Com a entrada triunfal em Jerusalém, como tinha sido profetizada, Jesus apresenta-Se como o Messias para o qual apontam todas as profecias do Antigo Testamento. Depois da Sua vinda, nada mais temos a esperar.
A vitória de Jesus, acontece por sua humildade. Com toda a clareza possível, Jesus desfaz o sonho triunfalista dos Seus conterrâneos. Esperavam um rei que se apresentasse revestido de glória e poder. Viria restaurar a grandeza e o esplendor perdidos por Israel, reduzindo as nações vizinhas à sua obediência.
É também verdade que um «pequeno resto» já tinha arrumado estes sonhos inúteis mas, na prática, era isto o que, especialmente os grandes do tempo de Jesus esperavam. Quando Pedro ouve Jesus falar da Sua paixão, chama-O à parte, para O demover deste propósito; a mãe dos filhos de Zebedeu pede para eles um lugar de relevo no reino; e Jesus surpreende os Apóstolos a discutir entre si qual deles era o maior, o mais importante no reino.
Não é também este o sonho que acalentamos acerca da situação da Igreja no mundo? Não estamos, muita vezes, à espera de triunfalismos dela que reduzam ao silêncio e à inação os seus adversários, enquanto, de fora, contemplamos e aplaudimos, felizes, a vitória dela? Não falamos com tanta freqüência no triunfo de Jesus e de Sua Igreja, mas com um sabor mundano?
Jesus apresenta-Se humildemente montado num jumentinho, e não em um luxuoso cavalo; não ostenta quaisquer insígnias que lembrem a Sua realeza. Vem, como sempre, revestido de simplicidade e humildade e pede que a Igreja O imite.
Isaías apresenta o Servo do Yhaveh – figura do Messias profetizado – triunfando pelo sofrimento, pela paciência e pela mansidão.
Não trava com ninguém uma luta corpo a corpo, porque não é este o caminho que o Pai escolheu. Alcançará o triunfo pelo Amor sem limites.
Com toda a paciência, sem voltar o rosto, desarma os Seus adversários, que esperavam enfrentar dificuldades, e como prevenção, usam a força para com Ele. O seu ouvido atento vai recolhendo o que o Senhor lhe manda. Ele veio para obedecer!
Nós, porém, somos tentados a fazer da fuga a tudo o que exige de nós sacrifício o ideal da nossa vida e até uma tática de combate. Por este caminho não chegaríamos nunca, com Jesus Cristo, ao Calvário e assim por ele, à glorificação eterna.
A fidelidade é a grande lição do caminho da Cruz. Ao terminá-lo, Jesus pode exclamar: «Tudo está consumado!»
Tal como fora profetizado no servo de Yhaveh, Jesus não volta o rosto para Se esquivar aos golpes, não Se retrai perante o sofrimento, mas leva até ao fim, com divina fidelidade, os desígnios do Pai.
Este caminhar direito segundo a vontade de Deus, sem desvios nem paragens nos deveres, sem recuos, também quando a fidelidade não é aplaudida e nem desejada pelo mundo de hoje, mas é a essência do ideal cristão.
A mensagem da Paixão de Jesus tem uma atualidade especial para os nossos dias em que muitos sonham com um cristianismo sem renúncias, sem mandamentos nem dificuldades.
+ Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen
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