"A família tem a sua origem naquele mesmo amor com que o Criador abraça o
mundo criado, como se afirma já «ao princípio», no livro do Génesis (1, 1). Uma
suprema confirmação disso mesmo, no-la oferece Jesus no Evangelho: «Deus amou de
tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito» (
Jo 3, 16). O Filho
unigénito, consubstancial ao Pai,
«Deus de Deus, Luz da Luz»,
entrou
na história dos homens através da família: «Pela sua encarnação, Ele, o
Filho de Deus, uniu-Se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas,
(...) amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se
verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado» (3). Se
é certo que Cristo «revela plenamente o homem a si mesmo» (4), fá-lo a começar
da família onde Ele escolheu nascer e crescer. Sabe-se que o Redentor passou
grande parte da sua vida no recanto escondido de Nazaré, «submisso» (
Lc
2, 51) como «filho do homem» a Maria, sua Mãe, e a José, o carpinteiro. Esta
sua «obediência» filial não é já a primeira manifestação daquela obediência ao
Pai «até à morte» (
Fil 2, 8), por meio da qual redimiu o mundo?
O mistério divino da Encarnação do Verbo está, pois, em estreita relação
com a família humana. Não apenas com uma — a de Nazaré —, mas de certo forma
com cada família, analogamente a quanto afirma o Concílio Vaticano II do Filho
de Deus que, na encarnação, «Se uniu de certo modo com cada homem» (5). Seguindo
a Cristo que «veio» ao mundo «para servir» (
Mt 20, 28), a Igreja
considera o serviço à família uma das suas obrigações essenciais. Neste sentido,
tanto o homem como a família constituem «a via da Igreja»."
Beato João Paulo II
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