Dom Orani, um dos heróis da nossa época, Arcebispo do Rio de Janeiro.
Todos nós, batizados, participamos da missão profética de Cristo, pela qual deve ser instaurado o Reino de Deus, a Justiça, a Verdade, o Amor e a Paz. Esta voz profética exige de nós uma vigilância e participação contínua sobre a realidade em que vivemos, infelizmente manchada com muitos contra-valores e interesses que desencadeiam violência e injustiças.
Sabemos que o pecado penetrou todo o Universo e temos em nós e na cultura que criamos o germe do Mal, a tendência para a destruição e o ódio. É o mistério da iniquidade que, de qualquer forma, quer nos afastar da ordem e da harmonia que provém da adesão a Cristo, pelo qual nos reordenamos no caminho do Bem.
O Espírito Santo nos ilumine para que a preocupação com o bem comum e a fraternidade, com respeito aos verdadeiros direitos humanos na construção da civilização do amor, esteja presente neste instante de decisões importantes para o futuro da nação.
Há momentos, entretanto, em que esta missão se torna urgente e intensamente mais necessária, como agora: de profundas transformações sociais, religiosas, econômicas, de desenvolvimento técnico-científico que nos desafiam e exigem de nós novas posturas e comportamentos, julgamentos éticos fundamentados na Verdade para gozarmos da liberdade.
As eleições devem marcar o rumo que desejamos imprimir na sociedade. Ainda hoje se nota nas campanhas políticas muito do interesse exclusivamente pessoal do poder pelo poder, do enriquecimento próprio e daqueles que os apóiam com promessas de recompensas no futuro. Uma reforma política, tão desejada e almejada por tantos, ainda se faz esperar.
Com coragem, um esforço nacional tem procurado, sem êxito completo, através da lei comumente chamada de “Ficha Limpa”, eliminar candidatos que abusaram dos cargos públicos, desviando dinheiro para seus bolsos. A lei 9840, esta já mais antiga, trouxe muitos avanços para o processo político. Acredito que pouco a pouco novos costumes irão encontrando o espaço de um povo comprometido e desejoso de construir uma nação justa e solidária.
A par do desejo de uma economia saudável, devemos ter em mente políticas que atendam a necessidade de todos sem distinção, sobretudo uma pátria livre no respeito aos cidadãos e onde possamos nos sentir irmãos.
A pátria será aquela que desejamos com o nosso voto. O Senhor nos entregou o governo do mundo, o direito de fazê-lo progredir de modo que todos possam usufruir do progresso, da técnica, da terra e do pão. Isso só se obtém com o respeito à ordem natural. Se isso não é observado, vemos o que ocorre: assistimos à violência, aos assassinatos, rixas e fraudes de todo gênero, no mais completo relaxamento dos costumes, na ampla imoralidade. (Rom 1, 18).
O nosso Regional Leste 1 da CNBB recordou alguns critérios para valorizar o nosso voto: defesa da dignidade da Pessoa humana e da Vida em todas as fases e manifestações, defesa da família segundo o plano de Deus, liberdade de Educação e liberdade religiosa no ensino, a solidariedade com particular atenção aos pobres e excluídos, o respeito à subsidiariedade e o compromisso na construção de uma cultura da paz em todos os níveis.
Esse mesmo texto assim conclui: “o trabalho político, ao qual todos somos chamados, cada um segundo a sua maneira de ser, é uma forma de mostrar a incidência do Evangelho na vida concreta, visando à construção de uma sociedade justa, fraterna e equitativa. Em consequência haverá uma esperança real para tantas pessoas céticas, desnorteadas e confusas com a política atual. É uma grande oportunidade que os católicos e todas as pessoas de boa vontade não podem perder.”
Que a Virgem Aparecida interceda por todos os fiéis católicos, para que votem com responsabilidade e de acordo com as mais lídimas tradições cristãs que formam a consciência e a identidade do povo brasileiro.
Fonte: Site da Arquidiocese do Rio
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