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sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Presença Real de Cristo na Eucaristia


“A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual”. (Catecismo de São Pio X)

ARTIGO 2 – A transubstanciação eucarística

Pondo-se de manifesto a presença real de Cristo na Eucaristia, vejamos agora o modo de sua realização. Ele se verifica pelo estupendo milagre da transubstanciação eucarística, cuja teologia resumimos brevemente.

1. NOÇÃO. A transubstanciação eucarística consiste na total conversão de toda a substância do pão no corpo de Cristo e de toda a substância do vinho no seu sangue, permanecendo somente as espécies ou acidentes do pão e do vinho.

2. CONDIÇÕES. Para a verdadeira transubstanciação se requerem as seguintes condições:

1) Que o termo de partida (a quo) e o de chegada (ad quem) sejam positivos. Porque, se um deles fosse negativo, não haveria transubstanciação, mas criação (se faltasse o termo a quo) ou aniquilação (se faltasse o ad quem).

2) Que o termo a quo, que é a substância do pão ou do vinho, deixe de existir; e o termo ad quem, que é o corpo ou o sangue de Cristo, comece a existir sob as espécies sacramentais. Porque de outra forma não haveria verdadeiro trânsito nem conversão.

3) Que haja um nexo intrínseco e essencial entre a desaparição do termo a quo e a aparição do termo ad quem. Ou seja, que o mesmo termo a quo (pão ou vinho) se converta no termo ad quem (corpo ou sangue de Cristo), de tal sorte que o mesmíssimo termo a quo (a substância do pão ou vinho) se diga e seja depois o termo ad quem (o corpo ou o sangue de Cristo). Não bastaria que houvesse entre os dois uma mera sucessão, mas que se requer indispensavelmente que um se converta no outro, de tal maneira que, mostrando o corpo eucarístico de Cristo, possamos dizer com verdade: “Isto que antes da consagração era a substância do pão, agora é o corpo de Cristo”. Desta maneira, o nexo entre a desaparição do pão e a aparição do corpo de Cristo é intrínseco ou essencial, e a desaparição do primeiro traz necessariamente a aparição do segundo.

4) Pode-se acrescentar uma quarta condição, a saber, que se conserve no termo ad quem algo do que havia no termo a quo. Assim ocorre de fato na Eucaristia, já que a consagração afeta unicamente a substância do pão ou do vinho, deixando intactos os acidentes, que, por isso mesmo, permanecem depois da consagração.

3. DOUTRINA CATÓLICA. Vamos determiná-la em forma de conclusão. Ei-la aqui:

CONCLUSÃO. Cristo se faz realmente presente na Eucaristia pela transubstanciação, ou seja, pela conversão de toda a substância do pão e do vinho em seu próprio corpo e sangue, permanecendo unicamente os acidentes do pão e do vinho. (De fé divina, expressamente definida)

Prova-se:

1. PELA SAGRADA ESCRITURA. Depreende-se claríssimamente das palavras que pronunciou Cristo ao instituir a Eucaristia, e que repete o sacerdote ao consagrá-la: Isto é o meu corpo; este é o cálice do meu sangue, que não seriam verdadeiras se não ocorresse o prodígio da transubstanciação, ou seja, se juntamente com o corpo ou sangue de Cristo ficasse debaixo das espécies algo da substância do pão ou vinho.

2. PELO MAGISTÉRIO DA IGREJA. Definiu-o expressamente o Concílio de Trento contra os protestantes. Eis aqui o texto da definição dogmática:

“Se alguém disser que no sacrossanto sacramento da Eucaristia fica a substância do pão e do vinho juntamente com o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo; e negar aquela admirável e singular conversão de toda a substância de pão no corpo, e de toda a substância do vinho no sangue, ficando apenas as espécies de pão e de vinho, que a Igreja com suma propriedade (aptissime) chama de transubstanciação — seja excomungado”. (D 884)


3. PELA RAZÃO TEOLÓGICA. Santo Tomás explica profundissimamente que “não pode dar-se nenhum outro modo pelo qual o corpo verdadeiro de Cristo comece a estar presente neste sacramento senão pela conversão da substância do pão no mesmo Cristo” (III, 75, 3). A razão é porque uma coisa não pode estar onde não estava antes se não é por mudança de lugar ou porque outra coisa se converta nela. Ora: é manifesto que Cristo não pode fazer-se presente na Eucaristia por mudança de lugar ou movimento local, porque se seguiriam incompreensíveis absurdos (p.ex.: deixaria de estar no céu, já que corpo algum pode estar localmente em dois lugares ao mesmo tempo; não poderia estar mais que em um só sacrário da terra, não nos demais; a consagração eucarística não seria instantânea, mas exigiria algum tempo – ainda que fosse rapidíssimo – para que se verificasse o movimento local de Cristo, etc., etc.). Logo, não há outro meio pelo qual Cristo possa fazer-se presente na Eucaristia a não ser pela conversão n’Ele da substância do pão e do vinho. [...]
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FONTE: MARIN, A.R. Teologia Moral para Seglares. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1958. v.II: Los Sacramentos. p.129-131.

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