quinta-feira, 10 de maio de 2012

Uma Prelazia Pessoal para a Fraternidade São Pio X


Às vésperas da publicação da decisão do Papa Bento XVI relativa à Fraternidade São Pio X, vêm à luz, através do site francês Riposte Catholique, duas cartas trocadas pelos bispos da mesma: uma, dos três bispos sem cargos de direção, destinada ao Superior Geral e a seus assistentes; outra, a resposta dos últimos.
 
A carta de Dom de Galarreta, Dom Tissier de Mallerais e Dom Williamson, traz um apelo desesperado para que Dom Fellay não assine o preâmbulo doutrinal que prepara o “acordo prático”, uma vez que as discussões doutrinárias “provaram que um acordo doutrinal é impossível com a Roma atual”, segundo os signatários. Declaram, portanto, a “unanimidade de sua oposição formal” a tal tipo de acordo.
 
Os bispos opositores citam declarações de Dom Lefebvre em que o prelado define o busílis do problema. Este seria não tanto os erros superficiais ou particulares, mas “uma perversão total do espírito, toda uma filosofia nova fundada sobre o subjetivismo”. Os bispos acrescentam que o pensamento de Bento XVI, idêntico neste aspecto ao de João Paulo II, estaria impregnado de subjetivismo. A própria aceitação da Fraternidade seria manifestação desta “fantasia subjetivista” que tolera a verdade, desde que esta aceite tolerar o erro.
 
Colocam o problema prático, de fato não desprezível, das garantias dadas à Fraternidade em relação à Cúria romana e aos bispos diocesanos. Veem que, pouco a pouco, a Fraternidade já não poderia manter o mesmo combate. E concluem que a aceitação do acordo puramente prático é um caminho sem volta, de divisão e destruição da obra de Dom Lefebvre.
 
Dom Fellay responde que a descrição da realidade da Igreja feita pelos bispos carece de “sobrenaturalidade”e de “realismo”.
 
O Superior Geral pergunta se os bispos ainda creem que “esta Igreja visível cuja sede está em Roma é a mesma Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo” e que Bento XVI é ainda o papa legítimo. Supondo evidentemente que o creiam, pergunta como poderiam recusar uma vontade legítima do Papa, sem que se lhes seja imposto nada de contrário aos mandamentos de Deus. Segundo Dom Fellay, a visão que os bispos têm de Igreja é muito humana e fatalista: veem “os perigos, os complôs, as dificuldades”, mas não veem mais “a assistência da graça e do Espírito Santo”.
 
A ausência de realismo se manifesta, segundo Dom Fellay, na intensidade e na amplitude dos erros. Transformar os erros do Concílio em super-heresias, em mal absoluto, seria uma atitude semelhante a dos liberais ao dogmatizarem o Concílio pastoral. Como não seria realista atribuir às autoridades todos os erros e males que se acham na Igreja.
 
Dom Fellay por fim declara que jamais procurou um acordo prático, que preferia manter o status quo intermediário, mas “manifestamente, Roma não o tolera mais”. E como a proposta de Prelazia Pessoal não é uma “armadilha” e a situação em 2012 não é a mesma de 1988, conclui que não deveria hesitar em aceitar o que foi proposto.
 
No parágrafo final, Dom Fellay lamenta as recentes atitudes dos bispos que, de modo diverso entre eles, procuram impor os próprios pontos de vista, até sob a forma de ameaças e publicamente.

De tudo o que as cartas revelam, muitas coisas ficam claras.
 
Em primeiro lugar, Roma não aceita mais o status quo intermediário. Se os bispos e sacerdotes da Fraternidade são católicos, não podem permanecer no estado de insubmissão ao Romano Pontífice. Esta submissão, necessária para a salvação, não se limita a declarações genéricas de fidelidade à Igreja de sempre, ao papado, e às missas una cum. A submissão é à Igreja de sempre que vive hoje e ao Papa Bento XVI. A recusa provavelmente exigiria do Papa uma nova bula de excomunhão, por pecado contra a Unidade da Igreja.
 
Roma ofereceu uma Prelazia Pessoal à Fraternidade e lhe permitiu criticar determinadas formulações do Concílio Vaticano II.
 
O Conselho Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X aceitou.
 
Haverá divisões e os chefes do cisma serão Dom de Galarreta, Dom Tissier de Mallerais e Dom Williamson.
 
Tudo agora é uma questão de tempo e, ao que parece, não passa de maio.
 
Rezemos para que o estrago seja mínimo.


Fonte: OBLATVS

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