disto, tendo-a Jesus encontrado bela, a Virgem Santíssima meteu aos dois o anel no dedo; foi isto que se ficou chamando desde então o "casamento místico de Santa Catarina".

Ansiosa de ir ter com o seu Esposo celestial, Catarina ficou pensando unicamente no martírio. Conta-se que ela apresentou-se em nome de Deus, diante do perseguidor, imperador Maxêncio, a fim de repreendê-lo por perseguir aos cristãos e demonstrar a irracionalidade e inutilidade da religião pagã. Santa Catarina, conduzida pelo Espírito Santo e com sabedoria, conseguiu demonstrar a beleza do seguimento de Jesus na sua Igreja. Incapaz de lhe responder, Maxêncio reuniu para a confundir os 50 melhores filósofos da província que, além de se contradizerem, curvaram-se para a Verdade e converteram-se ao Cristianismo, isto tudo para a infelicidade do terrível imperador.

Maxêncio mandou os filósofos serem queimados vivos, assim como à sua mulher Augusta, ao ajudante de campo Porfírio e a duzendos oficiais que, depois de ouvirem Catarina, tinham-se proclamado cristãos. Após a morte destes, Santa Catarina foi provada na dor e aprovada por Deus no martírio, tendo sido sacrificada numa máquina com quatro rodas, armadas de pontas e de serras. Isto aconteceu por volta do ano 305. O seu culto parece ter irradiado do Monte Sinai; a festa foi incluída no calendário pelo Papa João XXII (1316-1334).

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vaticano rechaça ordenação de Bispo na China que não conta com a permissão do Papa

VATICANO, 24 Nov. 10 / 05:05 pm (ACI).- O Escritório de Imprensa da Santa Sé divulgou hoje um comunicado no qual expressa seu rechaço e consternação pela ordenação episcopal de Joseph Guo Jincai em Chengde, província de Hebei na China, realizada sem autorização do Papa no sábado passado, 20 de novembro, o que constitui um retrocesso nas relações entre o Vaticano e o governo chinês.


No último dia 18 de novembro o Vaticano já tinha expressado que esta ordenação violava ademais a liberdade religiosa e de consciência dos bispos que foram obrigados pelo governo da China a assistir à mesma.

Sobre esta ordenação, o comunicado de hoje assinala que "o Santo Padre recebeu a notícia com grande pesar, devido a que a ordenação episcopal foi conferida sem o mandato apostólico e, portanto, constitui uma dolorosa ferida à comunhão eclesiástica e uma grave violação da disciplina católica".

Do mesmo modo, o comunicado indica que "nos últimos dias, vários bispos foram submetidos a pressões e restrições à sua liberdade de movimento, com o fim de obrigá-los a participar e conferir a ordenação episcopal. Estas coações, levadas a cabo pelas autoridades governamentais e de segurança chinesas, constituem uma grave violação da liberdade de religião e de consciência".

Por isso, "a Santa Sé tem a intenção de levar a cabo uma avaliação detalhada do que aconteceu, tendo em conta os aspectos da validez e a posição canônica dos bispos implicados".

As conseqüências mais sérias recaem sobre o "reverendo Joseph Guo Jincai que, por causa desta ordenação episcopal, encontra-se em uma gravíssima condição canônica frente à Igreja na China e a Igreja universal, expondo-se também às graves sanções previstas, em particular, pelo cânon 1382 do Código de Direito Canônico" que estabelece que "o Bispo que confere a alguém a consagração episcopal sem mandato pontifício, assim como o que recebe dele a consagração, incorre em excomunhão latae sententiae (automática) reservada à Sé Apostólica".

Em seguida o comunicado assinala que "esta ordenação não só não contribui ao bem dos católicos de Chengde, mas também os coloca em uma situação muito delicada e difícil, também desde o ponto de vista canônico, e os humilha, porque as autoridades civis chinesas querem impor um Pastor que não está em plena comunhão, nem com o Santo Padre, nem com outros bispos de todo o mundo".

Em diferentes ocasiões durante o presente ano, a Santa Sé comunicou com claridade às autoridades chinesas sua oposição à ordenação episcopal do reverendo Joseph Guo Jincai. Apesar disso, estas autoridades decidiram proceder de maneira unilateral, em detrimento do ambiente de respeito que se criou com grande esforço com a Santa Sé e com a Igreja Católica por meio das ordenações episcopais recentes.

O comunicado precisa ademais que "esta pretensão de situar-se por cima dos bispos e de guiar a vida da comunidade eclesiástica não corresponde à doutrina católica, mas ofende o Santo Padre, a Igreja na China e a Igreja universal, e complica ainda mais as dificuldades pastorais atuais".

Em sua Carta aos Católicos da China de 2007, o Papa Bento XVI "expressou a vontade da Santa Sé de participar de um diálogo respeitoso e construtivo com as autoridades da República Popular da China, com o fim de superar as dificuldades e normalizar as relações".

Ao reafirmar esta disponibilidade, a Santa Sé constata com pesar de que as autoridades permitam aos dirigentes da Associação Patriótica Católica Chinesa –a instituição criada pelo Governo comunista da China para manter a Igreja sob seu controle e que não está em comunhão com Roma, que sob a influência de sua Vice-presidente Liu Bainian, adota "atitudes que danificam gravemente a Igreja Católica e obstaculizam este diálogo".

Finalmente o comunicado expressa que "os católicos de todo o mundo estão seguindo com especial atenção o problemático caminho da Igreja na China: a solidariedade espiritual, com a que acompanham as vicissitudes de seus irmãos e irmãs chineses se converte em uma fervente oração ao Senhor da história, para que esteja perto deles, aumente sua esperança e fortaleza e lhes outorgue o consolo nos momentos de prova".

A China permite o culto católico unicamente à Associação Patriótica Católica da China, subordinada ao Partido Comunista da China, e rechaça a autoridade do Vaticano. A Igreja Católica, fiel ao Papa e clandestina na China, é perseguida permanentemente.

As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano foram quebradas em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros.

Caso Asia Bibi ainda não encontra solução definitiva

Publicado originalmente em: ACI Digital

Segundo a informação divulgada hoje pela Rádio Vaticano, Asia Bibi ainda não se encontra em liberdade. A mulher cristã condenada à morte no Paquistão por blasfêmia por um tribunal local, foi considerada inocente pelo ministro paquistanês para as minorias, Shahbaz Bhatti, que apresentará seu relatório sobre o caso de Asia Bibi ao presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari. O presidente do Conselho Pontifício para o diálogo inter-religioso, o Cardeal Jean-Louis Tauran, se transladará junto com os seus colaboradores ao Paquistão para buscar solucionar a situação da cristã.


Segundo RV, vários grupos ameaçaram manifestações de protesto em todo o país se Zardari assinar o procedimento de clemência. Segundo o jornal “The Christian Post”, o chefe de Estado paquistanês já teria concedido a graça. A notícia, no entanto, não foi confirmada. No Paquistão, uma televisão privada informou que Asia Bibi já tinha sido liberada. Após o anúncio, várias pessoas foram até a prisão onde a mulher estaria detida. Os responsáveis pela penitenciária, ao invés, reafirmaram que Asia Bibi ainda se encontrava na prisão.

Sobre o assunto se sucedem declarações e desmentidos. Segundo a agência do Kuwait, “Kuna” e a “International Christian Concern”, Asia Bibi foi libertada e levada para um local secreto por razões de segurança. O Arcebispo de Lahore Dom Lawrence John Saldanha, contatado pela Rádio Vaticano, porém, desmentiu essa notícia.

Para buscar solucionar a situação da cristã acusada de blasfêmia, o presidente do Conselho Pontifício para o diálogo inter-religioso, o Cardeal Jean-Louis Tauran, se transladará junto com os seus colaboradores ao Paquistão. O Cardeal Tauran terá uma reunião com o ministro das Minorias paquistanês, Shahbaz Bhatti, que entregou um relatório sobre o caso ao presidente do Paquistão, Asif Alí Zardari, e assinalou que Asia Bibi era "inocente".

Conforme informou a Rádio Vaticano, o Secretário de estado vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, fez alusão a uma missão do Vaticano encarregada de transladar-se ao Paquistão para falar com as autoridades sobre o caso da Asia Bibi, na Pontifícia Universidade Lateranense.

São João da Cruz

O Senhor lhe abriu a boca no meio da assembleia dos fiéis, e o encheu do espírito da  sabedoria e da inteligência; revestiu-o de glória.

Depois de Santa Tereza, reformadora do Carmelo, a S.Igreja festeja São João da Cruz, que muito coadjuvou a Santa na grande obra, introduzindo a primitiva observância no ramo masculino da Ordem.

De grande abnegação e inteiramente penetrado pelo amor de Deus, foi uma grande alma de oração.Os seus numerosos escritos foram e são grandes fontes de inspiração para os católicos. Devido a isso foi proclamado Doutor da Igreja por Pio XI.

No entanto, ficou muito desiludido pelo relaxamento da vida monástica em que viviam os Conventos Carmelitas. Decepcionado, tenta passar para a Ordem dos Cartuxos, ordem muito austera, na qual poderia viver a severidade de vida religiosa à que se sentia chamado. Em Setembro de 1567 encontra-se com Santa Teresa de Ávila, que lhe fala sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres, surgindo posteriormente os carmelitas descalços. O jovem de apenas vinte e cinco anos de idade aceitou o desafio. Trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de Novembro de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma. O desejo de voltar à mística religiosidade do deserto custou ao santo fundador maus tratos físicos e difamações. Em 1577 foi preso por oito meses no cárcere de Toledo. Nessas trevas exteriores acendeu-se-lhe a chama de sua poesia espiritual. "Padecer e depois morrer" era o lema do autor da "Noite Escura da alma", da "Subida do monte Carmelo", do "Cântico Espiritual" e da "Chama de amor viva".

Morreu em 1591.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Perito vaticano explica postura do Papa sobre preservativos

De: Canção Nova

O Sub-secretário do Pontifício Conselho para a Família, padre Carlos Simón, explicou que "não há nenhuma novidade" na postura do Papa Bento XVI sobre os preservativos, no novo livro-entrevista "Luz do Mundo" do jornalista alemão Peter Seewald, apresentado nesta terça-feira, 23, no Vaticano.


Em entrevista ao jornal espanhol La Razón, padre Simón, médico e sacerdote, recordou que o Santo Padre já explicou na sua viagem à África, em 2009, que a postura da Igreja sobre a luta contra a AIDS se fundamenta na promoção da abstinência e da fidelidade; e destacou que nas declarações do Papa a Seewald "não há nenhuma novidade".

"O Papa disse naquela viagem [à África] que na luta contra a AIDS a estratégia da Igreja era a abstinência, a fidelidade e a camisinha. As duas primeiras são formas de lutar contra a AIDS, como assinala o Papa, no contexto da educação e da não-banalização da sexualidade. Como última via escapatória está o preservativo, nos casos onde as outras duas opções não se puderam desenvolver", explicou.

Do mesmo modo, considerou que "deve-se distinguir quando o Pontífice diz algo de modo coloquial do que quando ele o faz de maneira pedagógica ou em uma expressão de toda sua autoridade, como em uma encíclica. Não há contradição neste assunto".

"O que concretamente disse o Papa neste livro é que nos casos em que nem a abstinência nem a fidelidade puderam ser seguidas - que é a via pela qual aposta a Igreja -, existe esta última opção. Uma pessoa pode fazer uso do preservativo de forma responsável para não contagiar nem produzir um mal que danifique a vida".

Preservativos e a Tradição moral da Igreja


Padre Simón sublinhou que as declarações do Papa entram dentro da tradição da teologia moral da Igreja. "Para esta, o ato sexual se entende dentro do contexto de uma relação conjugal. Aí é onde se aplica a moralidade. Todo ato fora do matrimônio a Igreja o rechaça como algo desordenadamente grave. Entramos, em um campo da saúde, trata-se de um terreno onde há um possível contágio".

O sacerdote esclareceu que o pecado é ter relações sexuais fora do matrimônio e "o preservativo então é um mal menor que evita um possível contágio. Nos casos onde não haja este perigo, [o uso de preservativos] é uma desfiguração de uma relação já alterada, porque não esqueçamos que se trata de um anticoncepcional".

Para a Igreja, explicou, "os atos sexuais devem acontecer entre dois cônjuges e, portanto, quando se realizam fora do matrimônio têm uma desordem intrínseca".

"O que o Papa disse é que em alguns casos - nos que há um risco seguro de contágio - então está justificado o preservativo. Vejo a novidade no aspecto terminológico, não na idéia nem no contexto. O Papa não revolucionou nenhum ensino da Igreja. Assinala que não se deve banalizar a sexualidade. No caso de onde já se produziu uma desordem - que para a Igreja é algo grave -, deve-se procurar que não haja um mal ainda mais intenso".

Padre Simón ressaltou que a Igreja não vai promover o uso do preservativo na luta contra a AIDS - quando a abstinência e a fidelidade falham. E recordou que "a Igreja segue o que o Papa diz quando afirma que se deve integrar a sexualidade na esfera do amor e da entrega. Bento XVI é um grande pensador e está preocupado em conseguir que haja uma harmonia no homem. A Igreja deve insistir nesta via, que é a mais difícil mas faz do homem um ser autêntico, não banal".

"A Igreja seguirá resistindo às pressões daqueles que pedem distribuição dos preservativos. Existem inúmeros dados científicos que assinalam que a receita da abstinência e da fidelidade e, só em terceiro lugar, o preservativo, conseguiram objetivos muito positivos na luta contra a AIDS", acrescentou.

Novos ataques contra cristãos no Iraque deixam três mortos

Publicado em: ACI Digital

A violência contra fiéis cristãos cobrou esta segunda-feira a vida de outras três pessoas na cidade de Mossul, no norte do Iraque, em dois eventos distintos, conforme informou a Polícia de Mossul.

No primeiro dos eventos, um pistoleiro acabou com a vida de dois irmãos cristãos, nos quais disparou quando irrompeu em seu lugar de trabalho, situado na zona industrial da cidade. Os dois falecidos eram soldadores e proprietários do local.

O terceiro cristão falecido nesta segunda-feira foi uma mulher de idade avançada que apareceu estrangulada em seu domicílio, localizado no centro de Mossul. Os ataques contra membros da comunidade cristã no Iraque começaram no último 31 de outubro e se estenderam à zona norte do país árabe.

O último dos ataques contra fiéis que professam esta crença foi produzido na semana passada na zona oriental de Mossul, onde uma bomba acabou com a vida de um homem e de sua filha de seis anos, segundo a Polícia local.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Colégio dos Cardeais

Saudação do Papa aos novos cardeais e seus familiares


Senhores Cardeais,

Queridos Irmãos no Episcopado e no presbiterato,
Queridos amigos!

Estão ainda vivos na mente e no coração de todos nós os sentimentos e as emoções, que vivemos ontem e anteontem, por ocasião da criação de 24 novos Cardeais. Foram momentos de fervorosa oração e de profunda comunhão, que hoje desejamos prolongar com a alma cheia de gratidão ao Senhor, o qual nos deu a alegria de viver uma nova página da história da Igreja. Estou, portanto, alegre por acolher-vos também hoje, neste encontro simples e familiar, e por destinar minha cordial saudação aos neo-Purpurados, bem como aos seus parentes, amigos e quantos os acompanham nesta circunstância tão solene e importante.

Saúdo, em primeiro lugar, a vós, Cardeais italianos! Saúdo a Vós, Senhor Cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Francesco Monterisi, Arcipreste da Basílica papal de São Paulo fora dos muros; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Fortunato Baldelli, Penitenciário Maior; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Paolo Sardi, vice-Camerlengo da Santa Igreja Romana; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Velasio De Paolis, presidente da Prefeitura dos Assuntos Econômicos da Santa Sé; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Paolo Romeo, Arcebispo de Palermo; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Elio Sgreccia, ex-presidente da Pontifícia Academia para a Vida; saúdo a Vós, Senhor Cardeal Domenico Bartolucci, ex-Maestro Diretor da Capela Musical Pontifícia. Queridos e Venerados Irmãos, através de vós, a Igreja que está na Itália vem a enriquecer o Colégio Cardinalício com ulterior sabedoria pastoral e entusiasmo apostólico. Estendo de bom grado a minha cordial saudação a quantos convosco compartilham a alegria deste momento e exorto a assegurar o apoio através da sua oração, para que possam perseverar fielmente nas respectivas missões para o crescimento do Evangelho e de todo o povo cristão.

J’adresse mon cordial salut aux nouveaux Cardinaux francophones : le Patriarche d’Alexandrie des Coptes, Cardinal Antonios Naguib ; le Président du Conseil pontifical « Cor Unum », Cardinal Robert Sarah ; l’Archevêque de Kinshasa, Cardinal Laurent Monsengwo Pasinya. Je salue aussi avec joie leurs proches et toutes les personnes qui les accompagnent en ces jours de fête que nous venons de vivre. Chers amis, ces célébrations nous appellent à élargir notre regard aux dimensions de l’Église universelle. Je vous invite à prier pour les nouveaux Cardinaux afin qu’en communion avec le Successeur de Pierre ils travaillent efficacement à l’unité et à la sainteté du Peuple de Dieu tout entier. Et vous-mêmes, soyez des témoins ardents de l’Évangile pour redonner au monde l’espérance dont il a besoin et pour contribuer partout à l’établissement de la paix et de la fraternité.

[Dirijo a minha cordial saudação aos novos cardeais francófonos: o Patriarca de Alexandria dos Coptas, Cardeal Antonios Naguib; o presidente do Pontifício Conselho "Cor Unum", Cardeal Robert Sarah; o Arcebispo de Kinshasa, cardeal Laurent Monsengwo Pasinya. Saúdo com alegria a seus parentes e a todos aqueles que estão com eles nestes dias de festa que acabamos de viver. Queridos amigos, estas celebrações convidam-nos a ampliar nossa visão para as dimensões da Igreja universal. Convido-vos a rezar pelos novos Cardeais, a fim de que, em comunhão com o Sucessor de Pedro, trabalhem eficazmente para a unidade e a santidade do povo de Deus como um todo. E vós, sejais testemunhas ardentes do Evangelho no mundo para restaurar a esperança de que ele e ajudeis no estabelecimento da paz e da fraternidade.]

Eu estendo uma cordial saudação aos Prelados de língua inglesa, os quais eu tive a alegria de elevar à dignidade de Cardeal no Consistório do último sábado. Cardeal Raymond Leo Burke, prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica Signatura; cardeal Medardo Joseph Mazombwe, Arcebispo emérito de Lusaka (Zâmbia); Cardeal Donald William Wuerl, Arcebispo de Washington (USA) e Cardeal Albert Malcolm Ranjith Patabendige Don, Arcebispo de Colombo (Sri Lanka).
Também cumprimento vossos parentes e amigos, e todos os fiéis que vos tendes acompanhado a Roma.

O Colégio dos Cardeais, cujas origens encontram-se no antigo clero da Igreja Romana, é responsável pela eleição do Sucessor de Pedro e ajuda-o em problemas de grande importância. Tanto nos escritórios da Cúria Romana quanto em seu ministério nas Igrejas locais ao redor do mundo, os Cardeais são chamados a compartilhar de modo especial a solicitude do Papa pela Igreja universal. A vívida cor das suas vestes tem sido tradicionalmente vista como um sinal de seu compromisso em defender o rebanho de Cristo até o derramamento do próprio sangue. Como os novos Cardeais aceitam o fardo deste ofício, estou confiante de que serão apoiados por vossas orações e cooperação constante em seus esforços para edificar o Corpo de Cristo na santidade, unidade e paz.

Einen besonderen Gruß richte ich an die neuernannten Kardinäle deutscher Sprache. Ich darf mit Kardinal Kurt Koch beginnen, den ich herzlich grüße, ebenso seine Angehörigen, seine Freunde und Gäste aus der Schweiz, vor allem die Vertreter des Bistums Basel, in dem er viele Jahre als Bischof gewirkt hat, sowie die Repräsentanten des Bundesrats und der Kantone. Verbindet euch mit ihm im Gebet und unterstützt ihn so bei seiner wichtigen Aufgabe für die Universalkirche und als Mitarbeiter des Papstes im Dienst an der Einheit der Christen. Mit Freude heiße ich dann Kardinal Reinhard Marx willkommen und mit ihm seine Familie, die Gäste und Pilger aus der Erzdiözese München und Freising, die Herren Weihbischöfe, die Mitarbeiter in den verschiedenen diözesanen Einrichtungen, die Vertreter der Politik und des öffentlichen Lebens wie auch die Gläubigen aus dem Bistum Trier und aus seinem Heimaterzbistum Paderborn. Schließlich grüße ich von Herzen Kardinal Walter Brandmüller mit seinen Angehörigen und Freunden aus Rom, Augsburg und Bamberg. Liebe Freunde, die Kardinäle nehmen in besonderer Weise an der Sorge des Nachfolgers Petri für die weltweite Kirche teil. Zeichen dafür ist das leuchtende Rot des Purpurs, das dahingehend gedeutet wird, daß sie bereit sein sollen, die Herde Christi bis zum Äußersten, bis zur Hingabe ihres Blutes zu schützen und zu verteidigen. Begleitet sie in ihrer Aufgabe mit eurem Gebet und eurem Einsatz für die Kirche.

[Uma saudação especial aos recém-nomeados cardeais de língua alemã. Começo pelo Cardeal Kurt Koch, a quem saúdo com afeto, bem como a sua família, seus amigos e convidados da Suíça, especialmente os representantes da Diocese de Basiléia, onde serviu por muitos anos como bispo, e aos representantes do Conselho Federal e dos cantões. Aproximai-vos dele em oração e auxiliai-o em sua em sua tarefa importante para a Igreja Universal e do Papa como servidor a serviço da unidade dos cristãos. Tenho também o prazer de cumprimentar o então Cardeal Reinhard Marx, e com ele a sua família, convidados e peregrinos da Arquidiocese de Munique e Freising, os bispos auxiliares, funcionários dos órgãos diocesanos, representantes da vida política e pública, bem como os fiéis da Diocese de Trier e do seu Heimaterzbistum Paderborn. Finalmente, saúdo cordialmente o Cardeal Walter Müller, juntamente com sua família e amigos de Roma, Augsburg e Bamberg. Queridos amigos, os cardeais tomam de maneira especial o cuidado com o Sucessor de Pedro para auxiliar a igreja global. Sua característica é o vermelho púrpura, interpretado como símbolo de que deveriam estar preparados para proteger o rebanho de Cristo ao máximo, até o sacrifício de seu sangue. Acompanhai-os com orações em suas tarefas e compromisso com a Igreja.]

Saúdo com afeto os novos Cardeais de língua espanhola, acompanhados de seus familiares e de tantos Bispos, sacerdotes, religiosos e leigos vindos especialmente do Equador e da Espanha. A Igreja no Equador alegra-se pelo Cardeal Raúl Eduardo Vela Chiriboga, Arcebispo Emérito de Quito, que com zelo e dedicação exemplar desempenhou também seu ministério episcopal em Guayaquil, Azogues, bem como Bispo Ordinário Militar. Também a Igreja que peregrina na Espanha congratula-se pelo Cardeal José Manuel Estepa Llaurens, Arcebispo Emérito Castrense, que prestou um serviço precioso participando na redação do Catescismo da Igreja Católica. Convido todos a acompanhar com vossa oração e proximidade espiritual os novos membros do Colégio dos cardeais para que, movidos por um amor intenso a Cristo e unidos em estreita comunhão com o Sucessor de Pedro, continuem servindo com fidelidade à Igreja.

Saúdo o Senhor Cardeal Raymundo Damasceno Assis, aqui circundado de pessoas amigas, congratulando-se por verem sua pessoa mais intimamente associada ao ministério do Papa. A vossa presença me recorda as horas de íntima alegria e grande esperança eclesial vividas em Aparecida, durante a minha inesquecível visita ao Brasil que, sobretudo naquele dia, se alargava a todo o Continente Latino-Americano e Caribenho, com o seu episcopado lá reunido em comunhão de fé, esperança e amor, sob o olhar maternal de Maria, em torno do Sucessor de Pedro. Hoje, convosco, reitero a minha confiança afetuosa ao Senhor Cardeal Arcebispo de Aparecida e peço a Nossa Senhora que a todos vos proteja e assista, iluminando de esperança a vossa caminhada, em união com o Pastor e amigo, para instaurar todas as coisas em Cristo.

Słowa pozdrowienia kieruję do Kardynała Kazimierza Nycza i jego gości. Nominacja kardynalska zobowiązuje do troski już nie tylko o Kościół lokalny, ale o losy Kościoła powszechnego, a także do ścisłej współpracy z Papieżem w pełnieniu posługi Piotrowej. Dlatego wypraszam dla niego wszelkie potrzebne łaski, i Was wszystkich proszę o nieustanną modlitwę o światło i moc Ducha Świętego – Ducha mądrości i rady. Niech Bóg wam błogosławi!

[Expressões de saudação ao Cardeal Kazimierz Nycz e a seus acompanhantes. A nomeação cardinalícia obriga à preocupação não só com a Igreja local, mas com o destino da Igreja universal, bem como a trabalhar em estreita colaboração com o Papa na realização do ministério petrino. Por isso, imploro todas as graças necessárias para ele, e peço a todos vós a constante oração para a luz e a força do Espírito Santo - o Espírito de sabedoria e conselho. Deus vos abençoe! ]

Queridos e venerados Irmãos que passastes a fazer parte do Colégio Cardinalício! Renovo a cada um de vós as minhas felicitações mais cordiais. O vosso ministério se enriquece por um ulterior compromisso em apoiar o Sucessor de Pedro no seu universal serviço à Igreja. Confio muito em vós, na vossa oração e no vosso precioso auxílio. Com fraterna estima, encorajo-vos a prosseguir na vossa missão espiritual e apostólica, que passa por uma etapa muito importante. Mantenhais fixo o vosso olhar em Cristo, buscando d'Ele toda a graça e espiritual conforto, a partir do exemplo luminoso dos Santos Cardeais, intrépidos servidores da Igreja que, ao longo dos séculos, glorificaram a Deus com o exercício heroico das virtudes e tenaz fidelidade ao Evangelho. Invoco sobre vós e sobre os presentes a materna proteção da Virgem Maria, Mãe da Igreja, e da mártir Santa Cecília, cuja memória celebramos hoje. A padroeira da música e do belo canto acompanhe e apoie vosso compromisso de serem, na Igreja, ouvintes atentos de diferentes vozes, para tornar mais profunda a unidade dos corações. Com tais sentimentos, concedo com afeto a vós e a todos os presentes uma especial Bênção Apostólica.

Santa Cecília, Virgem e Mártir, rogai por nós!

Segundo uma antiga tradição, a Santa pertencia a uma das principais famílias de Roma, que acostumava vestir uma túnica de um tecido muito áspero e que tinha consagrado a Deus sua virgindade. Seus pais a comprometeram em matrimônio com um jovem chamado Valeriano, mas Cecília disse a este que ela tinha feito voto de virgindade e que se ele queria ver o anjo de Deus devia fazer-se cristão. Valeriano foi ensinado pelo Papa Urbano e foi batizado. As histórias antigas dizem que Cecília via seu anjo da guarda.


O prefeito de Roma, Almaquio, tinha proibido sepultar os cadáveres dos cristãos. Mas Valeriano e Tiburcio se dedicaram a sepultar todos os cadáveres de cristãos que encontravam. Por isso foram presos. Levados ante o prefeito, este lhes pediu que declarassem que adoravam Júpiter. Eles defenderam sua fé e morreram mártires. Em seguida a polícia prendeu Cecília e lhe exigiu que renunciasse à religião de Cristo. Ela declarou que preferia a morte que renegar a verdadeira religião. Então foi levada junto a um forno quente para sufocar com os terríveis gases que saíam dali, mas em vez de asfixiar-se ela cantava gozosa (possivelmente por isso a nomearam padroeira dos músicos). Visto que com este martírio não podiam acabar com ela, o cruel Almaquio mandou que lhe cortasse a cabeça. Em 1599 permitiram ao escultor Maderna ver o corpo incorrupto da Santa e ele fabricou uma estátua em mármore dela, que se conserva na igreja da Santa Cecília em Roma.

domingo, 21 de novembro de 2010

Homilia de Bento XVI na Missa de entrega do anel cardinalício

Senhores Cardeais,

Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Queridos irmãos e irmãs!

Na Solenidade de Cristo Rei do Universo, temos a alegria de reunir-nos em torno do Altar do Senhor juntamente com os 24 novos cardeais que, ontem, eu agreguei ao Colégio Cardinalício. A esses, antes de tudo, destino a minha cordial saudação, que estendo aos outros Purpurados e a todos os Prelados presentes; da mesma forma às distintas Autoridades, aos Senhores Embaixadores, aos sacerdotes, aos religiosos e a todos os fiéis, vindos de várias partes do mundo para essa feliz circunstância, que se reveste de um forte caráter de universalidade.

Muitos de vós deveis ter notado que também o precedente Consistório Público para a criação dos Cardeais, ocorrido em novembro de 2007, foi celebrado na vigília da solenidade de Cristo Rei. Passaram-se três anos e, então, segundo o ciclo litúrgico dominical, a Palavra de Deus vem-nos ao encontro através das mesmas Leituras bíblicas, próprias desta importante festividade. Essa se coloca no último domingo do ano litúrgico e apresenta-nos, ao final do itinerário da fé, o rosto real de Cristo, como o Pantocrator na abside de uma antiga basílica. Essa coincidência convida-nos a meditar profundamente sobre o mistério do Bispo de Roma e sobre aquele, a esse ligado, dos Cardeais, à luz da singular Realeza de Jesus, nosso Senhor.

O primeiro serviço do Sucessor de Pedro é aquele da fé. No Novo testamento, Pedro torna-se "pedra" da Igreja enquanto portador do Credo: o "nós" da Igreja Inicia com o nome daquele que professou por primeiro a fé em Cristo, inicia com a sua fé; uma fé inicialmente amarga e ainda "demasiado humana", mas então, depois da Páscoa, madura e capaz de seguir a Cristo até o dom de si; madura no crer que Jesus é verdadeiramente o Rei; que o é exatamente porque permaneceu sobre a Cruz e, daquele modo, deu vida para os pecadores. No Evangelho, vê-se que todos pedem que Jesus desça da cruz. Zombavam dele, mas também é um modo de se desculpar, como quem diz: não é culpa nossa se tu estás aí sobre a cruz; é somente culpa tua, porque, se tu fosses verdadeiramente Filho de Deus, o Rei dos Judeus, tu não estarias aí, mas te salvarias descendo daquele patíbulo infame. Portanto, se permaneces ali, isso significa que tu estás errado e nós temos razão.

O drama que se desenrola sob a cruz de Jesus é um drama universal; diz respeito a todos os homens frente a Deus, que se revela por aquilo que é, isto é, Amor. Em Jesus Crucificado, a divindade é desfigurada, despojada de toda a glória visível, mas está presente e real. Somente a fé sabe reconhecê-la: a fé de Maria, que une no seu coração também essa última peça do mosaico da vida de seu Filho; Ela não vê ainda tudo, mas continua a confiar em Deus, repetindo mais uma vez com o próprio abandono "Eis a serva do Senhor" (Lc 1,38). E aí está a fé do bom ladrão: uma fé muito rudimentar, mas suficiente para assegurar-lhe a salvação: "Hoje estarás comigo no paraíso". Decisivo é aquele "comigo". Sim, é isso que o salva. Certo, o bom ladrão está sobre a cruz como Jesus, mas, sobretudo, está sobre a cruz com Jesus. E, ao contrário do outro malfeitor, e de todos os outros que o escarnecem, não pede a Jesus que desça da cruz, nem que o faça descer. Diz, ao contrário: "Lembra-te de mim quando entrares no teu reino". Vê-o na cruz, desfigurado, irreconhecível, mas, no entanto, confia-se a Ele como a um rei, antes, como ao Rei. O bom ladrão crê naquilo que está escrito na tábua sobre a testa de Jesus: "O rei dos Judeus": crê, e se entrega. Por isto está já, subitamente, no "hoje" de Deus, no paraíso, porque paraíso é isto: estar com Jesus, estar com Deus.

Aqui então, queridos Irmãos, emerge claramente a primeira e fundamental mensagem que a Palavra de Deus hoje diz a nós: a mim, Sucessor de Pedro, e a vós, Cardeais. Chama-nos a estar com Jesus, como Maria, e a não lhe pedir que desça da cruz, mas estar ali com Ele. E isso, por ocasião do nosso ministério, devemos fazê-lo não somente por nós mesmos, mas por toda a Igreja, por todo o povo de Deus. Sabemos dos Evangelhos que a cruz foi um ponto crítico da fé de Simão Pedro e dos outros Apóstolos. É claro e não podia ser diferente: eram homens e pensavam "segundo os homens"; não podiam tolerar a ideia de um Messias Crucificado. A "conversão" de Pedro realiza-se plenamente quando renuncia ao desejar "salvar" Jesus e aceita ser salvo por Ele. Renuncia ao desejar salvar Jesus da cruz e aceita ser salvo pela sua cruz. "Eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos" (Lc 22,32), diz o Senhor. O ministério de Pedro consiste todo na sua fé, uma fé que Jesus reconhece prontamente, desde o início, como genuína, como dom do Pai celeste; mas uma fé que deve passar através do escândalo da cruz, para tornar-se autêntica, verdadeiramente "cristã", para tornar-se "pedra" sobre a qual Jesus possa constituir a sua Igreja. A participação no Senhorio de Cristo verifica-se concretamente somente na partilha com a sua base, com a Cruz. Também o meu ministério, queridos irmãos, e por consequência também o vosso, consiste todo na fé. Jesus pode construir sobre nós a sua Igreja tanto quanto encontra em nós aquela fé verdadeira, pascal, aquela fé que não deseja fazer Jesus descer da Cruz, mas confia-se a Ele sobre a Cruz. Nesse sentido, o lugar autêntico do Vigário de Cristo é a Cruz, persistir na obediência da Cruz.

É difícil esse ministério, porque não se alinha com o modo de pensar dos homens – àquela lógica natural que permanece sempre ativa também em nós mesmos. Mas isso é e permanece sempre o nosso primeiro serviço, o serviço da fé, que transforma toda a vida: crer que Jesus é Deus, que é Rei exatamente porque chegou até aquele ponto, porque amou-nos até o extremo. E essa realeza paradoxal, devemos testemunhá-la e anunciá-la como fez Ele, o Rei, isto é, seguindo a sua mesma estrada e esforçando-nos por adotar a sua mesma lógica, a lógica da humildade e do serviço, do grão de trigo que morrer para produzir fruto. O Papa e os Cardeais são chamados a serem profundamente unidos antes de tudo nisso: todos juntos, sob a guia do Sucessor de Pedro, devem permanecer no senhorio de Cristo, pensando e operando segundo a lógica da Cruz – e isso não é nunca fácil nem óbvio. Nisso devemos ser compactos, e isso porque o que nos une não é uma ideia, uma estratégia, mas nos une o amor de Cristo e o seu Santo Espírito. A eficácia do nosso serviço à Igreja, a Esposa de Cristo, depende essencialmente disso, da nossa fidelidade à realeza divina do Amor crucificado. Por isso, sobre o anel que vos entreguei, selo do vosso pacto nupcial com a Igreja, está representada a imagem da Crucificação. E, pelo mesmo motivo, a cor do vosso hábito alude ao sangue, símbolo da vida e do amor. O Sangue de Cristo que, segundo uma antiga iconografia, Maria recolhe do lado transpassado do Filho morto sobre a cruz; e que o apóstolo João contempla enquanto flui junto com a água, segundo as Escrituras proféticas.

Queridos Irmãos, daqui deriva a nossa sabedoria: sapientia Crucis. Sobre isso refletiu a fundo São Paulo, o primeiro a traçar um orgânico pensamento cristão, centrado exatamente sobre o paradoxo da Cruz (cf. 1Cor 1,18-25; 2,1-8). Na Carta aos Colossenses – da qual a Liturgia hodierna propõe o hino cristológico – a reflexão paulina, fecundada pela graça do Espírito, chega a um nível impressionante de síntese ao expressar uma autêntica concepção cristã de Deus e do mundo, da salvação pessoal e universal; e tudo está centrado em Cristo, Senhor dos corações, da história e do cosmo. "Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus" (Col 1,19-20). Isso, queridos Irmãos, somos sempre chamados a anunciar ao mundo: Cristo "imagem do Deus invisível", Cristo "primogênito de toda a criação" e "daqueles que ressurgiram dos mortos", porque – como escreve o Apóstolo – "ele tem o primeiro lugar em todas as coisas" (Col 1,15.18). O primado de Pedro e dos seus Sucessores está totalmente ao serviço desse primado de Jesus Cristo, único Senhor; ao serviço do seu Reino, isto é, do seu Senhorio de amor, a fim de que venha e se difunda, renove os homens e as coisas, transforma a terra e faça germinar nessa a paz e a justiça.

No interior desse projeto, que transcende a história e, ao mesmo tempo, revela-se e realiza-se nessa, encontra lugar a Igreja, "corpo" do qual Cristo é a "cabeça" (cf. Col 1,18). Na Carta aos Efésios, São Paulo fala explicitamente do senhorio de Cristo e o coloca em relação com a Igreja. Ele formula uma oração de louvor à "grandiosidade do poder de Deus", que ressuscitou Cristo e constituiu-o Senhor universal, e conclui: "E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos" (Ef 1,22-23). A mesma palavra "plenitude", que diz respeito a Cristo, Paulo atribuiu aqui à Igreja, por participação: o corpo, de fato, participa da plenitude da Cabeça. Eis, venerados Irmãos Cardeais – e me dirijo também a todos vós, que com nós compartilhais a graça de sermos cristãos –, eis qual é a nossa alegria: aquela de participar, na Igreja, na plenitude de Cristo através da obediência da Cruz, de "participar da herança dos santos na luz", de sermos "introduzidos" no reino do Filho de Deus (cf. Col 1,12-13). Por isso nós vivemos em perene ação de graças, e também em meio às provações não diminui a alegria e a paz que Deus nos deixou, como garantia de seu Reino, que está já em meio a nós, que esperamos com fé e esperança, e antecipamos na caridade. Amém.
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