Carnificina é não descriminalizar o aborto, afirmam membros do PT em artigo
Depois de que o próprio Edinho Silva, presidente do PT em São Paulo e um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, admitiu à Folha de São Paulo que as denúncias contra Erenice Guerra, substituta de Dilma na Casa Civil, e a posição da petista sobre aborto causaram perda de votos especificamente entre o público católico, a candidatura de Dilma ganhou o apoio do deputado “católico” Gabriel Chalita (PSB) quem afirmou recentemente que a posição dela favorável ao aborto é “boataria”. Segundo a Folha o deputado “será uma das armas do PT para avançar entre os religiosos”.
Chalita, conhecido pelo público católico como escritor e apresentador de televisão, foi eleito deputado federal com a segunda maior votação do Estado de São Paulo. Em uma recente entrevista à Folha de São Paulo, Chalita afirmou que “Dilma nunca disse ser a favor do aborto. Ela se posicionou, abordando o tema como uma questão de saúde pública. Eu particularmente sou contra. Mas a questão central nesse caso é a boataria”.
“Essa tentativa de desconstruir pessoas com boatos é muito ruim”, destacou Chalita.
Em entrevista à Rede Record, cadeia pertencente à Igreja Universal do Reino de Deus, meio que apóia o aborto como tema de “responsabilidade social”, Chalita insistiu que “o presidente Lula está há oito anos no poder. A ministra Dilma, ela foi chefe da Casa Civil pela maior parte deste tempo. Se ele quisesse colocar o aborto ele teria já lutado para que isso acontecesse”. Falando ainda do Presidente Lula, Chalita afirmou: “Ele é católico e contra o aborto”.
O que Chalita não disse em sua entrevista é que o Presidente Lula assinou o PNDH-3, o Plano Nacional de Direitos Humanos, entre cujas diretrizes figura a “descriminalização do aborto” e sua categorização como “tema de saúde pública” tornando-o disponível através dos serviços públicos.
Chalita tampouco mencionou o Consenso de Brasília, que foi outra tentativa do governo Lula de mudar a legislação que penaliza o aborto no Brasil e inclusive em outros países da América Latina.
Chalita disse que Dilma afirmou em seu encontro com as lideranças religiosas: “Não vou mandar nenhum projeto pro Congresso mudando a legislação com relação ao aborto no Brasil. Eu não vou implantar o aborto no Brasil”.
Outros meios de imprensa disseram que a petista afirmou que ia deixar o assunto com o Congresso.
A movida do Deputado Chalita está alinhada com a tática do PT, que ao perceber a queda de popularidade de Dilma entre o público religioso, especialmente o público católico, devido ao seu apoio à legalização do aborto no Brasil, busca “avançar entre os religiosos” neste segundo turno.
Sobre o impacto do apoio ao aborto na candidatura de Dilma, Edinho Silva, um dos arquitetos do PT para a campanha presidencial de Rousseff afirmou: “Acho que fez um estrago significativo. Os dois fatores influenciaram a mudança de voto. O Brasil é um país de tradição católica, onde os setores evangélicos crescem muito”. “E chegou, principalmente por meio do catolicismo, nos setores médios”.
“Então, a boataria pegou duas pontas: o eleitor que estava se aproximando de nós e o eleitor que já era nosso”, afirmou Edinho.
O apoio de Rousseff ao aborto, como vem sendo amplamente denunciado por grupos pró-vida, não é nenhum boato.
Em duas ocasiões, em 2007 à Folha e em 2009 à Revista Marie Claire (meio notavelmente pró-aborto), a candidata apoiou abertamente a despenalização do aborto dizendo que achava “um absurdo” que o aborto fosse um crime perante a legislação brasileira. Dilma, que se diz católica e pessoalmente contrária a esta prática anti-vida, afirmou no debate da UOL:
“Eu, pessoalmente, não sou a favor do aborto, agora, acho que o Brasil tem de ter uma política de saúde pública que permita à mulher ser protegida e ao seu filho, no caso dela recorrer ao aborto”.
Criticando a postura contrária à legalização do aborto do candidato José Serra que afirmou que legalizar o aborto liberaria a “carnificina” no Brasil, membros do PT publicaram recentemente um artigo intitulado “Carnificina é não descriminalizar o aborto: um direito da mulher, um dever do estado”, onde deixam claro o parecer do partido favorável ao assassinato de crianças no ventre supostamente para prevenir a mortalidade “milhares de mulheres, que a cada dia, colocam suas vidas e sua saúde em risco, especialmente as pobres”.
Em um recente vídeo o “Padre Pela Vida”, o sacerdote Berardo Graz, coordenador da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, desmente estes números inflados que o PT cita em seu artigo afirmando que o aborto é o último dos fatores da lista de causas de mortalidade feminina no Brasil, e assegura que o número de mulheres que morrem por aborto provocado no país “não chega a cem”.
Para ver um vídeo que deixa claro a posição da candidata do PT em relação ao aborto, recomendamos o seguinte vídeo:
Para ver o anúncio da Rede Record tratando o aborto como “responsabilidade social”, assista:
Fonte: Aci digital
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