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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

“Nem Lutero”. “A comunhão na mão não tem nada a ver com a Igreja primitiva, é de origem calvinista”.


Athanasius Schneider tem 50 anos, é ucraniano [ndr: na realidade, nasceu no Quirguistão] e desde 2006 atuou como bispo auxiliar em duas dioceses do Cazaquistão, uma antiga república soviética com 26% de população cristã, majoritariamente ortodoxa, mas com uma pujante comunidade católica.
Recentemente, Dom Schneider, que é especialista em Patrística e Igreja primitiva, explicou à emissora Rádio Maria, no sul do Tirol, as diferenças entre a forma de comungar na Igreja primitiva e a atual prática da comunhão na mão.

Segundo afirmou, este costume é “completamente novo” após o Concílio Vaticano II e suas raízes não remontam aos tempos dos primeiros cristão, como se sustentou com freqüência.

Na Igreja primitiva, era necessário purificar as mãos antes e depois do rito, e a mão estava coberta por um corporal, do qual se tomava a partícula diretamente com a língüa: “Era mais uma comunhão na boca do que na mão”, afirmou Schneider. De fato, após consumir a Sagrada Hóstia, o fiel devia recolher da mão, com sua língua, qualquer mínima partícula consagrada. Um diácono supervisionava esta operação.

Jamais se tocava com os dedos: “O gesto da comunhão na mão, tal como conhecemos hoje, era completamente desconhecido” entre os primeiros cristãos.

Origem calvinista

Ainda assim, abandonou-se aquele rito pela administração direta do sacerdote na boca, uma mudança que ocorreu “instintiva e pacificamente” em toda a Igreja. A partir do século V, no Oriente, e pouco depois no Ocidente. O Papa São Gregório Magno já a administrava assim no século VII, e os sínodos franceses e espanhóis dos séculos XIII e IX puniam quem tocasse na Sagrada Forma.

Segundo Dom Schneider, a prática que conhecemos hoje da comunhão na mão nasceu no século XVII entre os calvinistas, que não acreditavam na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. “Nem Lutero”, que acreditava na presença real, mas não na transubstanciação, “o havia feito”, disse o bispo do Cazaquistão: “De fato, até relativamente há pouco os luteranos comungavam de joelhos e na boca, e ainda hoje alguns comungam assim nos países escandinavos”.

Tradução: Fratres in Unum

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