A coroa papal desenvolveu uma longa e interessante história de si mesma ao longo da história de Igreja. Bento XVI não a usa mais, embora recentemente ela lhe tenha sido presenteada por um grupo de católicos romanos e cristãos ortodoxos orientais.
Cidade do Vaticano – Embora a tiara presenteada ao Papa fosse uma das coroas pontifícias mais clássicas e tradicionais, Bento XVI, contudo, esquivou-se de usá-la. Se ela fosse um sombreiro, um chapéu alpino ou o chapéu tradicional de alguma tribo exótica, ele a teria usado qualquer dia. Mas o Papa Ratzinger olhou atentamente para a tiara que lhe foi presenteada durante a audiência papal das quartas-feiras na Praça de São Pedro por um grupo de cristãos católicos e ortodoxos. A tiara, que foi fabricada na capital búlgara de Sofia por cristãos ortodoxos do estúdio Liturgix, lhe foi ofertada por Dieter Filippi, um empresário alemão profundamente devotado ao Papa.
A tiara papal, também conhecida por “Triregnum”, é uma coroa em formato cônico, muito semelhante à coroa litúrgica que ainda é usada pelos bispos nas Igrejas ortodoxas orientais. Ela era usada por pontífices em ocasiões solenes até 1963, ou seja, antes da coroação de Paulo VI. Depois da coroação, Paulo VI decidiu vender a coroa a fim de doar os recursos aos pobres. A partir desse momento, o Papa começou a usar sempre a mitra Episcopal como chapéu durante as liturgias. Ela também é chamada de triregnum por causa das três fileiras em formato de coroa, simbolizando o poder do pontífice. A finalidade de seu formato era tornar visível a superioridade do Papa sobre os soberanos. A tiara é encimada por um pequeno globo com uma cruz.
Embora seu uso litúrgico tenha cessado e Bento XVI a tenha eliminado de seu brasão pessoal, substituindo-a pela mitra (embora esta tenha três níveis), a tiara e as chaves cruzadas continuam sendo o brasão da cidade do Vaticano. Ela começou a ser usada entre os séculos IX e X. À medida que o poder temporal foi aumentando, a tiara foi se tornando mais e mais elaborada, embelezada com jóias. Uma segunda coroa foi acrescentada por Bonifácio VIII (em 1298 ou 1301), enquanto uma terceira coroa foi acrescentada por Bento XII em 1342: após a tentativa em vão do papa na época de transferir a Sé Pontifícia de Avignon de volta para Roma, esta foi a maneira de enfatizar a soberania universal da Igreja.
Algumas tiaras estão conservadas no Vaticano hoje em dia, algumas das quais são incrivelmente valiosas. Entretanto, entre estas existe também a tiara de papel maché com a qual Pio VII havia sido coroado em sua eleição em 1800 durante o Conclave que ocorreu em Veneza, enquanto Roma estava sendo ocupada pelas tropas de Napoleão. Esta tiara, com o seu peculiar formato de míssil, formato de cone do nariz, usada por Paulo VI no dia de sua coroação, é a última tiara presenteada pelos milaneses.
Na Constituição Apostólica Romano Pontifici eligendo (1975), o Papa Montini deixou em aberto a possibilidade para a repetição da cerimônia de coroação. O seu sucessor, o dócil João Paulo I, não ligou muito para o assunto, muito menos João Paulo II – que na Constituição Universi Dominici gregis (1996) substituiu a cerimônia de coroação pela Missa para a Inauguração do Pontificado – e Bento XVI.
Entretanto, poucos estão cientes de que o Papa Wojtyla também foi presenteado com uma tiara pessoal, que ele nunca usou. Ela tem um estilo medieval e lhe foi dada pelos católicos húngaros. Agora, Bento XVI também tem a sua própria coroa pessoal, que lhe foi apresentada em nome da unidade dos cristãos. Uma coisa é certa: este símbolo de poder e supremacia papal não será ostentado em público.
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