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domingo, 17 de outubro de 2010

Os Santos e o Sagrado Coração de Jesus


“Eis o Coração que tanto amou os homens; que a nada se poupou até se esgotar e consumir, para lhes testemunhar o seu amor. E em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelos desprezos, irreverências, sacrilégios e friezas que têm para comigo neste Sacramento de amor. Mas o que é ainda mais doloroso é que os que assim me tratam são corações que me são consagrados. Por isso te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para honrar o meu Coração, reparando a sua honra por meio dum ato público de desagravo e comungando nesse dia para reparar as injúrias que recebeu durante o tempo que esteve exposto nos altares. E Eu te prometo que o meu Coração dilatar-se-á para derramar com abundância o influxo do seu divino amor sobre aqueles que Lhe renderem esta homenagem”.

São Boaventura de Bagnoreggio foi quem teve a primeira visão do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria – quem impôs estes nomes aos corações. A tradição franciscana notou que na aparição, compôs a jaculatória usada ainda hoje: “Doce Coração de Jesus, faz com que eu te ame sempre mais!”

A devoção ao Imaculado Coração de Maria sempre esteve associada ao Sagrado Coração de Jesus, assim como quase todas as devoções marianas. Por isso, as festas litúrgicas são em dias seguidos: terceira sexta-feira (Coração de Jesus) e terceiro sábado (Coração de Maria) depois de Pentecostes. As aparições em Fátima, Portugal, intensificaram a devoção, pois a própria Virgem manifestou o desejo de ver todos os cristãos consagrados ao seu Imaculado Coração. O Papa Pio XII, em 1942, consagrou toda a humanidade ao seu Imaculado Coração.


Mas é também um grande fato a célebre visão que teve Santa Margarida Maria Alacoque, em 4 de outubro de 1686, quando lhe apareceu nosso Senhor Jesus Cristo e lhe mostrou São Francisco, revestido de uma luz e de um esplendor inefável, elevado em um eminente grau de glória sobre os santos e unido àquela memorável palavra: “Eis o Santo mais unido ao meu Coração; toma-o como o teu guia!”

“Vítima do Sagrado Coração de Jesus”



Algum tempo antes dos exercícios espirituais, Nosso Senhor apareceu a Margarida Maria e lhe disse: “Eu procuro uma vítima para meu Coração, a qual queira se sacrificar como uma hóstia de imolação para o cumprimento de meus desígnios”. Ela se prosternou e lhe apresentou “diversas almas santas que correspondiam fielmente a seus desígnios”. Nosso Senhor lhe respondeu: “Não, eu não quero outra senão tu”.

Margarida protelava entretanto o pedido de permissão à Superiora: “Mas era em vão que eu lhe resistia, porque Ele não me deu repouso até que, por ordem da obediência, eu fosse imolada a tudo o que Ele desejava de mim, que era de me tornar uma vítima imolada a toda sorte de sofrimentos, de humilhações, de contradições, de dores e de desprezos, sem outra pretensão senão cumprir seus desígnios”.(16)


Fez sua profissão no dia 6 de novembro de 1672. Como uma esposa, Margarida deveria participar agora, de um modo mais direto, dos interesses de seu divino Esposo, que a preparava para a grande missão de sua vida: receber e propagar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.


“Meu Coração está abrasado de amor pelos homens”


 Estando diante do Santíssimo Sacramento no dia 27 de dezembro de 1673, Nosso Senhor lhe disse: “Meu divino Coração está tão abrasado de amor para com os homens, e em particular para contigo, que, não podendo já conter em si as chamas de sua ardente caridade, precisa derramá-las por teu meio, e manifestar-se-lhes para os enriquecer de seus preciosos tesouros, que eu te mostro, os quais contêm a graça santificante e as graças salutares indispensáveis para os apartar do abismo da perdição; e escolhi a ti, como abismo de indignidade e ignorância, para a realização deste grande desígnio, para que tudo seja feito por mim”.(17)

E acrescentou: “Se até agora não tomaste senão o nome de minha escrava, eu te dou o de discípula dileta do meu Coração”.


“Graças especiais onde houver imagem do Coração de Jesus”

É bem provável que a Segunda Grande Revelação — da qual, infelizmente, não se consignou a data — tenha ocorrido numa primeira sexta-feira do mês no ano de 1674.


Nosso Senhor lhe fez ver que “o ardente desejo que Ele tinha de ser amado pelos homens e de os retirar da via da perdição, onde Satanás os precipita em multidão, o havia feito formar esse desígnio de manifestar seu Coração aos homens. [...] Ele queria a imagem exposta e portada sobre mim, e sobre o coração, para aí imprimir seu amor e cumular de todos os dons de que ele estava pleno, e para nele destruir todos os movimentos desregrados; e que, em toda parte onde essa santa imagem fosse exposta para aí ser honrada, Ele aí espalharia suas graças e bênçãos; e que essa devoção era como um último esforço de seu amor, com que queria favorecer os homens nestes últimos séculos, desta redenção amorosa, para os retirar do império de Satanás”.(18)


“Excesso a que tinha chegado em amar os homens”


A data da chamada Terceira Grande Revelação não ficou registrada. Ocorreu provavelmente em 1674, num dia em que o Santíssimo Sacramento encontrava-se exposto. Margarida entrou em êxtase e viu Nosso Senhor Jesus Cristo “todo radiante de glória com suas cinco chagas, brilhantes como cinco sóis; e a sua sagrada humanidade lançava chamas de todos os lados, mas sobretudo de seu sagrado peito, que parecia uma fornalha. [...] Abrindo-o, descobriu-me seu amantíssimo e amabilíssimo Coração, que era a fonte viva daquelas chamas. Foi então que Ele me mostrou as maravilhas inexplicáveis do seu puro amor, e o excesso a que ele tinha chegado em amar os homens, de quem não recebia senão ingratidões e friezas”.(19)

Por Plinio Maria Solimeo, em Catolicismo (fragmentos do texto original)


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