Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O Redentor pagaria o que a nossa condição terrena tinha em dívida para com Deus. É, deste modo, que Jesus se tornou o único Mediador como convinha ao remédio necessário à raça humana, ou seja, que Ele pudesse morrer em virtude de uma das naturezas e ressuscitasse em virtude da outra. Enquanto Deus, foi o médico celestial; enquanto homem, pôde resgatar a estirpe à qual passou também a pertencer. Daí resulta imensa gratidão ao Todo-Poderoso que, pela muita misericórdia que nos devotou, tendo compaixão de nós, estando nós mortos por causa do pecados, nos fez reviver em Jesus para sermos nele uma nova criação de suas poderosas mãos. Corresponder à gratuidade de Deus, renascendo para uma vida nova, eis aí a obrigação de todos que têm fé. Cumpre revestir o homem novo de que fala o Apóstolo Paulo, deixando para trás tudo que não está de acordo com o que Jesus ensinou. É o conselho de Leão Magno num de seus mais belos sermões do Natal:
"Reconhece, ó cristão, a tua dignidade, e, já que foste feito participante da natureza divina, não queiras voltar à antiga vileza com procedimentos indignos de tamanha nobreza". Jesus nasceu, de fato, para nos transladar para a luz do reino eterno do Ser Supremo, do qual é preciso começar a participar já nesta terra. Diante do Presépio é necessário que o batizado se lembre que, ao ser regenerado na pia batismal, se tornou o templo vivo da Trindade Santa e que, portanto, não pode cometer ações por cuja perversidade expulse de si tão grande Senhor para se submeter à escravidão ignóbil do Diabo.
Importância tal tem cada um daqueles que Jesus veio remir que o preço desta redenção, a qual se iniciou em Belém, é o próprio sangue divino. Que, então, perante a manjedoura se renuncie às obras da carne de que fala São Paulo na Carta aos Gálatas (5,19). Apenas assim as alegrias do Natal serão consistentes e não uma mera comemoração externa de um fato histórico. O referido São Leão Magno frisa no seu texto a palavra HOJE: "Nasceu hoje o nosso Salvador". A mesma eficácia salutar que, um dia, tal acontecimento trouxe em Belém, se dá para aqueles que se imergem nesta festa singular através da participação na liturgia. Este é o grande sinal de que os atos salvíficos de Cristo se realizam novamente, conferindo à alma fiel as graças vinculadas a tal evento. Hoje nasce Jesus para as almas dispostas com fé viva e ortodoxa a recebê-lo com júbilo no seu coração!
* Professor no Seminário de Mariana - MG
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