segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A sabedoria e a visão de Leão XIII

Fonte: Zenit

Angela Pellicciari explica o magistério do Papa de Carpineto Romano


Bento XVI nutre grande admiração pelo Papa Leão XIII. Por ocasião da visita de 5 de setembro de 2010 a Carpineto Romano, cidadezinha natal de Gioacchino Pecci, ele explicou que Leão XIII conseguiu difundir uma mensagem que "conjuga fé e vida, verdade e realidade concreta".


"O Papa Leão XIII", destacou Bento XVI, "com a assistência do Espírito Santo, foi capaz de fazer isso num período histórico dos mais difíceis para a Igreja, permanecendo fiel à tradição e, ao mesmo tempo, encarando as grandes questões abertas".

De fato, apesar dos ataques contínuos e ferozes contra a Igreja, Leão XIII (1878-1903) conseguiu difundir um magistério sábio e cheio de visão.
Bento XVI fala do magistério de Leão XIII como o de "uma Igreja capaz de encarar sem complexos as grandes questões da contemporaneidade".

Para facilitar o conhecimento e aprofundar as verdades do magistério de Leão XIII, a historiadora Angela Pellicciari publicou "Leão XIII em pílulas" (Fé & Cultura).

ZENIT entrevistou a autora.

ZENIT: O Papa Leão XIII é conhecido especialmente pela contribuição à Doutrina Social. Mas você afirma que a contribuição dele ao magistério de Pedro é muito mais vasta. Pode nos explicar o seu ponto de vista?

Pellicciari: Eu acho que, depois de Pio IX (1846-78) ter sido caluniado e ridicularizado, não podia acontecer a mesma coisa com Leão XIII (1878-1903). Era preciso contrapor o visionário, moderno e sábio Leão XIII ao obtuso e incapaz Pio IX. Então se enfatizou deliberadamente a Rerum novarum, esquecendo-se que esta encíclica só faz sentido num contexto de fé e cultura muito mais vasto.

ZENIT: Leão XIII viveu num período em que a Igreja foi duramente criticada e atacada pelo liberalismo, pela maçonaria e pelo socialismo. Você pode nos explicar como o Pontífice reagiu?

Pellicciari: Dizendo a verdade, assim como Pio IX. Recordando que o catolicismo liberal difunde mentiras na tentativa de dividir a Igreja e anular as suas defesas; reiterando que o poder temporal é essencial ao Papa para desenvolver a sua missão espiritual; sublinhando para nós, italianos, que muitas "glórias" da nossa história são fruto da presença do papado em Roma e da fé da população; nos pondo em guarda contra a apostasia que inevitavelmente nos leva à ruína.

ZENIT: O pontificado de Leão XIII é vastíssimo na produção de escritos. Com que critério você selecionou as ‘pílulas' publicadas no livro?

Pellicciari: Numa encíclica belíssima, a Saepenumero considerantes, Leão XIII descreve no que a ciência histórica se transformou: numa "conjura contra a verdade". Os liberais maçons se apropriam do patrimônio do povo cristão e, para dar uma tingida de justiça à sua sede de poder e de riqueza, apelam para a suposta escravidão à qual a Itália católica teria sido reduzida pela Revelação e pelo Magistério. Eles reescrevem a história se baseando na falsidade sistematicamente divulgada na escola, na universidade, em livros e jornais. Depois de tantas décadas, nós somos os herdeiros daquela conjura: só sabemos o que a propaganda nos contou. Eu procurei ressaltar muitos fatos que tínhamos esquecido.

ZENIT: Você afirma que o pontificado de Leão XIII é muito parecido com o de Bento XVI. Pode explicar o motivo?


Pellicciari: Por causa da grande lucidez e simplicidade, da grande sabedoria com que eles analisam e descrevem a realidade cultural da sua respectiva época. E também pela defesa de Roma e da sua história, e isso os dois fazem com muita coragem.

ZENIT: Que ensinamentos Leão XIII nos transmite?


Pellicciari: Eu considero um de grandíssimo interesse: na Humanum genus, a encíclica mais completa sobre e contra a maçonaria, o papa Pecci afirma que os maçons confiam a alguns "irmãos" a tarefa de propagandear em meio à população uma "licença desenfreada". Para governar, para comandar as pessoas sem elas se darem conta, é preciso torná-las escravas das suas paixões. Só transformando os homens em marionetes, só privando-os da vontade com a desculpa da liberdade, se consegue "subjugá-los" e "incliná-los a obedecer". É uma lição de enorme atualidade, que nos ajuda a entender as razões do ataque à moral natural (e também à razão), perpetrado nas últimas décadas.

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