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sábado, 7 de maio de 2011

" A Liturgia da Igreja vai além da própria 'reforma conciliar'", afirma Bento XVI


A liturgia da Igreja “vive de uma relação correta e consistente entre a sã traditio e a legítima progressio”, e, neste sentido, a reforma litúrgica realizada pelo Concílio Vaticano II não se contrapõe à tradição anterior.


Foi o que esclareceu o Papa Bento XVI, ao receber hoje em audiência os membros do Pontifício Instituto Litúrgico S. Anselmo, instituição criada por João XXIII há 50 anos como centro de estudos e pesquisa “para garantir uma sólida base para a reforma litúrgica conciliar”.

No seu discurso, o Papa referiu-se à reforma realizada pelo Concílio, recordando que "existe um vínculo estreito e orgânico entre a renovação da Liturgia e a renovação de toda a vida da Igreja”.

“A Liturgia da Igreja vai além da própria ‘reforma conciliar’, cujo objetivo, de fato, não era principalmente o de mudar os ritos e gestos, mas sim renovar as mentalidades e colocar no centro da vida cristã e da pastoral a celebração do mistério pascal de Cristo”.

“Infelizmente, talvez, também pelos pastores e especialistas, a liturgia foi tomada mais como um objeto a reformar que como um sujeito capaz de renovar a vida cristã”, reconheceu.

Neste sentido, admitiu que às vésperas do Concílio, “de fato, parecia cada vez mais viva, no campo da liturgia, a urgência de uma reforma, postulada também pelas petições realizadas por diversos episcopados”.

Por outro lado – acrescentou – “a forte demanda pastoral que motivava o movimento litúrgico requeria que se favorecesse e suscitasse uma participação ativa dos fiéis nas celebrações litúrgicas, através do uso de línguas nacionais, e que se aprofundasse na questão da adaptação dos ritos às diversas culturas, especialmente em terra de missão”.

Ademais, “mostrou-se clara desde o início a necessidade de um estudo mais aprofundado do fundamento teológico da Liturgia, para evitar cair no ritualismo ou promover o subjetivismo, o protagonismo do celebrante”.

Outra das necessidades foi “que a reforma estivesse bem justificada no âmbito da Revelação e em continuidade com a tradição da Igreja”.

Este é o motivo pelo qual João XXIII instituiu o Pontifício Instituto Litúrgico S. Anselmo – acrescentou. O Papa recordou o trabalho de “pioneiros” como Cipriano Vagaggini, Adrien Nocent, Salvatore Marsili e Burkhard Neunheuser.

Ambos termos, “tradição” e “legítimo progresso”, explicou, foram utilizados pelos Padres conciliares para estabelecer “seu programa de reforma, em equilíbrio com a grande tradição litúrgica do passado e do futuro”.

“Não raro, contrapõe-se, de maneira desajeitada, tradição e progresso. Na verdade, os dois conceitos estão integrados: tradição é uma realidade viva, que por isso inclui em si o princípio do desenvolvimento, do progresso”, afirmou o Papa.

Por último, o Papa quis sublinhar “duplo caráter teológico e eclesiológico da liturgia. A celebração realiza, ao mesmo tempo, uma epifania do Senhor e uma epifania da Igreja, duas dimensões que se conjugam em unidade na assembleia litúrgica”.

“Na ação litúrgica da Igreja, subsiste a presença ativa de Cristo: o que realizou em seu caminho entre os homens, Ele continua tornando operante através de sua ação pessoal sacramental, cujo centro é a Eucaristia.”

“A liturgia cristã é a liturgia da promessa realizada em Cristo, mas também é a liturgia da esperança, da peregrinação rumo à transformação do mundo, que acontecerá quando Deus for tudo em todos”, concluiu o Papa.

Retirado de: Zenit

Discurso na íntegra aqui.

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