[Na Igreja,] todas as obras confluem para Deus, exceto a da arte. As congregações repartiram entre si todas as outras, salvo aquela. Algumas, efetivamente, como os jesuítas, os franciscanos, os redentoristas, os dominicanos, os missionários, pregam, organizam retiros, evangelizam os infiéis; outras mantêm pensionatos e escolas; outras, como os sulpicianos e os lazaristas, seminários; a maioria delas inclusive desempenha essas diferentes funções; outras, ainda, cuidam de doentes, ou, como os cartuxos e os cistercienses, reparam os pecados do mundo, são reservatórios de expiação e de penitência; outras, enfim, como os beneditinos da Congregação da França, se consagram mais especialmente ao serviço litúrgico, ao ofício divino dos louvores.
Mas nenhuma, nem mesmo a dos beneditinos aos quais ele pertence de direito, tem reinvidicado os direitos sobre a arte religiosa, que ficou sem herdeiros desde o desaparecimento de Cluny ....
Além disso, é preciso ser bem ignorante para negar, mesmo apenas do ponto de vista prático, o poder da arte. Ela foi a auxiliar mais segura da mística e da liturgia, durante a Idade Média; foi a filha amada da Igreja, sua intérprete, que ela encarregava de exprimir seus pensamentos, de expô-los nos livros, sobre os pórticos das catedrais, nos retábulos, na arquitetonia dos edifícios.
Era ela que comentava os Evangelhos e abrasava as multidões; que as lançava, sorrindo em alegres orações, ao pé dos presépios, ou as sacudia com soluços diante dos conjuntos lacrimosos dos calvários; que as fazia ajoelhar, estremecidas, quando em maravilhosas Páscoas , Jesus, ressuscitado, sorria, apoiado sobre sua enxada, para Madalena,ou que as erguia, ofegantes, gritando de alegria, quando, em extraordinárias Ascensões , Cristo, subindo para um céu dourado, levantava sua mão perfurada, de onde corriam rubis, para as abençoar!
Tudo isso está distante, infelizmente! Em que estado de abandono e de anemia se encontra a Igreja, depois que Ela desinteressou-se da arte, e que a arte retirou-se dEla! Ela perdeu seu melhor modo de propaganda, seu mais seguro meio de defesa.
Pareceria que agora, quando é assaltada e faz água de todos os lados, Ela deve suplicar ao Senhor que lhe envie artistas... (J. K. Huysmans, L'Oblat, Stock Éditeur, 8ª ed., 1903, pp. 348 a 350).
O Papa João Paulo II tem extraordinária sensibilidade para o papel da arte na evangelização. Por isso, na sua Carta aos Artistas, referiu-se aos problemas de nossa época dizendo: "a beleza salvará o mundo".
Da consideração admirativa dos esplendores da arte católica, nasce para os Arautos do Evangelho um ideal: fazer surgir de entre as luzes matizadas e sublimes dos vitrais medievais uma aurora de novo brilho e fulgor dentro da Santa Igreja.
Levar o belo a pobres e ricos, a todos os carentes do maravilhoso, é a alta missão evangelizadora decorrente deste novo Carisma, reconhecido pelo Papa João Paulo II.
(Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2002, n. 1, p. 26-27)
(Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2002, n. 1, p. 26-27)
Fonte: Arautos do Evangelho
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