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segunda-feira, 11 de julho de 2011

A beleza salvará o mundo



[Na Igreja,] todas as obras confluem para Deus, exceto a da arte. As congregações repartiram entre si todas as outras, salvo aquela. Algumas, efetivamente, como os jesuítas, os franciscanos, os redentoristas, os dominicanos, os missionários, pregam, organizam retiros, evangelizam os infiéis; outras mantêm pensionatos e escolas; outras, como os sulpicianos e os lazaristas, seminários; a maioria delas inclusive desempenha essas diferentes funções; outras, ainda, cuidam de doentes, ou, como os cartuxos e os cistercienses, reparam os pecados do mundo, são reservatórios de expiação e de penitência; outras, enfim, como os beneditinos da Congregação da França, se consagram mais especialmente ao serviço litúrgico, ao ofício divino dos louvores.

Mas nenhuma, nem mesmo a dos beneditinos aos quais ele pertence de direito, tem reinvidicado os direitos sobre a arte religiosa, que ficou sem herdeiros desde o desaparecimento de Cluny ....

Além disso, é preciso ser bem ignorante para negar, mesmo apenas do ponto de vista prático, o poder da arte. Ela foi a auxiliar mais segura da mística e da liturgia, durante a Idade Média; foi a filha amada da Igreja, sua intérprete, que ela encarregava de exprimir seus pensamentos, de expô-los nos livros, sobre os pórticos das catedrais, nos retábulos, na arquitetonia dos edifícios.

Era ela que comentava os Evangelhos e abrasava as multidões; que as lançava, sorrindo em alegres orações, ao pé dos presépios, ou as sacudia com soluços diante dos conjuntos lacrimosos dos calvários; que as fazia ajoelhar, estremecidas, quando em maravilhosas Páscoas, Jesus, ressuscitado, sorria, apoiado sobre sua enxada, para Madalena,ou que as erguia, ofegantes, gritando de alegria, quando, em extraordinárias Ascensões, Cristo, subindo para um céu dourado, levantava sua mão perfurada, de onde corriam rubis, para as abençoar!

Tudo isso está distante, infelizmente! Em que estado de abandono e de anemia se encontra a Igreja, depois que Ela desinteressou-se da arte, e que a arte retirou-se dEla! Ela perdeu seu melhor modo de propaganda, seu mais seguro meio de defesa.
Pareceria que agora, quando é assaltada e faz água de todos os lados, Ela deve suplicar ao Senhor que lhe envie artistas... (J. K. Huysmans, L'Oblat, Stock Éditeur, 8ª ed., 1903, pp. 348 a 350).

O Papa João Paulo II tem extraordinária sensibilidade para o papel da arte na evangelização. Por isso, na sua Carta aos Artistas, referiu-se aos problemas de nossa época dizendo: "a beleza salvará o mundo".

Da consideração admirativa dos esplendores da arte católica, nasce para os Arautos do Evangelho um ideal: fazer surgir de entre as luzes matizadas e sublimes dos vitrais medievais uma aurora de novo brilho e fulgor dentro da Santa Igreja.

Levar o belo a pobres e ricos, a todos os carentes do maravilhoso, é a alta missão evangelizadora decorrente deste novo Carisma, reconhecido pelo Papa João Paulo II.

(Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2002, n. 1, p. 26-27)

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