Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu em Guaratinguetá no Estado de São Paulo, em 1739, de família de prática cristã que lhe transmitiu a fé e a busca de fidelidade a Cristo. Aos treze anos, foi enviado ao Colégio dos Padres Jesuítas no distrito de Belém da cidade de Cachoeira no Estado da Bahia, onde permaneceu de 1752 a 1756.
Voltando a Guaratinguetá, desejava entrar na Companhia de Jesus, mas o pai opôs-se por causa da perseguição do Marquês de Pombal às congregações religiosas e de modo particular aos jesuítas que acabaram sendo supressos. Assim Antônio foi encaminhado aos Padres Franciscanos, os quais exercitavam o ministério pastoral na vizinha paróquia de Taubaté. Em 1760, entrou no noviciado em Macacu, Estado do Rio de Janeiro, e no ano seguinte já fez a profissão religiosa. Em 11 de junho de 1762 foi destinado ao Convento de SãoFrancisco na cidade de São Paulo, para estudar Filosofia e Teologia, ser ordenado sacerdote e ajudar, ao mesmo tempo, seus confrades no trabalho apostólico. Trabalhou como pregador, confessor e também porteiro do Convento de São Francisco em São Paulo.
Fundou em 1774 o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Luz da Divina Providência, hoje conhecido como "Mosteiro da Luz", na cidade de São Paulo. Este "Recolhimento", sob pressão do Capitão-Geral D. Martim Lopes Lobo de Saldanha, foi fechado no mês de junho de 1775, reaberto em agosto do mesmo ano, graças à permissão do Bispo de São Paulo, Dom Manuel da Ressurreição.
Em 1780, foi condenado ao exílio porque tinha protestado contra a morte cruel de um soldado. Partiu imediatamente a pé para o Rio de Janeiro, porém com a rebelião do povo, o capitão revogou a sentença, e Frei Antônio voltou ao convento.
Frei Galvão foi reconhecido como "homem da paz e da caridade". Na carta da Câmara do Senado de São Paulo ao Ministro Provincial dos Franciscanos em 17 de abril de 1798, lê-se: "Este homem, Frei Galvão, é preciosíssimo a toda esta cidade e vilas da Capitania de São Paulo, é homem religiosíssimo e prudente conselheiro do qual todos vão ao encontro para ter luz e conforto; é homem da paz e da caridade".
No Registro dos Religiosos Brasileiros, no fim do currículo da vida (1802-1806), afirma-se: "Seu nome, em São Paulo, mais que em qualquer outra localidade, é escutado com grande confiança; muitas pessoas de regiões longínquas vêm procurá-lo em suas necessidades, uma e mais vezes".
Em 1939, dele escrevia Dom Frei Henrique Golland Trindade: "Conselheiro, ouvido por leigos e por religiosos, sabia dizer a palavra justa ao pecador como também à alma de grande perfeição. Pacificador das almas e das famílias, dispensador de caridade sobretudo aos pobres e aos doentes. Foi um frade de muita caridade, de muita vida espiritual". Outro historiador assim escreveu: "Procurado para as confissões, para pacificar nas discórdias, para ajustar problemas temporais, além de ser zeloso, era sábio e prudente".
Voltando da fundação de Sorocaba, o Beato viveu ainda dez anos sempre em seu Convento de São Francisco. Quando as forças já não lhe permitiam mais andar do Convento ao Recolhimento, com a permissão dos Superiores e do Bispo, passou a morar nas dependências da obra por ele fundada. Na última doença, foi transferido para um quartinho atrás do tabernáculo, no fundo da igreja por ele construída e inaugurada em 1802, onde as religiosas podiam oferecer-lhe assistência.
Faleceu em 23 de dezembro de 1822, assistido pelo superior e pelos confrades e sacerdotes, que admiravam suas virtudes e sua vida apostólica. Foi sepultado diante do altar-mor da igreja do Recolhimento da Luz.
Assim morreu um santo, suscitado por Deus para ser testemunha do seu amor.
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