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sábado, 26 de novembro de 2011

O Advento




Reflictamos brevemente sobre o significado desta palavra, que pode traduzir-se com "presença", "chegada" e "vinda". Na linguagem do mundo antigo, era um termo técnico utilizado para indicar a chegada de um funcionário, a visita do rei ou do imperador a uma província. No entanto, podia indicar também a vinda da divindade, que sai do seu escondimento para se manifestar com poder, ou que é celebrada presente no culto. Os cristãos adoptaram a palavra "advento" para expressar a sua relação com Jesus Cristo: Jesus é o Rei, que entrou nesta pobre "província" denominada terra para visitar todos; na festa do seu advento faz participar quantos nele crêem, aqueles que acreditam na sua presença na assembleia litúrgica. Substancialmente, com a palavra adventus desejava-se dizer: Deus está aqui, não se retirou do mundo, não nos deixou sozinhos. Embora não O possamos ver nem tocar, como acontece com as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem visitar-nos de múltiplos modos.

Portanto, o significado da expressão "advento" inclui também o de visitatio que, simples e propriamente, quer dizer "visita"; neste caso, trata-se de uma visita de Deus: Ele entra na minha vida e quer dirigir-se a mim. Na existência quotidiana, todos nós vivemos a experiência de ter pouco tempo para o Senhor e pouco tempo também para nós. Terminamos por ser absorvidos pelo "fazer". Não é porventura verdade que com frequência é precisamente a actividade que nos possui, a sociedade com os seus múltiplos interesses que monopoliza a nossa atenção? Não é talvez verdade que dedicamos muito tempo à diversão e a distracções de vários tipos? Às vezes, a realidade "arrebata-nos". O Advento, este tempo litúrgico forte que estamos a começar, convida-nos a reflectir silenciosamente para compreender uma presença. Trata-se de um convite a compreender que cada um dos acontecimentos do dia é um sinal que Deus nos faz, um vestígio da atenção que Ele tem por cada um de nós. Quantas vezes Deus nos faz sentir algo do seu amor! Manter, por assim dizer, um "diário interior" deste amor seria uma tarefa bonita e saudável para a nossa vida! O Advento convida-nos e estimula-nos a contemplar o Senhor que está presente. Não deveria porventura a certeza da sua presença ajudar-nos a ver o mundo com olhos diferentes? Não deveria acaso ajudar-nos a considerar toda a nossa existência como uma "visita", um modo como Ele pode vir ter connosco e estar ao nosso lado em cada situação?

Outro elemento fundamental do Advento é a espera, expectativa que é ao mesmo tempo esperança. O Advento leva-nos a compreender o sentido do tempo e da história como "kairós", como ocasião favorável para a nossa salvação. Jesus explicou esta realidade misteriosa mediante muitas parábolas: na narração dos servos convidados a esperar o retorno do dono; na parábola das virgens que esperam o esposo; ou naquelas da sementeira e da colheita. Na sua vida, o homem está constantemente à espera: quando é menino, deseja crescer; quando é adulto, tende para a realização e o sucesso; na idade avançada, aspira ao merecido descanso. Mas chega a hora em que ele descobre que esperou demasiado pouco se, para além da profissão ou da posição social, nada mais lhe resta para esperar. A esperança marca o caminho da humanidade, mas para os cristãos ela é animada por uma certeza: o Senhor está presente no fluxo da nossa vida, acompanha-nos, e um dia enxugará também as nossas lágrimas. Um dia, não distante, tudo encontrará o seu cumprimento no Reino de Deus, Reino de justiça e de paz.

Bento XVI

Disponível em: Vatican.va

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